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Professora Jéssica Caparica

AULA 04 – NEXO CAUSAL


CONCEITO
 É a primeira questão a ser enfrentada na
solução de qualquer caso: antes de
decidirmos se agiu ou não com culpa, é

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preciso ver se o agente CAUSOU o
resultado.

 Não basta que o agente tenha praticado


uma conduta ilícita, nem que a vítima tenha
sofrido um prejuízo. É preciso que esse
dano tenha sido causado pela conduta do
agente, existindo uma relação de causa e
efeito.
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS
ANTECEDENTES

 Teoria da equivalência dos antecedentes: todas


as condições são igualmente relevantes para o
resultado. Não se indaga se uma foi mais ou

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menos relevante.

 Para saber se uma determinada condição é


causa: elimina-se mentalmente essa condição.
Se o resultado desaparecer, a condição é a
causa.

 Crítica: filtro ad infinitum


 Exemplo: Por ela, teria que indenizar a vítima
de tentativa de homicídio não só o agente, mas
também quem lhe vendeu a arma, quem
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA
 Somente considera como causadora do dano
a condição que por si só foi apta a produzi-
lo.

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 Se o dano existiu no caso somente por força
de uma circunstância acidental, diz-se que a
causa não era adequada.
EXEMPLO 1
 A deu uma pancada ligeira no crânio de B, a
qual seria insuficiente para causar o menor
ferimento num indivíduo normal, mas que

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causou a B, que tinha uma fraqueza
particular nos ossos, uma fratura que
resultou na sua morte.

 Segundo a teoria da equivalência das


condições, a pancada é uma condição sine
qua non do prejuízo causado, devendo o
autor responder por homicídio.
 Segundo a teoria da causalidade adequada,
A só responderia pela lesão corporal.
EXEMPLO 2
 Se A retém ilicitamente B, que estava
prestes a pegar um avião, fazendo-o perder
e pegar outro vôo, o qual acabou caindo e

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provocou a morte de todos os passageiros.

 Segundo a teoria da equivalência das


condições, a retenção é uma condição sine
qua non do prejuízo causado, devendo o
autor responder por homicídio.
 Segundo a teoria da causalidade adequada,
não.
TEORIA DOS DANOS DIRETOS E
IMEDIATOS – ART. 403 CC
 Também chamada de teoria da interrupção do
nexo causal preconiza que, toda vez que,
devendo impor-se um determinado resultado
como normal consequência do desenrolar de

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certos acontecimentos, tal não se verificasse
pelo surgimento de uma circunstância estranha
que acabasse por responder pelo resultado.

 Exemplo: A vende uma vaca, sabendo que esta


está doente, que acaba contaminando todo o
rebanho de B. Deve indenizar o valor do animal
vendido e também o daqueles que morreram em
razão do contágio.

 MAS não responde pela falência de B, que não


conseguiu vender a safra de tomate, porque a
terra ficou improdutiva, com a contaminação
dos animais que cuidavam desta tarefa. Houve
TEORIA DOS DANOS DIRETOS E
IMEDIATOS – ART. 403 CC

 Exemplo 2: acidente automobilístico no


instante que alguém se dirigia ao aeroporto
para uma reunião de negócios.

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 O motorista é responsável pelos danos
diretos e imediatos, como as despesas
médicas, os estragos do veículo, os dias de
trabalho perdido. Mas não é responsável
pelos danos remotos, como o eventual lucro
que poderia ter sido obtido caso tivesse
viajado e o cliente tivesse fechado o
contrato.
 Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de
dolo do devedor, as perdas e danos só
incluem os prejuízos efetivos e os lucros

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cessantes por efeito dela DIRETO E
IMEDIATO, sem prejuízo do disposto na lei
processual.
 1 - TJSP. Responsabilidade civil. Concausas
sucessivas. Nexo de causalidade. Ocorrência de
morte deste, por força de queda de avVenda de
imóvel inexistente pelo réu ao genitor da autora

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verificada. ião que alugou, na tentativa de
localização de referido bem. Adoção tanto pelo
Código Civil de 1916 quanto pelo de 2002
da teoria do dano direto e imediato.
Impossibilidade de sujeitar o autor do dano a
todas as nefastas conseqüências do seu ato,
quando já não ligadas a ele diretamente.
Necessidade de existência de uma relação de
causa e efeito direta e imediata entre o fato e
odano. Considerações do Des. Luiz Antonio de
Godoy sobre o tema. CCB, arts. 159 e
1.060. CCB/2002, arts. 186 e 403.
 RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE
CIVIL E CONSUMIDOR. AÇÃO DE
REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E
MATERIAIS. TABAGISMO. EX-FUMANTE.

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DOENÇA E USO DE CIGARRO. RISCO
INERENTE AO PRODUTO. PRECEDENTES.
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. RECURSO
DESPROVIDO. 1. "O cigarro é um produto de
periculosidade inerente e não um produto
defeituoso, nos termos do que preceitua o
Código de Defesa do Consumidor, pois o defeito
a que alude o Diploma consubstancia-se em
falha que se desvia da normalidade, capaz de
gerar uma frustração no consumidor ao não
experimentar a segurança que ordinariamente
se espera do produto ou serviço " (REsp
1.113.804/RS, Quarta Turma, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, DJe de 24/6/2010). 2. Recurso
especial desprovido
 ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANOS
MATERIAIS E
MORAIS. MORTE DECORRENTE DE "BALA PERDIDA" DISPARADA POR MENOR
EVADIDO HÁ UMA SEMANA DE ESTABELECIMENTO DESTINADO AO
CUMPRIMENTO DE
MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA DE SEMI-LIBERDADE. AUSÊNCIA DE NEXO DE
CAUSALIDADE.
1. A imputação de responsabilidade civil, objetiva ou subjetiva,
supõe a presença de dois elementos de fato (a conduta do agente e o
resultado danoso) e um elemento lógico-normativo, o nexo causal (que
é lógico, porque consiste num elo referencial, numa relação de
pertencialidade, entre os elementos de fato; e é normativo, porque
tem contornos e limites impostos pelo sistema de direito).

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2.“Ora, em nosso sistema, como resulta do disposto no artigo 1.060
do Código Civil [art. 403 do CC/2002], a teoria adotada quanto ao
nexo causal é a teoria do dano direto e imediato, também denominada
teoria da interrupção do nexo causal. Não obstante aquele
dispositivo da codificação civil diga respeito à impropriamente
denominada responsabilidade contratual, aplica-se também à
responsabilidade extracontratual, inclusive a objetiva (...). Essa
teoria, como bem demonstra Agostinho Alvim (Da Inexecução das
Obrigações, 5ª ed., nº 226, p. 370, Editora Saraiva, São Paulo,
1980), só admite o nexo de causalidade quando o dano é efeito
necessário de uma causa” (STF, RE 130.764, 1ª Turma, DJ de 07.08.92,
Min. Moreira Alves).
3. No caso, não há como afirmar que a deficiência do serviço do
Estado (que propiciou a evasão de menor submetido a regime de
semi-liberdade) tenha sido a causa direta e imediata do tiroteio
entre o foragido e um seu desafeto, ocorrido oito dias depois,
durante o qual foi disparada a "bala perdida" que atingiu a vítima,
nem que esse tiroteio tenha sido efeito necessário da referida
deficiência. Ausente o nexo causal, fica afastada a responsabilidade
do Estado. Precedentes de ambas as Turmas do STF em casos análogos.
4. Recurso improvido (
REsp 858511 / DF RECURSO ESPECIAL 2006/0121245-9)
CONCORRÊNCIA DE CAUSAS
 A culpa concorrente da vítima, vista na aula
passada é uma concorrência de causas.

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 O que se deve indagar é qual dos fatos foi
decisivo para o evento danoso.
 Ex: carro atropela motociclista que lesiona
o crânio, agravado pelo não uso de
capacete. Culpa concorrente da vítima.
CONCAUSAS
 É uma outra causa que, juntando-se à
principal, concorre para o resultado.

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CONCAUSAS PREEXISTENTES
 Não eliminam a relação causal,
considerando-se como tais aquelas que já
existiam quando da conduta do agente.

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 Assim, as condições pessoais de saúde da
vítima, embora agravem o resultado, não
diminuem a responsabilidade do agente.

 Exemplo: lesão leve em pessoa com


hemofilia, que vem a falecer; atropelamento
em pessoa cardíaca;
CONCAUSA SUPERVENIENTE OU
CONCOMITANTE

 Também é irrelevante, porque por si só não


foi capaz de produzir o resultado.

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 Exemplo: a vitima de atropelamento não é
socorrida a tempo, perde muito sangue e
falece.

 Só será relevante se romper o nexo causal


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RESOLUÇÃO DE PROVA
 Art. 932. São também responsáveis pela
reparação civil:
 I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob
sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e

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curatelados, que se acharem nas mesmas
condições;
 III - o empregador ou comitente, por seus
empregados, serviçais e prepostos, no exercício
do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
 IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus
hóspedes, moradores e educandos;
 V - os que gratuitamente houverem participado
nos produtos do crime, até a concorrente quantia
 Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode
reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o
causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz.

 Ressalte-se que, com relação ao inciso I do art. 932 do CC, que


preconiza que os pais serão responsáveis pela reparação civil de
atos de seus filhos que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia, temos que o STJ entende que ambos os pais devem

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ser responsabilizados, mesmo quando separados (REsp
1.074.937/MA):

 STJ: A mera separação dos pais não isenta o cônjuge, com o qual
os filhos não residem, da responsabilidade em relação ao atos
praticados pelos menores, pois permanece o dever de criação e
orientação, especialmente se o poder familiar é exercido
conjuntamente. Ademais, não pode ser acolhida a tese dos
recorrentes quanto a exclusão da responsabilidade da mãe, ao
argumento de que houve separação e, portanto, exercício
unilateral do poder familiar pelo pai, pois tal implica o
revolvimento do conjunto fático probatório, o que é defeso em
sede de recurso especial. Incidência da súmula 7/STJ. Em
relação à avó, com quem o menor residia na época dos fatos,
subsiste a obrigação de vigilância, caracterizada a delegação de
guarda, ainda que de forma temporária.
 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186
e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo.

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 Parágrafo único. Haverá obrigação de
reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.
 RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS.FALECIMENTO DA FILHA DA AUTORA,
MENOR DE IDADE, EM DECORRÊNCIA DE ATROPELAMENTO EM
LINHA FÉRREA. 1. VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
MAJORAÇÃO. CABIMENTO. 2. FAMÍLIA DE BAIXA RENDA. DANOS
MATERIAIS PRESUMIDOS. 3. CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL.
NECESSIDADE. 4.TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA. DATA DO
EVENTO DANOSO. 5. RECURSO PROVIDO.
 1. Trata-se de ação de indenização por danos materiais e morais

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decorrentes do falecimento da filha da autora, vítima de atropelamento
por composição férrea, caso em que a condenação por danos morais deve
ser majorada, observando-se, todavia, a existência de culpa concorrente.
 2. Segundo a jurisprudência deste Tribunal, é devido o pensionamento
aos pais, pela morte de filho menor, nos casos de família de baixa renda,
equivalente a 2/3 do salário mínimo desde os 14 até os 25 anos de idade e,
a partir daí, reduzido para 1/3 do salário até a data correspondente à
expectativa média de vida da vítima, segundo tabela do IBGE na data do
óbito ou até o falecimento da mãe, o que ocorrer primeiro.
 3. Faz-se necessária a constituição de capital ou caução fidejussória para
a garantia da pensão, independentemente da situação financeira do
demandado (Súmula 313/STJ).
 4. Na hipótese de responsabilidade extracontratual, os juros de mora são
devidos desde a data do evento danoso (óbito), nos termos da Súmula 54
deste Tribunal.
 5. Recurso especial provido.
 (REsp 1325034/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
TERCEIRA TURMA, julgado em 16/04/2015, DJe 11/05/2015)
DECISÃO
 Pensão por morte no trânsito se transmite aos
herdeiros do causador do acidente
 A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) garantiu ao marido e à filha de uma vítima
fatal de acidente de trânsito ocorrido em 1997 a

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manutenção do pagamento de pensão pelos
herdeiros do causador do acidente, que faleceu em
março de 2009.

 Considerando a culpa concorrente, a sentença


fixou o dano moral em R$ 50 mil e estabeleceu
pensão mensal no valor de 70% do salário mínimo,
a ser paga ao marido até a data em que a vítima
completaria 73 anos, expectativa de vida média da
mulher gaúcha. São 44 anos de pensão. No caso da
pensão à filha, foi fixado como termo final a data
em que ela completasse 25 anos.

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