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Direito das obrigações II

RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL
Responsabilidade objetiva Responsabilidade subjetiva

Não se baseia com culpa; Atua com culpa


Não atua com culpa Ex: partir janela por divertimento
Ex: partir janela devido a incêndio

Responsabilidade por factos ilícitos (1) / responsabilidade por risco (2) /


responsabilidade por facto ilícito danoso (3)
(1). Responsabilidade por factos ilícitos: apresentam 5 pressupostos para ser
uma responsabilidade por factos ilícitos.
1. Facto, ato voluntário;
2. Ilicitude (violação do direito de outrem ou normas que protejam
interesses alheios);
3. Culpa (imputabilidade);
4. Dano (sem dano não interessa os outros pressupostos);
5. Nexo causalidade entre dano e facto praticado.
Facto:
 Atuação de forma voluntária;
 Positivo: ação que viola um dever de outrem;
 Negativo: omissão da prática de um dever jurídico.

Ilicitude:
 Ato proibido por lei (483º nº1);
 Viola o direito de outrem ou normas que protejam interesses alheios
o delitos específicos- 484º, 485º+483º, 4386º;
o Direitos de outrem: direitos absolutos (d. personalidade, d. real);
o Não se aplica a direitos relativos (exceto teoria do terceiro
cúmplice 490º-483º);
Culpa:
 Tem de ser imputável, para tal tem de cumprir 2 características:
 1 característica: ser livre (caso contrário não pratica atos voluntários);
 2 característica: ter discernimento (consciência) necessário para o ato ser
voluntário
 Necessita de vontade autónoma
o 488º: não é imputável quem no momento da ação estava
incapacitado de querer/entender;
o 488º nº2: presunção ilidível de que os menores são incapacitados
até aos 7 anos.
Nota: Existe dolo e mera culpa quando o sujeito atua, estas são duas
modalidades diferentes:
Dolo:
 Direto: visa atentar diretamente;
 Necessário: para, porém em prática determinado comportamento
necessita realizar um ato culposo;
 Eventual: uma pessoa aceita um resultado eventual;
Mera culpa:
 Negligência consciente, atua não contra normas jurídicas, mas
contra deveres de cuidado
 Pode diminuir o valor de uma indemnização (494º);

Nexo causalidade:

É necessário existir uma ligação entre o facto do agente e o dano,


existem 3 teorias:
1. Conditio sine-quanon:
Se retirando o facto não houver dano então é porque esse facto
funciona como a condição do dano, ou seja, esse facto dá-nos a medida
do nexo causal;
2. Teoria da última condição:
Perante vários factos que poderão ter desencadeado o dano
escolhe-se o que aconteceu em último lugar;
3. Teoria da condição eficiente:
Aplica-se perante um nexo causal, ou seja, vários factos.
Apura-se o facto mais próximo do dano final;
4. Teoria da causalidade adequada:
Procura-se a causa mais razoável à produção do dano (563º)
Dano:
 Desvantagem patrimonial
 Existem vários tipos de dano:
o Dano real: efetivamente aconteceu;
o Dano de calculo: expressão em dinheiro do dano real
o Dano emergente: frustrou uma vantagem já existente;
o Lucro cessante: dano que impede a concretização de uma
vantagem futura.
o Danos patrimoniais: danos avaliados em dinheiro;
o Danos morais: não possuem natureza económica, possui
direito a compensação, mas não indemnização (apenas
aqueles que a sua gravidade justifique).
 Questão de dano morte:
o Dificuldade de quem é o lesado;
o Maioritário: quando surge o dano cessa a personalidade
jurídica, mas não recebe o direito e reverte a favor dos seus
familiares de forma direta;
o Minoritário: dano morte é um dano futuro pois no
momento a pessoa ainda está viva, quando se aprecia a
situação o morto ainda tem personalidade jurídica, sendo a
indemnização para os herdeiros.
Presunção de culpa:
Quando há um dano o lesado tem de provar a culpa do agente (487º), contudo
há exceções a esta regra:
 491º- obrigação de vigiar incapacitado: quando alguém se encontra
encarregue de vigiar alguém incapacitado e este causa um dano a
terceiro por ter sido vigiado incorretamente, presume-se a culpa de que
o tinha de vigiar e não o fez corretamente.
o Exemplo: A vigia B que causa dano a C, C irá agir contra A e este
tem de provar que não tem culpa,
o Apenas se aplica quando há dano contra terceiro, se o dano for
contra si próprio não se aplica;
o Afastar presunção: demonstra que agiu de forma correta;
o Causa virtual: Provar que mesmo que o tivesse vigiado
corretamente o dano teria ocorrido na mesma
 492º: danos a edifícios ou obras: são da culpa de quem esteja a vigiar
o Afasta culpa demonstrando que vigiou corretamente ou através
da causa virtual;
 493º nº1- vigilância de animais e coisas: presume-se a culpa de quem
deveria estar a vigiar a coisa ou animal e não o fez;
o Afasta-se esta presunção provando que vigiou corretamente ou
através da causa virtual;
 493º nº2: atividade perigosa causa dano a terceiro, presume-se a culpa
de quem a praticava;

Nota: O 493º não se aplica quando se trata de veículos, se aplicarmos a


presunção de culpa o condutor não iria conseguir afastá-la, assim o lesado é que
tem de comprovar a culpa do condutor (487º). Caso não consiga fazer a prova
não há culpa por factos ilícitos e aplica-se a responsabilidade por risco.

(2). Responsabilidade pelo risco

 É uma responsabilidade objetiva, ou seja, não assenta na culpa;


 Existe tipicidade;
 Nem todas as situações estão no âmbito de responsabilidade pelo risco;
 Tipos de responsabilidade pelo risco:
o Comitente pelo comissário (500º);
o Responsabilidade do Estado e outras Pessoas Coletivas Públicas
(501º);
o Responsabilidade objetiva pelos animais (502º);
o Responsabilidade por acidentes de viação;
o Responsabilidade objetiva por instalação de energia elétrica ou a
gás (509º e 510º);

Responsabilidade do comitente pelo comissário:

Necessária uma relação de comissão:


 Comitente escolhe o comissário;
 Relação de subordinação: comissário age por conta do
comitente;
 Não é necessário ser uma relação de um contrato de
trabalho;
Cumpridos os pressupostos quem possui a responsabilidade de
corresponder pelos danos do comissário é o comitente, exigindo-lhe depois as
despesas, a menos que também tenha agido com culpa.
Responsabilidade do Estado ou outras PCP:

Estado responde objetivamente pelos danos dos órgãos representantes,


mas apenas quando o Estado atua como um particular.

Responsabilidade objetiva pelos animais:

 Este artigo apenas pode ser aplicado após afastada a presunção de culpa.
 Todos os animais possuem um perigo especial da sua espécie, se causou
danos é porque houve um perigo especial, imputando assim danos sem
culpa.
 Apenas se aplica a animais sem dono;
 Caso seja um animal sem dono quem se responsabiliza é o Estado a
menos que consiga afastar a sua culpa;

Responsabilidade objetiva por acidentes de viação (503º):

 Tem de afastar a presunção de culpa para poder aplicar a


responsabilidade objetiva:
 Toda a atividade automóvel possui um risco inerente;
 2 pressupostos:
o Direção efetiva do veículo:
Não tem de ser necessariamente proprietário do veículo,
pode utilizá-lo de forma regular;
o Estiver a usar o veículo no seu próprio interesse;
Visa afastar a responsabilidade civil de empregadores de
empresas;
Tem de utilizar no interesse económico ou moral do
detentor.
503º nº3: Quando é responsável por factos ilícitos, cabe ao condutor fazer a
prova para afastar a presunção de culpa. Caso não consiga afastar a presunção
responde solidariamente com o detentor
Nota: Caso o condutor se desvie do exercício das suas funções a culp0a deixa de
ser imputada ao detentor.
504º: beneficiários em caso de dano por responsabilidade objetiva:
Transportes onerosos: se a pessoa transportada sofrer danos de forma
objetiva há direito a indemnização pelos danos que a pessoa e os seus bens que
iam ao seu lado sofreram, caso os bens fossem em porta-bagagens esta
indemnização dos bens já não é possível.
Transportes gratuitos: Apenas são indemnizados os danos causados na
própria pessoa, nada abrange os bens levados com ela, tanto ao lado dela como
no porta-bagagens.

505º- Causas de exclusão da responsabilidade:


1. Acidente imputável ao lesado;
2. Imputável a terceiro,
3. Caso de força maior estranho ao funcionamento do veículo;

1. Acidente imputável ao lesado:


Os danos do acidente são consequência por um ato causado pelo
lesado (afasta-se a responsabilidade de quem tinha a direção efetiva do
veículo);

2. Imputável a terceiro:
Causa não provocada pelo condutor do veículo (ex.: peão,
condutor de outro veículo, passageiro do meu veículo);

3. Caso de força maior estranho ao funcionamento do veículo:


Acontecimento imprevisível e inevitável, causas exteriores ao
veículo (exemplo: acontecimentos naturais, mas relacionados com a
natureza, como é o caso de chuva/neve)
Nota: Furar pneus, travões não funcionarem ou alguém ter um ataque
cardíaco a conduzir não são causas estranhas ao veículo.

506º- colisão entre veículos:


 Ambos praticaram factos ilícitos, aplica-se o 483º e SS;
 Apenas 1 praticou factos ilícitos: afasta a responsabilidade objetiva do
outro (apenas quem praticou o ato ilícito responde);
 Se nenhum deles tiver agido com culpa- aplica-se as regras da
responsabilidade com base no risco: (3 formas)
o 1. Cada um paga os danos que causou ao outro (nem sempre é a
mais justa);
o 2. Ninguém paga nada porque não há culpa, ficam com os próprios
danos (nem sempre é justa)
o 3. Procura-se saber qual a proporção de risco que ocorre para
cada um dos veículos (qual deles contribuiu mais e divide-se o
dano na proporção do risco que cade a cada um deles;

507º- Responsabilidade solidária por força da lei: quando existe culpa por parte
de mais do que um agente estes dividem as despesas dos danos de forma
solidária;

508º- Limites de indemnização do dano por danos patrimoniais e pessoais: pode


ser inferior ao valor do dano real uma vez que não existe culpa (494º, mera
culpa);

509º- Dano por instalação de gás/luz: A indemnização pode ser inferior ao dano;
2 pressupostos:
 Direção efetiva da instalação;
 Utilizar a instalação no próprio interesse
 509º nº2: situações de força maior que excluem a imputação da
culpa;

Responsabilidade pelo sacrifício ou facto ilícito danoso

Quando a culpa foi afastada, mas há um dano causado, o agente terá de


indemnizá-lo (falta de culpa);
 Estado de necessidade (339º);
 Legitima defesa (337º);
 Ação direta (336º);

Regra:
 Responsável tem de reconstruir a situação que existia antes do dano
(562º);
 Se a reconstrução não for de forma natural, for demasiado onerosa ou
não cumprir, passa-se para a prestação pecuniária;
 566º: aplica-se a teoria da diferença- calcula-se o dano e deduz-se (ex.:
benefícios que o lesado retirou devido ao dano;
 570º: quando o lesado age com culpa para a produção do dano deduz-se
do valor a contribuição deste para o seu próprio dano
o Nº2: aplica-se o 491º/492º/493º;
o 483º/487º: o agente não tem de indemnizar ficando o lesado com
o dano;
o 571º: presunção de culpa estende-se ao próprio lesado,
indemnização não é excluída neste caso;

Cumprimento das obrigações:

Princípios:
1. Boa-fé (227º): cumprimento efetivado de boa-fé- 762º);
2. Princípio da pontualidade (406º): o contrato deve ser cumprido ponto
por ponto, cumprindo todas as clausulas do contrato (ato ligado ao
contrato, forma, prazo);
3. Princípio da integralidade (763º): cumprimento feito na totalidade e não
por partes (ex.: 1000€ na hora de cumprimento e não aos bocados);
Possui exceções previstas na lei/convencionadas pelas partes ou
estipuladas em usos:
 Pagamento por cheque/letras/compensação (exemplo: B
deve 1000€ a A e este deve 500€ a B, B entrega 500€ a A e
este entrega 0);
 Fracionamento convencionado;
 Possibilidade de excecionar a integralidade da prestação,
prevalecem sobre o princípio da integralidade da prestação;

Prazos de cumprimento

Prazo de exigibilidade:
 Momento a partir do qual o credor pode pedir o cumprimento da
obrigação;
 Regra: inicia-se com a celebração do contrato;
 Neste prazo não decorre em incumprimento;

Prazos naturais:
 são aqueles em que condições normais uma pessoa deve cumprir;
 para que se transforme num prazo de vencimento é necessário que o
credor notifique judicialmente ou extrajudicialmente o devedor para
cumprir (805º nº1).
 Verificando-se o prazo o credor notifica o devedor para cumprir, dá-se o
nome de interpelação (fixa prazo de vencimento);
 No dia da interpelação o devedor não entra logo em incumprimento
(tem de haver um prazo razoável dependendo do tipo de prestação);
 Quando as partes não determinam de forma completa o prazo este
podem ficar a cargo do tribunal (777º nº2)
 Quando o devedor puder cumpre: quando ele puder inicia-se o prazo de
exigibilidade, transforma-se em vencimento através da interpelação
fixando o prazo certo;
 Quando o devedor quiser: não há forma de o obrigar a cumprir, trata-se
de uma obrigação natural. (Caso ele morra o credor pode exigir aos seus
herdeiros, a partir daí a obrigação passa a ser exigível);

Obrigação pura:
 São obrigações sem prazo;
 777º nº1 em princípio o credor pode pedir a qualquer momento o
cumprimento da obrigação;
 O devedor pode cumprir com a sua prestação a qualquer momento;
 O prazo de exigibilidade inicia-se desde a constituição da obrigação;
 Para entrar em mora é necessário interpelação e fixação de prazo de
vencimento;

Prazo de vencimento:
 Prazo certo;
 Neste prazo o credor não tem de exigir, o devedor é que tem de cumprir;
 Caso não cumpra incorre em incumprimento;
 Exemplo: prazos legais e prazos convencionais com prazo certo;

Alargamento/redução de prazo:

Alargamento (moratórias):
 Podem ser legais, convencionais e judiciais.
o Legal: a lei prolonga o prazo de cumprimento;
o Judiciais: o tribunal por algum motivo decide alargar o prazo
(exemplo: alteração normal das circunstâncias, 437º);
o Convencionais: ambas as partes acordam o alargamento do prazo
previamente previsto no contrato, carece da vontade de ambas as
partes.
Antecipação/reduções de prazo:
Necessário verificar quem possui o benefício do prazo (regime 779º).
 Prazo a favor do devedor: este beneficia do prazo, ou seja, o credor não
pode exigir o cumprimento antes do prazo (devedor pode decidir cumprir
antecipadamente).
 Prazo a favor do credor: O credor pode exigir antes do prazo, mas o
devedor não pode tomar iniciativa de cumprir antes do prazo
 Prazo a favor de ambos: Caso seja a favor de ambos, o devedor não pode
cumprir antes do prazo e o credor não pode exigir antes do prazo
(nenhum deles pode tomar iniciativa, não há antecipação de
cumprimento).

Perda de benefício do prazo:

Torna possível a antecipação do prazo, existem 2 situações:


 Insolvência ou perda de garantias: Pode haver uma exigibilidade
antecipada (o credor pode exigir o cumprimento antes do prazo de
vencimento).
o Caso não exija o devedor continua obrigado a cumprir no prazo de
vencimento
o Nota: O credor tem de estipular um tempo razoável para o
cumprimento (findo este prazo entra em incumprimento). Se não
exigir o devedor entra em mora no prazo estipulado no benefício
do seu prazo
o Diminuição de garantias: garantias reais
o Hipoteca: prevê a antecipação da exigência (701º), pede a
substituição da garantia e, só depois o cumprimento da obrigação
(caso ñ haja substituição);
 A causa nunca será imputável ao credor logo, poderá
sempre exigir antecipadamente (nunca lhe será imputada a
culpa).
 Devedor tem de ser o responsável pela diminuição da
garantia.
 780º: Só pode exigida a antecipação se o devedor tiver
culpa (regime mais benéfico ao devedor), não há a
obrigação de exigir uma substituição de garantias.
 Vencimento antecipado (em vez de exigibilidade antecipada): é
automático, não carece pela intervenção do credor;
o o devedor tem de cumprir antecipadamente todas as prestações e
começa a contar-se juros de mora sobre a prestação vencida e
sobre as prestações vincendas (futuras).
o Regime especial para a compra e venda a prestações (934º): se
exceder um oitavo do preço pode se pedir a antecipação do
cumprimento (reserva de propriedade necessária) e resolver o
contrato.
 Se não resolver o contrato há um vencimento antecipado
de todas as prestações (781º)
 Se não exceder um oitavo só entra em mora em relação a
prestação em divida, não há antecipação do cumprimento
do prazo e não pode resolver o contrato.
 Pressupostos: compra e venda a prestações, clausula de
reserva de propriedade e entrega da coisa necessária para
resolver contrato;
 Sem clausula de reserva de propriedade dá-se por entregue
a coisa (não é possível resolver contrato) (886º);

Lugar de cumprimento:

Não há local determinado: determina-se o local em função da natureza da


prestação, caso não haja conclusão aplica-se o artg. 772º e seguintes (772º é
exceção na prática, raramente se utiliza);
Regra teórica: local de morada do devedor
 Coisa móvel: (773º) lugar de cumprimento é onde a coisa se encontrava à
data de celebração do negócio;
 Coisa imóvel: é o local do próprio bem imóvel;
 Obrigações pecuniárias: (774º) o local de cumprimento e no domicílio do
credor, no entanto existem exceções:
o Exemplo: pagamento de renda (1039º), local é no domicílio do
devedor (normas supletivas, apenas se as partes não estipularem
nada em contrário);
o Compra e venda (885º): se coincidir com a entrega o pagamento é
no local da entrega, caso não coincida o preço é entregue em casa
do credor. Nos contratos a prestações, se a primeira prestação
coincidir com a entrega da coisa será cumprida no local da entrega
da coisa e as restantes no domicílio do credor
Legitimidade de cumprimento da obrigação

Legitimidade ativa (quem pode cumprir, 767º):

 Pela pessoa ou por um terceiro;


 Exceção: partes convencionam em contrário ou a
substituição prejudica o credor (prestações infungíveis);
 Se o credor tiver legitimidade para recusar o devedor entra
em incumprimento;
 Credor rejeita sem legitimidade incorre em culpa (813º e
ss);

Legitimidade passiva (quem pode receber, 769º):

 Credor ou o seu representante;


 Representação legal: o cumprimento deverá ser feito
obrigatoriamente perante o representante legal;
 Representação convencional: devedor não é obrigado a
cumprir perante o representante convencional (771º), salvo
se houver convenção em contrário.
o Não é obrigado por motivos de prova, recibo do
representante convencional pode não ser válido o
suficiente;
o Recibo é fundamental (787º);
o Se o credor recusar passar recibo incorre em
responsabilidade, entra em mora na qualidade de
credor (como se recusasse receber o dinheiro 813º e
seguintes).

Imputação do cumprimento

Quando o devedor possui mais do que uma divida ao mesmo credor, a


quantia que entrega pode não ser suficiente para saldar todas as dividas
(necessário determinar qual a divida que pretende pagar):

 Próprio devedor indica qual divida pretende pagar (783º e SS), regra;
Quando não indica:
 784º: a quantia é dividida por todas as dividas, exceção ao princípio da
integralidade;
 785º: Imputa-se a quantia primeiro nas despesas, em seguida em
indemnizações e por fim capital pois inicia-se com as obrigações mais
difíceis de provar;

Efeitos do cumprimento:

 É considerado pela doutrina um ato jurídico, não existe liberdade de


estipulação (alteração) sem se cumprir tal como foi estipulado (princípio
da integralidade + pontualidade);
 Não é um negócio jurídico:

RESPONSABILIDADE CONTRATUAL

Aplica-se a negócios jurídicos unilaterais e bilaterais


3 grandes diferenças em relação ao regime extracontratual:
1. Culpa:
 Extracontratual: culpa não se presume, tem de ser provada
(exceto 491º,492º,493º);
 Contratual: culpa do devedor presume-se (799º), o devedor
terá de afastar esta presunção (apenas consegue se for
uma obrigação de meios e não de resultado)
o EX: construção de uma casa (obrigação de
resultado), médicos salvar vidas (obrigação de
meios);

2. Prazos de prescrição:

 Extracontratual: prazo de 3 anos (498º);


 Contratual: Prazo de 20 anos (309º);

3. Princípios distintos:
 Extracontratual: princípio da solidariedade (497º)
 Contratual. Princípio da responsabilidade conjunta (513º);

Há responsabilidade contratual sempre que a prestação não for realizada nos termos previstos
(exceto impossibilidade de cumprimento não culposo);
 Culposa: 801º e ss;
 Não culposa: 790º e ss

Modalidades responsabilidade contratual (não cumprimento da obrigação)

1. Incumprimento definitivo:
 Devedor por culpa sua impossibilita definitivamente o cumprimento
da prestação;
 Devedor possui prazo certo e não o cumpre no prazo de vencimento:
entra em mora e o credor nesse momento ou mais tarde perde
objetivamente o interesse na prestação (808º nº1);
 Quando a prestação não foi cumprida no prazo estipulado e há um
segundo prazo estabelecido pelo credor: se o devedor não cumprir
entra em incumprimento definitivo (808º);
 Devedor comunica que nunca irá cumprir com a prestação, ou seja,
incumprimento definitivo;

Efeitos:
1. Indemnização;
2. Resolução do contrato;
3. Execução especifica (827º e ss);

1e2. Indemnização: (798º) A indemnização com resolução do contrato (interesse


contratual negativo) não é a mesma que sem resolução do contrato (interesse
contratual positivo);
 Indemnização + resolução do contrato: Credor coloca-se na situação
em que estaria caso o contrato nunca tivesse sido celebrado
(indemniza danos pelo contrato ter sido celebrado, efeitos
retroativos);
 Indemnização sem resolução do contrato: Coloca o credor na posição
em que estaria se o contrato tivesse integralmente cumprido (não se
acumula com a resolução)

3. Execução especifica:
 827º: faz distinção entre tipos de cumprimento;
 828º: pede para contratar outro para cumprir;
 829º: Não fazer, pede para que o ato seja retirado;
 Infungível: Não é possível cumprir, há sanção pecuniária compulsória
(coima diária até que seja efetuado o cumprimento da prestação, nem
sempre é possível se o devedor invocar as suas qualidades essenciais);

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