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BRASÍLIA – DF
2011
ALESSANDRA LORIATO NAZARETH FRANCO
BRASÍLIA – DF
2011
FRANCO, Alessandra Loriato Nazareth
50 fls.
Banca Examinadora
_________________________________________________
Prof. Dr. Nome completo
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Prof. Dr. Nome completo
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Prof. Dr. Nome completo
BRASÍLIA – DF
2011
Ao meu esposo Alexandre Coelho Franco, meu porto seguro, fonte de
paciência, equilíbrio, amor, motivação, incentivo, compreensão,
determinação e companheirismo. Você tem sido uma benção na minha
vida!
Às minhas filhas Hannah, Sarah e Rachel, que mesmo pequenas,
sempre me presentearam com grande amor carinho, paciência e
alegria infinitas. Vocês fazem parte da minha conquista por estarem
sempre presentes em minha vida.
Amo vocês!
AGRADECIMENTO
A Constituição Federal Brasileira de 1988 estabeleceu direitos iguais para todos, sem
distinção, inclusive os filhos, unificando a relação entre filhos naturais e adotivos que até
então, eram tratados de forma desigual. Na adoção, não importa a condição biológica do
adotante, mas sim da proteção integral da criança que se desdobra, entre outros, no melhor
interesse da criança. Para acompanhar o desenvolvimento da sociedade é necessário que o
sistema jurídico procure em outras fontes soluções para resolver os conflitos sociais, como na
jurisprudência, nos princípios e na analogia, haja vista o interesse de suprir o vazio legislativo
em relação aos direitos não positivados. A pesquisa foi estruturada em três capítulos: primeiro
traz uma noção geral da adoção no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988. Esse
mesmo capítulo aborda os princípios da Dignidade da Pessoa Humana, da Igualdade e da
proteção integral da criança e do adolescente, como um subtítulo relevante para o
desenvolvimento desse estudo. O segundo capítulo primeiramente aborda algumas
modalidades de adoção dando ênfase na modalidade de adoção por casal homoafetivo uma
vez que essa será o tema em discussão. Por fim, o terceiro capítulo apresenta o
posicionamento do STJ; promove análise de casos concretos e ilustra opiniões diversas.
Desde a Constituição de 1988, onde foram estabelecidos direitos iguais sem distinção, os
filhos naturais e adotivos começaram a ser tratados igualmente, sem distinção biológica.
Os direitos e a proteção integral da criança passaram a ser o principal motivador para
adoções de novas práticas e inclusão da ciência como um dos pilares nas decisões sobre
paternidade. Para acompanhar o desenvolvimento da sociedade o sistema jurídico
procurou novas fontes de soluções. Neste contexto surgiu à obrigatoriedade do exame
DNA como prova contundente de paternidade e filiação. Este trabalho foi estruturado
em três capítulos: No primeiro, trata-se da evolução do conceito paternidade e filiação,
no segundo aborda as previsões constitucionais e no terceiro aborda-se a
obrigatoriedade na realização de exame médico para comprovação ou não da
paternidade, além de uma abordagem sobre a Súmula 301 do STJ.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO....................................................................................................................1
1 PATERNIDADE...............................................................................................................1
1.1 Evolução do conceito de paternidade e filiação...............Erro! Indicador não definido.
1.2 O Exame em DNA...............................................................................................................1
1.3 Reflexos sociais e jurídicos da paternidade......................................................................1
1.3.1 Reflexos Sociais.................................................................................................................1
1.3.2 Reflexos Jurídicos..............................................................................................................1
CONCLUSÃO.......................................................................................................................1
REFERÊNCIAS...................................................................................................................1
INTRODUÇÃO
Contextualizar
No caso do presente trabalho o que nos motivou foi a suposta eficácia do exame no
processo civil como prova inequívoca de paternidade e filiação. Desta indagação
verificamos que algumas questões sem respostas precisavam de maior
aprofundamento. Não queremos esgotar o assunto, mas temos como objetivo abordar
algumas questões que nos levam a refletir sobre a relevância do tema e seus impactos
na sociedade e nos indivíduos.
Todos os exames de DNA, realizados nos mais diversos laboratórios e com os diversos
profissionais, possuem a mesma confiabilidade ?
Diante destes questionamentos, até que ponto o exame de DNA deve ser obrigatório
nos casos de determinação da paternidade. Qual o seu verdadeiro valor e suas
fragilidades?
Estas questões põem frente a frente à frieza da prova com os aspectos subjetivos
inerentes ao processo de filiação. Aspectos como afeição, amor, desejo também devem
pesar no processo de paternidade e filiação? Atualmente a defesa do réu é secundário,
sendo preponderante o exame de DNA.
Quanto à metodologia para desenvolver esse estudo, uma vez que já mencionado no
terceiro capítulo os casos e pesquisa é um trabalho fundamentado em análise e
conceitos doutrinários, jurisprudenciais como também em lei uma vez que esta
assegura a proteção integral da criança e a dignidade da pessoa humana. Para melhor
compreensão do tema a ser abordado serão ainda observados os casos e pesquisas
1
LEITE, Eduardo de Oliveira. Exame de DNA, ou, o limite entre o genitor e o pai. In: LEITE, Eduardo de
Oliveira (Org.) Grandes temas da atualidade - DNA como meio de prova da filiação. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 78
8
1 PATERNIDADE
Teresa Arruda Alvim; LEITE, Eduardo de Oliveira (cood). Repertório de doutrina sobre Direito de Família:
Aspectos constitucionais, civis e processuais. São Paulo: Revista dos Tribunais. 1999. p. 192
8
Idem. Exame de DNA, ou, o limite entre o genitor e o pai. In: LEITE, Eduardo de Oliveira (Org.) Grandes
temas da atualidade - DNA como meio de prova da filiação. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 78
9
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Reconhecimento de paternidade e seus efeitos. Rio de Janeiro: Forense,
1998. p. 8-9.
10
LEITE, op. cit., p. 63
11
HURSTEL, 1999 apud LEITE, Eduardo de Oliveira. Exame de DNA, ou, o limite entre o genitor e o pai. In:
LEITE, Eduardo de Oliveira (Org.) Grandes temas da atualidade - DNA como meio de prova da filiação. Rio
de Janeiro: Forense, 2002. p. 66-67.
11
Maria Helena Diniz, numa concepção mais biológica, define a filiação como
“o vínculo existente entre pais e filhos, vem a ser a relação de parentesco consanguíneo em
linha reta de primeiro grau entre uma pessoa e aqueles que lhe deram vida”, ou seja, a relação
entre o filho e as pessoas que o conceberam. Da mesma forma, chama à atenção para o fato de
que nem sempre essa ligação decorre de união sexual, visto que também pode derivar de
inseminação artificial homóloga ou heteróloga; e de fertilização in vitro ou em proveta15.
O DNA pode ser obtido para exames, em filtros de cigarro, selos, envelopes
(nos quais a pessoa tenha passado a língua impregnando-os de saliva,
contendo células da mucosa bucal); aba de chapéus (se a pessoa sempre
passava os dedos ali, pois existe muito DNA se desprendendo continuamente
nas extremidades dos dedos); roupas íntimas; máscaras de borracha
(principalmente se a pessoa transpirou); igualmente pode se obter DNA para
exames, em peças conservadas em formol! [...] 20
18
CHAMELETE NETO, Alberto. Investigação de paternidade & DNA. Curitiba: Juruá, 2002. p. 63.
19
SIMAS FILHO, Fernando. A prova da investigação de paternidade. 7ª Ed. Curitiba: Juruá, 2001. p. 256
20
SIMAS FILHO, Fernando. A prova da investigação de paternidade. 7ª ed. Curitiba: Juruá, 2001. p. 187
21
BRASIL, Código de Processo Civil. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869.htm>
13
por Durvalina Araújo22, a forma ADN, aportuguesada, seria a forma mais adequada à Lei nº
11.105/05, sobre as “normas que regem o uso de técnicas de Engenharia Genética e liberação
no meio ambiente de organismos geneticamente modificados”.
27
CHAMELETE NETO, Alberto. Investigação de paternidade & DNA. Curitiba: Juruá, 2002. p. 77.
28
Ibidem. p. 85.
29
BARBOSA, Bia; COUTINHO, Leonardo. Quem é o pai?. VEJA. São Paulo, 1658 ed. 19/07/2000.
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/190700/p_108.html>. Acesso em 16 set. 2011.
30
CHAMELETE NETO, Alberto. Investigação de paternidade & DNA. Curitiba: Juruá, 2002. p. 90.
15
Cumpre salientar que a partir de uma visão mais ampla das verdades social e
a biológica na determinação da filiação constata-se que nenhuma delas é auto-suficiente.
Mesmo assim alerta, que essas verdades devem ser levadas em consideração, mas a verdade
jurídica deveria caminhar conjuntamente com a verdade sociológica34.
31
FARIAS, Cristiano Chaves de. Reconhecimento de Filhos e a Ação de Investigação de Paternidade. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 07.
32
FACHIN, Luiz Edson. Estabelecimento da filiação e paternidade presumida. Porto Alegre: Fabris, 1992. p.
29
33
Ibidem. p. 151
34
Ibidem. p. 150
35
FACHIN, Luiz Edson. Da paternidade: Relação Biológica e Afetiva, p. 21, 22 e 28
36
LEITE, Eduardo de Oliveira. Exame de DNA, ou, o limite entre o genitor e o pai. In: LEITE, Eduardo de
Oliveira (Org.) Grandes temas da atualidade - DNA como meio de prova da filiação. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 72
16
O foco da crítica de Leite é que a vontade do homem em ser pai não mais é
considerada, exceto quando se trata de doação para fertilização artificial. Somente neste caso
o doador não será declarado pai pelo mero fato de transmitir sua informação genética ao filho
da mulher. Busca assim uma reflexão quanto à valorização não somente do componente
genético e sim das relações de afetividade.38
Seguindo este raciocínio, surge a dúvida sobre o que deve ser priorizado.
Assim como Leite, Fachin entende que o exame de DNA, como único fundamento do vínculo
da filiação, não seria suficiente para determinar a paternidade. O direito à filiação de que a
Constituição Federal assegura não é somente o direito ao nome e aos bens do genitor, mas
também, e com absoluta prioridade, diversos direitos descritos em seu artigo 227. Desta forma
a doutrina distingue pai de genitor e não necessariamente a origem genética acarretará
filiação39.
37
Ibidem. p. 78.
38
Ibidem. p. 80.
39
FACHIN, Luiz Edson. Da paternidade: Relação Biológica e Afetiva, p. 21, 22 e 28
40
LEITE, op. cit., p. 80.
17
Por outro lado alerta Leite a procriação ocorrida não como fruto do desejo
do casal, dos pais, ou como projeto parental, mas como desejo unilateral, é de um “tocante
reducionismo” fugindo, de certa forma, daquela paternidade responsável, desejada pelo
constituinte, pois viola a própria essência da paternidade, tendo como fundamento o desejo de
se responsabilizar financeiramente o genitor, lembrando que a paternidade não é mero ato de
vontade, pois o homem ainda se não a quiser, não poderá ser exonerado dos deveres a ela
inerentes. 42
41
LEITE, Eduardo de Oliveira. Exame de DNA, ou, o limite entre o genitor e o pai. In: LEITE, Eduardo de
Oliveira (Org.) Grandes temas da atualidade: DNA como meio de prova da filiação. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 80
42
Ibidem. p. 81
43
Ibidem. p. 81
44
LEITE, Eduardo de Oliveira. Exame de DNA, ou, o limite entre o genitor e o pai. In: LEITE, Eduardo de
Oliveira (Org.) Grandes temas da atualidade: DNA como meio de prova da filiação. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 82
45
Ibidem. p. 84-85
18
É importante lembrar que muitas vezes o filho busca não somente o pai
46
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Reconhecimento de paternidade e seus efeitos. Rio de Janeiro: Forense,
1998. p. 50
47
Ibidem. p. 61
48
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Reconhecimento de paternidade e seus efeitos. Rio de Janeiro: Forense,
1998. p. 61
49
GIORGIS, José Carlos Teixeira. A paternidade fragmentada: família, sucessões e bioética. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 68
19
biológico, mas aquele que ele tem ou terá relação afetiva, sendo assim a simples declaração,
embasada na confissão ficta do suposto pai, não traz a certeza desejada pelo filho, ficando a
eterna dúvida quanto à real filiação. Da mesma forma não traz um efetivo relacionamento,
visto que aquele declarado pelo juiz como pai, será o mantenedor do filho, e contrariamente
ao seu desejo de se manter afastado daquela família, não buscará suprir aquela real
necessidade.50
Giorgis ressalta que “uma das questões mais recorrentes nas demandas
investigatórias é a consequência processual oriunda do comportamento da parte que se recusa
a cumprir a prova pericial ordenada”. O desenvolvimento histórico da interpretação dos juízes
em relação à recusa perpassou vários entendimentos, desde a confissão à presunção de
paternidade. Atualmente sendo considerado como indício de paternidade.52
50
Ibidem.
51
BRASIL. Código Civil. Lei nº 10.406 de 10/01/2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm> Acesso em: 20 set. 2011.
52
GIORGIS, José Carlos Teixeira. A paternidade fragmentada: família, sucessões e bioética. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 68
53
Ibidem.
20
54
Ibidem. p. 69
55
GIORGIS, José Carlos Teixeira. A paternidade fragmentada: família, sucessões e bioética. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 72)
56
GIORGIS, José Carlos Teixeira – O Direito de família e as provas ilícitas. IN: WELTER, Belmiro Pedro e
MADALENO, Rolf Hanssen - Direitos Fundamentais do Direito de Família. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2004 p. 150
57
BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. AC. Unânime da 2ª Câmara Cível do TJMG – AC 11.223/5 –
Rel. Des. Bernardino Godinho – j. em 25/05/1994 – ementa oficial. IOB 3/10510. Disponível em:
<http://www.genomic.com.br/siteartigo/jur>. Acesso em: 16/06/11.
21
univitelinos têm o mesmo DNA, e além desse, outra possibilidade também pode resultar em
falso resultado em exame de DNA, é o caso de pessoas que foram submetidas a transplante de
medula óssea60. Cita para tanto Jobim:
60
SIMAS FILHO, Fernando. A prova da investigação de paternidade. 7ª Ed.Curitiba: Juruá, 2001. p. 183-184
61
ARAÚJO, Durvalina. Exame de DNA e a prova emprestada.Curitiba: Juruá, 2008. p. 30
62
ARAÚJO, Durvalina. Exame de DNA e a prova emprestada.Curitiba: Juruá, 2008. p. 35
2 REGULAMENTAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE NO
ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
63
FARIAS, Cristiano Chaves de; SIMÕES, Thiago Felipe Vargas. Reconhecimento de Filhos e a Ação de
Investigação de Paternidade. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p.12
64
SEREJO, Lourival. Direito Constitucional da Família. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. p.7
65
SEREJO, Lourival. Direito Constitucional da Família. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. p.24/25
24
Da união entre homem e mulher, podem surgir filhos, o que gera efeitos na
esfera do direito. A Constituição, em seu artigo 227, declara ser dever da família, da sociedade
e do Estado, ou seja, de todos, assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, diversos
direitos, dentre eles à vida, à saúde, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar, devendo
ser os mesmos colocados a salvo de toda forma de negligência, discriminação exploração,
violência, crueldade e opressão. O dever de proteção à criança, adolescente e ao jovem
prevista neste artigo é com absoluta prioridade, estando reforçado no parágrafo 6º que não
pode haver discriminação entre os filhos, sejam eles biológicos, adotados ou aqueles
decorrentes da socioafetividade.
O CC/02 trouxe em seu artigo 231, que não poderá aproveitar-se da recusa
aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário, e regulamenta no artigo 232,
sobre a possibilidade de ser suprida a prova que se pretendia obter quando da recusa à perícia
médica ordenada pelo juiz. Sendo assim o legislador preocupou-se em determinar que não é
possível obrigar a quem quer que seja a submeter-se a exame médico necessário e no artigo
seguinte, oportuniza ao juiz suprir tal falta, como consequência, pois não permite o tirar
proveito da recusa. Isto porque em razão tanto do princípio constitucional do devido processo
legal (art. 5º, inciso LIV, CF/88), quanto dos direitos e garantias individuais à integridade
física e intimidade, não se pode obrigar a realização de qualquer que seja o exame sob pena de
ser declarada a nulidade por se tratar de prova ilícita. 73
72
COLTRO, Antônio Carlos Mathias. A Investigação de Paternidade , a Recusa ao DNA e os Artigos 231 e 232
do Código Civil de 2002. Revista IOB de Direito de Família. Vol. 9, n. 52, São Paulo, fev./mar. 2009. p. 34
73
COLTRO, Antônio Carlos Mathias. A Investigação de Paternidade , a Recusa ao DNA e os Artigos 231 e 232
do Código Civil de 2002. Revista IOB de Direito de Família. Vol. 9, n. 52, São Paulo, fev./mar. 2009. p.37
27
74
"pater is est quem nuptiae demonstrant" fórmula segundo a qual cabe ao pai o direito de reconhecer ou não o
filho havido fora do casamento, pois há presunção da paternidade na constância do casamento.
75
FACHIN, Luiz Edson. Estabelecimento da filiação e paternidade presumida. Porto Alegre: Fabris, 1992.
p. 29
76
COLTRO, Antônio Carlos Mathias. A Investigação de Paternidade , a Recusa ao DNA e os Artigos 231 e 232
do Código Civil de 2002. Revista IOB de Direito de Família. Vol. 9, n. 52, São Paulo, fev./mar. 2009. p.40
28
especial proteção do Estado, reconhece-se no § 3º, a união estável entre o homem e a mulher
como entidade familiar, para efeito da proteção do Estado devendo a lei facilitar sua
conversão em casamento; no § 4º como entidade familiar a comunidade formada por qualquer
dos pais e seus descendentes. Já no § 7º regula que, fundado nos princípios da dignidade da
pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal.
78
FACHIN, Luiz Edson. Estabelecimento da filiação e paternidade presumida. Porto Alegre: Fabris, 1992.
p. 28
30
que a presunção pater is est ainda fundamenta a paternidade. Somente sendo impossível a
concepção, como por exemplo no caso da infertilidade do homem, é que estaria mitigada a
presunção.
Legislacao referente:
CF/88 / CPC / CC / 8560 de 29/12/92 Regula a investigação de paternidade dos filhos
havidos fora do casamento e dá outras providências.
79
CRUZ, José Aparecido da. Averiguação e investigação de paternidade no direito brasileiro: teoria,
legislação, jurisprudência. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2001. p. 96/97.
31
representado por sua genitora, tutor ou outro representante legal (agindo sempre em nome do
investigante), sendo legítimo aqui o Ministério Público. No pólo passivo figura o réu, suposto
pai, podendo tal direito, conforme art. 27 da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do
adolescente),80 ser exercido contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição,
observado o segredo de Justiça. É no reconhecimento judicial que é possível ao filho obter a
declaração de seu status familiae81quando não ocorrer à presunção ou o reconhecimento
voluntário.
fatos.
Por outro lado, o avanço foi jurídico na proteção inconteste da filiação. O art. 227 da Constituição
Federal ) anunciou uma nova fase para o direito da criança e do adolescente, seguido pela Lei 7.841/89, que revogou,
(5
expressamente, o art. 358 do Código Civil o qual, por força constitucional, já se achava tacitamente revogado, pela Lei
8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), que em seus arts. 3º, 4º, 17, 20, 26 e, mais notadamente, no art. 27,
patenteou o reconhecimento do estado de filiação como direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, e ainda, a Lei
8.560/92, que concede legitimidade ao Ministério Público para averiguar a paternidade (averiguação oficiosa).
3 A OBRIGATORIEDADE NA REALIZAÇÃO DE EXAME MÉDICO
NECESSÁRIO
Conforme vimos o artigo 231 do CC/02 declara que aquele que se negar a
submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. Desta forma,
por exemplo, a parte não poderia alegar a insuficiência de provas para desconstituir as
alegações da outra parte. Segundo a súmula n° 301 do STJ - 18/10/2004 - DJ 22/11/2004, que
determina que: “em investigação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao
exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”.
Ainda assim, a parte pode se recusar a realizar o exame. Não fosse assim,
não haveria previsão da recusa no ordenamento, podendo ser até mesmo suprida, conforme
artigo 232 do CC/02.
A Carta Magna Brasileira prevê em seu artigo 5º, inciso II, que “ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Desta forma
obrigar alguém a realizar prova, qualquer que seja, é produzir prova ilegal, não admitida no
ordenamento brasileiro.
[...] Ninguém está compelido, pela ordem jurídica, a adentrar a Justiça para
questionar a respectiva paternidade, da mesma forma que há conseqüências
para o fato de vir aquele que é apontado como pai a recusar-se ao exame que
objetive o esclarecimento da situação. É certo que compete aos cidadãos
83
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Ap. cível nº 594101032. 8Ccv. 27.10.94. Relator: Antônio
Carlos Stangler Pereira. Disponível em: http://www1.tjrs.jus.br/busca/index.jsp?
q=+594101032&tb=jurisnova&pesq=ementario&partialfields=tribunal%3ATribunal%2520de%2520Justi
%25C3%25A7a%2520do%2520RS.%28TipoDecisao%3Aac%25C3%25B3rd%25C3%25A3o|TipoDecisao
%3Amonocr%25C3%25A1tica%29.Secao%3Acivel&requiredfields=&as_q= Acesso em 28/09/2011.
84
Disponível em <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/dh/volume%20ii/
habeas713734.htm>, acesso em 15/06/2011
35
constituir para o autor nenhum direito novo, nem condenar o réu a uma prestação” 86. Razão
pela qual tal ação por vezes é cominada à ação de alimentos.
Contudo Oliveira Filho observa que nada justifica que haja impedimento na
produção de outras provas fundado na sua inutilidade frente ao exame de DNA, pois inexiste
no sistema processual brasileiro a hierarquia das provas.89
86
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Reconhecimento de paternidade e seus efeitos. Rio de Janeiro: Forense,
1998. p. 52-53.
87
AI 682172 / GO - GOIÁS
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a): Min. LUIZ FUX
Julgamento: 01/06/2011
Disponível em http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28s
%FAmula+adj+301%29+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas acesso em 05/10/2011
88
OLIVEIRA FILHO, Bertoldo Mateus de. Alimentos e investigação de paternidade. 3 ed.rev. e ampl. Belo
Horizonte: Del Rey, 1998. p. 190/191
89
OLIVEIRA FILHO, Bertoldo Mateus de. Alimentos e investigação de paternidade. 3 ed.rev. e ampl. Belo
Horizonte: Del Rey, 1998. p. 192
37
CONCLUSÃO
ALMEIDA, Maria Christina de. DNA e Estado de Filiação à luz da Dignidade Humana.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
BLIKSTEIN, Daniel. DNA, paternidade e filiação. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.
CHAMELETE NETO, Alberto. Investigação de paternidade & DNA. Curitiba: Juruá, 2002.
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. Bahia: Juspodivm, 2010.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro v. 5: direito de família 19a ed. rev.,
aum. e atual. De acordo com o novo código civil. São Paulo: Saraiva, 2004.
FARIAS, Cristiano Chaves de; SIMÕES, Thiago Felipe Vargas. Reconhecimento de Filhos e
a Ação de Investigação de Paternidade. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
MOREIRA FILHO, José Roberto. Direito à identidade genética. Disponível em: <http//:
www.faroljuridico.com.br>. Acesso em: 04 abr. 2002.
SEREJO, Lourival. Direito Constitucional da Família. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família. São Paulo: Atlas, 2003.
______. Igualdade entre as filiações biológica e socioafetiva. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2003.
Ver http://www.faroljuridico.com.br/ver.php?id=3703
pegar denovo: 347.63 w643c: WELTER, Belmiro Pedro.Coisa Julgada na investigação de
paternidade. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010. p . 79 conducao coercitiva
tb : 347.94 A779p A PROVA JUDICIAL DE ADN ARRUDA, JOSE ACACIO (pg. 80 do livro anterior do Welter, sobre defesa dos direitos.)
Reler o livro da Maria Helena Diniz: Curso de Dir. Civil Brasileiro a partir da pagina 435 ate
439 PARA A APRESENTAÇÃO!!!!!!!!!!
41