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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ


UNIVERSIDADE DE FORTALEZA-UNIFOR
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS- CCJ
Curso de Direito

RESOLUÇÃO CONSENSUAL DE CONFLITOS: A


MEDIAÇÃO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO DE
CONFLITOS DERIVADOS DE RELAÇÕES CONTINUADAS
NA FAMÍLIA

Sisley Keren Da Silva Ferreira


Matrícula nº 1524291/4
2

Fortaleza-CE
JUNHO, 2021
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SISLEY KEREN DA SILVA FERREIRA

RESOLUÇÃO CONSENSUAL DE CONFLITOS: A


MEDIAÇÃO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO DE
CONFLITOS DERIVADOS DE RELAÇÕES CONTINUADAS
NA FAMÍLIA

Monografia apresentada como


exigência parcial para a obtenção
do grau de bacharel em Direito,
sob a orientação de conteúdo do
Professora Mônica Carvalho
Vasconcelos e orientação
metodológica da Professora
Ivanilda Sousa da Silva.
4

Fortaleza-Ceará
2021
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SISLEY KEREN DA SILVA FERREIRA

RESOLUÇÃO CONSENSUAL DE CONFLITOS: A MEDIAÇÃO COMO


FERRAMENTA DE GESTÃO DE CONFLITOS DERIVADOS DE
RELAÇÕES CONTINUADAS NA FAMÍLIA

Monografia apresentada à banca


examinadora e à Coordenação do
Curso de Direito do Centro de
Ciências Jurídicas da Universidade
de Fortaleza, adequada e aprovada
para suprir exigência parcial
inerente à obtenção do grau de
bacharel em Direito, em
conformidade com os normativos
do MEC, regulamentada pela Res.
n° R028/99, da Universidade de
Fortaleza.

Fortaleza (CE), 14 de junho de 2021.

Monica Carvalho Vasconcelos, Dra.


Profa. orientador da Universidade de Fortaleza

Cynara Guimarães Pimentel Feitoza, Ms.


Profa. examinador da Universidade de Fortaleza

Dayse Braga Martins, Dra.


Prof. examinador da Universidade de Fortaleza

Ivanilda Sousa da Silva, Ms.


Profa. Orientadora de Metodologia

Profa. Núbia Maria Garcia Bastos, Ms.


Supervisora de Monografia

Coordenação do Curso de Direito


7

A Deus,
por me capacitar a fazer esse trabalho
científico.

Aos meus pais,


que não mediram esforços para essa conquista.

Aos meus avós e familiares,


por estarem sempre me apoiando.
8

AGRADECIMENTO

A professora Monica Carvalho Vasconcelos, pela aceitação da tarefa de orientação e


pelo apoio prestado na realização deste trabalho.

À professora Ivanilda Sousa da Silva, pela imensa colaboração no desenvolvimento


metodológico que deu forma a este trabalho.

As professoras Cynara Guimarães Pimentel Feitoza e Dayse Braga Martins, por


aceitarem integrar a banca examinadora desta monografia.

À Universidade de Fortaleza (UNIFOR), pelo amplo acesso à educação, cultura e


justiça, contribuindo para uma completa formação profissional, superando desigualdades e
construindo uma sociedade mais justa e solidária.
9

O ato de ouvir exige humildade de


quem ouve. E a humildade está
nisso: saber, não com a cabeça,
mas com o coração, que é possível
que o outro veja mundos que nós
não vemos.
(Rubem Alves)
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RESUMO

O conflito sempre esteve presente na evolução da raça humana, são aspectos inerente de suas
relações. Assim a mediação é uma forma não violenta de resolução de conflitos no qual as
partes conflitantes procuram uma terceira pessoa imparcial, que vai ajudá-las a construir uma
solução para o seu embate. Em contrapartida é preciso que haja cada vez mais um olhar
humanizado no processo de resolução dos conflitos, com a utilização de meios alternativos.
Diante desse contexto, o presente trabalho trata da resolução consensual de conflitos: a
mediação como ferramenta de gestão de conflitos derivados de relações continuadas na
Família, tem como principal objetivo fazer uma discussão de como a mediação pode ser uma
ferramenta cabível na resolução consensual de conflitos em relações continuadas na família.
Examinando como a mediação contribui nos conflitos que surgem das relações continuadas, a
interferência da mediação nas resoluções dos conflitos familiares e a família e seus
paradigmas. A metodologia utilizada apoia-se em pesquisa bibliográfica e documental, com o
uso de referências teóricas em livros, artigos científicos, legislação e jurisprudência e, ainda,
com o apoio teórico de autores tais como: Maria Berenice Dias, Francisco José Cahali, Pablo
Stolze Gagliano e Cristiano Chaves de Farias. Por fim, conclui-se que a mediação familiar é
um procedimento jurídico que contribui para que as pessoas consigam uma comunicação
necessária para expor seus sentimentos e assim as partes envolvidas consiga de uma forma
eficaz um acordo, assim, as famílias tenham um ambiente feliz, saudável, afetivo, acima de
tudo recíproco.

Palavras–chave: Mediação. Mediação Familiar. Família. Direito de Família. Resolução de


Conflitos.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................12

1 O PAPEL DA MEDIAÇÃO NOS CONFLITOS FAMILIARES.........................................15

1.1 CONCEITO DE FAMÍLIA....................................................................................................16


1.2 A FAMÍLIA E SEUS PARADIGMAS...................................................................................18
1.3 PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA..............................................................................20
1.3.1 Princípio da proteção da dignidade da pessoa humana.........................................20
1.3.2 Princípio da igualdade...........................................................................................22
1.3.3 Princípio da afetividade........................................................................................22
1.3.4 Princípio da solidariedade familiar.......................................................................23
1.3.5 Princípio do melhor interesse da criança...............................................................23
1.3.6 Princípio da liberdade............................................................................................24

2 MEDIAÇÃO, MEDIADOR E MEDIAÇÃO FAMILIAR....................................................26

3 A MEDIAÇÃO FAMILIAR PARA ENFRENTAR OS NOVOS DESAFIOS DO DIREITO


DE FAMÍLIA CONTEMPORÂNEO.......................................................................................33

3.1 A NOVA REALIDADE DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS E A INADEQUAÇÃO DO PODER


JUDICIÁRIO REFERENTE AO DIREITO DE FAMÍLIA..................................................................36

3.2 A MEDIAÇÃO FAMILIAR PARA A REALIZAÇÃO PESSOAL E AFETIVA FAMILIAR E A BUSCA


DE NOVAS SOLUÇÕES.............................................................................................................39

CONCLUSÃO..........................................................................................................................46

REFERÊNCIAS........................................................................................................................50
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INTRODUÇÃO

O conflito está esteve presente na evolução da raça humana, são aspectos inerentes de
suas relações. Cada indivíduo é dotado de uma originalidade, assim, é difícil uma relação
interpessoal seja totalmente consensual, pois sempre haverá questões de interesses pessoais,
entre duas ou mais pessoas, podendo acarretar divergência de opiniões sobre determinado
conflito, de modo a se tornar uma disputa, onde a parte é considerada adversária e inimiga da
outra.

A mediação é uma forma não violenta de resolução de conflitos onde as partes


conflitantes procuram uma terceira pessoa imparcial, que vai ajudá-las a construir uma
solução para o seu embate. Um dos pontos que chama mais atenção quando se fala desse
instrumento, diferentemente dos processos judiciais, além da celeridade de todo o
procedimento, é uma oportunidade para resolver determinado conflito, sem o custo emocional
e financeiro de um processo judicial, além do mais, é um procedimento que concede às partes
tempo necessário para alcançar a solução de seus problemas cuja resolução, às vezes está
acima da capacidade da decisão judicial.

No entanto, é preciso que haja cada vez mais um olhar humanizado no processo de
resolução dos conflitos, com a utilização de meios alternativos, como, linguagem não
violenta, assim, garantindo o engajamento de todos os envolvidos na lide, um ambiente
adequado no qual as partes se sintam a vontade para garantir a facilitação do diálogo, o
acolhimento, a escuta ativa sem julgamentos, por parte do mediador, tão bem como a
solidariedade de escuta e fala das partes, assim deixando tudo menos complexo e mais fácil
para alcançar o objetivo da mediação. A partir do exposto, busca-se responder aos seguintes
questionamentos: Por que a mediação contribui nos conflitos que surgem das relações
continuadas? Como a mediação interfere na resolução dos conflitos familiares? Qual a
importância do instituto da mediação sob a perspectiva do Código de Processo Civil ?, qual a
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nova realidade das famílias brasileiras e a inadequação do poder judiciário referente ao direito
de família?
Logo, o presente trabalho tem como objetivo principal fazer uma discussão de como a
mediação pode ser uma ferramenta cabível na resolução consensual de conflitos em relações
continuadas na família. Já que ao falarmos de conflitos familiares percebemos a complexidade
desses conflitos e a importância de busca um método auto compositivo, que procure trabalhar
a empatia a comunicação, dentre outros sentimentos capaz de alcançar a solução do problema.

Em relação aos aspectos metodológicos, as hipóteses são investigadas através de


pesquisa bibliográfica. Em se tratando da tipologia da pesquisa, esta é, segundo a utilização
dos resultados, pura, em razão de sua única finalidade consistir na ampliação dos
conhecimentos, proporcionando, assim, uma nova posição acerca do assunto. Segundo a
abordagem, é qualitativa, com a obtenção de dados descritivos mediante contato direto ou
interativo com a situação de estudo, buscando entender tais fenômenos segundo a perspectiva
do ordenamento jurídico. Quanto aos objetivos, a pesquisa é descritiva, posto que buscou
definir, explicar e esclarecer o problema apresentado, analisando os fenômenos sem
manipulá-los, e exploratória, objetivando aperfeiçoar as ideias, buscando maiores informações
sobre o tema.

No primeiro capítulo, observa-se o papel da mediação nos conflitos familiares,


analisando o conceito de família. Logo em seguida o estudo da família e seus paradigmas,
sendo este importante para compreensão da evolução da sociedade. Por fim, o estudo dos
principais princípios que regem o Direito de família.

No segundo capítulo, analisamos a mediação sob a ótica do mediador e da família nos


conflitos interpessoais e o passo a passo da sessão de mediação com os principais atos do
mediador. Por fim, foi abordado as características que o mediador deve apresentar para
cumprir esse papel e a relevância da mediação familiar.

No terceiro capítulo, abordamos a mediação familiar na busca de enfrentar os novos


desafios do direito de família contemporâneo, levando em consideração os laços afetivos e
não apenas as questões patrimoniais, a qual na maioria das vezes se coloca como prioridade.
Deste modo, a mediação é um importante instrumento capaz de transformar os envolvidos,
fazendo com que as partes olhem sob outros aspectos.
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O ponto principal desse trabalho é, pois, mostrar a importância da mediação no seio


familiar, pois todas as famílias buscam ter um ambiente feliz, com afeto e solidário, assim a
unidade familiar é construída. Por outro lado, como seres humanos somos falhos e sempre vai
haver conflitos. Nem sempre o estado vai poder solucionar os conflitos como deveria. Porém
com o uso da mediação familiar é possível chegar à resolução consensual de conflitos em
relações continuadas na família.
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1 O PAPEL DA MEDIAÇÃO NOS CONFLITOS FAMILIARES


O ser humano diariamente tem uma vida marcada por relacionamentos, seja ele
conjugal, social, familiar deste modo, é a partir das relações que fortalecemos habilidades de
adaptação ao meio, desde a comunicação, tolerância, empatia. No entanto, é através dos
vínculos que surgem as maiores frustrações dos indivíduos, capaz de ocasionar o que
chamamos de conflitos.

Logo os conflitos, podem ser entendidos como choques de interesses causados por
divergências de fato, coisas ou pessoas, juridicamente falando o conflito recebe a
nomenclatura de lide, disputa, controvérsia, encaixando-se em diferentes formas a depender
do contexto. Assim, os conflitos são crises na interação humana, acontece com bastante
frequência na seara do Direito de Família, quando estamos diante de divórcios, guarda de
menores, partilha de bens, dentre outras relações, na qual a divergência de pensamentos, neste
momento estamos diante de um conflito.

Conflito, assim entendido, é a satisfação existente entre duas ou mais pessoas ou


grupo, caracterizada pela pretensão a um bem ou situação da vida e impossibilidade
de obtê-lo – seja porque negada por quem poderia dá-lo, seja porque a lei impõe que
só possa ser obtido por via judicial. Essa situação recebe tal denominação porque
significa sempre o choque entre dois ou mais sujeitos, como cauda da necessidade
do uso do processo. (DINAMARCO, 2013, p. 121)

Quando falamos de conflito familiar percebemos a complexidade dos conflitos. Nessa


ocasião a mediação se apresenta como um procedimento que busca preservar o bom
relacionamento entre as partes e evitar os desgastes emocionais. É um método auto
compositivo, que procura trabalhar a empatia, tolerância e a comunicação, dentre outros
sentimentos positivos capaz de alcançar a solução do problema.

Vale ressaltar que os conflitos familiares compõem, não somente uma única pessoa ou
o casal, mas envolvem nessa relação os parentes de ambos os lados. Desse modo, é
importante destacar que o Estado por meio do Judiciário não resolve conflitos levando em
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consideração as questões pessoais, caso contrário, toda a tentativa de solucionar o conflito


restaria prejudicada.

Um dos papeis primordiais da mediação na seara do Direito de Família é a proteção da


família, por exemplo, proteger os filhos ao fim do casamento, evitando sentimentos negativos
trazidos pelos conflitos e os demais que estão envolvidos indiretamente. Partindo desse
pressuposto é valido ressaltar que o casamento acaba, mas a família não, daí a importância de
manter a proteção a essa entidade familiar. Desta maneira, o art. 226 da Constituição Federal
de 1988 trouxe expressamente que a família é a base da sociedade, logo tem proteção especial
do Estado. Passaremos a analisar o conceito de família e os princípios que norteiam essas
relações.

1.1 Conceito de família


A ideia de família não é constituída por meio de um conceito biológico estático, mas é
feito através de um conceito, de uma amplitude conceitual cultural, a gente pode afirmar que a
família significa a possibilidade de convivência. Importante deixar claro que esse conceito
não é algo acabado, parado, solidificado, pelo contrário.

Trata-se de um conceito dinâmico visto que necessariamente por diversas projeções,


por exemplo, antes a gente considerava família aquela união entre um homem e uma mulher
apenas, diferente de hoje em que temos o reconhecimento de uma família homoafetiva
composta por dois homens ou duas mulheres e outros modelos diversos. E é exatamente sob
essa vertente, que é difícil trazer um conceito solidificado, compactuando do mesmo
pensamento:

Definir união estável começa e termina por entender o que é família. A partir do
momento em que a família deixou de ser o núcleo econômico e de reprodução para
ser o espaço do afeto e do amor, surgiram novas e várias representações sociais pra
ele – dentre os quais se destaca a união estável. (CUNHA, 2003, p.189).

Nesse sentido, existem elementos suficientes para afirmar que não é possível
apresentar um conceito único e absoluto de família, que não gere qualquer tipo de
divergência, tendo em vista, a múltiplas relações socioafetivas que vinculam as pessoas,
tipificando os modelos, e estabelecendo as categorias.

Numa definição sociológica, pode-se dizer com Zannoni que a família compreende
uma determinada categoria de relações sociais reconhecidas e, portanto,
institucionais. Dentro deste conceito, a família não deve necessariamente coincidir
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com uma definição estritamente jurídica. Quem pretende focalizar os aspectos ético
sociais da família, não pode perder de vista que a multiplicidade e variedade de
fatores não consentem fixar um modelo social uniforme. (PEREIRA, 2012).

É necessário que analisemos a Constituição Federal o seu art. 226: “A família, base da
sociedade, tem especial proteção do Estado”, tal previsão por si só justifica a necessidade
imperiosa, e essa obrigação Constitucional de proteção do Estado é traçado nas suas três
esferas: Federal, Estadual e Municipal, traçando políticas públicas de apoio aos membros
dessa família em especial os mais vulneráveis dessa camada da sociedade, consequentemente
da nossa família, dentre eles quais são: a criança, adolescente e o idoso. Nesse caso, sendo os
mais vulneráveis da sociedade, nada mais justo que o Direito de Família trazer algumas
disposições especiais e nesse ponto devemos reconhecer o grande avanço que a justiça de
família trouxe, comparado à família de antigamente, sendo louvável, tendo em vista, atender
os anseios da sociedade e não podia ser diferente. Se a nossa sociedade, comunidade altera a
justiça acompanha essa evolução.

Nesse sentido, devemos reconhecer as evoluções do direito de família, isso até porque
“então, a ordem jurídica brasileira apenas reconhecia como legitima a família que era
decorrente do casamento,” que de certa maneia, existia aquele arranjo familiar que era
considerado marginal, à exemplo disso, o concubinato. Então o que era defendido era apenas
o casamento, arranjo familiar traçados muita das vezes pela igreja. Assim, ao tratarmos da
família estamos diante da liberdade afetiva das pessoas na formação no seu núcleo familiar, e
também acompanhar essa mudança de valores especialmente com “o avanço científico dessas
técnicas de reprodução assistida, cuidou-se em certa dignidade constitucional aos
denominados núcleos monoparentais, formados por apenas pelo pai ou mãe e suas proles.”

Os tipos de entidades familiares explicitados nos parágrafos do art. 226 da


Constituição são meramente exemplificativos, sem embargo de serem os mais
comuns, por isso mesmo merecendo referência expressa. As demais entidades
familiares são tipos implícitos, pois abrangem o conceito amplo e indeterminado de
família indicado no caput. Como todo conceito indeterminado, depende de
concretização dos tipos, na experiencia da vida, conduzindo à tipicidade aberta,
dotada de ductilidade e adaptabilidade. (NETTO, 2011, p. 269).

Isso demonstra essa dimensão fluida do conceito de família. Á vista disso, o conceito
de família passa por três elementos o núcleo existencial composto por mais de uma pessoa,
vínculo socioafetivo e a vocação para realização pessoal de seus integrantes. (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2014).
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A vocação para realização pessoal de seus integrantes, seja qual for a intenção para a
construção dessa família, a formação quanto a essa finalidade concretiza uma pretensão do
indivíduo, devendo ser tratada sob uma perspectiva de função social para nossa sociedade,
essas aspirações serão realizadas pelos seus membros, sendo de suma importância para nossa
sociedade.

1.2 A família e seus paradigmas

É importante analisarmos os paradigmas, para compreender ainda mais a evolução e


qual é a sua importância, ao longo da nossa sociedade. A família antes da Constituição
Federal de 1988, que aliado ao Código Civil de 2002, elenca alguns panoramas, em conjunto
com as leis esparsas, especiais, que antes era regido para direito de família o Código Civil de
1916, que caracterizava a família como: matrimonializada, patriarcal, hierarquizada,
biológica, heteroparental e institucionalizada.

A família perante o Código Civil de 1916 era matrimonializada, pois a sua


constituição era apenas pelo casamento, matrimonio, as demais uniões entre homens e
mulheres era considerada concubinato, ou seja, era mera sociedade de fato, já o patriarcalismo
se dava, porque o homem era considerado o chefe da família, o centro das relações familiares,
hierarquizada, pois era baseada no “pátrio”, ou seja, no poder, todos deviam obediência ao
patriarca, no caso o homem.

A base dos modelos familiares tem início com uma sociedade conservadora, onde a
família tinha como prerrogativa a matrimonialização, pois era voltada
exclusivamente ao casamento, não admitindo outra forma de constituição familiar.
Seguia os moldes patriarcais, era hierarquizada, com o homem gerindo a unidade de
produção, e patrimonializada, pois seus membros correspondiam à força laboral,
visando sempre o progresso da entidade familiar. (GOMES, 2007).

O próximo elemento, a família era necessariamente biológica, a final para o Código


Civil de 1916 existia uma distinção entre os filhos adotivos e os filhos biológicos, como
também, a família baseada no trinômio do casamento, sexo e reprodução, ou seja, toda
reprodução se dava dentro do casamento.

A família matrimonializada, patriarcal, hierarquizada, heteroparental, biológica,


institucional vista como unidade de produção cedeu lugar para uma família
pluralizada, democrática, igualitária, hetero ou homoparental, biológica ou
socioafetiva, construída com base na afetividade e de caráter instrumental.
(MADALENO, 2015, p. 36.)
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A heteroparentalidade se dava como característica da família, tendo em vista, que só


era permitido a formação por pessoas de gênero distinto, homem e mulher. Com o Código
Civil de 2002 a família deixou de ser casamentaria, passando a ser múltipla. Logo, passou a
existir mais de um modelo de família, desde monoparental a união estável. Vale ressaltar, que
o Superior Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça coadunam do entendimento, que
o rol de família previsto na Carta Magna de 1988 é meramente exemplificativo.

Ementa: 1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO


FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO,
NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU
RECONHECIMENTO COMO INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE
OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTO
CONJUNTO.
[...]
4. UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL REFERIDA A
HOMEM E MULHER, MAS APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO DESTA
ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO CONSTITUCIONAL DE ESTABELECER
RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU SEM HIERARQUIA ENTRE AS
DUAS TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO. IDENTIDADE
CONSTITUCIONAL DOS CONCEITOS DE “ENTIDADE FAMILIAR” E
“FAMÍLIA”. A referência constitucional à dualidade básica homem/mulher, no § 3º
do seu art. 226, deve-se ao centrado intuito de não se perder a menor oportunidade
para favorecer relações jurídicas horizontais ou sem hierarquia no âmbito das
sociedades domésticas. Reforço normativo a um mais eficiente combate à renitência
patriarcal dos costumes brasileiros. Impossibilidade de uso da letra da Constituição
para ressuscitar o art. 175 da Carta de 1967/1969. Não há como fazer rolar a cabeça
do art. 226 no patíbulo do seu parágrafo terceiro. Dispositivo que, ao utilizar da
terminologia “entidade familiar”, não pretendeu diferenciá-la da “família”.
Inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas de
constituição de um novo e autonomizado núcleo doméstico. Emprego do fraseado
“entidade familiar” como sinônimo perfeito de família. A Constituição não interdita
a formação de família por pessoas do mesmo sexo. Consagração do juízo de que não
se proíbe nada a ninguém senão em face de um direito ou de proteção de um
legítimo interesse de outrem, ou de toda a sociedade, o que não se dá na hipótese sub
judice. [...] (STF - ADI: 4277 DF, Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de
Julgamento: 05/05/2011, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-198 DIVULG 13-
10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-03 PP-00341) (BRASIL,1988).

Por fim, a família institucionalizada, porque a família era uma instituição a ser
protegida pelo direito, por isso o casamento era considerado indissolúvel, assim, nenhum dos
seus cônjuges poderia causar a anulação de seu casamento, ou pedir o divórcio.

O Código Civil de 1916, editado numa época com estreita visão da entidade família,
limitando-a ao grupo originário do casamento, impedindo sua dissolução,
distinguindo seus membros e apondo qualificações desabonadoras às pessoas unidas
sem casamento e aos filhos havidos dessa relação, já deu a sua contribuição, era
preciso inovar o ordenamento. (FARO, 2002).
20

Outro ponto que merece destaque é que os filhos havidos fora do casamento até 1949,
eles eram considerados filhos ilegítimos e não poderiam ser reconhecidos, além disso havia
uma clara distinção entre os filhos adotivos, e os biológicos, por isso a norteados pais adotivos
era uma causa de extinção dessa adoção, tendo, por conseguinte um efeito claro, de impedir o
acesso a herança.

Já para a Constituição Federal de 1988 e o Código Civil de 2002, a família passou a


ser múltipla, porque a família pode ser constituída por diversas formas, seja por meio do
casamento, união estável ou monoparental, democrática, a final os homens e as mulheres
possuem direitos e deveres de forma igual, a família também é igualitária em face da
“igualdade substancial tratando desigualmente os desiguais e buscando a igualdade fática
entre os componentes familiares, por exemplo, o Estatuto do Idoso, da Criança e do
Adolescente, a Lei Especial Maria da Penha,” biológica ou socioafetiva, pois os filhos
biológicos e adotivos possuem os mesmos direitos, inclusive com previsão legal no art. 1.593
do Código Civil, heteroparental e homo parental, já que as famílias podem se formar por
pessoas do mesmo sexo ou distintos, ademais a homo parentalidade pode decorrer de uma
mono parentalidade e a família também é instrumental já que é um instrumento de proteção da
pessoa humana, sendo o meio e não o fim.

Assim, como a propriedade, o contrato, a empresa, a família desempenham um


importante papel na nossa sociedade, sobre o aspecto teleológico. Desta feita, podemos
concluir que atualmente, a família representa a base da sociedade, bem como outros institutos
do direito privado experimentou o verdadeiro processo de funcionalização, sendo dotada de
função social.

1.3 Princípios do direito de família

Apesar de existir uma diversidade de leis que prever quase todas as situações
existente, pela complexidade das sociedades contemporâneas, pode haver casos em que não
pode ser abrangida apenas a letra da lei, desta forma, tal situação pode ser amparada por
outras fontes do direito. Os princípios auxiliam o legislador no âmbito jurídico de uma causa,
os princípios do direito de família buscam a igualdade entre todos os membros de uma
família.

1.3.1 Princípio da proteção da dignidade da pessoa humana


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Tratado no primeiro artigo da Constituição Federal, sendo um dos fundamentos da


república defendendo os direitos mais básicos e fundamentais de todo o ser humano, é de
suma importância porque todos devem ser tratados dignamente e com justiça, estando ligado
ao direito de família pois todos os membros de uma família devem individualmente serem
protegidos, garantindo as necessidades vitais de cada indivíduo e a partir desse princípio
surgem os demais princípios do direito de família. “A preocupação com a promoção dos
direitos humanos e da justiça social levou o constituinte a consagrar a dignidade da pessoa
humana como valor nuclear da ordem constitucional”. (DIAS. 2011, p. 62).

AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART.


93, INCISO IX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NÃO OCORRÊNCIA.
ACÓRDÃO RECORRIDO. FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. TEMA 339/STF.
VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA, DO CONTRADITÓRIO E
DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO
GERAL. TEMA 660/STF. PREVALÊNCIA DA FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA
SOBRE A BIOLÓGICA. IMPOSSIBILIDADE. TEMA 622/STF. AGRAVO
INTERNO NÃO PROVIDO. 1. Segundo a jurisprudência consolidada do Pretório
Excelso, reafirmada no julgamento, sob o regime de repercussão geral, do AI-RG-
QO 791.292/PE, a teor do disposto no artigo 93, IX, da Constituição Federal, as
decisões judiciais devem ser motivadas, ainda que de forma sucinta, não se exigindo
o exame pormenorizado de cada alegação ou prova trazida pelas partes, tampouco
que sejam corretos os seus fundamentos (Tema 339/STF). 2. É uníssona a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a questão da suposta
afronta aos princípios do contraditório, da ampla defesa, do devido processo legal e
dos limites da coisa julgada, se dependente de prévia violação de normas
infraconstitucionais, configura ofensa meramente reflexa ao texto constitucional,
não tendo repercussão geral (ARE 748.371 RG/MT - Tema 660/STF). 3. O Supremo
Tribunal Federal fixou entendimento, sob o regime de repercussão geral, no sentido
de que se coaduna com o princípio da dignidade da pessoa humana o direito do
descendente de ter reconhecida a sua ascendência biológica (RE 898.060/SC - Tema
622/STF). 4. Agravo interno não provido. (BRASIL, 2018).

Podemos observar que na seara do Direito de Família a dignidade da pessoa humana


exige a superação impostas pelos arranjos legais ao desenvolvimento dos formatos de família
construída pelo próprio individuo em suas relações afetivas interpessoais. Logo não mais se
pode dizer que alguém só pode ter um pai e uma mãe. Atualmente é possível que pessoas
tenham vários pais, a pluriparentalidade, sendo necessário, desde então, o reconhecimento, a
existência de múltiplos vínculos de filiação. (DIAS, 2015).

Diante de uma sociedade que vive em constante evolução, a qual busca romper com o
aprisionamento da família nos moldes restritos do passado. O Estado, no seu papel garantidor,
trouxe a recognição de novos arranjos familiares, permitindo alcançar a igualdade, liberdade,
acautelando uma maior proteção à entidade familiar.
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1.3.2 Princípio da igualdade


Está amparado pelo art. 5º, "caput" e inciso I, da CF/88, todos os entes de uma
entidade familiar são iguais, as suas obrigações são reciprocas e todos tem isonomia entre
direitos e deveres dos filhos e cônjuges. Não existindo mais a desigualdade de gênero e nem
mesmo a hierarquia, baseada do “pátrio”, ou seja, do poder, todos deviam obediência ao
patriarca, atualmente essa ideia encontra-se ultrapassada.

A igualdade e o respeito às diferenças constituem um dos princípios-chave para as


organizações jurídicas e especialmente para o Direito de Família, sem os quais não
há dignidade do sujeito de direito. Consequentemente não há justiça. (PEREIRA,
2012)

A Constituição Federal no seu art. 227, §6º, trata de um exemplo de isonomia quando
“oportuniza tratamento de forma igual todos os filhos, seja ele adotivo ou biológico, nessa
ocasião, os comandos legais reconhecem a igualdade entre aqueles que eram considerados
diferentes, o que demonstra a evolução do Direito de Família após a Carta Magna de 1988”.

Outro exemplo, desrespeita a igualdade de direitos e deveres de ambos os cônjuges em


relação a sociedade conjugal com a mútua colaboração, demonstrando a ruptura do modelo
patriarcal antigo, a qual a figura do varão era o responsável pelo sustento e direção da prole,
causando consequentemente a subordinação dos demais entes, dando a oportunidade para que
as decisões da família sejam tomadas por ambos os integrantes do seio familiar.

1.3.3 Princípio da afetividade

Qualquer menção a palavra afetividade não está descrita na Constituição, mas ela é de
suma importância quando falamos de princípios familiares, podemos considerar que família é
um conjunto de pessoas unidas pelo afeto pois ele é o fundamento basilar das relações
familiares.

O afeto é a mola propulsora dos laços familiares para dar sentido e dignidade à
existência humana. Nos vínculos de filiação e parentesco a afetividade deve estar
sempre presente, pois os vínculos consanguíneos não se sobrepõem aos liames
afetivos, ao contrário, a afetividade pode sobrepor-se aos laços consanguíneos.
(MADALENO, 2015)
23

Atualmente já não é mais possível falar de Direito de Família sem afeto. A afetividade,
de acordo com o Código Civil de 2002, art. 1.511, o instituto do casamento, por exemplo,
exige plena comunhão de vida, tanto que findo a convivência, mesmo que apenas separado de
fato, á o término do regime do regime de bens. Logo, o princípio da afetividade é resultado da
convivência familiar, de atos exteriorizados, de condutas que demonstram o afeto familiar de
seus membros, capaz de geral a manutenção da família e o vínculo jurídico como a
paternidade socioafetiva.

1.3.4 Princípio da solidariedade familiar

Disciplinado no art. 3º, inc. I, da Constituição Federal de 1988.Busca a construção de


uma sociedade livre, justa e solidária, temos como um exemplo a pensão alimentícia,
amparada pelo art. 1.694 do atual Código Civil, a solidariedade não está ligada a bens
materiais, mas sim a afetividade dos entes de uma família, e ao respeito mútuo entre eles.

[...] ao gerar deveres recíprocos entre os integrantes do grupo familiar, safa-se o


Estado do encargo de prover toda a gama de direitos que são assegurados
constitucionalmente ao cidadão. Basta atentar que, em se tratando de crianças e
adolescentes, é atribuído primeiro à família, depois à sociedade e finalmente ao
Estado (CF 227) o dever de garantir com absoluta prioridade os direitos inerentes
aos cidadãos em formação. (DIAS, 2005, p. 62).

A relação entre os membros de uma família deve ser de mútua assistência, colaboração
e cooperação, assim, mantendo a solidariedade familiar entre eles, respeitando aspectos
materiais, patrimoniais, afetivos e psicológicos de cada um, garantindo assim que todos
tenham o necessário para viverem dignamente e em harmonia no seio familiar.

1.3.5 Princípio do melhor interesse da criança

Disposto no art. 227, caput, da Carta Magna de 1988 e arts. 1.583 e 1.584 do Código
Civil. Este princípio assegura que a criança e ao adolescente têm uma série de direitos que lhe
são assegurados e devem ser respeitados, esses direitos são ainda mais concretizados pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente na Lei n. 8.069/90, protegendo crianças com idade entre
zero e doze anos incompletos, e adolescentes que tem entre 12 e 18 anos de idade. No caso de
dissolução de uma sociedade conjugal, as crianças ou adolescentes decorrentes dessa união
em nada devem sofrer e seus direitos devem continuar sendo garantidos.
24

HABEAS CORPUS. DIREITO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE.


ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL. EXCEÇÃO. RISCO À INTEGRIDADE
FÍSICA E PSÍQUICA DO MENOR. INEXISTÊNCIA. MELHOR INTERESSE DA
CRIANÇA. 1. O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA -, ao preconizar a
doutrina da proteção integral (art. 1º da Lei nº 8.069/1990), torna imperativa a
observância do melhor interesse da criança. 2. Ressalvado o risco evidente à
integridade física e psíquica, que não é a hipótese dos autos, o acolhimento
institucional não representa o melhor interesse da criança. 3. A observância do
cadastro de adotantes não é absoluta porque deve ser sopesada com o princípio do
melhor interesse da criança, fundamento de todo o sistema de proteção ao menor. 4.
Ordem concedida. (STJ - HC: 564961 SP 2020/0055858-0, Relator: Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 19/05/2020, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/05/2020)

No mais, o Estatuto da Criança e do Adolescente é uma lei que cria uma proteção
integral à criança e ao adolescente, envolvendo todos os parâmetros possíveis, desde a
convivências ao ambiente, ou seja, engloba tudo que é necessário para proteger a criança e ao
adolescente para que o seu desenvolvimento seja integral. Logo, o art. 3º do ECA prevê, que
crianças e adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana,
prevista na Constituição Federal, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pelo
ECA. Assim, esses direitos aplicados a criança e ao adolescente, não levam em consideração a
idade e quesitos de emancipação, sendo validos para todos, no entanto, ao final do art. 3º do
ECA são apresentados um rol de direitos facultativo, desde o desenvolvimento físico, mental,
moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

1.3.6 Princípio da liberdade


Este princípio nos mostra os novos modelos de famílias, onde a pessoa escolhe sua
forma de casar-se, separar, divorciar. A melhor opção de regime de bens para ambos,
defendendo que pode ser considerada uma comunhão de vida familiar sendo ela pelo
casamento ou pela união estável, sem a imposição de acordo com o artigo 1513 do Código
Civil, o artigo 226 § 3º da constituição federal reconhece a união estável como unidade
familiar, sendo reforçado pelo novo Código Civil. Assim, reconhecendo a união de casais que
tem uma vida baseada no relacionamento afetivo, estando ligada também a liberdade dos
cônjuges de escolherem o regime de bens que preferirem para o casamento, de acordo com o
artigo 1.639 da legislação Civil, salvo os casos em que a obrigatoriedade do regime se faz
necessária, tendo em vista, a inobservância das causas suspensivas da celebração do
casamento.

O princípio da liberdade refere-se ao livre poder de formar comunhão de vida, a


livre decisão do casal no planejamento familiar, a livre escolha do regime
matrimonial de bens, a livre aquisição e administração do poder familiar, bem como
25

a livre opção pelo modelo de formação educacional, cultural e religiosa da prole.


(DINIZ, 2008, p. 27).

A comunhão plena de vida, alude a livre iniciativa das pessoas de constituir família e
as administrar de modo que melhor convier, sendo vedado ao Estado qualquer intromissão no
que fere à constituição familiar, cabendo ao Estado apenas a provisão de meios educacionais e
científicos a fim de garantir seus direitos, e sua proteção, sendo esse princípio da liberdade
familiar cumulado com a mínima intervenção estatal.
26

2 MEDIAÇÃO, MEDIADOR E MEDIAÇÃO FAMILIAR

A mediação é fundamental para o direito brasileiro, porque ela facilita a resolução de


conflitos. Além disso, quando os envolvidos estão dispostos a solucionar os problemas entre
eles e têm boa fé, a mediação pode ser uma técnica muito eficiente. Segundo Vasconcelos
(2008, p.44), o movimento universal para o acesso à justiça inclui “a adoção da mediação
processual voluntária, ampliações de oportunidades de conciliação [...] inclusive medidas
reparadoras no campo penal com fundamento dos conceitos da justiça reparativa”.

A forma mais comum de solucionar conflitos é a lógica racional da existência de


adversários, como a justiça aplica, quando um ganha e o outro perde. Mas a mediação de
conflitos é diferente e ela está baseada na lógica da parceria, instaurando um novo paradigma,
onde as duas partes saem ganhando. (OLIVEIRA, et al., 2008). Em um processo de conflito
interpessoal, é possível desenvolver e adquirir as condições necessárias para aprimorar as
relações sociais, que fundamenta a proposta transformadora da mediação. (OLIVEIRA, 2008,
p.18). A mediação é considerada um método alternativo, onde a comunicação entre as partes
existe e são consideradas, para que a solução dos problemas sejam encontradas. Segundo
Vasconcelos (2008, p.36):

Mediação é um meio geralmente não hierarquizado de soluções de disputas em que


duas ou mais pessoas, com a colaboração de um terceiro, o mediador – que deve ser
apto, imparcial e livremente escolhido ou aceito – , expõem o problema, são
escutada e questionadas, dialogam construtivamente e procuram identificar os
interesses comuns, opções e, eventualmente, firmar um acordo.

Dentre as vantagens da mediação, é relevante citamos a obtenção de resultados rápidos,


confiáveis e econômicos e ajustados as mudanças tecnológicas em curso, sem contar, com a
redução no número de processos em curso e o diálogo produtivo entre os indivíduos na busca
de uma saída para a resolução do conflito. (TARTUCE,2015)
27

A prática da mediação compreende campo extenso que não permite definição estrita
e única. Como a maioria dos conceitos referentes aos mecanismos de tratamento dos
conflitos, a técnica não é invenção, mas adaptação do que já existiu em outras
épocas e raízes culturais. Embora trabalhada por diversos ângulos, de modo geral,
convergem os autores no sentido de que a mediação é instrumento autocompositivo
e não adversarial, porque são as partes – sem a rivalidade do “amigo x inimigo” –,
quem decidem as demandas sob a orientação de terceiro imparcial. (GOURLART;
GONÇALVES, 2016, p.1)

Assim, o papel do mediador é fazer com que os envolvidos concordem entre si e


elaborem conjuntamente um acordo. “Como processo de reconstrução simbólica representa a
técnica informal em que o terceiro neutro, sem poder para impor sua decisão, auxilia as partes
a alcançarem o acordo mutuamente aceitável, cuja formulação incorpora o caráter consensual
e a voluntariedade na disputa”. (GOURLART; GONÇALVES, 2016, p.1).

Mediação também pode ser conceituada como “um processo composto por vários atos
procedimentais pelos quais o(s) terceiro(s) imparcial(is) facilita(m) a negociação entre as
pessoas em conflito, habilitando-as a melhor compreender suas posições e a encontrar
soluções que se compatibilizam aos seus interesses e necessidades”. (BRASIL, 2016, p. 20).

Segundo o Manual de Mediação Judicial, um processo de mediação é dividido nas


seguintes fases: “declaração de abertura; exposição de razões pelas partes; identificação de
questões, interesses e sentimentos; esclarecimento acerca de questões, interesses e
sentimentos; e resolução de questões.” (BRASIL, 2016).

A declaração de abertura, tem objetivo de apresentar às partes o processo de mediação,


esclarecendo como o processo vai ser desenvolvido, as regras aplicadas que precisam ser
seguidas, a intenção é sempre deixar os participantes confortáveis com o processo em si, e
principalmente evitar futuros questionamentos quanto a seu desenvolvimento. (BRASIL,
2016).

Na exposição de razões das partes, o mediador deve ser eficiente e sinalizar que está
compreendendo o que está sendo dito pelas partes, quando for repassado a informação ele
deve descrever o conflito de maneira mais simples, objetiva e positiva. Desta forma, será
estabelecido entre mediador e mediando um vínculo de confiança. O fato mais importante
dessa fase é que o mediador não apresente nenhuma forma de juízo de valor, ele precisa ser
imparcial. (BRASIL, 2016).
28

A identificação de questões, interesses e sentimentos são assunto tratados na mediação,


e também são eles que causam as principais controvérsias. Os exemplos das identificações das
questões são relativas: a divisão de bens, guarda dos filhos, entre outros. Os interesses são
referentes aos pontos de discordância, os quesitos que mais importam para uma ou para ambas
as partes. Os sentimentos podem ser observados constantemente na mediação, por meio
gestual, comportamentos, postura, tom de voz e expressões faciais. O mediador precisa
identificar e reforçar positivamente os sentimentos, dessa forma ele cria um elo com as partes
fortalecendo uma relação de confiança. (BRASIL, 2016). No esclarecimento acerca de
questões:

Frequentemente opta‐se por se iniciar por uma questão que seja de fácil solução para
estimular as partes a perceberem o conflito como “solucionável”. Outra opção
comum consiste na escolha de questões que auxiliarão a resolver outras questões
(e.g. iniciar‐se pela questão de comunicação para que as partes estejam mais aptas a
dirimir outros temas controvertidos). Em matéria de família, opta‐se também por se
abordarem, em sessões individuais, as questões que apresentam uma forte carga
emotiva, cuja preferência na solução pode ser ideal para afastar uma elevada
emotividade prejudicial nas questões seguintes. (BRASIL, 2016, p.191).

A resolução de questões precisa ter o foco em critérios justos, procurando pacificar a


disputa. Sendo que, o propósito da mediação é propiciar que os envolvidos na disputa saiam
satisfeitas do processo, o melhor resultado de um processo como esse é construir um acordo
que seja justo para todas as partes. (BRASIL, 2016).

Além disso, o sucesso da mediação depende de vários fatores e um deles é o mediador.


O mediador oferece aos mediandos a imparcialidade nas questões de conflitos, ele apresenta
os fatos de modo mais claro para que as decisões das partes sejam mais assertivas. Segundo o
autor Fredie Didier Jr. (2015, p.276):

O mediador exerce um papel um tanto diverso. Cabe a ele servir como veículo de
comunicação entre os interessados, um facilitador do diálogo entre eles, auxiliando-
os a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam
identificar, por si mesmos, soluções consensuais que gerem benefício mútuos. Na
técnica da mediação, o mediador não propõesoluções aos interessados. Ela é por isso
mais indicada nos casos em que exista uma relação anterior e permanente entre os
interessados, como nos casos de conflitos societários e familiares. A mediação será́
exitosa quando os envolvidos conseguirem construir a solução negociada do
conflito.
29

“O mediador está preocupado especialmente com o relacionamento entre as partes e


em fazer com que elas descubram os seus reais interesses. Ele é um terceiro que facilita sem
decidir, pois ninguém sabe mais do que elas próprias para decidir sobre si mesmas.”
(VEZZULA, 2001, p.48).

A pessoa que lidera a mediação precisa criar um ambiente positivo para as sessões, no
sentido de diminuir o estado conflitante da relação dos mediandos. “Caberá ao mediador
retirar o conflito do espaço negativo, que apresenta sentimentos como a vingança, e levá-lo ao
espaço positivo, de possibilidade de reencontro, conforme”. (SALES, 2004, p.49). De acordo
com a autora Müller (2007, p. 61), o mediador:

[...] deve gerar e apoiar um contexto em que as próprias partes tomem as decisões;
não julgar as partes ou seus pontos de vista; considerar a competências e os motivos
das partes; ser responsivo à expressão de emoções; ensejar e explorar a ambigüidade
das partes; estar concentrado no aqui e agora da interação do conflito; garimpar o
passado em busca de seu valor para o presente; entender a intervenção como um
ponto dentro de uma estrutura de tempo mais ampla e, finalmente, os mediadores
transformativos extraem satisfação de seu oficio quando oportunidades de
capacitação e reconhecimento [das partes] são reveladas no processo e quando é
possível ajudar as partes a reagir nesse sentido.

Segundo a lei n. 13.140 de 26 de Junho de 2015, que “Dispõe sobre a mediação entre
particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no
âmbito da administração pública”, no processo de mediação existem dois tipos de mediadores
o judicial e o extra judicial:

Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que
tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação,
independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou
associação, ou nele inscrever-se.

Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo
menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo
Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de
formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os
requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto
com o Ministério da Justiça. (BRASIL, 2015).
30

Segundo Mazzoneto (2015), os critérios para a escolha do mediador envolve uma série
de fatores, são eles: a competência e a capacitação do mediador: a diligência; a credibilidade
e a reputação; o perfil de atuação e as qualidades do mediador; o domínio da técnica/da
matéria em discussão. Diante disso, quando o mediador é designado a participar de um
processo de mediação ele assume diversas obrigações, uma delas é o princípio a
confidencialidade. Descreve sobre o assunto Braga Neto (2007, p.97):

Devendo significar que os fatos, situações, documentos, informações e propostas,


expostas durante a mediação, guardem o necessário sigilo e exigir daqueles que
participaram do processo, obrigatoriamente, mantê-lo sobre todo conteúdo a ele
referente, não podendo ser chamados para eventual testemunho em situações ou
processos futuros.

Assim, diante do foi exposto nos parágrafos anteriores é possível afirmar que a
resolução de conflitos é uma tarefa difícil. O conjunto de características que o mediador deve
apresentar é extenso, ele deve ter bom senso, boa ter boa fé, vontade de ajudar as pessoas
entre outras.

Além disso, as partes que entram num processo de mediação têm o direito de ter as
orientações dos seus advogados, que auxiliam seus clientes a fazerem acordos dentro da
legalidade. “Para o advogado reserva-se a função de assessor da parte, que muito contribuirá
para esclarecer sobre a licitude de certos acordos e trabalhará para a melhor administração
possível do conflito […]”. (ALMEIDA; PANTOJA; PELAJO, 2015, p.113).

Após apresentar os temas mediação e mediador, é necessário abordar o tema que faz
parte do objetivo geral deste trabalho, a mediação familiar. Segundo Dias (2005, p.25),
mediação familiar é um acompanhamento das partes na organização de seus conflitos,
objetivando uma decisão rápida, ponderada, eficaz e satisfatória aos interesses em conflito.

Segundo Thomé (2007, p.13), “o processo judicial litigioso só conduzem a soluções


transitórias, pois o vencido espera a oportunidade de vingança. Assim, apresenta-se a
mediação familiar como um instrumento de concretude do princípio da dignidade da pessoa
humana”.

Para Silva (2004), muitas decisões a respeito dos litígios familiares levados ao
Judiciário são insatisfatória para ambas as partes, isto por que, os conflitos familiares
precisam trabalhados de forma específica, pois durante o processo é necessário levar em conta
as questões emocionais que estão além do alcance do Judiciário.
31

A maneira como o processo de julgamento do Judiciário no Brasil está estruturada


não favorece que haja um debate relevante das questões emocionais que recentemente
abrangem os conflitos familiares. No entanto, o conflito familiar causa diversos sentimentos
aos envolvidos, que são tecnicamente ignorados, o que rege o veredito do juiz é a legislação,
que:

Revela-se por isto deveras complexo, gerador de uma dinâmica oposicional, que vai
além das querelas judiciais, imiscuindo-se em um conturbado mundo de sentimentos
e emoções, comprometendo a estrutura psicoafetiva de seus integrantes, envolvendo
frustração, abandono, ódio, vingança, medo, insegurança, rejeição familiar e social,
fracasso e culpa, que o direito não objetiva e nem valora diretamente. Esta realidade
extrajurídica constitui componente essencial do conflito familiar (GRISARD
FILHO, 2008, p.48).

Assim, a aplicação da mediação familiar aos conflitos familiares fortalece a capacidade


de comunicação a fim de se chegar a uma solução mais estável dos conflitos. Quando nos
deparamos, por exemplo, com o fim de um casamento, estamos diante de uma escolha que
representa uma resposta final a um conjunto de frustrações pessoais provocados pela não
realização de esperanças e anseios mútuos, esse é um dos conflitos, a qual a mediação familiar
ajuda a solucionar.

Um cenário de “desjudiciarização” das questões familiares, em que o indivíduo é


chamado a se responsabilizar pelas decisões a serem tomadas em relação à sua
família. E é nesse contexto que a mediação se mostra perfeitamente eficiente e
coerente, capaz de dar efetividade ao princípio da reserva da intimidade da vida
privada anteriormente citado, assim como ao princípio da paternidade responsável.
(MAJENSKY; DALL’ORTO, 2015, p. 301).

O interessante da mediação familiar é que existe a autonomia para que os interessados


expressem sua opinião sobre o que vai decidido no acordo e como serão solucionados os
conflitos. A história familiar pertence apenas aos componentes da família, são eles que
realmente sabem o que seria mais justo:

Na mediação, por constituir um mecanismo consensual, as partes apropriam-se do


poder de gerir seus conflitos, diferentemente da Jurisdição estatal tradicional na qual
este poder é delegado aos profissionais do direito, com preponderância àqueles
investidos das funções jurisdicionais. (MORAIS; SPENGLES, 2008, p. 134).

“Na mediação familiar, nem as partes, nem os operadores do direito trabalham sob a
lógica, mas sim, buscam o verdadeiro sentido do ser, tratam dos sentimentos humanos. Há,
portanto, uma reorganização da família, na qual se fixarão os papéis da nova meta
[...]”. (CACHAPUZ, 2011, p. 136).
32

Por fim, a mediação familiar é muito relevante no sentido de que as famílias cheguem
a acordos satisfatórios para todos, principalmente do ponto de vista afetivo, porque durante a
mediação os sentimentos de todos podem ser revistos e muitas vezes considerados e
respeitados. Fazendo com que o relacionamento da família, a partir da mediação, tenha a
chance de ser melhor no futuro.
33

3 A MEDIAÇÃO FAMILIAR PARA ENFRENTAR OS NOVOS


DESAFIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA CONTEMPORÂNEO

As discussões sobre questões conjugais estão cada vez mais complexas na atualidade.
No sentido de que as transformações culturais, sociais e econômicas se refletem na relação
conjugal, fazendo com que o casamento contemporâneo tenha várias definições, com
perspectivas diferentes para cada pessoa. (WENDLING, 2006). Segundo o último censo
demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística foram encontrados 19 tipos de
parentesco. As transformações das relações sociais estão ocasionando a formação de “novas
famílias”. (IBGE, 2010).

A família no limiar do terceiro milênio é plural e não mais singular (PEREIRA, 2003,
p.233). Assim, no mundo pós-moderno o casamento não é a única forma de constituir uma
família. A classificação das famílias foi apresentada no trabalho de Souza e Peres ( apud
LEGNANI, s.d. p.2) os autores criaram desenhos familiares, são eles:

Nuclear Simples, formada por um casal e seus filhos; Mononuclear, constituída por
um casal sem filhos; Monoparental Simples, a qual pode ser feminina ou masculina
e é organizada em torno de uma figura que não tem companheiro residindo na
mesma casa, podendo ou não residir com os filhos; Nuclear Extensa, família nuclear
com agregado adulto co-habitando; Nuclear com Avós Cuidando de Netos, casal de
avós que cuida de netos com menos de 18 anos; Nuclear; Reconstituída, casal cujo
um ou ambos os cônjuges já tiveram outra união anterior, podendo ter filhos ou não;
Nuclear com Crianças; Agregadas, família nuclear cuidando de crianças que não são
filhos; Monoparental com Crianças Agregadas, família monoparental que cuida de
crianças que não são filhos; Monoparental Extensa, família monoparental com
agregado adulto residindo na mesma casa; Atípica, indivíduos adultos e/ou
adolescentes co-habitando sem vínculos sanguíneos, incluindo também pessoas que
moram sozinhas e casais homossexuais.
34

Apesar da variedade de modelos de famílias citadas pelos autores, vale lembrar que
outros diversos tipos de família que não foram expostos. Portanto, existe uma diversidade de
indivíduos na formação das famílias na sociedade atual e cada um tem seus direitos garantidos
por lei. Neste sentido, quando o conflito ocorre e o Direito de Família precisa ser discutido a
mediação familiar é uma ferramenta adequada, sobretudo quando existe boa-fé das partes.

“A Mediação é uma técnica de resolução de conflitos, não adversarial, que sem


imposições de sentenças ou de laudos, e, com um profissional devidamente formado, auxilia
as partes a acharem seus verdadeiros interesses e a preservá-los num acordo”. (VEZULLA.
1994, p.15). Vasconcelos (2008, p.37), explica que “Não. “Na mediação os mediandos não
atuam como adversários, mas como co-responsáveis pela solução da disputa, contanto com a
colaboração do mediador”.

Na mediação familiar é impossível definir os objetivos principais. No entanto, quando a


mediação ocorre podem ser observadas as seguintes etapas: a) solução de problemas
(considerando “a participação ativa das partes via diálogo, configurando responsabilidade pela
solução); b) prevenção de conflitos; c) inclusão social (conscientização de direitos, acesso a
justiça); e, d) paz social”. (SALES, 2003). A mediação familiar está prevista em lei, conforme
o Código de Processo Civil, artigo 3º:

Art. 3º [...]

§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos


conflitos.

3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de


conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e
membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

Assim, a mediação é uma tentativa de solução dos problemas de maneira mais informal,
o mediador é fundamental para este processo, pois ele não está envolvido emocionalmente no
processo e pode esclarecer melhor as situações e fazer com que as partes consigam dialogar:

A mediação é um método de resolução de conflitos em que um terceiro


independente e imparcial coordena reuniões conjuntas ou separadas com as partes
envolvidas em conflito. E um de seus objetivos é estimular o diálogo cooperativo
entre elas para que alcancem a solução das controvérsias em que estão envolvidas
(SAMPAIO; BRAGA NETO, 2014, p.22).
35

Ainda, os autores também afirmam que “[...] o caráter voluntário do Processo de


Mediação deve ser entendido no patamar máximo em que essa expressão é compreendida.
Significa [...] administrar o conflito da maneira que bem desejarem”. (SAMPAIO; BRAGA
NETO, 2014, p.39). Sendo “a finalidade da mediação a responsabilização dos protagonistas, é
fundamental fazer deles sujeitos capazes de elaborar, por si mesmos, acordos duráveis”.
(TARTUCE, 2015, p. 217).

Além disso, o mediador no processo de mediação deve ser profissional e imparcial e


tenha um perfil psicológico apto para conciliar conflitos. O mais importante é que ele tenha
paciência e “[...] cautela, e não permita que seus valores pessoais interfiram na condução do
procedimento”. (CAHALI, 2011, p.59).

“Vale ressaltar que mesmo essas pessoas que naturalmente já possuem perfis
conciliatórios necessariamente devem participar de programas de treinamento em habilidades
e técnicas autocompositivas”. (AZEVEDO, 2016, p.151). O mediador não tem o poder de
decisão. “Ele não tem, nem o deseja, qualquer poder de coação, ou coerção. As partes
negociam com o mediador, não como se ele fosse um juiz, mas apenas como uma ponte entre
elas”. (SALES, 2003, p. 83).

O objetivo fundamental da mediação é fazer com que a comunicação seja restabelecida


entre os envolvidos no conflito. Desta forma, uma das obrigações do mediador é conseguir
extinguir o conflito, possibilitando assim que as diferenças existentes entre as partes não as
impossibilitem de conversar. (TARTUCE, 2015).

Assim, o mediador tem a difícil tarefa de esclarecer as divergências e fazer com cada
lado tenha suas necessidades atendidas. Nas mediações familiares as relações são afetivas e
muitas vezes no período em que os envolvidos estão buscando por seus direitos esses laços
são destruídos, ficando ainda mais difícil para o mediador.

Segundo a lei n. 13.140 de 26 de Junho de 2015, que “Dispõe sobre a mediação entre
particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a auto composição de conflitos no
âmbito da administração pública”, no processo de mediação existem dois tipos de mediadores
o judicial e o extrajudicial:

Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que
tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação,
36

independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou


associação, ou nele inscrever-se.

Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo
menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo
Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de
formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os
requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto
com o Ministério da Justiça. (BRASIL, 2015).

Neste sentido, a técnica e o tipo de mediação são importantes porque “se destina a
aproximar pessoas interessadas na resolução de um conflito e induzi-las a encontrar, por meio
de uma conversa, soluções criativas, com ganhos mútuos e que preservem o relacionamento
entre elas”. (BACELLAR, 2003, p.174).

Spengler (2012), afirma que talvez o principal desafio da mediação seja encontrar
mecanismos que possibilitem uma convivência pacífica. Esse convívio precisa ser apropriado,
para que os envolvidos consigam ser cordiais e educados a ponto de conseguirem finalizar e
manter os acordos realizados.

A mediação familiar vem ganhando cada vez mais espaço na sociedade, porque em
muitos casos, ela facilita a soluções dos problemas. “A mediação pode ser definida como um
acompanhamento das partes na gestão de seus conflitos, para que tomem uma decisão rápida
ponderada, eficaz e satisfatória aos interesses em conflito”. (DIAS, 2005, p.80).

Portanto, vimos neste capítulo por causa das mudanças sociais a formação das famílias
estão mudando, mesmo assim todos os membros de uma família devem ter seus direitos
assegurados. No entanto, quando esses direitos estão ameaçados, mediação familiar pode ser
adequada para solucionar essas controvérsias, o mediador é a principal chave para que as
partes cheguem a um acordo.

3.1 A nova realidade das famílias brasileiras e a inadequação do Poder


Judiciário referente ao Direito de Família

O Direito tradicional é fundamentado na divisão dos bens das pessoas. No entanto,


hoje quando o casamento termina existe o interesse de valorizar a unidade familiar, os
interesses comuns e pessoais da própria família. (TOALDO; OLIVERIA, 2011). Desta forma,
37

inúmeros processos se acumulam nas Varas de Família, considerando que o problema não são
as questões patrimoniais dos interessados, mas sim questões afetivas dos mesmos.
(TOALDO; OLIVERIA, 2011).

É preciso que o Judiciário apresente “[...] uma solução, uma alternativa para
solucionar essa conflitiva familiar, uma mudança para esse modelo que já está mais do que
ultrapassado”. (TOALDO; OLIVEIRA, 2011, p.02). A normatização de várias situações do
Direito da Família ainda está pendente no Brasil, as relações homoafetivas, crianças que são
criadas pelos avós, casais que se unem, mas que as duas pessoas têm filhos de
relacionamentos anteriores, famílias poliafetivas, entre tantas outras situações que não cabem
no direito tradicional, patriarcal e machista.

A realidade das famílias mudaram, com o desenvolvimento social e principalmente com


a ascensão da mulher na sociedade. O ideal seria o que diz Dias (2015, p.144) “[...] a
felicidade, a supremacia do amor, a vitória da solidariedade ensejam o reconhecimento do
afeto como único modo eficaz de definição da família e de preservação da vida”.

No entanto, o que acontece na prática é muito diferente, milhares de famílias têm seu
direito suspenso por não ter legislação pertinente para suas causas. A grande questão da
atualidade seria: como resolver os inúmeros casos de conflitos sobre o Direito de Família se o
próprio estado não tem direcionamentos para resolvê-los?

O que a sociedade deve lutar é pelo direitos das pessoas em primeiro lugar. Segundo
Lôbo (2002, p.59), “[...] o objeto da norma não é a família, como valor autônomo, em
detrimento das pessoas humanas que a integram. Antes foi assim, pois a finalidade era
reprimir ou inibir as famílias "ilícitas", desse modo consideradas todas que não estivessem
compreendidas no [...] casamento”. Apesar disso, a família tem um importante papel na
sociedade porque ela influencia na formação do indivíduo e durante a vida oferece um sistema
de apoio, ela deve ser preservada:

No plano sociocultural, a família demonstra-se como o instrumento básico de


socialização do indivíduo, uma vez que age como um veículo de transmissão de
pautas de comportamentos, de tradições, de hábitos, crenças, usos e costumes. A
esta se atribui um importante papel na preparação do indivíduo para a sua inserção
na vida social, além da educação global do ser humano, possibilitando, outrossim, o
desenvolvimento da personalidade individual. (MALUF, 2010, p.56).
38

Ainda, um dos propósitos para a construção de uma família é a felicidade. O ideal


seria o que o autor Villela (1994, p. 645), descreve “[...] diferentemente do que tínhamos no
modelo de família patriarcal, as famílias de hoje se mantêm como um intuito maior de buscar
a felicidade e realização de seus componentes, se assim não o for, ela não resiste”.

As novas tecnologias e o alcance do conhecimento fazem com as pessoas busquem


seus objetivos de vida de uma maneira mais prática. A não adequação do direito da família
não impede que as pessoas tenham seus sonhos realizados. No entanto, a falta de legislação a
respeito de muitas situações familiares causa sofrimentos e aborrecimentos para pessoas.

Neste sentido, a mediação familiar é muito importante porque pode ajudar as pessoas a
terem seus problemas resolvidos de maneira eficaz. Segundo Pereira (2012, p. 196), “[...] a
proposta é, então, colocar como figuras centrais outras formas de famílias [...] partindo-se da
premissa da sua inegável existência e da tutela que a ela deve ser dispensada pelo Estado, em
decorrência do que prevê o caput do art. 226 da CF”. Para Brauner (2004), a compreensão da
evolução do Direito das Famílias deve ter como fundamento o estabelecimento e a aplicação
de uma nova cultura jurídica. Essa precisa ter uma proposta de proteção às entidades
familiais, implantando um processo de repersonalização dessas relações, e aceitando o do
afeto como sua maior preocupação. Não cabe mais os argumentos históricos de que a tutela da
lei se justificava pelo interesse da família [...]. “O espaço da família, na ordem jurídica, se
justifica como um núcleo privilegiado para o desenvolvimento da pessoa humana”. (FARIAS;
ROSENVALD, 2016, p. 11).

Assim, a prática de uma nova cultura do direito familiar não está ocorrendo da forma como
deveria ser porque quem exerce o poder jurídico é o patriarcado, os homens. Isso anula os
direitos das pessoas em geral. De acordo com Silva (2018, p. 34), “o afeto tem toda
relevância jurídica, podendo até ser considerado como um Direito Fundamental a ser
protegido e respeitado”. Quando uma realidade torna-se evidente – como vem acontecendo
com as novas configurações familiares –, o Direito deve curvar-se e regulá-la sob pena de
tornar-se obsoleto. (SIMON, 2001, p.3).

Segundo Hironaka (2013), os arranjos de diferentes tipos de entidades familiares não vem
ocorrendo com facilidade, esse processo está sendo lento. A união estável – no passado
denominada concubinato puro – para ser aceita levou aproximadamente seis décadas de
avanços jurisprudenciais, só então, conseguiu ser validada pelo legislativo com a Carta
39

Constitucional de 1988. Além disso, apenas em 1990, foram assinadas as duas leis que
regulamentou a união estável e os efeitos sucessórios.

Para Tartuce (2014, p.73), “o real sentido do texto legal é que o Estado ou mesmo um ente
privado não pode intervir coativamente nas relações de família.” No entanto, quando o Estado
não atualiza a legislação de acordo com as novas realidades das entidades familiares, ele
obriga as pessoas a viverem de acordo com uma situação irreal que causa sofrimento nas
pessoa.

Assim, o que estamos constatando neste capítulo é que o Direito de Família não está
atendendo todas as famílias do Brasil. Ele regula e protege grande parte delas, mas, milhares
de famílias estão com seus direitos invalidados porque a sociedade brasileira está parada nos
séculos passados quando o assunto é casamento e família.

3.2 A mediação familiar para a realização pessoal e afetiva familiar e a


busca de novas soluções

O Poder Judiciário é o primeiro passo na direção de resolver conflitos do Direito de


Família. No entanto, o juiz muitas vezes não consegue atender as necessidades de todos e o
processo de mediação será designado, mediante a concordância dos envolvidos. “No Brasil a
mediação começou a ser utilizada na década de 1980 nas esferas trabalhistas, empresarial e
comercial. A mediação familiar começa a ser implementada apenas na década de 1990”.
(MOORE, 1998, p.40).

A morosidade dos tribunais e a inequação do Direto de Família são as principais causas


para que a sociedade escolha a mediação nos casos de conflitos familiares. Segundo Piske
(2012, p.23) “[...] ao longo da história, observa-se que as estruturas dos tribunais passaram a
ter uma administração cada vez mais lenta e congestionada [...]”. A mediação é uma técnica
que veio para desburocratizar os processos na justiça, que podem demorar anos para serem
resolvidos. O que deve ser considerado é que muitas famílias não podem esperar, elas
precisam utilizar os recursos que são seus por direito:

Os meios alternativos de solução de conflito, como a conciliação, a mediação e a


arbitragem são, indiscutivelmente, vias promissoras tão esperadas no auxílio da
desburocratização da Justiça, ao mesmo tempo em que permitem um exercício
40

democrático de cidadania e uma fenomenal economia de papéis, horas de trabalho,


etc. (PISKE, 2012, p.50).

Conforme está descrito na Lei de Mediação no art.168, §3º, do Código do Processo


Civil – (CPC) DE 2015, a mediação poderá ser efetuada por um ou mais mediadores, sendo
recomendável mais de um. Ainda, todo processo deve ter a concordância das partes. Segundo
Azevedo (2016, p.150), “[...] a mediação é dividida nas seguintes fases: inicio da mediação,
reunião das informações, identificação de questões, interesses e sentimentos, esclarecimento
de controvérsias e de interesses, resoluções das questões e registro das soluções encontradas”.

Ainda, o Artigo 166 do CPC (2015), recomenda que “[...] a conciliação e a mediação são
informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade,
da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada”. Apesar dos
princípios constitucionais regerem o processo de mediação, nele os envolvidos têm uma
chance de reconstituir as relações afetivas, não é como o judiciário que determina a aplicação
do direito. Os mediados podem entrar em um acordo, conseguindo manter algum tipo de
cordialidade porque houve entendimento entre as partes

Segundo Vasconcelos (2017), depois de apresentar os conflitos que precisam ser


resolvidos, os requerentes são ouvidos pelo mediador, dialogam entre si para conseguir
compreender quais são as necessidades de cada um, com o objetivo de estabelecer um
possível acordo.

O conflito é considerado uma crise na interação humana. Um “sinônimo de embate,


oposição, pendência, pleito; no vocabulário jurídico, prevalece o sentido de entrechoque de
ideias ou de interesses em razão no qual se instala uma divergência entre fatos, coisas ou
pessoas”. (TARTUCE, 2015, p.3). “Quando compreendemos a inevitabilidade do conflito,
somos capazes de desenvolver soluções autocompositivas. Quando o demonizamos ou não o
encaramos com responsabilidade, a tendência é que ele se converta em confronto e violência”.
(VASCONCELOS, 2008, p.19).

Assim, a mediação é uma oportunidade para que as pessoas confrontem suas desavenças,
nela é possível que as duas partes percebem onde está realmente o problema. Segundo
Vasconcelo (2008, p.39), “[...] a repetição das narrativas e desabafos, inclusive sobre fatos
anteriores relacionados ao conflito, ajuda os mediandos na estruturação dos seus próprios
41

argumentos. Isto vai naturalmente acontecendo na medida em que eles vão tomando
consciência dos seus interesses comuns”.

No processo da mediação “Tudo isso é alcançado com o auxílio de um terceiro - mediador


- que, utilizando-se desses conhecimentos cientificamente desenvolvidos, conduz as pessoas,
por meio de indagações criativas, a achar a solução ou as soluções ideais para o conflito
(modelo consensual)”. (BARCELLAR, 2014, 10).

A técnicas que o mediador aplica são para que as partes envolvidas no processo entendam
que é possível ter diferenças e mesmo assim proteger as relações afetivas. Segundo Lôbo
(2008, p. 47), o princípio jurídico da afetividade “[...] fundamenta o direito de família na
estabilidade das relações socioafetivas e na comunhão de vida, com primazia sobre as
considerações de caráter patrimonial ou biológico”. Segundo Fuga (2003, p. 27), "[...] os laços
de afeto procedem da convivência, não mais exclusivamente da consanguinidade. A evolução
desse sistema foi aviventada por algumas causas".

A constituição de uma família deve está fundamentada no amor, na afeição entre os seus
integrantes, isso é fato, pois a existência humana já e muito conflitante, imagina ter que
conviver com quem você não gosta. Assim, os laços familiares devem ser feitos e desfeitos
com muito respeito e afeto. Desta forma, a preservação do afeto entre as partes é uma das
características da mediação bem sucedida. Sendo que, a mediação possibilita que os
mediandos na controvérsia atuem de maneira cooperativa em prol dos seus interesses comuns,
superando todos impasses. (TARTUCE, 2015).

Consequentemente, o acordo pode ser um dos desfechos possíveis, mas ainda que ele não
ocorra, se o diálogo amistoso foi restabelecido, a mediação poderá ser considerada exitosa.
(SPENGLER, 2011, p.175). Assim, o trabalho que é feito com os mediandos durante os
encontros pode ser muito significativo, pois nesse tempo é possível criar novas crenças
positivas. A mediação requer a discussão sobre as posições, interesses e valores envolvidos e,
a partir da ressignificação desses valores, permite a construção participativa do consenso”.
(SALES 2017, p.966).

O comportamento imparcial das ações o mediador alcança a atenção dos envolvidos, sendo
possível que eles consigam parar e escutar um ao outro, é neste momento acontece a
transformação, porque todos os pontos de vistas começam a ser considerados. Segundo
Azevedo (2016, p.148) uma “[...] vantagem da mediação consiste na oportunidade para as
42

partes falarem sobre seus sentimentos em um ambiente neutro. Com isso, permite-se
compreender o ponto de vista da outra parte por meio da exposição de sua versão dos fatos,
com a facilitação pelo mediador”.

A mediação é “como um instituto que vai até o fundo de nossos mal-estares, encontrando
assim a raiz geradora de um permanente estado de conflito conosco e com os outros de nosso
convívio, proporcionando um reencontro que transforma”. (WARAT, 2001, p.32). Ainda,
Warat (2001), complementa afirmando que a mediação aborda de maneira fundamental o que
não foi dito (os sentimentos escondidos) e são eles que carregamos motivos dos conflitos.
Esses sentimentos devem ser identificados pelo mediador e expostos para que o diálogo seja
possível, facilitando para que os mediados percebam os reais interesses e valores.

Assim, a comunicação é o que faz com que as pessoas consigam chegar à conciliação e
uma convivência adequada. Os acordos extrajudiciais podem ocorrer, desde que os envolvidos
consigam conversar sobre as suas desavenças. “A palavra é mais que um instrumento, é
origem da comunicação, é essencialmente diálogo. A palavra abre a consciência para o mundo
comum das consciências, em diálogo”. (FREIRE, 1982, p. 13).

Foi visto neste capítulo que quando o Direito de Família está sendo aplicado o afeto entre
os familiares deve ser considerado, não apenas os bens patrimoniais. Neste sentido, a
mediação é uma ferramenta importante para que os laços afetivos sejam discutidos, expostos e
algumas vezes recuperados, quando os envolvidos estão dispostos a resolver os problemas
entre eles. Desta forma, após o processo de mediação eles irão conseguir conviver de forma
cordial e irão seguir suas vidas de maneira pacífica.
CONCLUSÃO

A presente pesquisa bibliográfica verificou que a resolução de conflitos familiares na


área do direito é complexa, porque existem lacunas que o poder Judiciário não possui
respostas satisfatórias. No entanto, a mediação familiar é um procedimento que pode ser
eficiente e faz com que as partes evitem maiores desgastes emocionais.

O objetivo principal deste trabalho de conclusão de curso era fazer uma discussão de
como a mediação pode ser uma ferramenta cabível na resolução consensual de conflitos em
relações continuadas na família. Nos próximos parágrafos serão apresentados os principais
argumentos encontrados. Primeiramente, a mediação é relevante para solução de conflitos
porque um dos papeis primordiais na seara do Direito de Família é a proteção da família.
Sendo a família a base da sociedade e protegida pela constituição federal. A família moderna
não tem um conceito definitivo, sua denominação é dinâmica por causa das transformações da
composição dos relacionamentos modernos. Existem várias representações sociais para as
novas famílias, onde afeto e amor são o que mais importam.

Nas últimas décadas, apesar de não ter sido ideal, devemos reconhecer que houve
evoluções do direito de família. No passado, família legítima era decorrente do casamento e
esse casamento tinha uma organização patriarcal, atualmente temos a união estável. Hoje, os
elementos da família são: o núcleo existencial composto por mais de uma pessoa, vínculo
socioafetivo e a vocação para realização pessoal de seus integrantes. (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2014).

Além disso, o princípio da proteção da dignidade da pessoa humana abrange que todos
os membros de uma família devem ser individualmente protegidos, garantindo as
necessidades vitais de cada indivíduo, sua dignidade e justiça. E segundo Dias (2015),
atualmente é possível que pessoas tenham vários pais, a pluriparentalidade, sendo necessário,
desde então, o reconhecimento, a existência de múltiplos vínculos de filiação.
Ainda, o princípio da igualdade é amparado pelo art. 5º, "caput" e inciso I, da CF/88,
onde descreve que todos os entes de uma entidade familiar são iguais, as suas obrigações são
reciprocas e todos tem isonomia entre direitos e deveres dos filhos e cônjuges. Assim, a
igualdade de direito levou as famílias a tratarem de forma igual todos os filhos, seja ele
adotivo ou biológico, apontando um passo evolutivo no direito da família. Além disso, o
princípio de igualdade de direitos e deveres de ambos os cônjuges foi instituído e criou forças
para destruir o padrão patriarcal das famílias.

O princípio da afetividade é outro elemento muito importante para a construção das


famílias, apesar de ele não ser citado na constituição ele está presente no código civil.
Segundo Madaleno (2015), “O afeto é a mola propulsora dos laços familiares para dar sentido
e dignidade à existência humana”. Complementando, outros princípios devem ser
considerados quando se discute a família e foram também mencionados na presente pesquisa:
princípio da solidariedade familiar, princípio do melhor interesse da criança, princípio da
liberdade.

Neste sentido, as questões familiares são extensas e o direito da família, muitas vezes,
não alcança as problemáticas. Por isso, a mediação familiar é uma ferramenta essencial para
os conflitos familiares. Como descreve Vasconcelos (2008), adotar a mediação é uma
oportunidade de conciliação amparada nos fundamentos da justiça reparativa. De acordo com
Oliveira (2008), a mediação tem um conceito baseado na resolução de conflitos que visa a
parceria, as partes não são adversárias, esse novo paradigma faz que as duas partes ganhem.

A mediação é um método que soluciona disputas, mediante a atuação de um mediador que é


obrigado a ser imparcial e por causa dele as partes conseguirão dialogar e de modo
construtivo e eficaz chegar a um acordo que seja melhor para cada uma das partes. Assim, o
que mais é interessante no processo de mediação é o caráter voluntário, não existindo o certo
ou o errado nas negociações das questões familiares. O mais importante é que as soluções
encontradas satisfaçam os interesses e necessidades das partes envolvidas.

O processo da mediação tem uma metodologia que facilita com que todos entendam
quais são os reais problemas dos conflitos, porque o mediador consegue apresentar as
necessidades de cada uma das partes de maneira mais simples, objetiva, positiva e
pacificadora para seja possível a obtenção de um acordo.
Neste sentido, para que a mediação seja um sucesso é preciso que o mediador seja um
profissional de excelência. Ele precisa conhecer seus mediandos durante o processo e
identificar exatamente o que cada uma das partes precisa para ficar satisfeito. Assim, o
mediador vai conseguir direcionar a conversa entre eles de forma mais assertiva e finalmente
fazer com que as partes concordem entre si.

O mediador precisa ser capacitado e ter competência, pois ele assume inúmeras
obrigações durante o período da mediação, e uma delas é o princípio da confidencialidade que
significa manter sigilo total das informações discutida durante o processo. Ainda, a conclusão
do que significa especificamente mediação familiar precisa ser realizado, pois os conflitos
apresentados neste tipo de mediação são relativos as questões emocionais que o Judiciário
geralmente não vai interferir, pois as decisões são baseadas na legislação vigente.

O interessante da mediação familiar é que existe a autonomia para que os interessados


expressem sua opinião sobre o que vai decidido no acordo e como serão solucionados os
conflitos, pois a história familiar pertence apenas aos componentes da família e são eles que
sabem melhor com fazer justiça. “Além disso, a família no limiar do terceiro milênio é plural
e não mais singular (PEREIRA, 2003, p.233)”. Assim, a mediação pode ser considerada ideal
para solucionar os problemas familiares porque cada família tem suas peculiaridades, que
infelizmente ainda não possuem legislações específicas para que o direito seja exercido.

Neste sentido, nas mediações familiares as relações são afetivas e muitas vezes no
período quando os envolvidos estão buscando por seus direitos esses laços podem ser
destruídos. Por outro lado, que a mediação acontece de forma correta, onde o diálogo pode ser
estabelecido e as pessoas podem conseguir melhorar seus relacionamentos e seguirem em paz.
Bacellar (2003, p.174) a mediação é importante porque “se destina a aproximar pessoas [...]
com ganhos mútuos e que preservem o relacionamento entre elas”.

Não é apenas os conflitos familiares que devem ser considerados, quando se fala do
Direito de Família, existem os direitos das pessoas que são adiados por causa da morosidade
do Judiciário em relação as questões, como por exemplo a herança. Por isso, quando a
mediação familiar acontece, ele pode ser considerada uma alternativa rápida e eficaz.

A falta de legislação a respeito dos conflitos familiares causa sofrimentos e


aborrecimentos, e fazem as pessoas perderem dinheiro. Não o bastante, a burocracia do
Judiciário destrói o patrimônio das partes em conflito, mas também aumenta o que tempo que
as pessoas ficam brigadas. Diante disso, as mudanças precisam ser enfrentadas, quando uma
realidade torna-se evidente, como acontece com as novas configurações familiares da
atualidade, o Direito precisa curvar-se e regula-la sob pena de tornar-se obsoleto. (SIMON,
2001).

Assim, diante do que foi apresentado até o presente momento, há indicações que o Direito
de Família está falhando com milhares de famílias do Brasil. A legislação existente protege
grande parte delas, mas outras milhares de pessoas estão com seus direitos invalidados pois a
Judiciário está parado nos séculos passados em diversos assuntos quando o assunto é
casamento e família.

Apesar disso, a mediação familiar é um procedimento jurídico extremamente importante


porque ela contribui para que as pessoas consigam ressignificar valores e construam o mínimo
de comunicação necessária para expor seus sentimentos e necessidades. Desta forma, o
mediador de uma forma neutra, repassa as informações para as duas partes, e de forma
ponderada, rápida e eficaz o acordo é construído.

Todas as famílias buscam ter um ambiente feliz, como amor e força para apoiar um ao
outro, assim a unidade familiar é construída. Por outro lado, como seres humanos somos
falhos e sempre vai haver conflitos. Nem sempre o estado vai poder solucionar os conflitos
como deveria, mas a mediação familiar como uma forma alternativa de exercer o direito, pode
sim ser uma ferramenta cabível na resolução consensual de conflitos em relações continuadas
na família.
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