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LANUSY CAVALCANTE CAMPOS

ALIENAÇÃO PARENTAL E A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS


VÍTIMAS ALIENADAS

Taguatinga, DF
2017
LANUSY CAVALCANTE CAMPOS

ALIENAÇÃO PARENTAL E A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS


VÍTIMAS ALIENADAS

Monografia apresentada à banca examinadora do


Centro Universitário Estácio Brasília, como
exigência parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Direito, sob orientação do Prof.º Msc
René Dellagnezze

Taguatinga, DF
2017
LANUSY CAVALCANTE CAMPOS

ALIENAÇÃO PARENTAL E A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS


VÍTIMAS ALIENADAS

Monografia aprovada como requisito


parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Direito pelo Centro
Universitário Estácio Brasília. Banca
examinadora:

Taguatinga, DF, _____ de _________ de 2017.

___________________________________________________________________
Presidente: PROF. MSc. René Dellagnezze (Orientador)
Centro Universitário Estácio Brasília

___________________________________________________________________
1º Examinador: Prof. MSc. Leonardo Fonseca
Centro Universitário Estácio Brasília

___________________________________________________________________
2ª Examinadora: Profª. Esp. Marescka Morena
Centro Universitário Brasília
Dedico a meu amor, minha família e aos amigos e colegas de turma pelo apoio na
realização deste trabalho.
Agradeço primeiramente a Deus, por estar presente em todos os meus
dias, pois sem ele renovando minhas forças com certeza eu não chegaria até aqui,
ao meu orientador, pela paciência, dedicação e correções, aos meus coordenadores
e aos meus professores, pelos conselhos e pelas conversas das quais me
motivaram e me deram forças para continuar.
Agradeço aos meus colegas e amigos de turma, por não terem desistido e
persistiram seguir juntos nessa batalha, e é com muito carinho e orgulho que
agradeça a companhia e o carinho de vocês, que Deus continue abençoando a
todos, saibam que foi um prazer estar com vocês.
A meus famílias e amigos, agradeço pela compreensão nesse período
que me ausentei, obrigada, ao meu amor que sempre esteve ao meu lado me
apoiando e incentivando nos meus momentos de fraqueza, sem deixar eu desistir,
aos meus pais que tanto amo a minha irmã que são meu mundo.
E novamente agradeço a Deus pela a vida, que me proporciona não é perfeita mais
é maravilhosa. Obrigada Senhor!
“Viver é acalentar sonhos e esperança,
fazendo da fé a nossa inspiração maior. É
buscar nas pequenas coisas, um grade
motivo para ser feliz!”.
(Mário Quintana)
RESUMO

A Alienação Parental é uma violência emocional provocada pelo genitor alienador


que tem como objetivo principal se vingar do progenitor á qualquer custo, sem
calcular as consequências futuras que podem vir a refletir em sua prole. O alienador
para alcançar seu objetivo utiliza-se de vários meios desde a colocação de
obstáculos às visitas até a impregnação de falsas memórias e a difamação do outro,
sem se preocupar com as consequências que poderão causar aos filhos. Com a
realização da alienação, acarreta a violação dos Princípios da Dignidade da Pessoa
Humana e do Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente, pois se
trata de um abuso emocional de um jogo psicológico que os deixam desprotegidos,
podendo-lhes causar graves transtornos psíquicos quando adultos, também acaba
ferindo o direito ao afeto, o direito à convivência familiar. A Alienação Parental
dificulta o direito que todos os seres humanos tem à convivência familiar, pois o
alienador não só impede o contato da criança com o outro genitor e seus respectivos
familiares, mais faz presente de forma covarde e cruel .

Palavras-chave: Alienação Parental. Direitos da Criança e do Adolescente. Família.


Lei 12.318/2010.
ABSTRACT

Parental Alienation is an emotional violence provoked by the alienating parent whose


primary purpose is to avenge the parent at any cost without calculating the future
consequences that may come to reflect in their offspring. The alienator to achieve his
goal uses various means, from obstacles to visits to impregnation of false memories
and defamation of the other, without worrying about the consequences that may
cause the children. With the realization of the alienation, it raises the violation of the
Principles of the Dignity of the Human Person and of the Principle of the Best Interest
of the Child and the Adolescent, because it is an emotional abuse of a psychological
game that leaves them unprotected, being able to cause them serious disorders
psychics as adults, also ends up hurting the right to affection, the right to family life.
Parental Alienation hinders the right of all human beings to family coexistence,
because the alienator not only prevents the child from having contact with the other
parent and their respective relatives, but also makes present in a cowardly and cruel
way.

Keywords: Parental Alienation. Rights of the Child and Adolescent; Family; Law
12.318/2010.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 A FAMÍLIA E AS TRANSFORMAÇÕES AO LONGO DO TEMPO ....................... 12
2.1 Breve Histórico Acerca da Família ...................................................................... 12
2.2 Casamento .......................................................................................................... 13
2.3 União Estável ...................................................................................................... 14
2.4 Tipos de Família no Brasil Atual .......................................................................... 15
2.4.1 Família Adotiva ................................................................................................. 16
2.4.2 Família Ana Parental ........................................................................................ 16
2.4.3 Família Convencional (União Estável) ............................................................. 16
2.4.4 Família Ectogenética ........................................................................................ 17
2.4.5 Família Eudemonista ........................................................................................ 17
2.4.6 Família Homoafetiva ........................................................................................ 18
2.4.7 Família Matrimonial .......................................................................................... 19
2.4.8 Família Monoparental ....................................................................................... 19
2.4.9 Família Multiparental ........................................................................................ 19
2.4.10 Família Natural, Extensa ou Ampliada e Família Substituta ........................... 20
2.4.11 Família Online ou iFamily ............................................................................... 20
2.4.12 Família Pluriparental ou Mosaico ................................................................... 21
2.5 Do Poder Familiar ............................................................................................... 21
2.6 Do Rompimento Conjugal ................................................................................... 24
3 ALIENAÇÃO PARENTAL...................................................................................... 26
3.1 Conceito de Alienação Parental .......................................................................... 26
3.2 Diferenças entre Alienação Parental e a Síndrome de Alienação Parental ......... 28
3.3 O Comportamento do Alienador .......................................................................... 30
3.3.1 A Vingaça do Alienador .................................................................................... 31
3.4 O Alienado........................................................................................................... 33
3.5 A Vítima Alienada ................................................................................................ 34
4 AS CONSEQUÊNCIAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL AOS FILHOS .................. 35
4.1 Violação dos Direitos e Garantias das Vítimas Alienadas ................................... 35
4.1.1 Violação da Dignidade da Criança e do Adolescente ....................................... 36
4.1.2 Violação ao Direito à Liberdade ....................................................................... 37
4.1.3 Violação do Direito ao Respeito ....................................................................... 38
4.1.4 Violação do Direito ao a Saúde ........................................................................ 39
4.1.5 Do Desrespeito ao Direito à Convivência Familiar ........................................... 40
4.1.6 Violação do Direito ao Afeto ............................................................................. 41
4.1.7 Da Quebra do Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente .... 43
5 AS DEFESAS CONTRA À ALIENAÇÃO PARENTAL .......................................... 47
5.1 A Guarda Compatilhada como Prevenção da Alienação Parental ...................... 47
5.2 Posição dos Tribunais Brasileiros Referindo-se á Alienação Parental ................ 49
5.3 A Respeito da Lei nº 12.318/2010 ....................................................................... 52
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 55
7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 57
10

1 INTRODUÇÃO

Toda criança e adolescente tem o direito à convivência harmoniosa com a


sua família. Direito esse que é expressamente assegurado pela Constituição Federal
Brasileira, que determina o dever da família, da sociedade e do Estado, garantir a
criança e ao adolescente o direito a vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à convivência familiar e comunitária, entre outras colocando-os a salvo de toda
e qualquer forma de negligência, de violência e de crueldade.
A Alienação Parental decorre de uma separação conjugal mal resolvida,
onde um dos pais utilizam os filhos como instrumentos para expressarem os
sentimentos de raiva, ódio, e de decepção com o casamento que sentem diante do
fracasso de seu projeto de vida, ou seja, a criança é programada para afastar - se da
convivência sadia com o outro genitor, como uma forma de vingança.
A convivência familiar, além de ser um dos direitos fundamentais, é
considerada uma necessidade essencial para a criança e o adolescente, na família
que se estabelecem as primeiras relações de afeto, de modo a proporcionar um
desenvolvimento sadio do ser humano em processo de formação.
Hodiernamente na sociedade, as constantes mudanças no que versa à
composição familiar, proporcionalmente vem aumentando o número de separações,
de divórcios, crianças nascidas fora do casamento, de uma união estável, entre
outros, o que reflete diretamente na formação do indivíduo.
Portanto o trabalho foi realizado por pesquisa bibliográfica e
jurisprudencial e fora dividido em 4 (quatro) capítulos.
No segundo capitulo, abordar-se, o instituto familiar, de modo a
compreender sua formação e suas transformações no decorrer do tempo.
Após a reflexão familiar, busca-se no capitulo terceiro analisar - se - à,
sobre os aspectos gerais da Alienação Parental, de modo a estabelecer seu
conceito, as diferenças entre Alienação Parental e a Síndrome da Alienação
Parental - SAP, o perfil do alienador e sua forma de vingança, sobre o alienado e a
vítima alienada. Em síntese, a alienação parental se manifesta por meio de rejeição
exacerbada dos filhos a um dos genitores.
Em seguida no capitulo quarto ponta - se - à, as consequências que a
alienação parental possa trazer as vítimas alienadas, e a violação de vários diretos
que lhe são assegurados pelo nosso ordenamento jurídico.
11

E por fim no capítulo quinto examinar-se - à, as defesas contra a


Alienação Parental, apresentando como prevenção a guarda compartilhada, refere -
se sobre acerca da posição dos Tribunais Brasileiros e comentários a acerca da Lei
nº 12.318/2010 de Alienação.
Conclui-se que a Lei da Guarda Compartilhada é eficaz para sanar o
conflito advindo da Alienação Parental, resguardando a criança e o adolescente de
futuros traumas e a perda de conviver em um ambiente familiar sadio.
12

2 FAMÍLIA

Com as atualizações em nosso ordenamento jurídico é necessário


abordar as modificações ocorridas no âmbito familiar no decorrer do tempo, e nesse
primeiro momento, será demonstrado o conceito de família, bem com as
transformações ocorridas ao longo dos anos, para que em um segundo momento
possamos compreender melhor como era o relacionadas as crianças antes e depois
da Constituição Federal de 1988.

2 .1 Breve Histórico Acerca Da Família

Historicamente costumava-se referir com destaque á família patriarcal,


derivada do modelo romano original, que prevaleceu na sociedade brasileira desde a
colonização até meados do século xx. Nesse modelo, o fulcro familiar girava sob o
homem casado, que possuía o comando sobre os indivíduos ao seu redor, entre os
quais a sua mulher, os seus filhos e, por vezes, seus pais, irmãos e etc.
Como o transcorrer da história, à família sempre foi o alicerce da
sociedade, onde se originava as relações primárias de parentesco, e a noção de
família, se submetia a uma estrutura pre-definida, instaurada pelo casamento de um
homem com uma mulher, e, com o decorrer do tempo, a família tradicional sofreu
profundas modificações nos aspectos gerais de sua origem, função e natureza.
A Organização das Nações Unidas - ONU, na Declaração dos Direitos
Humanos em 10 de dezembro de 1948, assegurou no artigo 16, § 3º que "a família é
o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito a proteção do Estado".
Progressivamente, o Estado passou a proteger de forma constitucional a
família, ampliando o âmbito dos interesses protegidos, passando a ter sua proteção,
constituindo esta proteção um direito público e subjetivo.
Com as grandes modificações nos conceitos de família, à sua construção
tradicional formada por pai, mãe e filhos, a que se estávamos habituados a nutrir
como referência, hoje não existe mais como modelo único. A organização da família
contemporânea foi construída e desconstruída conforme os aspectos sociais,
econômicos, políticos e religiosos.
A Constituição Federal exemplifica três modelos familiar, contudo, não
encerram numerus clausus. Acolhe-se outros modelos de arranjos familiares na
13

atual Carta Magna, suprindo a cláusula de execução das Constituições anteriores


que reconhecia a constituição de família apenas pelo casamento.
Os tipos de modelos famílias previstos na Constituição são meramente
exemplificativos por serem modelos simples e comuns, merecendo referência
expressa, entretanto.
Vários outros modelos estão implícitos no artigo 226, caput, da CF/88, ele
ressalta que "para se configurar uma família são necessários os seguintes
pressupostos: a afetividade, a estabilidade, a ostensibilidade e a vontade". (BRASIL,
1988). Diante desses elementos característicos, diversos são os arranjos familiares,
expressos ou implícito na Constituição Federal.

2.2 Casamento

Casamento é uma união matrimonial histórica milenar, que engloba


valores culturais, sociais, religiosos, biológicos, morais e jurídicos. Antes da
Proclamação da Republica e da edição do Decreto nº. 181, de 24 de janeiro de
1890, que passou a instituir o casamento civil, este, por vários séculos, foi regulado
pela religião, que era disciplinado pelo Direito Canônico, inclusive no Brasil.
O casamento era a única forma de instituir a família legítima, onde o
homem era o chefe da família, detentor de várias responsabilidades, dentre elas, a
econômica, isso, durante a vigência do Código Civil de 1916, que somente foi
modificado em 1988 com a revogação da Constituição Federal, ao acolher outras
formas de constituição familiar.
Hodiernamente, pode-se caracterizar o casamento como a união de duas
pessoas reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com objetivo de
constituir uma família se baseando em uma relação de afeto.
Segue alguns conceitos da doutrina contemporânea:

Segundo o mestre Pontes de Miranda: O casamento é um contrato solene,


pelo qual duas pessoas de sexo diferente e capazes conforme a lei, se
unem com o intuito de conviver toda a existência, legalizando por ele, a
título de indissolubilidade de vínculo, as suas relações sexuais,
estabelecendo para seus bens, à sua escolha ou por imposição legal, e
comprometendo-se a criar e educar a prole que de ambos nascer.
(MIRANDA, 1947, p. 93);
Para o Jurista José Lopes de Oliveira: O casamento é o ato solene pelo
qual se unem, estabelecendo íntima comunhão de vida material e espiritual
14

e comprometendo-se a criar e educar a prole que de ambos nascer, sob


determinado regime de bens. (OLIVEIRA, 1980, p. 9);
Mais sucinto Sá Pereira, concatena em poucas linhas o casamento: O
casamento é a sociedade solenemente contratada por um homem e uma
mulher para colocar sob a sanção da lei a sua união sexual e a prole dela
resultante. (QUEIROGA, 2001, p. 22).

Com as modificações sofridas, no casamento clássico, hodiernamente o


Brasil admite o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. Direito esse que foi
aprovado pelo Conselho da Justiça Federal - CNJ, em 2015, na VII Jornada de
Direito Civil, portanto, o Enunciado nº 601, segundo o qual, é existente e válido o
casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. Passou a tratar os cônjuges de
maneira igualitária, a partir da Constituição Federal de 1988, entendendo a
evolução da sociedade atual, e um exemplo desse tratamento igualitário é a
alteração do regime de bens, de comunhão universal para parcial, caso haja silêncio
dos consortes, além da alteração de nomes que veio torna-se opcional no momento
do casamento.

Diante a qualidade de exigência à celebração do casamento, de pouco ou


quase nada vale a vontade dos nubentes. Os direitos e deveres são
impostos para vigorarem durante sua vigência e até depois de sua
dissolução, pelo divórcio e até pela morte. Assim, quase se poderia chamar
o casamento de verdadeiro contrato de adesão. O alcance da expressão
"sim" significa a concordância de ambos os nubentes com o que o Estado
estabelece, de forma rígida, como deveres dos cônjuges. (SILVA, 2002,p.
354).

A grande novidade do ramo jurídico foi a decisão do Conselho Nacional


de Justiça - CNJ, proibindo que os cartórios possam negar a fazer a conversão de
união estável em casamento entre pessoas do mesmo sexo, na perspectiva de que
essa decisão garante de fato, que todos sejam iguais perante a lei e fideliza o
princípio da dignidade da pessoa humana.(BRASIL, Res. nº 175. 2013)

2.3 União Estável

A união estável é reconhecida com um relacionamento de convivência


duradoura entre duas pessoas, independente do gênero, com o intuito de constituir
família. Por muito tempo as relações sexuais mantida fora do casamento foi
condenada com veemência. Pode-se afirmar que nos dias atuais, o casamento
virgem ainda é de grande valia, como em algumas sociedades orientais, a pratica de
15

relação sexual antes do casamento constitui crime, por vezes, tanto como punição a
própria morte.
Reconhecendo no Brasil somente a família formada pelo casamento,
conforme disposto no Código Civil de 1916, a copiosa procura de ações pleiteando
direitos em razão do rompimento de um vinculo conjugal não oriundo do casamento,
levou a doutrina e a jurisprudência, a inescapável conclusão de que, o ordenamento
jurídico não poderia fechar os olhos para essa realidade social, que, nos dias atuais,
permanece em crescimento na sociedade brasileira.
O artigo 226 em seu parágrafo 3º, da Constituição Federal de 1988, foi
taxativo, quanto se referiu sobre à proteção da família pelo o Estado, onde
reconhece a união estável entre homem e a mulher como entidade familiar e foi a
partir deste, que os termos do concubinato e mancebia se tornarem inerte e adotou-
se a expressão união estável.
Em 2011 o STF, garantiu com base no artigo 5º da Constituição Federal,
o direito da união estável entre pessoas do mesmo sexo. A doutrina não é unanime,
havendo apontamento tanto no seu reconhecimento, como também a considerando-
se uma sociedade de fato. No dia 10 de maio de 2017, no plenário, ficou decidido
que a união estável tem o direito à herança de seu companheiro, igualando como o
direito a herança do cônjuge, abrange também as uniões estáveis de casais LGBTs
(lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Conclui-se a
inconstitucionalidade do artigo 1.790 do Código Civil, por dispor de regras adversas,
sobre a herança da união estável:

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do


outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união
estável, nas condições seguintes: I - se concorrer com filhos comuns, terá
direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se
concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade
do que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com outros parentes
sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV - não havendo parentes
sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. (BRASIL, 2002)

2.4 Tipo De Família no Brasil Atual

Para uma melhor compreensão sobre a figura de família nos dias atuais,
faz necessário conhecer e entender a sua alteração, uma vez que o conceito de
família modifica-se continuamente, renovando-se como ponto de referência do ser
humano na sociedade.
16

É possível afirmar que ao fazer uma análise do conceito de família, em


face das profundas transformações de valores éticos e morais providas pelos
conflitos operados na estrutura das sociedades modernas, se verificam alterações
substanciais. Desta forma observamos a importância de uma definição de família,
pois assim conseguiremos avaliar as alterações que ocorreram e ocorrem na
sociedade.

2.4.1 Família Adotiva

É a família constituída pelo o vinculo de adoção, mediante ato jurídico


solene, pelo qual, é observado os requisitos legais, alguém estabelece independente
de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de
filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe
estranha .
A adoção é regulada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA e
ocorre quando uma pessoa é escolhida por outra, ou por um casal como filho. A
afiliação adotiva importa nos mesmo direito e qualificações, sem qualquer
discriminação, desvinculando- se o adotado da sua família natural.

2.4.2 Família Anaparental

Também é conhecida como família de parentes, que se consubstancia-se


no núcleo de excelência parental, ou seja, aquele que não possui vida conjugal. A
família anaparental existe sem a presença do paterna ou a materna no ambiente
familiar que a chefie, é entidade em que convivem parentes sem diversidade de
gerações, pode se caracterizar por diversas formas de agrupamento, irmãos com
irmãos, primos com irmãos, primos com primos, tios com sobrinhos, avós com netos,
amigos, sogro com genros ou nora etc.
Injustificadamente, a família anaparental até hoje não ganhou disciplina
legislativa no Brasil, aliás nem mesmo doutrinária. Por essa razão, as mais variadas
dúvidas surgem a cerca dos núcleos formados por afeto puro (não sexual).

2.4.3 Família Convencional (união estável)


17

É uma família constituída fora do casamento pela união estável que se


caracteriza pela união informal ou seja pública, duradoura e contínua do homem e a
mulher. Era considerado concubinato, que se diferenciava entre concubinato puro e
concubinato impuro;
O concubinato puro ocorria quando os conviventes não possuíam
vínculos matrimonias ou se encontravam desquitados, separados, divorciados,
agora o concubinato impuro ocorria quando alguns dos conviventes era vinculado
matrimonialmente.

2.4.4 Família Ectogenéticas

São as famílias que possuem filhos havidos mediante a utilização das


técnicas de reprodução medicamente assistidas, ou de reproduções homólogas,
quando o material genético é de ambos ou de apenas um dos parceiros ou de
nenhum deles. Pode ocorrer também a gestação em outra pessoa que não seja a
mãe biológica, esse procedimento é conhecido como a famosa "barriga solidária"
É conferida a liberdade ao casal para planejar o modelo de família pela
Constituição Federal de 1988, o artigo 226,§7º:

Art.226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.


§7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal,
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de
instituições oficiais ou privadas. (BRASIL, 1988)

Entretanto, a legislação ordinária não regulamenta a reprodução


medicamente assistida, aplicando-se normas estabelecidas pelo Conselho Federal
de Medicina (Resolução n. 1957/2010. 2.013/2013 e 2.121/2015).

2.4.5 Família Eudemonista

É um dos conceitos mais inovador de família, é a família ser identificada


pelo seu envolvimento afetivo, que busca a felicidade individual vivendo um
processo de emancipação de seus membros, esse tipo de família se identifica pela a
18

comunhão de vida, de amor de afeto em um plano de igualdade de cada um dos


membros.
Eudemonismo é a doutrina que enfatiza o sentido de busca pelo sujeito
da felicidade. A felicidade individual ou coletiva é fundamento da conduta humana
moral, sendo consideradas boas as condutas que levam à felicidade, cada vez mais
se reconhece que no âmbito das relações afetivas que se estrutura a personalidade
da pessoa, devendo o afeto ser reconhecido como único modo eficaz de definição
da Família. É a afetividade, e não a vontade, o elemento constitutivo dos vínculos
familiares. Envolve membro na busca da realização pessoal, deslocando a proteção
jurídica familiar da instituição para o sujeito, individualizada assegurando privacidade
ao ser humano, tanto que a Constituição Federal dispõe em seu artigo 226, §8º, 1ª
parte, que o Estado assegurará a assistência a família na pessoa de cada um dos
seus membros. (BRASIL, 1988).
A família não é mais visto como um objeto de produção econômica e de
reprodução, e sim de uma instituição tutelada pelo o Estado para promover o
desenvolvimento da pessoa humana, para realização da personalidade de seus
membros, para servir de "base fundamental, para o alcance da felicidade". (Dias,
2011, p. 38-53)
Não se protege família por si própria, mas como um "locus" para
realizar a pessoa humana, propensos a felicidade individual de cada membro na
convivência familiar, permitindo-lhe a realização pessoal e profissional.

2.4.6 Família Homoafetiva

São as famílias constituídas por casais do mesmo sexo, com base na


afetividade de seus membros, e merecedoras da proteção legal pelo Estado,
adquirindo-se os direitos e deveres da união estável heteroafetivo, mesmo ainda não
estando prevista pela a Constituição Federal, não deve ser excluída do "modelo" de
família.
A Lei Maria da Penha, dispõe no seu artigo 5º, § único, que à proteção
contra a violência doméstica e familiar independem de orientação sexual. O fato de
não existir legislação especifica para resguardar os direitos da união homoafetiva
não que dizer que é sinônimo de ausência de direito. (BRASIL, Lei 11.340/2006)
19

2.4.7 Família Matrimonial

É o modelo de constituição de família tradicional até hoje, e é formada


com base no casamento civil pelos cônjuges, incluindo, não necessariamente, a
prole natural ou socioafetiva, é um agrupamento conjugal por excelência, mais
também pode ser considerado parental, ou seja, cuida-se dos filhos, do marido e da
mulher. Aqui o casal resolve viver em comunhão, escolhem o regime de bens para
organizar seus patrimônios e submetem-se aos efeitos atribuídos pela lei.
O casamento é um contrato especial de direito de família, cerimonioso ,
solene, com intervenção do Estado para sua realização. É disposto pela
Constituição Federal 1988, no artigo 226, parágrafo 5º, os direito e deveres na
sociedade conjugal onde determina a igualdade entre o homem e a mulher para
exercê-los (BRASIL,1988), já o Código Civil,em seu artigo 1.514, dispõe que se
realiza o casamento quando o homem e a mulher se manifestam perante a
autoridade celebrante o desejo de se casarem e o juiz os declararem casados
(BRASIL, 2002).

2.4.8 Família Monoparental

É a família formada por um dos pais e seus filhos, naturais ou


socioafetivos, a qual é protegida pela Constituição Federal, conforme disposto em
seu artigo 226, §4º. É um modelo que representa uma parcela significativa das
famílias no Brasil atual, seja pela forma natural, por adoção unilateral ou mediante
reprodução medicamente assistida.
É importante resaltar que não deve ser confundida com o tipo de família
uniparental, pois, é referente a uma decisão voluntária ou involuntária do genitor
presente.

2.4.9 Família Multiparental

Ocorre quanto o filho possui dois pais, ou duas mães, nessa caso é um
biológico e o outro socioafetivo, sem excluir o outro.
Pelo fato do vinculo formal de casamento não possuir a mesma
importância de antigamente na união de pessoas, quebrou o modelo tradicional de
20

família, especialmente em razão da facilidade do divórcio. Muitos pais após uma


separação ou viuvez acaba constituindo uma união estável , reconstituindo a família
com um novo parceiro, com ou sem filhos, e passam a conviver em comunhão de
afetos nesse novo mundo familiar, que esta cada vez mais comum.
Por um surgimento de socioafetiva, o padrasto ou a madrasta pode
exercer as funções dos pais biológicos, fazendo surgir uma paternidade e
maternidade cultural que se fortalece com a convivência familiar, sem que a criança
ou adolescente perca o vínculo com os pais biológicos, assim, possuindo mais de
uma mãe ou mais de um pai.
Esse tipo de afeto entre parceiro do pai ou da mãe, é reconhecido pela
Lei 11.924/2009, que acrescentou com o §8º, ao artigo 57 da Lei 6.015/73, para
autorizar o enteado(a), acrescentar no registro de nascimento, os sobrenomes da
família de seu padrasto ou madrasta, com a concordância deste.

2.4.10 Família Natural, Extensa ou Ampliada e Família Substituta

São aquelas famílias que estão previstos no Estatuto da Criança e do


Adolescentes, a família natural, é aquela formada pelos pais ou qualquer deles e
seus descendentes. (art. 25 da Lei n. 8.069/90);
A família extensa ou ampliada é aquela que além dos pais e filhos ela
inclui seus parentes próximos, que mantém um vinculo de afinidade e afetividade
com a criança e os adolescentes.
Já a família substituta, são aquelas famílias que acolhem o menor
independente da situação jurídica, e se configura pela guarda e tutela.

2.4.11 Família Online ou iFamily

Em razão da sociedade virtual da atualidade, onde as realizações de


trabalhos, contratos, negócios, estudos, conversas são realizadas diariamente em
tempo real pela rede virtual, o mundo cibernético rompeu fronteiras e aproximou os
povos misturou as culturas.
Esse mundo virtual se aplica na família como uma nova forma de
relacionamento à distância, e graças a tecnologia, existe a facilidade de diminuir
distâncias, acaba realizando a sensação de que, o longe fique perto. Por outro lado,
21

também afasta quem esta perto, e nos dias de hoje é muito comum pais e filhos se
comunicarem por mensagens de texto ou facebook, companheiros, cônjuge, ficarem
lado a lado e cada um navegando na rede virtual, sem trocar uma palavra, e isso
acontece ate mesmo em encontros de amigos, cada um em seu mundo virtual nos
seu aparelhos telefônicos, os famosos smartphones.
Portanto, esse conceito inovador de família ou uma adaptação nos modelos já
existentes, que fora denominada de família online ou iFamily em razão da sociedade
virtual em que revive, foi apresentada por Conrado Paulino da Rosa.

Vive-se um momento de profunda mutação antropológica e sociológica


decorrentes dos constantes avanços da tecnologia, em especial da
revolução operada na comunicação. (ROSA, 2012, p.58)

2.4.12 Família Pluriparental ou Osaico

Se caracterizam quando os casais trazem para uma nova família filhos de


relações anteriores que se juntam aos filhos comuns, ou seja, quando a família é
recomposta ou reconstituída, na qual um ou ambos os parceiros possuem filhos de
uniões anteriores, resultando a pluralidade das relações parentais, multiplicidade de
vínculos, ambiguidade dos compromissos e interdependência. Ocorre nos caso de
um dos parceiros possuir filhos de um ou mais relacionamentos e depois não terem
filhos próprios; os dois parceiros tiverem filhos de relacionamentos anteriores e
depois não terem filhos próprios; os dois parceiros terem filhos de relacionamentos
anteriores e não terem filhos; só um dos parceiros ter filhos e depois o casal ter
filhos próprios; ou ainda, ambos parceiros tiverem filhos e depois terem filhos
próprios, convivendo numa mesma família os filhos do marido, os filhos da esposa e
os filhos comuns (os meus os teus os nossos). Ainda que biologicamente não exista
o parentesco entre vários membros nos arrojos familiares, é inquestionável o
surgimento de vínculos de afetividade e solidariedade familiar entre eles.

2.5 O Poder Familiar

É um poder irrenunciável, intransferível, inalienável, indelegável e


imprescritível, pertencente a ambos os pais, do nascimento até os 18 anos de seus
22

filhos, ou com sua emancipação. É constituído por direitos e deveres atribuídos aos
pais.
O poder familiar era denominado pátrio poder, em razão da sociedade
patriarcal da época, em que o pai era atribuído a postura de chefe, de um senhor
absoluto, com plenos poderes sobres seus filhos, que eram submetidos a suas
imposições, na falta ou no impedimento do pai, esses poderes eram transferidos a
esposa, caso ela contraísse novas núpcias, na vigência do Código Civil de 1916.
Com o Estatuto da Mulher Casada, assegurou o pátrio poder a ambos os
pais, ainda que a esposa/mãe era considerada uma colaboradora do marido, bem
como o acrescente e inevitável igualdade entre os membros de família, restringiu-se
essa noção de poder, constituindo-se mais em um dever, um munus. (BRASIL, Lei
4.121/1962).
Nos casos de discórdias é assegurado o direito de ambos os pais
recorrem à Justiça. Mesmo após o rompimento dos pais o não possuidor da guarda
continua titular do poder familiar. Apenas pode-se variar o grau quanto ao seu
exercício, mas não quanto a sua titularidade, como assegura o artigo 1.589 do
Código Civil, e o genitor que não reside com a prole, não tem apenas o direito, mas,
o dever de visitar, de ter os filhos em sua companhia, fiscalizar e participar da
manutenção e educação.
Com relação ainda dos genitores separados, mesmo no caso de uma
nova constituição familiar com nova núpcias ou união estável o poder familiar poderá
ser destituído do outro genitor ou ser transferido ao novo parceiro(a) do pai ou da
mãe, ainda que existente a afiliação socioafetiva. Esse poder-dever ou direito-dever
é exercido em conjunto pelos pais, supondo uma relação harmoniosa entre eles, de
conciliação, equilíbrio e tolerância para que a decisão de um ou outro não afete o
princípio do melhor interesse do menor, sendo a transigência nesse caso, sempre
prejudicial ao filho uma vez que, havendo divergência e se for levada a juízo, o clima
de resentimentos tende apenas a aumentar quanto a vitoria de um pai sobre o outro,
por esse motivo, o juiz deve sempre propor a mediação como uma alternativa de
melhorar a comunicação entre os familiares.
De acordo com os artigos 227 e 229 da Constituição Federal de 1988,
estabelece que está no dever dos pais de assistir criar e educar os filhos menores,
propiciar-lhes o direito à vida, à família, à alimentação, à educação ao lazer, à
profissionalização, à cultura, `a dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência
23

familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,


discriminação exploração, violência, crueldade e opressão, juntamente com o artigo
22 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que incumbe aos pais terem de dirigir-
lhes a educação, isso, sem mencionar o artigo 1.634 do Código Civil, quando elenca
outra serie de obrigações dirigindo-lhes a criação e educação e nos termos do artigo
1.584 também do Código Civil, exercendo a guarda unilateral ou compartilhada,
podendo conceder ou negar o consentimento para casar, para viajarem ao exterior,
para mudar de município, nomear tutor por testamento ou documento autêntico, se o
outro dos pais não sobreviver, ou sobrevivente não puder exercer o poder familiar,
representa-los judicial e extrajudicialmente até os 16 anos, nos atos da vida civil, e
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento de quem legalmente os detenha exigir que lhes prestem obediência,
respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
Portanto, é um dever dos pais em relação aos interesses dos filhos,
cabendo o Estado fiscalizar sua adimplência, podendo aplicar sanções, com a
suspensão, podendo aplicar sanções com a suspensão ou a destituição do poder
familiar a quem o descumprir. Porém, não com o intuito de punição, mas de
preservação dos interesses dos menores. Por esse motivo, não cessa o direito do
menor ser credor de alimentos ainda que um pai ou ambos não detenha a guarda,
salvo no caso de adoção, pois outra pessoa assume essa responsabilidade.
A suspensão do poder familiar pode ocorrer em certos atos, podendo ela
ser parcial ou total. Sendo uma medida menos gravosa e podendo ser sujeita à
revisão, uma vez superadas as causas que a incitaram, utilizada a critério do juiz
quando outra medida não puder produzir o efeito desejado.
As causas que podem ensejar a suspensão são as de abuso de
autoridade, as de falta quanto aos deveres a eles inerentes (guarda, sustento e
educação, além do que deles decorrerem), de ruína dos bens dos filhos ou, ainda
quando houver condenação de detentor do poder familiar em virtude de crime cuja
pena exceda a dois anos de prisão esta última trata-se de medida injusta, "pois, não
há razão para o legislador presumir a incapacidade, inclusive por existirem penas a
serem cumpridas em regime aberto, que viabilizariam o exercício satisfatório da
função parental". No artigo 23 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ressalta não
ser causa de suspensão a falta ou carência de recursos materiais para atender os
encargos inerentes ao exercício da função parental.
24

Na hipótese de extinção do poder familiar conforme artigo 1.635 do


Código Civil, são taxativas, não sendo admitida nenhuma outra, por envolverem a
restituição de direito fundamentais, são elas: a morte dos pais ou do filho; sua
emancipação; maioridade; adoção; decisão judicial, e na forma do artigo 1.638 do
Código Civil, a saber castigar imoderadamente o filho; deixá-lo em abandono;
praticar atos contrário à moral e aos bons costumes e incidir reiteradamente, nas
faltas previstas com a suspensão do poder familiar.
A perda é uma sanção de maior alcance, correspondente à infringência
de um dever mais relevante, e tem como consequência a extinção. "A privação do
exercício do poder familiar deve ser encarada de modo excepcional, quando não
houver qualquer possibilidade de recomposição da unidade familiar o que
recomenda estudo psicossocial". o abandono pode ser intencional ou não, quando
por motivos de dificuldades financeiras ou motivo de doença, deve ter como solução
preferencial a suspensão ou a guarda, e não a perda do poder, desde que a
propensão para o retorno à família seja plausível. No tocante à moral e aos bons
costumes, estes não podem ser valorados subjetivamente pelo juiz, mas sim
objetivamente, segundo os valores predominantes na sociedade àquele tempo e
espaço, sempre preponderando o melhor atendimento aos interesses do menor, e
não somente como uma forma de punição ao pai.

2.6 Rompimento Conjugal

Com as grandes alterações, atualizações de tipos de família que veem


surgindo no decorrer do tempo, observar-se o grande crescimento de casais
interessados a formar uma família.
Com a entrada da EC nº 66/2010, completou o ciclo evolutivo iniciado
pela Lei de Divórcio (BRASIL, Lei nº. 6.515/77), eliminando as exigências de
separação judicial prévia para a obtenção do divórcio, deixando de ser contemplada
pelo artigo 226, § 6º, da Constituição Federal. Agora é exclusivamente direto, por
mútuo consentimento ou litigioso. Essa inovação constitucional leva à conclusão que
a separação judicial ou por escritura pública foi eliminada restando o divórcio que ao
mesmo tempo rompe a sociedade conjugal e extingui o vínculo matrimonial, e assim,
pode considerar que a ruptura conjugal tornou-se mais fácil e consequentemente,
cada vez mais assídua nas sociedades.
25

O fato é que, em meio a esse processo de dissolução da vida conjugal, os


filhos precisam muito mais dos pais, só que, na maioria dos casos, estes se
encontram neste momento fragilizados e vulneráveis pelo rompimento, pois há uma
perda, e estes vivenciam um momento de luto pela separação.
Mas, mesmo em meio a toda essa frustração pela dissolução, cabe aos
pais, ter em mente que o divórcio separa somente os cônjuges, e os filhos, portanto,
permanecem os deveres dispostos pelo artigo 1.566 do Código Civil:

Art. 1.566 São deveres de ambos os cônjuges; fidelidade recíproca; vida


comum, no domicilio conjugal; mútua assistência; sustento, guarda e
educação dos filhos; respeito e consideração mútuos. (BRASIL, 2002)

No tocante à dissolução conjugal, nota-se que verdadeiramente os


maiores prejudicados são os próprios filhos, que geralmente têm o contato com um
dos pais diminuído, quando não extirpado, prejudicando assim, o crescimento da
criança em vários aspectos, sejam eles sociais, afetivos ou psicológicos. Nessa
situação, a separação conjugal pode ser considerada um verdadeiro fenômeno
social, que propaga seus efeitos para além da pessoa dos cônjuges, tendo em vista
que afeta diretamente à sua prole.
Sendo assim, salienta-se que o filho não é, e nunca foi, e não será um
troféu daquele que detém a guarda, para que o exiba como um prêmio por ter obtido
a vitória. Aliás, nesta disputa nunca haverá vencedores, só perdedores. O
importante é que os pais tenham em mente que um casamento não é indissolúvel,
mas a função de pai e mãe esse sim é. Portanto, a responsabilidade de uma mãe e
de um pai não deve, nem pode se dissolver juntamente com o casamento, afinal, os
principais vitoriosos com isso, certamente serão os filhos, que terão assegurados
seu direito à convivência familiar.
26

3 ALIENAÇÃO PARENTAL

3.1 O Conceito de Alienação Parental

Nos últimos anos a Alienação Parental vem despertando muita atenção


da sociedade, porém, é um, tema pouco conhecido na sua profundidade. Trata-se
de uma grave situação que ocorre normalmente dentro das relações familiares, após
o término da vida conjugal , quando um dos genitores ou o responsável manipulam a
criança e ou adolescente, afim de romper os laços afetivos com um dos genitores,
de modo a prejudicar a convivência familiar.
O termo alienação parental se caracteriza no exercício abusivo daquele
que busca afastar e dificultar a presença do outro na esfera de relacionamento com
os filhos, atribui-se o nome para o responsável desta ação de genitor alienante, e o
outro genitor dá-se o nome de genitor alienado.
A Alienação Parental é uma questão que manifesta principalmente no
ambiente da mãe, devido a tradição que a mulher ser a mais indicada para exercer a
guarda dos filhos, evidentemente quando ainda pequenos, mas pode incidir em
qualquer um dos genitores, pai ou mãe.
Portanto, a definição de alienação parental surge para enunciar um
processo que consiste manter uma criança ou adolescente afastado do convívio de
um ou de ambos genitores, gerados por sentimentos desencadeados com o
rompimento do casamento, consistem em afastar o ex-companheiro da vida dos
filhos, ou seja, a separação do casal é um dos momentos em que mais surgem as
alienações, pois logo após a separação dos pais, quando o nível de conflito é
intenso é comum surgir problemas e preocupações com as primeiras visitas ao outro
progenitor, pois fantasias, medos, angústias de retaliação ocupam o imaginário dos
pais e dos próprio filhos, por ainda não estar acostumados com as diferenças
impostas pela nova organização familiar.
É inegável que todas as pessoas sonham com a durabilidade dos
vínculos afetivos até que a morte os separe. Em consequência disso, é difícil aceitar
que o amor possa ter fim e quando, isso ocorre aquele que é pego de surpresa, fica
com um sentimentos de abandono rejeição, sente-se traído pelo o ex-companheiro,
e adquirem desejo de vingança.
27

O objetivo do genitor alienador é afastar até excluir o outro genitor do


convívio com o(s) filho(s), por seus motivos diversos, indo da possessividade até a
inveja, passando pelo ciúme e a vingança em relação aos ex-companheiro, pode
acontecer também pelo incentivo de familiares, sendo os filhos tratados como um
objeto, uma espécie de moeda de trocas e chantagens, contudo nem sempre a
criança ou adolescente conseguem discernir que está sendo manipulados e acredita
fielmente naquilo que lhe é dito de maneira insistente e repetida, quer dizer, os filhos
acabam aceitando como verdadeiro tudo que lhes é passado.
Não podemos deixar de ressaltar que a alienação parental não se
restringe apenas aos genitores também podem ser realizados por tios, avós,
padrinhos, em suma, todos aqueles que possam valer de sua autoridade parental ou
afetiva com intuito de prejudicar um dos genitores, conforme disposto no artigo:

Art.2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação


psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a
sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
(BRASIL, Lei nº 12.318/2010).

Nas palavras de Fonseca:

Essa alienação pode perdurar anos seguidos, com gravíssimas


consequências de ordem comportamental e psíquica, e geralmente só é
superada quando o filho consegue alcançar certa independência do genitor
guardião, o que lhe permite entrever a irrazoabilidade do distanciamento do
genitor. (FONSECA, 2006, p.163).

O autor Bastos disserta que:

Quem não consegue elaborar adequadamente o luto da separação


geralmente desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de
descrédito do ex-cônjuge. Se quem assim se sente fica com a guarda dos
filhos, ao ver o interesse do outro em preservar a convivência com a prole,
quer se vingar e tudo faz para separá-los. Cria uma série de situações
visando a dificultar ao máximo, ou a impedir, a visitação. Os filhos são
levados a rejeitar o genitor, a odiá-lo. Tornam-se instrumento da
agressividade direcionada ao parceiro. (BASTOS, 2008, p. 145)

Todavia, é definido pelo autor, o instinto de vingança, a destruição e a


desmoralização que se sobressaem a ponto de se impedir visitas, ainda os filhos
são manipulados a desencadear um sentimento de ódio e rejeição pelo genitor.
28

Podevyn define a alienação parental como:

Programar uma criança para que odeie um de seus genitores, enfatizando


que, depois de instalada, poderá contar com a colaboração desta na
desmoralização do genitor alienado (ou de qualquer outro parente ou
interessado em seu desenvolvimento). (PODEVYN, p.49)

Nas palavras Maria Berenice Dias:

O filho é utilizado como instrumento da agressividade, sendo induzido a


odiar o outro genitor. Trata-se de uma verdadeira campanha de
desmoralização. (DIAS, 2015, p.546).

Portanto, a alienação parental ficou considerada como uma forma de


abuso psicológico, criando falsa imagem do genitor sem a guarda, gerando algum
tipo de impedimento ou obstáculos com intenção de impedir as visitas, o convívio
afetivo e nos casos mais graves a falsas acusações de abusos contra o filho.
A legislação vigente define de forma ampla a alienação parental, como
uma interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente, prevê
medidas que vão desde o acompanhamento psicológico até a aplicação de multa, ou
mesmo a perda da guarda da criança a pais que estiverem alienando os filhos.
(BRASIL, Lei nº 12.318/2010).

3.2 Diferença entre Alienação Parental e a Síndrome de Alienação Parental

A Síndrome Alienação Parental também conhecida em inglês com


Parental Alienation Sydrome - PAS, foi definida pela primeira vez em meados dos
anos 80, nos Estados Unidos pelo professor e psiquiatra Richard Alan Gardner
considerado um dos maiores especialista do mundo no assunto de separação. Por
ele foi observado que durante disputas judiciais, que os genitores procuravam de
forma incessante afastar os filhos do ex-cônjuge, fazendo uma verdadeira lavagem
cerebral na mente dos filhos. (FREITAS,PELLIZZARO, 2010, p.17)
Apesar da ligação existente entre ambas, não deve-se confundi-las,
enquanto a Alienação Parental se caracteriza pela prática do genitor alienador, que
se inicia com manipulações capazes de implantar falsas memórias em seu filho para
que ele rejeite o outro genitor, para a medicina o correto seria a utilização da
Síndrome de Alienação Parental nos casos que configurarem transtorno psicológicos
29

na criança causados em decorrência de ódio que a mesma passa a sentir por um


dos genitores.
É necessário ressaltar, que a expressão Síndrome de Alienação Parental
- SAP é duramente rejeitada por não constar por escrito no CID10 - Classificação
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde e também não consta
no DSM IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentas, ou seja, não
possui o reconhecimento como uma categoria diagnosticada, entretanto, não é
levada em consideração como uma Síndrome médica válida.
Portanto, a Síndrome de Alienação parental esta associados às situações
onde a ruptura da vida conjugal, gera em um dos genitores, uma tendência vingativa
muito grande e não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, pode
considerar-se um distúrbio, sintomas dos quais se instalam nos filhos em
decorrência dessa extrema reação emocional do genitor alienador.
Alienação Parental são os atos que resultam em um verdadeiro processo
de destruição, desmoralização e o descrédito do ex-companheiro levada a efeito
pelo o alienante.
De acordo com o modo de Madaleno e Madaleno:

De acordo com a designação de Richard Gardner, existem diferenças entre


a Síndrome da Alienação Parental e apenas a Alienação Parental ; a última
pode ser fruto de uma real situação de abuso, de negligência, de maus-
trados ou de conflitos familiares, ou seja, a Alienação, o aleijamento do
genitor é justificado por suas condutas (como alcoolismo, conduta
antissocial, entre outras), não devendo confundir com os comportamentos
normais, como repreender a criança por algo que ela fez, fato que na SAP é
exacerbado pelo outro genitor e utilizando como munição para injúrias.
Podem ainda as condutas do filho ser fator de alienação, como a típica fase
da adolescência ou meros transtornos de conduta. Alienação é portanto, um
termo geral que define apenas o afastamento justificado de um genitor pela
criança, não se tratando de uma síndrome por não haver o conjunto de
sintomas que aparecem simultaneamente para uma doença específica.
(MADALENO E MADALENO, 2013, p. 51)

Conforme a opinião de Pinho sob essa mesma visão expõe:

A Síndrome da Alienação Parental não se confunde com a alienação


Parental, pois que aquela geralmente decorre desta, ou seja, ao passo que
a Alienação Parental se liga ao afastamento do filho de um pai através de
manobras do titular da guarda, a Síndrome por seu turno, diz respeito as
questões emocionais, aos danos e sequelas que a criança e o adolescente
vem a padecer. (PINHO, 2014 p.46)
30

Com os relatos dos autores, pode reforçar que a diferença de Alienação


Parental com a Síndrome de Alienação parental é que uma existe por causa dos
resultados da ação do outro, portanto, quando o genitor alienador pratica essa ação
contra o alienado a vítima alienada adquiri sintomas que pode ser identificada
fisicamente ou mentalmente podendo manifestar-se em sua conduta ou influenciar
diretamente em seu modo de agir.

3.3 O Comportamento do Alienador.

O Alienador geralmente é aquele detentor da guarda, que busca afastar a


sua prole do convívio do Alienado implantando falsas memórias e acusações, por
motivos de vingança.
Para especificarmos um pouco mais sobre o perfil do alienador é
necessário elucidar sobre a psicopatologia. A psicopatologia é um termo composto
por três palavras gregas que significam, psique - Alma ou mente; pathos - paixão.
sofrimento ou doença; e logo - lógica ou o conhecimento.
Psicopatologia pode ser definida como a ciência que estuda o sofrimento
da mente, ou seja, o estudo das doenças psíquicas, atualmente esse termo
psicopatologia é associada a diversas disciplinas que se interessam pelo sofrimento
psíquico.
Os sentimentos dos quais os genitores alienadores se alimentam é a
raiva, o ódio, a inveja, o ciúmes do outro genitor, o alienador não consegue
reconhecer nada de bom que o genitor produza a criança, muito pelo contrário o
alienador denigre sua imagem passando falsas informações á criança, dizendo que
este não se importa, o mesmo que não o ama; protege os filhos com exclusividade e
acaba sufocando-os; possuidor de sentimentos grandiosos acerca da própria
importância.
Esses sentimento que o alienador possui podem ser comparados com os
sentimento do criminoso passional que é a raiva, o ciúmes, o egoísmo e a vingança.
Esses sentimentos são comuns aos seres humanos que em variáveis medidas, já o
sentiram ou sentirão em suas vidas, porém. nem todos que sentiram ou sentem
esses tipos de sentimentos, não necessariamente praticaram a violência ou
suprimiram a existência de outra pessoa.
31

Enfim, podemos dizer que o alienador é o indivíduo ferido, magoado com


a frustração do casamento, indignado e inconformado com o abandono julga ser
vítima, por isso seu desejo é de vingança e seu objeto para alcançar seu alvo é seu
próprio filho, que acaba sendo a maior vitimada dessa ação.
Darnall é um médico americano, foi responsável por uma pesquisa
bastante relevante referente a identificação do perfil do genitor alienante. (Gardner,
1985, p. 2). O alienador é tido como refém de uma realidade ilusória, na qual não
consegue ver seu filho como algo separado de si próprio, acredita que os filhos lhe
pertencem fazendo parte do seu próprio ser, ou seja, sendo um só, essa
possessividade criada pelo alienador faz com que sua intenção seja de proteção e
de defesa a favor de sua prole contra supostas agressões intentadas pelo genitor,
pois acredita que o genitor alienado é o causador de todos os problemas e mazelas
que existem em sua vida, buscando assim uma vingança a qualquer custo.
Geralmente os mais usados são os filhos menores, por serem mais vulneráveis, por
se encontrarem em uma situação peculiar de formação, em seu plano de destruição
e de degradação do outro genitor que cominará no rompimento total dos vínculos
deste com os próprios filhos.
É perceptível que para se identificar um alienador e estabelecer as
características para ter um perfil exato é difícil, porém há uma característica muito
marcante que se destaca neste trabalho, que é identificado quando o
relacionamento conjugal se acaba e por consequência vem a sede de se vingar do
ex-companheiro e esse sentimento acaba sendo uma das maiores condutas dos
alienadores. Muitos desses genitores sabem dos perigos decorrente de seus atos,
mesmo assim preferem prosseguir numa batalha infundada contra o ex-parceiro,
onde os filhos são utilizados como instrumento de vingança.

3.3.1 A vingança do Alienador

O Alienador como já citado, desenvolve após a ruptura conjugal um


sentimento de super proteção com relação aos filhos, através desse sentimento
poderá ficar tão perturbado que o sentimento de raiva contra o ex companheiro se
fortalece e advém com o sentimento de vingança, é no momento de raiva, rancor,
inveja, reações de desprezo que o alienador desenvolve o inicio da programação
dos filhos contra o genitor alienado, com o objetivo de destruir completamente todo e
32

qualquer vínculo afetivo familiar, pois o seu desejo é ter total controle do filho e não
dividi-lo com o ex-companheiro.
O genitor vingativo pode ser comparado com a figura do paranoico ou
ainda do perverso narcísico. O alienador paranoico vive sob constante medo do
outro genitor e do mal que este pode vir a causar ao filho, ele será o primeiro a
acusar o outro de todos os tipos de maldades imaginário, de uma comportamento
violento e inadaptado, se mostrará completamente competente perante ao tribunal e
até manipular o ciclo de amizade em comum a seu favor. Já o perverso narcísico é o
mais temível pois tem o costume com as relações perversas, utilizará os filhos para
atingir o outro genitor com um grau mais alto, seu objetivo é destruir, e qualquer
meio é válido para alcançar seu objetivo. Tudo começa antes mesmo do término do
relacionamento, o alienador inicia sua técnica perante ao alienado com a finalidade
de desacredita-lo, não possuindo sinais evidentes tudo ocorre pelo não dito, através
de olhares, pequenos gestos, por repetidas recusas, humilhações e etc., ou seja, o
alienado nunca está suficientemente bem para o alienador. Muitas vezes para atrair
suas presas do alienador é capaz de mudar sua personalidade, ser uma pessoa
completamente gentil, agradável, mas isso é passageiro e repentino o que
confirmará a sua vítima o fato que ela não fez as coisas de forma correta se seu
companheiro for desagradável com ela, uma clima de medo é instaurado, um ciclo
vicioso é desencadeado, do qual a vítima levará um tempo para sair, se conseguir
escapar. Entretanto após a separação (que é a única escapatória possível), o
alienador narcisista continua sua caçada, usando as crianças que é o meio mais
sensível, é o meio que atingirá o outro, programando a criança para detestar o outro,
amplificando o fenômeno que ele estimulou e sabe intuitivamente que este é o
melhor e concreto meio de destruir seu alvo em tudo que lhe é sensível, aumenta o
estoque de suas armas demonstrando a todos ao seu redor por longo tempo a
aparência de amor e companheiro perfeito.
Diante dessas formas de pais alienadores, observa-se que todos os
artifícios que estivera a seu poder serão utilizados para provar que são ótimos pais
perante a sociedade, pois isso é o que mais lhe importa. O alienante se reveste com
uma mascara de vítima e sabe perfeitamente se mostrar como sendo o melhor
genitor e digno de confiança, vai manipular de maneira bem sutil.
Para comprovar no judiciário é necessário a realização de uma perícia
psicológica ou biopsicossocial determinado por um juiz, conforme o artigo 5º ECA:
33

o
Art. 5 Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação
autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia
o
psicológica ou biopsicossocial; §1 O laudo pericial terá base em ampla
avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo,
inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos
autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de
incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma
como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação
o
contra genitor; §2 A perícia será realizada por profissional ou equipe
multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada
por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação
o
parental; §3 O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a
ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para
apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial
baseada em justificativa circunstanciada. (BRASIL, Lei nº 12.318/2010).

3.4 O Alienado

O alienado é aquele genitor que na grande maioria dos casos não é o


possuidor da guarda do filho, é aquele que sofre os danos causados pelo alienador
que possui sentimentos de rancor, raiva, ódio e desejos de vingança.
O genitor alienado tem dificuldades de lidar com o fato, e busca práticas
para não se afastar de seu filho. É destacado por Alenxandridis Figueiredo:

Esse filho cria um sentimento de rejeição contra o genitor ausente,


chegando ao ponto de recusar a manter uma relação com esse pai e, ao
extremo, de decidir excluí-lo definitivamente de sua vida, acarretando
inúmeros problemas emocionais e psicológicos ao menor que se
estenderão na sua fase adulta. (FIGUEIREDO, 2014 p.47).

As consequência da Alienação Parental podem chegar a perda de cada


fase dos filhos, momentos esse que jamais voltarão, o tempo pode até reparar o
dano, mais nunca retornará para recompensar o tempo que se perdeu. Conforme
pensamentos da autora Denise Maria Perissini da Silva:

O contrário que o senso comum gostaria de crer, o tempo é um inimigo


implacável. Quando os filhos começam a recusar-se a ver um dos seus
pais, a rejeita-los, a contagem regressiva se inicia. Se ninguém vier a ajudar
essa família no momento preciso, a situação só poderá se agravar, mas
frequentemente o entorno intervém nesse caso para minimizar o problema e
lembrar que o tempo resolve tudo, o que efetivamente não acontece.Quanto
mais o tempo escoa mais o conflito se cristaliza e é mais difícil voltar a trás,
mesmo que não haja recuo, os filhos podem acabar por ver o pai que
haviam rejeitado anteriormente, mas mesmo neste caso, em 10 anos, em
20 anos, ver 40 anos depois. O tempo realmente modificou os fatos, mas a
que preço?. (SILVA, 2009, p 59)
34

3.5 A Vítima Alienada

Os filhos do ex casal, são os mais afetados no decorrer deste processo


alienador que um dos seus genitores produz em desfavor do outro, pois estes
acabam sendo o instrumento principal para a execução perfeita de seus objetivos,
estes são usados como objeto de vingança após a ruptura conjugal.
Estes sem dúvidas alguma são os que saem mais prejudicados nesta
história, pois são manipulados psicologicamente e consequentemente tendem a criar
um sentimento negativo contra o genitor alienado, tendo em vista como resultado de
afastamento destes.
Maria Berenice Dias salienta a respeito dos resultados:

Os resultados são perversos. Pessoas submetidas à alienação parental


mostram-se propensas a atitudes antissociais, violentos ou criminosas,
depressão, suicídio e na maturidade quando atingida, revela-se remorso de
ter alienado e desprezado o genitor ou um parente, assim padecendo de
forma crônica de desvio comportamental ou moléstia mental por
ambivalência de afetos. (DIAS, 2015, p. 547).

O que salienta o relato da autora é que as vítimas de alienação parental,


pode carregar por toda a vida sentimento de culpa por deixarem ser manipuladas,
principalmente quando descobrem que tudo em que acreditava sobre a imagem
negativa que fora construída no decorrer da alienação, não passava de mentiras, de
falsas acusações, de ilusões criadas por um dos genitores para afasta-lo do genitor
alienado.
A vítima alienada pode vir à adquirir a síndrome de alienação parental,
podendo esta gerar efeitos como a depressão crônica, a incapacidade de adaptação
social, transtornos de identidade e imagem, desespero, sentimento de isolamento,
comportamento hostil, falta de organização, tem a tendência ao uso de álcool e
drogas quando adultos e alguns caso podem chegar ao suicídio, pode ocorrer
sentimentos incontroláveis de culpa quando percebe que foi cúmplice inconsciente
de uma grande injustiça quanto ao genitor alienado.
35

4 AS CONSEQUÊNCIAS PARA AS CRIANÇAS E OS ADOLESCENTES

É com toda convicção e certeza que os filhos são os maiores


prejudicados, muito mais do que o próprio genitor alienado, pelo simples fato de
encontrarem-se em formação, e qualquer trauma que venha sofrer acaba refletindo
em seu desenvolvimento.
Disserta Madaleno e Madaleno que:

O modo como os pais enfrentam um processo de divórcio ou dissolução de


sua união é determinante pra determinar como seus filhos se comportarão
no futuro. (MADALENO E MADALENO, 2013 p.53)

Portanto, após passado o desconforto da separação, se os genitores com


naturalidade retomar a rotina normal com os filhos, estes compreendem que o
distanciamento do lar de um dos pais não mudará seus sentimentos, a sua vida com
os filhos, mas, a partir do momento que um dos genitores deixa transparecer seus
sentimentos, o aborrecimento, a raiva que estão sentido, Os filhos acabam
interpretando que alguém é culpado pela situação, podem os acusar um dos
genitores de ter destruído o lar, afastando-se dele por solidariedade àquele que
permanece em casa, não obstante, a criança ou adolescente, podem se sentirem
como o pivô da separação de seus pais, desencadeando uma série de transtornos,
como depressão, ansiedade e perda de autoestima. Portanto, com a ação do
alienador na vítima alienada, vem a gerar violação e o desrespeito dos direitos da
criança e do adolescente.

4.1 Violação dos Direitos Fundamentais das Vítimas Alienadas

Os direitos fundamentais são aqueles indispensáveis à pessoa humana,


sendo essenciais para uma existência digna, igualitária e livre, e o Estado não só
deve reconhecê-los por fazer menção da Constituição Federal, como dever ser
inseri-los na vida dos seus cidadãos. O preâmbulo da Declaração Universal dos
Direitos Humanos preconiza ser o reconhecimento da dignidade inerente a todos os
membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis, com
fundamentos da liberdade, da justiça e da paz no mundo, tratando o direito
36

Constitucional de consolidar esse indispensável direito em sua linha de frete, no


artigo 1º, inciso III da Carta constitucional.
A dignidade humana consolidada a força dos direito fundamentais e a
proteção do homem desde o direito à vida, ensina Edinês Maria Sormani Garcia, não
se tratando de meros enunciados, não existindo o mundo valor que supere o da
pessoa humana. (Garcia, 2003, p.38).

4.1.1 Violação da Dignidade da Criança e do Adolescente

Com a atualização da Carta Magna, à criança e o adolescente deixaram


de ser visualizados como objetos e passaram a ser encarados como sujeitos em
desenvolvimento possuidor de direitos, no artigo 227, caput da Constituição Federal
de 88, trata do dever da família, da sociedade e do Estado, abordando também os
direitos fundamentais a dignidade, a liberdade e o respeito.
Antonio Fonseca, disserta sobre o dispositivo do artigo 227, CF/88:

Consagra de forma absoluta, como nenhum outro faz, a imposição de


deveres de asseguramento àqueles direitos, todos fundamentais, deveres
destinados a família, ao Estado e à sociedade. (FONSECA, 2012 p.18).

O dever de cuidar da dignidade, da proteção dos direitos das crianças e


dos adolescentes são responsabilidade não somente da legislação mas de todos,
como disposto no artigo 18 do ECA:

Art. 18 É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente,


pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor. (BRASIL, Lei nº 8.069/1990).

Portanto, a dignidade da pessoa humana é possuidora de um amplo


conceito e abstrato, por ser uma cláusula geral do nosso ordenamento jurídico, é
construtivo destacar que a dignidade assim como é para o adulto é para a criança e
o adolescente, discorre de uma qualidade de um forma que não há que se falar em
ser humano sem falar em dignidade da pessoa humana.
Portanto a violação da dignidade da criança e do adolescente, com a
prática da alienação é notório, e observa-se que tal prática equivale a um abuso
emocional e covarde que culmina na violação de vários direitos fundamentais, assim
37

como a violação da dignidade humana uma qualidade intrínsecas de todos.


Percebemos que o alienador na prática da alienação viola esse direito de forma
indigna, pois usa sua prole no momento em que se encontram em formação
psicológica, e podendo adquirir reflexos em sua personalidade e da integridade
psicológica ao se tornar adulto.

4.1.2 Violação ao Direito à Liberdade

O direito a liberdade impede a interferência no desenvolvimento dos filhos


de modo perspicaz, impedido-os de possuírem seus conceitos, e garantindo seus
direitos à autonomia, e o de autodeterminação de vontade. os filhos enquanto
estiverem sob a autoridade de seus familiares deverá obedecer a hierarquia e suas
regras. Portanto, o alienador não tem o direito de privar a criança ou adolescente do
direito à autonomia privada, tal direito tem como limite a observância da lei, os filhos
tem o direito de escolha nas condições legais, isso interfere no direito de ter opinião
própria poder optar por suas próprias crenças, a sua liberdade de laser como
disposto no artigo 16 da Lei nº 8.069/1990 - ECA:

Art. 16 O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e


estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as
restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV -
brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e
comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da
lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

Resaltamos que o direito a liberdade não é absoluta pois existem limites


perante a autoridade parental como pessoa em desenvolvimento, devendo
obediência e respeito estabelecidos pelos os genitores. Antonio Fonseca confirma
tal entendimento:

Em outras palavras: ocorre limitação da liberdade da criança e do


adolescente quando necessário assegurar a proteção integral dos mesmos.
Assim, a liberdade da criança e do adolescente liga-se à sua condição
peculiar. (FONSECA, 2012, p.56)

A violação do direito a liberdade, se concretiza acerca do sentimento


negativo alimentado pelo alienador, contra o genitor alienado, impedindo a criança
de expressar suas próprias opiniões referente à estes, de maneira que as
38

campanhas negativas passa para criança o sentimento de raiva e traumas referente


ao ex-companheiro acarretando a destruição do direito da prole tirar suas próprias
conclusões.
Portanto, o abuso de autoridade familiar se constitui na alienação
parental, violando o direito a liberdade de opinião e expressão que dispõe artigo 16,
inciso I do ECA. A sede de vingança do alienador desrespeita diretamente o direito
de participar da vida familiar do genitor alienado ao criar obstáculos ou a impedir
esta vivencia.

4.1.3 Violação do Direito ao Respeito

O ECA, no seu artigo 17, dispõe o direito ao respeito, perfaz na


inviolabilidade da integridade, psicológica, física, moral da criança.

Art. 17 O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física,


psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação
da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
espaços e objetos pessoais. (BRASIL, Lei nº 8.069/1990)

É perceptível a preocupação do legislador sobre os direitos individuais da


criança e do adolescentes, o quanto é importante a preservação de sua integridade
física e psicológica, como disposto no artigo do ECA:

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de


negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão,
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais. (BRASIL, Lei nº 8.069/1990)

Portanto, com a pratica da alienação, percebemos que o alienador ao


cometer o abuso emocional, viola diretamente o direito da criança ou do adolescente
contra a sua integridade psíquica e emocional, pode avir causar danos psicológicos
irreversíveis, ou seja o alienador ao destruir vínculo afetivo da prole com ex-
companheiro, que a violência psíquica adquirida, compromete o desenvolvimento
psicológico da vítima alienada, deixando desprovido sua integridade psíquica da
criança que desenvolve a SAP.
Ressalta, que a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 227, que o
Estado, a sociedade e a família, tem a obrigação de fornecer condições necessárias
39

para um desenvolvimento saudável da sua personalidade, que é diretamente


relacionado com o desenvolvimento da integridade psíquica e física da criança e do
adolescente.
Nas palavras da psicóloga Larissa Tavares Vieira e do psicólogo Ricardo
Alexandre Aneas Botta, podemos observar o quanto é devastador essa violação no
artigo intitulado “ O efeito devastados da alienação parental e suas sequelas
psicológicas sobre o infante e o genitor alienado” explicam os danos psicológicos
trazidos com a alienação parental:

Devido ao conflito de lealdade, o filho se sente pressionado a escolher um


dos pais e, conforme ensina Lacan, é justamente essa escolha forçada que
implica em alienação. Françoise Dolto, também assegura que a exclusão de
um dos genitores da vida de um filho constitui anulação de uma parte dele,
enquanto pessoa, representando a promessa de uma insegurança futura, já
que somente a presença de ambos permitiria que ele vivenciasse de forma
natural os processos de identificação e diferenciação, sem desequilíbrios ou
prejuízos emocionas na constituição de sua personalidade. O filho precisa
ter a chance de construir cada genitor a partir de seus próprios referenciais
e não a partir da interpretação de outro. (BOTTA;VIEIRA, 2014, p.1)

Enfim, quando a alienação parental configura uma Desta forma não


restam dúvidas no quanto a alienação parental configura um desrespeito ao direito
de respeito da criança ou adolescente, tendo em conta a Síndrome da Alienação
Parental viola diretamente a integridade psíquica do infante.

4.1.4 Violação do Direito a Saúde

O que encontra-se disposto no artigo 7º , no Programa Criança Feliz, o


direito à vida e à saúde é uma de suma importância para um desenvolvimento
saudável e harmonioso da criança e do adolescente:

Art. 7º A criança e o adolescente têm direitos a proteção à vida e à saúde,


mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam o
nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas
de existência. (BRASIL, Decreto nº 8.869/1990)

É assegurado por este artigo o direito à vida e a saúde, que integra com o
direito ter desenvolvimento saudável e harmonioso, resguardando a sua condição de
hipossuficiência, que através de políticas públicas sócias, o Estado deve garantir sua
efetivação.
40

Com a ação da alienação, o direito é claramente violado, assim como o


direito ao respeito, a dignidade e a liberdade, e consequentemente na maiorias dos
casos a criança ou adolescente desenvolve a síndrome da alienação parental, que
acarreta em destruir a psique saudável, provocando serias sequelas.
A Drª Priscila Correia, disserta sobre os sintomas da SAP, destacando-se as
consequências psicológicas na vítima alienada:

A síndrome uma vez instalada no menor enseja que este, quando adulto,
padeça de um grave complexo de culpa por ter sido cúmplice de uma
grande injustiça contra o genitor alienado. Por outro lado, o genitor alienante
passa a ter papel de principal e único modelo para a criança que, no futuro,
tenderá a repetir o mesmo comportamento. Mas os principais efeitos da
referida síndrome são aqueles correspondentes às perdas importantes
(morte de pais, familiares próximos, amigos etc.). Como decorrência, a
criança passa a revelar sintomas diversos: ora apresenta-se como
portadora de doenças psicossomáticas, ora mostra-se ansiosa, deprimida,
nervosa e, principalmente, agressiva. Os relatos acerca das consequências
da síndrome da alienação parental abrangem ainda a depressão crônica,
transtornos de identidade, comportamento hostil, desorganização mental e
às vezes suicídio. É escusado dizer que, como toda conduta inadequada, a
tendência ao alcoolismo e ao uso de drogas também é apontada como
consequência da síndrome. (FONSECA, 2010, p.57)

4.1.5 Do Desrespeito ao Direito à Convivência Familiar


A criança e o adolescente para um pleno e harmonioso desenvolvimento
de sua personalidade, deve crescer no seio de sua família, em um ambiente de
felicidade, amor e compreensão.
A história brasileira, no âmbito constitucional pode se vangloriar pela
presença constante da Declaração de Direitos Humanos e Garantias individuais do
Cidadão, uma vez que a Constituição Federal de 1988 além de numera-las no seu
artigo 5º, subsumi a doutrina constitucional a declaração especial dos direitos
Fundamentais da criança e do adolescente, proclamando a doutrina da proteção
integral e consagrando os direitos específicos que devem ser universalmente
reconhecidos. Assim devido a maior vulnerabilidade e fragilidade dos cidadãos até
18 anos, como pessoas em desenvolvimento a lei os faz receptores de tratamentos
especiais, por isso, é garantindo a eles, constitucionalmente o princípio da prioridade
absoluta e da proteção integral.
O Estatuto da Criança e do Adolescente faz menção sobre os direito
fundamentais, enfatizando a importância da vida em família como ambiente natural
indispensável para a formação da personalidade desses seres em desenvolvimento,
41

aborda o direito à convivência familiar e a convivência comunitária. Tal direito está


consubstanciado no art.19 do referido diploma legal.

Art. 19 Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no


seio da sua família e excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de
pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. (BRASIL, Lei nº
8.869/1990).

Os filhos têm o direito à convivência familiar com os pais e seus


familiares, e tem a necessidade inata do afeto de seu pai e de sua mãe, porque cada
genitor tem a função especifica no desenvolvimento da estrutura psíquica dos seus
filhos. É considerada uma necessidade essencial para criança e para o adolescente,
visto que é na família que se estabelecem as primeiras relações de afeto, de modo a
propiciar um desenvolvimento sadio ao ser humana em seu processo de formação.
Não há o que se questionar quando a segurança que o âmbito familiar
transmite a criança e o adolescente, proporcionando a garantia da integridade física
e emocional. O menor de 18 anos ao ser criado e educado com os pais, tem a
oportunidade de estar integrado em um núcleo de amor, respeito e proteção.
Contudo nem sempre a família protege os filhos, muitas vezes existe uma
omissão no cumprimento de seus deveres, podendo trazer diversos danos à criança
e o adolescente.
Os valores transmitidos pela família são fundamentais para o suporte
psíquico e para a futura inserção social dos filhos na comunidade, é na convivência
familiar e no circulo mais amplo das relações de vizinhança, de bairro e de cidade,
na escola e no lazer que a criança e o adolescente vão assimilando os valore
hábitos a forma de superar as dificuldades e de desenvolver seu caráter.
Portanto, conviver em família e na comunidade é sinônimo de segurança
e estabilidade para o desenvolvimento de um ser em formação, em contrapartida, o
afastamento do núcleo familiar representa uma grave violação do direito à vida do
infante.

4.1.6 Violação do Direito ao Afeto

Com as modificações dos conceitos de família, hodiernamente, o princípio


evidencia nas relações de família é o princípio da afetividade, as relações passaram
42

a ser ordenadas no afeto, sendo este o principal elemento para unir duas pessoas, e
passou a ser o elemento nuclear da família.
Maria Berenice Dias, que afirma que:

O afeto pode ser traduzido como envolvimento emocional que subtrai um


relacionamento do âmbito do direito obrigacional ,cujo núcleo é a vontade, e
o conduz para o direito das famílias, cujo elemento estruturante é o
sentimento de amor, o elo afetivo que funde as almas e confunde
patrimônios, fazendo gerar responsabilidades e comprometimentos mútuos.
(DIAS, 2015, p.527).

Portanto é facilmente compreendido o fundamento para o princípio da


afetividade nortear as relações interpessoais e familiares, haja visto que com a
evolução da constituição da familiar, o afeto passa a ser o elemento fundador e
estruturador das relações familiares. Percebe-se então, que o direito ao afeto passa
a ser um direito fundamental de todo ser humano, tendo em vista que é uma
necessidade humana intrínseca ao indivíduo, passando a consubstanciar uma das
dimensões da dignidade da pessoa humana.
Desta forma, o infante merece maior cuidado e proteção, devendo a
família zelar pela sua integridade física e psíquica, e neste ponto merece destaque o
direito ao afeto. Como já dito, o afeto é um vínculo emocional de afeição, que está
diretamente ligado a autonomia privada. Ao ponto que não pode o Estado obrigar
alguém a fornecer afeto a outro indivíduo, por este corresponder a uma liberalidade
de cada pessoa.
Na prática da alienação parental constitui total desrespeito ao direito do
afeto e cuidado do menor, de forma que o genitor impeça que o outro genitor
dispense à criança e ou adolescente o afeto, o cuidado, submetendo-se diretamente
contra o direito da criança de receber afeto e cuidado.
Devemos destacar que o afeto fornecido por um dos genitores não
suprime o afeto do outro genitor, ambos são essenciais para a formação psicológica
da criança, ao passo que nenhum deles podem sofrer restrições, portanto, o cuidado
é derivado do afeto.
Este último ganha o valor jurídico, imposição imposta aos genitores,
quanto ao dever de cuidar, de zelar e proteger as crianças e os adolescentes,
enquanto em fase de formação.
Maria Helena Diniz, discorre acerca do tema:
43

O cuidado é “reconhecido como valor implícito do ordenamento jurídico,


haja vista que vincula as elações de afeto, de solidariedade e de
responsabilidade. O cuidado possui ainda um importante papel na
interpretação e aplicação das normas jurídicas, pois conduz a
compromissos efetivos e ao envolvimento necessário com o outro, como
norma ética da convivência. (DINIZ, 2013, p.70)

Desta forma, não há dúvidas de que o cuidado consiste em obrigação


bilateral, que vincula as pessoas relacionadas por um elo, seja ele familiar,
emocional ou financeiro. O fato é que o cuidado é dever imposto aos pais para com
suas proles, cabe aos pais zelar pela integridade física e psíquica da criança e do
adolescente.
O abuso emocional no exercício da autoridade parental, o ilícito consiste
no momento em que o genitor alienador nega o direito da criança de receber afeto
de outros familiares, como isso o afeto é um direito do ser humano e ao mesmo
tempo constitui uma faculdade, haja visto que não se pode obrigar ninguém a amar
alguém.
É importante ressaltar, que o abuso moral quando cometido por um
familiar que tem por obrigação constitucional zelar pelo infante comete contra este
ato ilícito, através da alienação parental, e resulta na violação do dever de cuidado
do outro familiar, que é impedido de exercer o seu dever legal para com sua prole.
Não se pode perder de vista que o ordenamento jurídico visa preservar é
o direito da criança de ter o cuidado que lhe é garantido pelo legislador. O alienador
viola tanto o direito da criança de receber afeto e cuidado, assim como o direito do
genitor alienado de fornecer o afeto que o vincula a sua prole e dispensar-lhe todo
cuidado necessário.

4.1.7 Da quebra do Princípio do Melhor Interesse da Criança

O princípio do melhor interesse de crianças e adolescentes, ou do melhor


interesse, o the best interest, foi introduzido no nosso ordenamento jurídico pela
Magna Carta, e consagrado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Como já
abordado neste trabalho, a nova Ordem Constitucional inovou a visão jurídica que se
tinha acerca do infante que graças a doutrina de proteção integral passa a ser visto
como sujeitos de direito em desenvolvimento.
44

O artigo 3º, item 1 da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989


apresenta o referido princípio:

Art. 3.1 Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por


instituições públicas ou privadas de bem estar social, tribunais, autoridades
administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar primordialmente, o
interesse maior da criança; 3.2. Os Estados Partes se comprometem a
assegurar à criança a proteção e o cuidado que sejam necessários para seu
bem-estar, levando em consideração os direitos e deveres de seus pais,
tutores ou outras pessoas responsáveis por ela perante a lei e, com essa
finalidade, tomarão todas as medidas legislativas e administrativas
adequadas. (BRASIL, Decreto nº 99710/1990)

Desta forma, percebe-se que o fundamento prioritário deste princípio


consiste em assegurar a melhor forma de tratamento possível a atender as
necessidades da criança e do adolescente no fito de proporcionar-lhes sempre o
melhor. Ao colocar os interesses do menor como prioridade a ser observadas e
atendidas.
O autor Antonio Luiz Fonseca, explica o princípio:

O princípio resume-se no fato de que “todos os atos relacionados à criança


deverão considerar os seus melhores interesses. O Estado deverá prover
proteção e cuidados adequados quando os pais ou responsáveis não o
fizerem.” O melhor interesse, portanto, deve ser identificado com os direitos
reconhecidos e originados na Convenção, sendo que, na sua aplicação, a
proteção dos direitos reconhecidos e originados na Convenção, sendo que,
na aplicação, a proteção dos direitos da criança e do adolescente sobreleva
qualquer outro cálculo de benefício coletivo. (FONSECA, 2012, p.13)

Há de se analisar que a prática da alienação parental implica no total


comprometimento do princípio sob análise. Haja visto que o princípio em questão
enuncia que os interesses da criança e do adolescente a necessidade de maior
atenção para o seu atendimento, devendo receber prioridade de tratamento. Para
Antonio Fonseca, o melhor interesse é o princípio orientador tanto para o legislador
como para o aplicador da Lei, determinando a primazia das necessidades da criança
e do adolescente como critério de interpretação da lei, no deslinde de conflitos ou
para elaboração de novas regras. (FONSECA, 2012, p.14)
Sendo assim a alienação parental vai totalmente de encontro com os
interesses da criança e do adolescente, posto que a prática fere os direitos
fundamentais do menor, como já visto neste trabalho, que é o principal prejudicado
com a violação.
45

O abuso do poder familiar concretizado através da alienação parental


acaba por confrontar a integridade psíquica da criança, que tem sua formação
comprometida ante a prática abusiva de seu genitor, que impõe a sua vontade em
detrimento do interesse do menor, o que consubstancia uma grave afronta ao
princípio do melhor interesse do menor.
Marcos Duarte, advogado e doutorando em Ciências Jurídicas, afirma que
é necessário haver harmonia entre a legislação infraconstitucional, o Estatuto da
Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/1990 e os comandos constitucionais para
que se possa observar o que é melhor para se manter a percepção dos interesses
da criança dentro da célula familiar, destaca-se também, que o princípio do melhor
interesse da criança introduz a ideia de que, quando as instituições públicas ou
privadas, autoridades ou tribunais ou qualquer outra entidade estiverem diante da
possibilidade de tomar decisões sobre crianças ou adolescentes, devem considerar
os que lhe sejam mais favoráveis, portanto, quando encontrarem numa situação de
conflito entre os interesses de uma criança ou adolescente e qualquer outro, os
interesses dos menores devem sobrepor-se aos de outras pessoas ou instituições.
(DUARTE, 2010, p.51)
A alienação parental em via de regras, se apresenta diante de uma
situação de conflitos de interesses oriundo da dissolução conjugal, o menor que
participa deste conflito deve ter seus direitos priorizados, se sobrepondo aos demais
interessados, tendo em vista o princípio do melhor interesse do menor, que é
diretamente afetado com tal violação, o desrespeito da doutrina na proteção integral
adotada pelo nosso ordenamento jurídico no direito infanto-juvenil. Já abordada
inicialmente neste trabalho, a doutrina da proteção integral foi expressamente
adotada pela Carta Constitucional de 1988, tendo como pressuposto fundamental a
necessidade de preservação integral do menor, por tal doutrina, a tutela dos direitos
do infante deverá ser de maneira integral, a proteger todas as áreas de condições de
negligência, abuso, ou discriminação.
É incontestável a compreensão de que a alienação parental constitui um
verdadeiro abuso emocional, e um abuso do poder familiar, percebe-se que a
doutrina que visa resguardar o menor de todo e qualquer abuso, negligência ou
discriminação, a referida doutrina é diretamente confrontada com a prática da
alienação parental.
46

Portanto, podemos afirmar que a ação da Alienação parental acarreta na


violação de diversos direitos fundamentais do menor vítima da alienação, o que
demonstra a total ilicitude da prática, uma vez que confronta diretamente vários
direitos fundamentais e garantias fundamentais da criança e do adolescente. A
gravidade de tal abuso moral merece maior atenção e destaque da sociedade, bem
como a aplicação de medidas que possam coibir de maneira mais incisiva a
alienação parental. Diante de todo o quadro demonstrado, percebe-se a violência
emocional tema deste trabalho não pode ser tolerado pela sociedade, mormente
pelo judiciário.
47

5 AS DEFESAS CONTRA À ALIENAÇÃO PARENTAL

A alienação parental é um mecanismos que afeta os aspectos


psicológicos da criança ou adolescente com sua pratica, e com isso algumas
medidas devem ser tomadas com intuito de impedir, ou a menos amenizar a
incidência do referido ato. A melhor forma de reconhecimento dessa a ação
encontra-se na conduta do genitor alienante, do qual denigre a imagem da pessoa
do outro genitor, deixa de comunicar fatos importantes relacionados a vida dos
filhos, entre outros.
Nesse sentido, é de suma importância, não abordar apenas a guarda
compartilhada como prevenção da alienação parental, e refletir acerca da posição
dos tribunais brasileiros, mas também analisar diversas consequências para a
criança e o adolescente quanto aos aspectos psicológicos e comportamentais
apresentados perante um caso de SAP e alienação parental.

5.1 A Guarda Compartilhada como Prevenção da Alienação Parental

A convivência harmoniosa e continua com ambos os pais, na maioria das


vezes refletem o melhor interesse para a criança e para o adolescente, e faz com
que eles compreendam o verdadeiro sentimento de união e solidariedade familiar,
características estas que são indispensáveis à formação e ao desenvolvimento de
qualquer ser humano pois diminui os efeitos do divórcio na vida dos filhos.
Com base neste valores a lei brasileira da guarda compartilhada,
organizou as responsabilidades, as decisões conjunta o tempo de convivência
familiar de cada um dos pais com seus filhos, com isso a guarda compartilhada se
tornou obrigatório nas situações da lide no ordenamento jurídico brasileiro,
estabelece no seu artigo 2° da Lei de guarda compartilhada:

Art. 2º Quando não houver acordo entre mãe e pai quanto a guarda do filho,
encontrando ambos genitores aptos a exercer o poder de familiar, será
aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao
magistrado que não quer a guarda do menor. (BRASIL, Lei nº 13.058/2014)

A Lei da guarda compartilhada, objetiva conceituar-se como um sistema


de corresponsabilidades para pais, ou seja, gerando a oportunidade de ambos os
48

pais exercerem a guarda dos filhos em condições igualitárias, após o rompimento


conjugal destes.
A aplicação da guarda compartilhada viabiliza o melhor interesse da
criança e do adolescente e poderá prevenir a Alienação Parental nos conflitos
familiares, dessa forma ambos os genitores participam da vida de sua prole,
minimizando o sentimento de perda e rejeição que possam adquirir com a mudança
do seu ambiente familiar.
Portanto, cabe dizer que a Lei da Alienação Parental, é possuidora de
caráter educativo, esclarecendo as consequências que a alienação parental pode
causar na criança ou no adolescente em seu processo de desenvolvimento psíquico,
podendo impor como ultimo caso como forma de punição suspender o direito à
guarda. O resente acórdão do Superior Tribunal de Justiça - STJ, reconhece que a
guarda compartilhada deve ser aplicada mesmo que não exista discórdia entre
ambos e que compete ao judiciário impor as atribuições de cada um, de modo a
garantir o melhor interesse do menor:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. GUARDA


COMPARTILHADA. DISSENSO ENTRE OS PAIS. POSSIBILIDADE. 1.
Aguarda compartilhada deve ser buscada no exercício do poder
familiar entre os pais separados, mesmo que demande deles
reestruturações, concessões e adequações diversas para que os filhos
possam usufruir, durante a formação, do ideal psicológico de duplo
referencial (precedente). 2. Em atenção ao melhor interesse do menor,
mesmo na audiência de consenso dos pais, a guarda compartilhada
deve ser aplicada, cabendo ao judiciário a imposição das atribuições de
cada um. Contudo, essa regra cede quando os desentendimentos dos pais
ultrapassarem o mero dissenso, podendo resvalar, em razão da imaturidade
de ambos e da atenção aos próprios interesses antes dos menor, em
prejuízo de sua formação e saudável desenvolvimento (art. 1.586 do
CC/2002). 3. Tratando o direito de família de aspectos que envolvem
sentimentos profundos e muitas vezes desarmoniosos, deve-se cuidar da
aplicação das teses ao caso concreto, pois não pode haver solução que
estanque já que as questões demandam flexibilidade e adequação à
hipótese concreta apresenta para solução judicial. 4. Recurso especial
conhecido e desprovido.(STJ Recurso especial nº 1.417.868 - MG 2013).

Por sua vez, quando os genitores não convivem sob a mesma residência
é necessário à valoração da convivência familiar com a criança ou adolescente,
independente da sua distância ou frequência, para que ocorra de forma adequada é
fundamental a três características, conforme a autora Kátia Regina Maciel:

Demonstrar e reconhecer o amor e os laços afetivos com o filho;


Compreender as preferências do filho sem induzi-los e; Incentivar a
49

continuidade de sua relação afetiva com o outro guardião, sem rancores.


(MACIEL, 2010, p. 85)

5.2 Posição dos Tribunais Brasileiros referindo a Alienação Parental

A cojuntura jurídica brasileira, observa diversas decisões, que se referem


a alienação parental no contexto familiares, porem, constata-se que infelizmente
ainda enfrentamos algumas dificuldades para que seja reconhecida medidas legais
para amenizar e cessar os seus efeitos, é necessário reforçar, que as decisões tem
evoluído com o passar dos anos, no entanto, há muito que evoluir para que
possamos efetivar a doutrina da proteção integral para as crianças e para os
adolescente.
Pelo reconhecimento do ordenamento jurídico a alienação ganhou mais
espaço principalmente na mídia, em ações da vara de família, onde se constata
através de laudos psicológicos à sua existência, que na maioria dos casos se
manifesta na dissolução conjugal, com a disputa de guarda, ou em casos mal
sucedidos com evidente beligerância entre os pais, manifesta-se a Alienação
Parental, conforme jurisprudências colacionadas:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS


PATERNAS. SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL. O direito de
visitas, mais do que um direito dos pais constitui direito do filho em
ser visitado, garantindo Le o convívio como genitor não guardião a fim
de manter e fortalecer os vínculos afetivos. Evidenciando o alto grau de
beligerância existente entre os pais, inclusive com denuncias de episódio de
violência física, bem como acusações de quadro de síndrome da alienação,
revela-se adequada a realização das visitas em ambiente terapêutico.
AGRAVO DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE PROVIDO
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. RELAÇÃO DE
CONFLITUOSIDADE ENTRE OS GENITORES. ALIENAÇÃO PARENTAL
PRÁTICADO PELA GENITORA. MANUTENÇÃO DO LAR DE
REFERÊNCIA MATERNO. JUÍZO DE PROPORCIONALIDADE. PRINCÍPIO
DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. AMPLIAÇÃO GRADATIVA DO
REGIME DE VISITAS. GUARDA COMPARTILHADA. 1.A prática da
alienação parental perpetrada pela mãe pode acarretar para o menor
prejuízos em seu desenvolvimento psicológico. Ademais a prática dessa
reprogramação da criança fere o seu direito fundamental à convivência
familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com o genitor
e constitui abuso moral contra a criança. Tal prática é fortemente repelida
por nosso ordenamento jurídico, devendo o alienante estar atento
quanto ao bem estar físico e psicológico da criança, sob pena de arcar
com as consequências de atos por ele praticados e que possa prejudicar o
menor, seja de forma direta ou indireta. 2. Determinar a mudança para o lar
paterno, apesar de ser cabível legalmente, pode ser traumático para a
criança, pois durante o curso do processo restou demonstrado que o filho
sempre residiu com a mãe e já passou meses sem ter contato com o pai. 3.
Neste momento, ampliar o regime de visitas do pai e construir
50

paulatinamente uma relação mais amorosa com o filho pode amenizar


os efeitos deletérios da alienação no estado psicológico da criança e, aos
poucos, resgatar relação entre eles. 4. Ao realizar o juízo de ponderação
entre as sanções previstas na lei e o princípio do melhor interesse do
menor, este deve preponderar. Apelo conhecido e parcialmente provido. 6.
Apelo adesivo conhecido e desprovido. (TJDFT, segredo de justiça nº
0047438-51.2013.8.
07.0016)

Dessa forma, no caso concreto, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal


decidiu que a prática da Alienação Parental fere o direito fundamental à convivência
familiar e deve ser fortemente repelida pelo ordenamento Jurídico. Alem disso, foi
determinada a manutenção da criança no lar materno e a ampliação do regime de
visitas do pai, para amenizar os efeitos da alienação no estado psicológico da
criança.
Ainda, evidenciando indícios de alienação parental há a possibilidade de
alteração de guarda da criança e os julgados a seguir estabelecem os fundamentos:

ALTERAÇÃO DE GUARDA. SUSPENÇÃO DO PODER FAMILIAR.


AUSENCIA DA PROVA DO ALEGADO. ABUSO SEXUAL E MAUS
TRATOS E NEGLIGÊNCIA POR PARTE GENITOR. PRELIMINARES DO
CERCEAMENTO DE DEFESA E NULIDADE DO PROCESSO
INOCORRÊNCIA. 1. Inocorre cerceamento da defesa se a parte desistiu da
oitiva das testemunhas. 2.(...) 3. Mostra-se descabida a alegação de que
não teve oportunidade de se manifestar sobre o documento juntado ao
autos, quando sequer tal documento serviu para dar suporte à procedência
da ação. 4. Não tendo restado provado o abuso sexual, maus tratos e
negligência por parte do genitor, e havendo indícios da possibilidade
de um processo de alienação parental, mostra-se cabível a suspensão
do poder de família por pare da genitora, com transferência da guarda
da filha ao pai. 5. A alteração da guarda, no caso, constitui medida de
prudência, merecendo ser observado que conforme a evolução do caso, o
poder familiar poderá vir a ser restabelecido oportunidade. Recurso
desprovido. (TJ nº 70050201045)

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE DIVÓRCIO - ALTERAÇÃO DA


GUARDA DOS FILHOS MENORES - PRINCÍPIO DO MELHOR
INTERESSE DAS CRIANÇAS - INDÍCIOS DE ALIENAÇÃO PARENTA
EXERCIDO PELO PAI - PARECER PSICOSSOCIAL - DEMONSTRAÇÃO
DE CONDIÇÕES FINACEIRAS E PSICOLÓGICAS DA GENITORA PARA
EXERCER A GUARDA SOBRE OS FILHOS - DECISÃO MANTIDA -
RECURSO IMPROVIDO. Em face do princípio do melhor interesse da
criança, somando-se ao fato que haver fortes indícios de que os menores
estão sofrendo alienação parental por parte do pai e avó paterna, afim
de impedir o convívio com a mãe, a alteração da guarda provisória, para
que passe a ser exercida pela genitora, é medida que se impõe.

Ademais, é importante resaltar que a prática da alienação parental pode


envolver falsas acusações de abuso sexual. O genitor guardião relata a profissionais
competentes, tais como psicólogos, pediatras, assistentes sociais, juiz, promotor de
51

justiça, entre outros, que o filho foi exposto a um gravame incestuoso por parte do
genitor alienado. Nesse sentido, à luz de um caso concreto, tem se manifestado o
Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS. ACUSAÇÕES DE OCORRÊNCIA DE


ABUSO SEXUAIS DO PAI CONTRA OS FILHOS. AUSÊNCIA DE PROVA.
SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL CARACTERIZADA.
DESPROVIMENTO DO RECURSO. É indispensável a fixação de visitas ao
ascendente afastado do constante convívio com os filhos, em virtude do fim
do casamento dos pais, conforme prescreve os artigos 1589 e 1632 do
Código Civil. A prática de abusos sexuais deve ser cabalmente
comprovada, sob pena de inadmissível o afastamento do pai da criação da
prole, medida esta que culmina em graves e até mesmo irreversíveis
gravames psíquicos aos envolvidos. O conjunto probatório que não
demonstra o abuso sexual sustentado pela genitora com autoria
atribuída ao pai dos infantes, aliada as demais provas que comprovam
a insatisfação dos filhos com o término do relacionamento do casal,
inviabiliza a restrição do direito de visitas atribuído ao ascendente
afastado da prole, mormente diante da caracterização da síndrome da
alienação parental.

Desta maneira, após breve relatos das decisões, verificamos como é a


posição dos tribunais brasileiros em situações que envolvem a Alienação parental,
além disso, qualquer violação do direito à convivência familiar por parte dos
genitores da criança e do adolescente configura um exercício abusivo do poder
parental sujeito, inclusive, a suspensão ou até mesmo à perda do referido poder
familiar.
Percebe-se que a doutrina e a jurisprudência pátria estão despertando
para o assunto em comenta, aderindo ao reconhecimento da necessidade de serem
adotadas providencias práticas para coibir a alienação parental.
Nesta perspectiva, o psicólogo Jorge Trindade, enfatiza que os meios
jurídicos e a jurisprudência brasileira precisam tomar conhecimento da teoria de
Gardner:

Antes desconhecida, uma vez nomeada e bem definida, parece que cada
vez mais se constata a existência de danos causados aos filhos em virtude
de Síndrome da Alienação parental. (TRINDADE, 2004, p 155)

Por isso cabe destacar que :

Sem um tratamento adequado, a Síndrome pode produzir sequelas capazes


de perdurar pela a vida adulta, gerando um ciclo de repartição
intergeracional. (TRINDADE, 2004, p 155)
52

5.3 A Respeito da Lei Nº 12.318/2010

A Lei da Alienação Parental, representa um marco histórico que introduz


na legislação nacional um mecanismo jurídico de eficiente combate à síndrome a
alienação parental e finque definitivamente na raiz do consciência brasileira a
existência destas tormentosa aflição criada pela maldade humana e que faz com
que os genitores vivam sempre atormentados pela prática corrente da síndrome da
alienação parental, ela ainda transita livremente no intimo das famílias brasileiras
sem que no passado a sua existência tivesse sido claramente identificada, sem que
seus males tivessem sido igualmente identificados e em toda a sua extensão.
A referida Lei em seu artigo 1º, provoca o importante afeito de dar
visibilidade e compreensão da síndrome da alienação parental, definido no ano de
1980 como distúrbio infantil presente entre casais em rompimento conjugal, ou em
crise afetiva, movidas por vingança e ressentimentos desencadeados pela
indiferença e separação, que induzem os filhos, em silenciosa prática, a odiarem o
outro genitor, servindo-se da inocência, proximidade, confiança e dependência
dessas pequena impotentes vitima, cuja a realidade fática é produto dessa
misteriosa dinâmica de milhares de dissensões afetivas que terminam afetando
diretamente os filhos em função dos conflitos.
A Assembleia Geral Das Nações Unidas, ao promulgar a Declaração dos
Direitos da Criança, buscou garantir as oportunidades e facilidades necessárias ao
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social da criança por meio de 10
enunciados e, dentre estes princípios, consignou ser necessário para o
desenvolvimento completo e harmonioso de uma criança que ela disponha de amor
e compreensão em um ambiente de afeto e de segurança moral e material, sempre
que possível sob cuidados e responsabilidades dos pais, mas ressalvou que , salvo
circunstâncias excepcionais, a criança de tenra idade jamais seria afastada da mãe,
exaltando, por todos os ângulos, a prioritária guarda materna dos filhos, porque só
como exceção a guarda deixaria de ser outorgada à mãe, e mesmo quando ambos
os pais fossem culpados pela separação, ainda sim a genitora teria o direito de
manter seus filhos menores em sua companhia, ficando ela responsável de
reorganizar o grupo familiar.
53

Considera o ato de alienação uma interferência maligna na formação


psicológica da criança e do adolescente, promovida ou induzida por um dos
genitores, ou mesmo por terceiros que estão próximos do menor, quer em
decorrência dos vínculos de parentescos, como ocorre com avós, tios e ate mesmo
irmãos maiores e capazes ou pessoa que tenham a criança ou adolescente sob sua
autoridade em razão de guarda ou vigilância, sempre tendo como objetivo destruir o
vinculo com o outro. Em seu parágrafo único, identifica exemplificativamente
algumas hipóteses de alienação e prescreve que seu exercício fere diretamente o
direito fundamental da criança e do adolescente, consistente em uma saudável e
fundamental convivência familiar, prejudicando com obstruções ou impedimentos de
contato, a realização de afeto nas relações com o genitor e com o restante de seu
grupo familiar que constitui um verdadeiro abuso moral o descumprimento de
deveres inerentes à autoridade parental.
Salienta-se também sobre a violação dos direitos fundamentais do
infante, com a pratica da alienação parental. os direitos fundamentais são aqueles
direitos indispensáveis à pessoa humana sendo essenciais para uma existência
digna, livre e igualitária. A Lei da Alienação Parental, o seu artigo 4º, é de vital
importância para um enfrentamento minimamente eficiente capaz de frear os atos de
alienação parental que começam a ser detectados nas relações de filiação de casais
em litígio, sendo imprescindível, para o sucesso e a preservação da integridade
psicológica da criança ou do adolescente, a ocorrência de uma rápida, segura e
energética intervenção do poder judiciário quando alertado da existência de indícios
de alienação parental.
A identificação da prática de alienação parental não é nada fácil e maiores
dificuldades surgem quando em seu estágio extremos envolvem alegações de
abusos sexuais ou físicos da criança ou do adolescente. Essa empreitada deve ser
delegada a quem tem conhecimento tecnológico , e o magistrado precisa desse
auxílio técnico para compreender e interpretar os fatos, inclusive ter um especialista
no momento do depoimento do incapaz, como ordena o artigo 699 do CPC. Com a
prova pericial o juiz confia às pessoas técnicas o oficio de examinarem em questão
de fato que exige conhecimentos especiais, para deles obter um parecer
juramentado.
A prova pericial decorre da necessidade de ser demonstrado no processo
fato que depende de conhecimento especializado, que está acima dos
54

conhecimentos da cultura médica, não sendo suficientes na manifestações leigas de


testemunhas e depoimentos que apenas iriam discorrer sobre fatos a sua
existência.
Portanto a Lei 12.318 de 2010, foi instituída para, principalmente coibir a
prática da alienação desde seu princípio, naqueles casos ainda considerados leves
ao menor sinal ou indício de ocorrência de alienação, representadas por condutas
ensaiadas, em regra pelo genitor possuidor da guarda, buscando dificultar a
convivência do menor com o genitor alienado, detectando o juiz a existências de
atos de bloqueio das visitas e de contato com o pai ou a mãe que não detém a
custódia da prole, autoriza o artigo 6º da Lei de alienação parental que o juiz faça
cessar desde logo, declinadas nos incisos subsequentes ao dispositivo em
destaque, sem detrimento de alguma ação de responsabilidade civil ou criminal e,
certamente, sem prejuízo de outras medidas judiciais não previstas expressamente
na Lei, mas toda eles intimamente vinculadas à gravidade do caso.
Qualquer uma das medidas sugeridas pelos incisos I a VII do artigo 6º,
não impede e autoriza a ação autônoma de indenização por perdas e danos, ou da
concomitante ação por responsabilidades criminal. A indenização por dano moral ou
material é admitida pelo ordenamento jurídico brasileiro e tem especial referencia na
Lei da Alienação Parental, diante dos notórios prejuízos de ordem moral e material
causados pela propositura e injustificada alienação dos filhos ao outro genitor, e até
mesmo em relação aos avós ou irmãos da criança ou adolescente alienado.
Portanto, pais alienadores que apresentam personalidades vulneráveis.
perante os conflitos que emergem da separação podem até não ser
conscientemente maliciosos, mas agridem emocionalmente seus filhos, que sofrem
essa violência por parte de um pai e dele se distanciam.
55

6 CONCLUSÃO

O trabalho, apresentou a violação dos direitos fundamentais da criança e


do adolescente com a prática da Alienação Parental, verificou-se que com o
crescimento dos tipos de famílias, houve proporcionalmente um aumento na
quantidade de separações e de divórcios, e com isso as mudanças no campo social,
jurídico e legislativo foram inevitáveis. A família é a base que fundamenta a
personalidade do ser humano, por isso, mesmo com rompimento da vida conjugal
deve -se preservar o direito a convivência entre pais e filhos, proteção essa prevista
pela Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Identificou-se que através da Alienação Parental a criança possa a vir
adquirir a Síndrome de Alienação Parental, que é considerado um distúrbio, do qual
ocorre em especial com crianças menores de idade, expostas às disputas judiciais
entre seus pais, pois atinge a integridade psíquica e emocional de um ser humano
em desenvolvimento, bem como os deveres e valores dispostos no ECA. Trata-se
de uma situação em que um dos genitores ou responsável, disputam a guarda da
criança e a manipulam condicionando-a ao rompimento dos laços afetivos com um
dos genitores.
Verificou-se, que nessa perspectiva a Alienação Parental é uma forma
grave de abuso contra a criança e o adolescente, pois viola aos Princípios da
Dignidade da Pessoa Humana e do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente,
e que os meios de proteção não são apenas as leis e as doutrinas sobre o assunto,
mas sobretudo, os próprios pais, que devem ter consciência sobre o que estão
fazendo para com os filhos ao tentarem usa-lós como peças de um jogo de
vingança.
A Lei da Alienação Parental, criou mecanismos para inibir qualquer
tentativa, movimento ao contrário e prejudicial aos princípios de melhor interesse da
criança e do adolescentes, especialmente quando essa ofensa surge de atitudes
causadas pelos próprios genitores e seus familiares mais próximos. Situação da qual
em que todos eles deveriam ser os primeiros defensores do respeito e dos direitos
fundamentais da criança e do adolescente. E para proporcionar uma forma suficiente
de resolver a questão fora aprovada a Lei 13.058/2014, para regulamentar a guarda
compartilhada, prevê a forma participativa de ambos genitores na criação e
56

educação da prole, sendo eficaz para a diminuição da alienação ou até mesmo a


possibilidade de sua extinção, fazendo que ambos tenham responsabilidades e
poderes familiares igualitários, mantendo assim os direitos da criança e do
adolescente garantidos.
57

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