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PERSONAGENS
MÃE: - Meu nome é Chapéu Rosa, sou mãe da Chapeuzinho Vermelho e filha da dona
Chapelão Azul. E então? ... É um prazer estar aqui com vocês.
MÂE: - Ai, é você, Pombo-correio? Você tem uma mensagem para mim? Ah, já sei, foi a minha
mãe, não foi?Eu sabia! Ela não está bem, é isso? Eu sabia! Muito obrigada e até logo, que eu
preciso chamar a minha filha!
A mãe sai do palco e o pombo fica com cara de “não estou entendendo nada” e diz:
POMBO: - Parece que dona Chapéu Rosa não precisa ler a mensagem para saber o que ela diz,
certo? (olhando para o público)
Errado, quem mandou querer adivinhar! Vai ter uma surpresa!
O pombo sai de cena por um lado do palco e a mãe entra pelo lado contrário, com uma cestinha
na mão.
Entra Chapeuzinho Vermelho. Ela tenta falar alguma coisa, mas a mãe a interrompe:
MÃE: - Minha pétala de flor, leve esta cesta com lanche caprichado para a sua avó, porque ela
está doente!
MÃE: - Mas vá pelo caminho que eu ensinei, você se lembra do caminho certo para casa da sua
vovozinha? Lembra é claro. Eu sabia. E prometa que vai voltar antes de anoitecer. Isso, boa
menina.
Chapeuzinho: - Mas espera aí, mamãezinha linda do meu coração! A senhora não me deixou
falar nada, respondeu às suas próprias perguntas e nem me perguntou se eu tenho medo de
andar sozinha pela floresta.
MÃE: - Está bem, está bem! Você tem razão. Bibi, você tem medo de andar sozinha pela
floresta?
CHAPEUZINHO: - Não, mamãezinha querida linda do meu coração. Eu acho até gostoso.
A mãe boceja, olha para a sua mão, onde ainda está a mensagem, e a coloca no bolso do
avental. E sai de cena.
Enquanto toca a música a mãe lava roupa, passa roupa, varre a casa e lava louça...
MÃE: - Leve para a minha mãe este bilhete e bem rápido, por favor, você pode fazer isso? Pode,
é claro. Eu sabia! Até logo.
POMBO: - Até.
O pombo sai de cena.
MÃE: - Já anoiteceu! Mas o que pode ter acontecido com a minha Bibi?
Nesse momento, a mãe põe a mão no bolso do avental, tira o bilhete que a mãe lhe mandou, e
diz:
MÃE: - Mas será possível que o que está escrito no bilhete que minha mãe me mandou de
manhãzinha não era o que imaginei que era?
MÃE: - “Querida filha, estou me sentindo ótima e por isso vou dar um pulinho na cidade. Beijos
da sua mãe”.
MÃE: - Ai não! Eu mandei minha filhinha para casa da avó e ela deu com a cara na porta. O que
será que aconteceu com a minha linda filhinha!?
A mãe desmaia.
A mãe acorda. Os três abrem a boca para falar, mas a mãe interrompe, olhando para
Chapeuzinho:
MÃE: - Aí, que alívio, meu amor! Você está bem! Mas está com cara de fome! Vamos todos
tomar uma sopa, que eu prometo que vou deixar vocês me contarem tudo, tudo o que
aconteceu, tim-tim por tim-tim!
- LOBO: - Mau? Se eu tivesse tempo, energia e paciência sobrando, eu poderia discutir esse
adjetivo. Para você (aponta para alguém da plateia) eu posso ser mau, muito mau,
“mauzíssimo”, porque eu caço, mato, mordo, mastigo e engulo outros bichos, mas você já tentou
ver isso do meu ponto de vista? Se eu não caçar, como é que eu vou almoçar e jantar?
O lobo para de falar e dá um suspiro. Nessa hora entra no palco Chapeuzinho Vermelho.
LOBO: - Eu? Bem... eu sou o ... meu nome é ... L. M. Mas vamos ao que interessa: aonde você
vai assim, tão satisfeita?
CHAPEUZINHO: - Levar comida para a minha vovozinha que está doente, coitadinha, mas eu
tenho que tomar cuidado porque tem um lobo mau que mora nesta floresta.
LOBO: - É melhor eu me cuidar, né, Babá, quer dizer Bebé, quer dizer Bibi?
CHAPEUZINHO: - É sim...
LOBO: - Acho melhor a gente ir cada um para o seu lado, agora mesmo.
LOBO: - Mas por aí você vai dar uma volta muito grande! É melhor você ir pelo caminho do lago.
LOBO: - De nadíssima.
CHAPEUZINHO: - Mas espera aí! L.M. são as primeiras letras de que nomes, hein?
LOBO: - É... quer dizer, L. M., não são as iniciais de Lobo Mau, tá? É... meu nome é... Luiz
Marcelo.
AVÓ: - Quem é?
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AVÓ: - Bibizinha! Sua voz está muito rouca! Você está resfriada?
LOBO: - Estou sim, vovozinha querida! (fazendo voz fina)
LOBO: - É agora que eu vou morder, mastigar, engolir e digerir esta senhora! (o lobo fala com a
voz grossa, do lado de fora do palco)
O lobo aparece (com o chapéu azul da vovó) e diz (com voz fina):
LOBO: - Que bom que você veio, Babazinha, quer dizer, Bebezinha, quer dizer, Bibizinha!
Chapeuzinho desconfiou daquele jeito de falar da avó, chegou mais perto, o lobo a agarrou e a
arrastou para a coxia. (ouvem-se barulhos de pancadas)
Narrador: Olhem só quem está chegando! Ainda vai ter mais pancadaria.
CAÇADOR -: Olá, como vai, tudo bem? Comigo também, obrigado. Por favor, é aqui que uma
senhora e uma menininha estão sendo atacadas por um lobo mau?
CAÇADOR - Obrigado!
O Caçador entra e agarra o lobo e lhe das umas pancadas. O caçador o carrega para fora do
palco e o deixa lá.
LOBO: - Olha só, senhor caçador! Eu tenho esposa e filhos pra sustentar!
CAÇADOR: - Está bem, vamos fazer o seguinte: você desaparece dessa parte da floresta e não
volta nunca mais (estendendo a mão), combinado?
Os dois se cumprimentam, o caçador atira para o alto, o lobo solta gemidos, fingindo que
agoniza e morre.
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LOBO: - Ai, ui! Estou ferido, muito ferido, estou feridíssimo, feridíssimo! Sinto que vou morrer, ai,
ui, e é pra já! Ai ... ui.
LOBO: - Uau, mas que coisa genial! Aqui por perto tem um porquinho!... Não, tem dois
porquinhos!... Não, têm três porquinhos! Me dei bem! Estou feito! Feitíssimo! Feitíssimo! Fui!
A avó de Chapeuzinho entra no palco com papel e caneta na mão, para escrever uma carta para
sua filha Totó. A avó é chique, sofisticada e um pouco metida a besta.
POMBO: - Oi.
AVÓ: - E escreva aí para mim, porque eu não sei onde deixei meus óculos. Posso ditar?
POMBO: - Pode.
AVÓ: - Querida Totó, estou me sentindo ótima e por isso vou dar um pulinho na cidade. Beijos,
mamãe.
AVÓ: - Leve isso já para a minha filha. Muito agradecida e até logo.
POMBO: - Até.
Ele se vai.
AVÓ: - Ora essa, eu não posso sair por aí sem meus óculos! Sou uma estilista de moda
renomada. Não fica bem eu sair por aí, com todo meu glamour, sem enxergar ninguém!
AVÓ: - Quem é?
AVÓ: - Bibizinha! Sua voz está muito rouca! Você está resfriada?
AVÓ: - Olá, venha aqui, chegue mais perto para que eu possa te abraçar!
LOBO: - (fazendo voz fina) Que bom que você veio, Babazinha, quer dizer, Bebezinha, quer
dizer Bibizinha!
CHAPEUZINHO: - Vovozinha querida!... Mas espera aí, a senhora está muito esquisita!
LOBO: - (fazendo voz fina) Não me chame de senhora e, como assim, esquisita, ora essa?
LOBO: - Ah, isso? Bem... eu... ora essa, eu estou com um macacão feito de pele! Gostou?
Enquanto isso, a vovozinha vai saindo de baixo do tapete e se preparando para dar uma
pancada no lobo com uma panela muito grande.
LOBO: - Mas esses bichos são como as ovelhas, o pelo deles cresce de novo.
CHAPEUZINHO: - Senhor Luiz Marcelo! O que o senhor está fazendo aqui, com o chapéu da
minha avó?
Nesse momento a avó da uma pancada na cabeça do lobo. O lobo gira e cai no chão.
NARRADOR: Vou ficar aqui fora...caso contrário vai sobrar pra mim!
CAÇADOR: - Olá, como vai, tudo bem? Comigo também, obrigado. Por favor, é aqui que uma
senhora e uma menininha estão sendo atacadas por um lobo mau?
LOBO: - Posso ir embora, gente? Eu estou muito arrependido e prometo que nunca mais ataco
nenhum ser humano!
AVÓ: - (falando para o caçador) Eu acho que ele devia se transformar num lindo casaco!
CAÇADOR: - Eu acho que ele merece uma chance.
AVÓ: - Uma chance para ele fazer o quê? Atacar outras pessoas indefesas?
AVÓ: - Para você eu sou dona Berenice! E você devia ter pensado melhor antes de se
comportar como um animal!
AVÓ: - (falando para o caçador) Faça o que você acha que deve ser feito!
CHAPEUZINHO: - Que feio, vovozinha querida! A senhora vai deixar ele atirar no lobo! Acho que
eu nem gosto mais da senhora, viu?
AVÓ: - Não se preocupe! Eu conheço o Adamastor. Ele não vai matar esse lobo, não vai
mesmo! E o bichão merece levar pelo menos um susto! Vamos espiar!
As duas ficam no canto do palco, perto da coxia, tentando escutar o que está acontecendo.
AVÓ: - Ele vai atirar sim, mas para o alto! Ninguém vai se machucar!
Ouve-se um barulho de tiro. As duas vão para o centro do palco e cochicham para o público.
CAÇADOR: - Olá! Você não precisa ter medo de mim. Eu já fui um caçador. Mas hoje em dia eu
sou guarda florestal e meu trabalho agora é proteger os animais dessa floresta.
POMBO: - Legal.
CAÇADOR: - Eu não sabia que vários dos bichos que eu caçava estavam sumindo do mapa.
POMBO: - É?
CAÇADOR: - Quando eu descobri que por causa de pessoas como eu vários bichos iam deixar
de existir, eu decidi parar. E para me redimir, resolvi fazer o oposto do que eu fazia.
POMBO: - Legal.
Ouvimos, fora do palco, a voz da avó, chamando:
POMBO: - É.
Demora um pouco e entra novamente em cena o pombo com uma cara de preocupação. Se
aproxima do caçador, que está observando-o.
POMBO: - Quero.
POMBO: - Não!
CAÇADOR: - Tem gente cortando árvores sem ter licença para fazer isso?
POMBO: - Não! (faz uma mímica de alguém atacado por outro alguém)
POMBO: - Está! (faz mímica de criança e senhora sendo atacadas por lobo)
CAÇADOR: - Uma menininha e uma senhora estão sendo atacadas por um lobo?
POMBO: - Estão!
CAÇADOR: - Onde?
Fica tudo escuro no palco. Alguns segundos depois, acende a luz e mostra a casa da vovó.
Nesse momento, acende um o foco de luz em cima do lobo deitado no chão e Chapeuzinho ao
seu lado.
O caçador aproxima-se e diz:
AVÓ: - Adamastor!
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AVÓ: - Eu sabia que podia contar com você, o melhor genro do mundo, Adamastor!
LOBO: - Não acredite no que elas vão dizer, por favor! São duas pessoas irresponsáveis, que
acreditam que todo lobo é mau.
O caçador pega o lobo e saem do palco, enquanto Chapeuzinho e vovó se abanam em sinal de
alívio.
NARRADOR: E assim, o dia da dona Chapéu Rosa, do Lobo, da dona Chapelão Azul, do senhor
Adamastor e da Chapeuzinho Vermelho acabou bem. E então viveram todos felizes para
sempre. Se bem que para sempre é um tempo longo demais!