Você está na página 1de 26

ROTEIRO CEI EM CENA

"ENTRE OS MUROS DA ESCOLA"

Personagens: (6 meninas e 5 meninos)


TURMA: 2AM
- Macabéa (protagonista)
- Olímpico (protagonista)
- Conceição (tia) (atuação figurante)
- Suellen
- Raquel
- Bill (amigo 1)
- Júlio (amigo 2)
- Diretor Ataíde (também é Frei)
- Geraldão (dono da escola)
- Jornalista (atuação figurante)
- Zeladora (atuação figurante)
- Rapaz do sonho ( atuação figurante )

ROTEIRISTAS:

Rafael Ataíde
Beatriz Lucena
Júlia Xaxá

1
2020

Prólogo - Morte de Macabéa

( - em off - anda numa rua deserta, apressado,entra em alguma viela e depara-se com a
casa almejada. Parado e fixando o olhar no número, ele pega o celular e envia mensagens
de texto para uma mulher misteriosa)

(isso não pode estar claro, muito menos pode aparecer a identidade de - , queremos fazer
essa cena de casaco com capuz e sem voz justamente para dificultar o reconhecimento
dele)

MENSAGEM DE TEXTO

- O que aconteceu com ela?

- Calma, Vou lhe contar tudo que eu sei.

(Macabéa está deitada no chão, morta, rodeada de uma multidão. Sirenes ecoam, há
murmúrios sobre o que aconteceu. A médica entra em cena e analisa Macabéa; fala
alguns termos jurídicos. Há o som de uma ambulância, a jornalista em cena
acompanhada do cameraman).

Jornalista
- Estamos aqui ao vivo na avenida * em frente ao colégio Sagrado Coração. A vítima,
conhecida como Macabéa, que era bolsista nessa instituição, foi encontrada morta
hoje cedo pela zeladora da escola. Até o presente momento, ninguém apareceu
para reconhecer o corpo, e ela não possuía nenhum documento que confirme a sua
identidade... A zeladora afirma ter presenciado a cena. Vamos ouvir o que ela tem a
dizer:

Zeladora
- Olha doutora, o que aconteceu mesmo eu não ví. Mas que negócio esquisito! Tudo
aqui na escola fica bem vazio de noite e eu tinha que terminar meu serviço no
estacionamento. Do nada, uma menina estirada no chão segurando uma arma.
Acredito que tenha se matado. Meu deus, nunca vi nada tão horrível.

Jornalista
- Obrigada pela declaração, Maria. Aqui quem fala é Lisa Lorenna do canal Alô Brasil
transmitindo notícia diretamente para você, voltamos já já com atualizações sobre o
caso. (voz continua e imagem vai desaparecendo)

(para a gravação, a jornalista senta em um banco para descansar e se arruma um


pouco)

PARTE 2 DA CENA 1- O Sonho de Macabéa e a Saída de Casa

2
(Macabéa está cercada de rapagões bonitos ao lado dela, no que tudo indica a ser um
local chique. Eles flertam e um deles dá um passo a frente e fica a sós com ela,
enquanto os outros se divertem. Eles conversam. A química aumenta.)

Olímpico/Bill/Julio
- Roi, Letícia né

Macabéa
- Não. Macabéa.

Olímpico/Bill/Júlio
- Que nome lindo...

(Macabéa o segue, mas de repente, começa a soar um barulho de despertador muito


alto. Os rapazes começam a sair em desespero; ela acorda em seguida, ainda com o
despertador tocando).

Tia
- ...Macabéa! Levanta menina!

Macabéa
- (acorda com uma angústia eletrizante) NÃO, NÃO...

(Tia entra em cena)

Tia
- Vamos acordando Macabéa, se não a gente vai se atrasar! Bora, temos que ir. Tá
achando que porque conseguiu uma bolsa numa escola de burguês vai viver uma
vida de donzela?! Coitada. Arrume logo suas coisas que já tão chegando pra nos
buscar (puxa o lençol e Macabéa cai no chão) Se arrume logo! Não vou ficar
esperando muito. Bora, bora, bora!

(Tia sai. Macabéa começa a arrumar rapidamente suas coisas em uma pequena mala.
Sai após fechar a mala)

(Fazer takes dela meio que se arrumando. Arrumando a mala, as roupas, o cabelo,
essas coisas. Depois,

CENA 2 - Chegada à escola no Rio

(Macabéa está na escola e vai à diretoria. O diretor estará jogando Candy crush até
ouvir que alguém estava batendo na porta, ajeitando-se então da sua posição
relaxada de forma, cômica e desengonçada para atendê-la)

Macabéa

3
- Olá, licença, você que é o Frei Ataíde?

Diretor Ataíde

- Sim, sou eu mesmo. E você...

Macabéa

- Eu sou Macabéa. Sobrinha da Conceição.

Diretor Ataíde

- (fala com empolgação) Ah, sim. Seja bem-vinda, minha querida. É muito bom tê-la
aqui conosco. Você se parece tanto com ela...

Macabéa

- Muita gente fala isso. Acham que a gente é mãe e filha...

Diretor Ataíde

- Então, já conheceu as nossas instalações? É um modelo internato, ou seja, quer


dizer que vocês moram aqui também. Quero que você conheça tudo, é um privilégio
você poder estar aqui conosco. Aliás, Eu mandei um professor pra ficar lá na frente
te esperando.

Macabéa

- Um moço disse que tava com pressa e mandou eu vir pra cá.

Diretor Ataíde

- Que moço? um alto, moreno, que parece o professor da Casa de Papel?

Macabéa

- Casa de papel? Já tinha visto de taipa, mas de papel é novidade.

Diretor Ataíde

- André Vianna aquele preguiçoso... Era para ele te mostrar o lugar… (Olímpico
entra)

Olímpico

- Ô Frei Raimundo, tá aqui a relatório que o senhor pediu. (música romântica,


enquanto os dois se olham pela primeira vez) - (I wanna know what love is)

Diretor Ataíde

- Perfeito, meu filho, obrigado. (o menino já saindo) Olímpico, vem cá, aproveitando
que você tá aqui, me faz um favor: mostre a escola pra essa mocinha. Ela acabou

4
de chegar. (os dois se apresentam envergonhados) Comece pelos dormitórios.
Macabéa, está aqui a sua chave.

(Macabéa e Olímpico caminham. Durante o caminho ele mostra, apontando, alguns


lugares da escola) (plano sequência)

CENA 3

Olímpico

- Então... de onde você é? porque carioca claramente você não é.

Macabéa

- Nordeste. e você?

Olímpico

- Eu também. Mas moro aqui desde que nasci, praticamente, por isso meu sotaque
não é tão carregado. Meus pais são de Alagoas. Vieram pra cá tentar arrumar
emprego, acabei conseguindo uma bolsa aqui no Sagrado por sorte mesmo. Eu sou
muito inteligen
- te.

Macabéa

- Eu não me acho inteligente, mas minha tia sempre falou que eu sou desprovida de
inteligência. Então, deve ser coisa boa.

Olímpico

- Isso mesmo. Eu já estudei sobre esse termo em algum dos milhares de livros que eu
já li. Pena que não consigo me lembrar agora qual... é tanto conhecimento que eu
tenho que eu acabo me perdendo. (Macabéa esboçou um sorriso, estava
interessada pelo rapaz) (chegam no dormitório)

Olímpico

- Eita, quarto 202, esse tem história viu. Sou amigo das suas colegas de quarto,
Raquel e Suellen, As duas são meio difíceis, mas acho que vocês vão se dar bem…
espero. Elas tão no shopping, chegam já. Toma aqui o meu telefone (usa as costas
dela pra escrever o bilhete com o número). Qualquer coisa pode ligar.

(Olímpio sai, Macabéa fica sozinha e começa a andar/saltitar pelo quarto feliz. Ela tira
o seu radinho da mala e coloca uma música - só você, de Fábio Júnior - e começa a
dançar)

CENA 4

5
(Raquel e Suellen chegam, Suellen começa a filmar a cena)

Suellen

- Bizarro (fala pausadamente) (Maria para de dançar e se apresenta para as


meninas, que a olham com cara de nojo)

Raquel

- Você que é a novata que veio do sertão?

Macabéa

- Aham

Raquel

- Que cidade?

Macabéa

- Major Sales

(Suellen começam a rir com deboche - Raquel dá uma tapinha nela, advertindo-a)

Suellen

- Que? Onde fica isso? Nunca ouvi falar.

Raquel

- Se bem que isso não é tão difícil de acontecer, do jeito que você é boa em
geografia…

Suellen

- Cala a boca, Raquel. (Macabéa ri)

Suellen

- Ta achando graça é?

Raquel

- Vish, pistolou.

Macabéa

- Não, não, que é isso.

Suellen

6
- Hm, acho bom mesmo.

(Suellen se vira para arrumar algo no guarda roupa. Raquel sai do quarto)

Suellen

- Olha novata, a real é o seguinte: eu não gosto de você. não sinto verdade em você.
Não seremos amigas. Mas, já que temos que conviver né? Tem algumas regras
para você seguir.

Macabéa

- Regras? Já sou acostumada com regras. Eu sempre me acordava às 4:30 lá para


pegar a condução.

Suellen

- Ótimo, então. Nesse quarto, quem manda aqui sou eu. ninguém se mete na vida de
ninguém. Não suporto gente metida. Macho? Nem pensar! Ah, e odeio gente que faz
barulho.

Macabéa

- Tá. Eu durmo cedo também, não faço barulho não.

Raquel

- E a sua família, Macabéa, tá bem?

Macabéa

- Sim.

Raquel

- Difícil morar longe, né?

Macabéa

- Na verdade, eu gosto mais daqui. Antes, eu morava com a minha tia e não acontecia
lá muita coisa interessante...

Suellen

- Depois você conta dessa sua avó aí. Boa noite.

(Interrompe Macabéa, não prestava muita atenção nas suas palavras)

7
(Macabéa ouve seu radinho até adormecer)

Suellen

- Barulho!

Raquel

- Chataaaa (fala dando um gritinho)

CENA 5 - Saída da escola

(o sino da escola toca e todo mundo sai da sala de aula. Macabéa sai da sala com
suas amigas pelo corredor, que acabam indo conversar com outros dois meninos e
acabam escanteando-a, o que a deixa muito desconcertada. Macabéa estará em
posição fetal um pouco resignada, e nessa hora chega Olímpico, que vai falar com
Macabéa, mas é parado por um dos caras)

Júlio

- (Cumprimenta Olímpico), você vai para casa de Do Vale hoje?

Olímpico

- Sei lá, to muito afim não.

Suellen

- Certeza? Open bar…

Olímpico

- Open bar?

Bill

- Deixe de frescura. Você vai.

(Olímpico fica pensativo)

Bill

- Ei bora lá pro portão 3

8
Olímpico

- Perae, tenho que resolver aqui um negócio antes

(As meninas e os dois caras vão embora. Olímpico fica hesitante se deve falar com
Macabéa, ele acaba indo mesmo assim)

Olímpico estará engraçadinho, flertando

- Oi, Macabéa, Como foi sua primeira semana no Sagrado Coração? Conseguiu
sobreviver?

(confirma com a cabeça, com o olhar meio triste)

- Ei, não fica assim não. Eu também vim do Nordeste e sei que se adaptar aqui é
difícil

Macabéa

- Como você sabe que eu sou do nordeste?

Olímpico

- Impossível um nordestino não reconhecer o outro, Maca.

Macabéa

- (pensa por um tempinho e fala) Eu te falei, não foi? (Olímpico concorda com a
cabeça, os dois riem)

Olímpico

- Olha, vai ter uma festa hoje na casa de Do Vale, um aluno aqui da escola que adora
uma farra. Vai ser comemoração da despedida do coronavírus aqui do Rio. Ele tá
chamando geral, acho que seria bom você ir para conhecer o pessoal.

Macabéa

-
- Você vai?

Olímpico

- Sim, sim e você também (faz cócegas nela)

(Macabéa pensa um pouco e assente)

Olímpico

9
- A gente se encontra lá então. Vou pedir para um amigo te levar, para te mostrar
onde fica.

FIM DO EPISÓDIO (PROVÁVEL)

CENA 6 - Festa

(Macabéa entra no dormitório onde será a festa e encontra Olímpico à distância. Eles
se cumprimentam)

Olímpico

- Ei, eu vou pegar umas bebidas no bar e já volto. Aproveita pra conhecer melhor o
pessoal [...] (Macabéa assente)

(Macabéa começa a passear pela festa e acaba encontrando Suellen com Olímpio)

(Macabéa sai chorando, vai para o banheiro - avista as indicações do banheiro


masculino e feminino e entra no masculino - e escuta duas pessoas discutindo)

Júlio

- Isso é conversa pra boi dormir, você já tá há UM mês sem pagar

Bill

- Não dá pra pagar agora! Eu prometo que amanhã sem falta eu entrego.

Julio

- Toda vez que eu venho te cobrar você fala isso.

- Minha paciência já acabou. E eu to precisando do dinheiro também, não dá pra adiar


mais não!

Bill
- Pois parabéns porque também não tem como pagar agora…!

(Eles começam a discutir. Macabéa tenta sair do banheiro e faz um barulho alto. Os 2
caras olham para ela)

Bill

10
- Era só o que me faltava

(MACABÉA CORRE)

Bill

- Você acha que ela ouviu alguma coisa?

Júlio

- Ouviu (fica puto) aquela cangaceira

FIM DA CENA

CENA 7 - Coordenação

(um aluno e Olímpico estão na coordenação com o diretor. Eles esperam o diretor
chamá-los)

- Lascou, descobriram da festa.


- Mah rapaz, por que a gente não esperou liberarem logo, já ia ser na segunda!

Recomendação fim do episódio

- O povo não quis esperar até segunda. Eu falei que não ia dar certo, mas não
quiseram saber.
- É, agora já foi. O máximo que dá pra fazer agora é evitar que descubram o resto.

(O diretor chama Olímpico e Júlio)

Diretor

- Então, meninos. Já te disseram porque chamei vocês?

Olímpico e Julio

- Não.

Diretor

- Vocês passaram na ONC. Aqui estão os comunicados com a data e o horário.


Parabéns, meninos.

Olímpico e Julio

- Obrigado, diretor.

11
(Os dois saem, aliviados)

Júlio

- Ufa, pelo visto foi alarme falso. Gra-aaaças a Deus

(Os dois saem de cena; o diretor chama Macabéa. Macabéa entra na sala do diretor)

Diretor Ataíde

- Então, Macabéa. Te chamei porque estou um tanto preocupado com o seu


rendimento.

Macabéa

- O que tem meu rendimento?

Diretor Ataíde

- Não está indo muito bem. De acordo com as normas da escola, você pode acabar
perdendo a bolsa se continuar nesse ritmo.

- Tenha uma boa tarde, Macabéa. É isso…

MACABÉA SAI

(Diretor Ataíde fica bem pensativo, até outra pessoa já estar batendo na sua porta)

- Caramba, haja gente hoje!

Geraldão

- Bom dia, diretor Ataíde

Diretor Ataíde

- Bom dia, Doutor Geraldo, como vai?

Geraldão

- Para ser bem honesto, tem algo que está me deixando um pouco...inquieto

Diretor Ataíde

- Diga, então ora! Sou todo ouvidos.

Geraldão

- Você sabe que somos amigos e sócios de longa data, e que boa parte do que ganho
vem das ações que tenho desta escola, mas algo…

12
Diretor Ataíde

- Sim?

Geraldão

- Há rumores que…

Diretor Ataíde

- Hm? (expressando curiosidade e medo)

Geraldão

- Tem uns rumores por aí de que você tem um caso lá no nordeste, e que você deu
uma bolsa de estudos para a filha dessa mulher…

- Me desculpe mas tive que dizer, isso pode simplesmente arruinar minha imagem. Já
imaginou aparecendo nas manchetes “Diácono dono do Sagrado Coração trai
esposa e dá bolsa à filha da amante”? Todo mundo sabe quem eu sou, Ataíde. Sem
contar que eu estou passando por severos apertos financeiros, isso ia me botar no
fundo do poço! (fala expressando um pouco de desespero, mas ainda tímido
por ter tocado no tema)

Diretor Ataíde

(Após saber da notícia, ele tenta dar a volta por cima, mesmo ainda parecendo agora
um animal assustado e acuado)

- Geraldo, confesso que estou tão embasbacado com a notícia quanto você. Há 3
anos não vou ao nordeste, então isso não faz sentido nenhum. A novata veio a
escola por causa de um programa da instituição que oferecemos bolsas a alguns
alunos de escolas públicas e...

Geraldão

(exalta-se agora com a conversinha) - Seja como for, resolva isso imediatamente, se não
terei que infelizmente tomar algumas medidas antes que joguem a bosta no ventilador. É
tudo isso que tenho a dizer, tenha um bom dia e resolva isso. Até a próxima.

(Corta a cena para Macabéa após receber a péssima notícia. Ela vai ao banheiro
muito aturdida e triste, deixando cair algumas lágrimas do seu rosto. Fará uma pose
como se estivesse pedindo algo para deus e depois fala - Por que? )

(Se olhará no espelho, ocorrendo assim a transição para Macabéa no passado, no dia
da 1a festa. Acontecerá na cena em que o rapaz avista Macabéa e ela foge do
banheiro; os rapazes discutem entre si por um momento, um deles sai)

- Era aquela (inserir referência a Macabéa).

13
(São exibidos “flashbacks” do momento, as semelhanças evidentes, para evitar
qualquer confusão no entendimento da história. Macabéa sai do local como na cena
passada, mas agora será mostrado o que ocorreu após isso na rodinha de amigos
que ficaram na 1a festa: Olímpico e Suellen encontram-se flertando até a chegada de
Júlio e Bill; os dois começam a relatar, gesticulando sutil, mas evidenciando seu leve
desespero. Olímpico e Suellen empalidecem no decorrer do relato)

CENA 8

(Suellen vai para a rodinha de amigos. Júlio explica a situação: Macabéa ouviu sobre
o plano deles de vender droga na escola. )

Olímpico

- Eu já disse que não era pra vocês ficarem usando drogas aqui, principalmente na
casa dos outros e com essa barulheira. Se os vizinhos implicarem...

Suellen

- E agora?

Júlio

- Agora já era. A Paraíba sabe.

Suellen

- Nada disso, deve haver um jeito... Alguém devia ter segurado ela para
convencermos a não falar, agora ninguém sabe o que ela fez ou vai fazer! E por por
que você foi ameaçar justamente o Bill ? Agora ela vai contar tudo!

Júlio

- O cara já tava 3 meses atrasado, não tinha como. Eu tou precisando do dinheiro e
ele não pagou ainda. Não é culpa minha ela estar bisbilhotando.

Suellen

- Eu sei, mas não tinha como ter falado um pouco mais baixo?

Júlio

- Eu até tentei antes, mas ele só enrolava.

Suellen

- Tenho a solução. Cheguem mais perto.

(Suellen olha para uma foto (ou pintura) da granja que vai acontecer a cena final e a
câmera foca no retrato emoldurado dessa granja, sugerindo ao espectador que algo
ocorrerá nesse local)

14
FIM DA CENA Recomendação fim do episódio

CENA 9 - Encontro

Suellen

- Macabéa, é a SEGUNDA vez que eu digo para você tirar sua calcinha da torneira do
chuveiro. Não é porque estamos dormindo que ninguém vai se acordar de noite.

Macabéa

- Ta bom ta bom desculpa.

Suellen

- Desculpa? Você fica cagando regra achando que tá…

(Alguém bate na porta. Quem seria?)

(Olímpio chega no quarto de Macabéa. As amigas também vão sair naquele dia e ela
sai acompanhada dele)

Olímpico

- Preparada para o nosso encontro?

Macabéa

- Isso é um encontro?

Olímpico

- Não sei, eu acho que sim

Suellen

- Opa, vocês vão sair? Eu quero ir também

(Macabéa e Olímpico se olham. O olhar de Macabéa não transmite nada como


sempre, e Olímpico acaba deixando Suellen ir)

Suellen

- Ei, a galera tá lá no BRASAS, bora?

Olímpico

15
- Não, não, eu to indo com Maca resolver o trabalho de história que o prof disse que
era pra entregar sexta já e a gente não fez nada viun

Suellen

- Não, ômi, bora

Olímpico

- Não dá, já tirei nota baixa nas últimas provas, tou afim de ficar de rec não. (Se
despede)

(Suellen desiste e agora ele e Macabéa estão a sós)

Macabéa

- Trabalho de quê?

Olímpico

- Omi, você sabe

(Eles vão andando; awkward silence)

Olímpico

- (bem direto e rápido, como se falar lhe doesse) Pois bem Macabéa, queria me
desculpar daquele dia da festa

(Macabéa balança a cabeça)

Olímpico

- Só isso?

Macabéa

- Você quer que eu diga o quê? Obrigada por magoar meus sentimentos.

Olímpico

- Para, eu já me desculpei!

(Macabéa dá uma risadinha)

Olímpico

- Você sabia que você está mais bonita do que você sempre foi?

Macabéa

16
(Olímpico, esperto que é, interpretou essa cara como um aval para beijá-la. Na hora
H, cortamos a cena para Diretor Ataíde falando com Geraldão passando naquele
mesmo corredor)

CENA 10

Diretor Ataíde

- (no telefone) O IPHAN quer dar uma herança pra uma das alunas da escola? Como
é que eu vou fazer isso? E além do mais, o que que eu tenho a ver com isso?

(Continua a conversa, Olímpico e Macabéa se beijam. Geraldão, vendo tudo aquilo


enquanto Ataíde conversava no telefone (sobre a herança de uma certa menina,
Macabéa), os vê e intervém)

Geraldão

- Isso lá é coisa de se fazer na MINHA escola. Olímpico, me acompanhe à


coordenação. Temos muito o que resolver.

CENA 11

(Macabéa fica sozinha no banco e se levanta. Ao andar um pouco, avista Suellen


vindo em sua direção)

Suellen

- (Cumpriementa Macabéa).

Macabéa

- Oi.

Suellen

- Tenho que te entregar uma coisa. (Levanta a mão segurando um envelope)

Macabéa

- Que é isso?

Suellen

- Um convite. Pegue.

Macabéa

- Convite de que?

Suellen

17
- Ômi, só pegue o envelope, tá escrito dentro sobre o que é.

Macabéa

- Não é mais fácil você só me falar…?

(Suellen se estressa e pega o braço de Macabéa, pondo o envelope em sua mão)

Suellen

- Aqui. Te vejo lá. (Sai de cena)

(Macabéa abre o envelope e sai andando na direção contrária a Suellen. Ao chegar no


dormitório, o convite é exibido, revelando uma festa)

FIM DA CENA

CENA 12

(Cena parecida com o Sonho inicial. Maca é cortejada por todos e elogiada por todas.
É a sua hora da estrela. É O ANIVERSÁRIO DELA)

Raquel

- Aproveite macabéa, hoje é o seu dia!

Suellen

- Vi que você tava de olho no Júlio faz um tempinho ein, haha! Já ta a fim de trocar o
Olímpio? Ele é doce, mas não presta.

Macabéa

- Não presta, por quê? Eu sempre ficarei com ele, ele é o amor da minha vida...

Suellen

- Se toca menina, ele te trocaria por uma rapadura, só está esperando uma
oportunidade melhor chegar.

(Macabéa fica muito triste)

Suellen

- Brinks! Carpe diem migah (soquinho no ombro dela)

Macabéa
- Carpo o quê...?

18
Bill (levemente bêbado)

- Ei Maca-beauty (Sug: Maca-bela), já que é seu aniversário, tive uma ótima ideia!
Uma ideia que vai mudar a história dessa fazenda velha. Vamos à casa do xerife

Olímpio

- A casa do Xerife, você está bem amigo…?

Macabéa

- O que é isso?

Bill

- Ainda não sabe da história? então deixe eu te contar: Há 20 anos um delegado


estava morando naquela casinha com seu irmão em teoria para ensiná-lo a andar de
cavalo e tirar leite de vaca. Só que na verdade ele tava fugindo dos trafica, tava
mexendo em formigueiro maior que ele

Suellen

- E aí, o que aconteceu?

Bill

- Determinada noite chegou um maluco lá armado apontando pros 2. Disse que só


tinha uma bala e que um deles iria morrer. O delegado deveria escolher quem seria,
ele ou o irmão. O delegado disse para matá-lo, e o cabra assim o fez, deixando o
irmão fugir pela mata

- Dizem que o espírito dele ainda vagueia naquela casa, procurando o irmão que ele
nunca mais achou… (dá susto em Raquel e Suellen, que dão um gritinho)

Bill

- Então, vamos à casa do Xerife

(Olímpico entra de penetra na rodinha)

Olímpio

- Rapaz, acho melhor não. É meio perigoso e a gente não conhece

Raquel

19
- Freské?

Olímpico

- Olha, eu só não queria que uma tragédia acontecesse logo num dia tão bom como
esse

Bill

- Relaxa, não vai acontecer nada.

Bill

- Se você não quer ir não vá (puxa Macabéa pelo braço em direção da porta)

Olímpico

- Opa, amigo, calma aí . Tá mais apressado que namoro de viúva.

- ELA SÓ VAI SE EU FOR

(Momento de tensão)

Bill

- Fechado cara, esquenta não.

CENA 13

(Olímpico e Macabéa entram na casa, escutam vários ruídos no trajeto)

(Há um barulho alto que chama a atenção)

(Macabéa leva um susto e grita)

Olímpico

- Calma, deve ter sido alguma telha que caiu ou algo assim. Essa casa é velha.

Bill
- Vamos começar

Júlio

- Afinal o que a gente veio fazer aqui?

Bill

20
- Fechem os olhos e vocês verão
(Tudo apaga)

(A Câmera acende e há 6 velas dispostas nas pontas de um pentagrama. No


centro do pentagrama há um papel e 2 lapis para fazer o jogo do Charlie-
Charlie)

Olímpico
- Não, Charlie-Charlie de novo? Essa merda funciona e você quer fazer logo aqui,
numa casa com um espírito? Tu sabe que a gente do nordeste acredita nisso, só
pode ser sacanagem

Bill
- No final você vai entender. Ciprião está do nosso lado.

Olímpico
- Isso não vai dar certo.

(Bill começa o ritual. Ele começa a recitar a oração da cabra preta em latim (ou
qualquer língua ) e algo se move em um local próximo; Macabéa e Suellen levam um
susto)

Suellen
- Nan, Vou-me embora. (Anda um pouco em direção à saída)

Bill
- Tem certeza? (Em tom provocativo, Suellen hesita)

Suellen
- Tenho. Porque?

Bill
- Não ouviu dizer que se começou...

(Após o ritual, duas pessoas fazem suas perguntas ao espírito e chega a vez de
Macabéa)

Macabéa
- To com medo… alguém vai morrer aqui hoje?

(As velas apagam, luzes enlouquecem, vários ruídos ecoam pela casa e Macabea
começa a gritar, e por causa disso as outras também. Olímpico se levanta
apressadamente)

Olímpico
- Que bexiga é essa?! Macabéa (puxa Macabéa pelo braço) venha, vamos embora.

21
(Os dois saem correndo da casa, e vão à casa do diretor, que está bem iluminada)

Olímpico
- Macabéa, você confia em mim?

Macabéa
- ...Confio, daria tudo o que tenho a você se pudesse...

Olímpico
- Obrigado, não vou me esquecer disso.

Macabéa
- Mas porque isso do nada?

Olímpico
- Achei que ainda estava chateada comigo…

Macabéa
- Não, eu sei que não foi sua intenção… Eu exagerei também.

Olímpico
- Verdade. Mas enfim..

(Diálogo que faça macabéa mostrar que ela morre de amores por Olímpico, podendo
ele assim conseguir sua herança mais facilmente)

Macabéa

- (Em um tom seco) Tá. Eu desculpo. Só porque eu gosto de você.

Olímpico

- Eu também gosto muito muito de você Macabéa. Acho até que pode ser amor…

Macabéa

- Eu sinto a mesma coisa (se olham com fofura) . Olímpico, tem uma coisa que eu
queria te dizer… Você é a única pessoa que eu confio no mundo, pra te contar uma
coisa dessa, seguinte: eu vou receber uma herança, uma quantia muito alta,
incalculável para uma pessoa como eu, que sempre fui pobre miserável. E quero
que *você* me ajude com o que eu preciso para ter ela*

Olímpico

- Claro, Macabéa. O amor verdadeiro é rico o tempo inteiro…(alisa o rosto dela)

Macabéa

22
- Para onde estamos indo?

Olímpico

- À casa do diretor.

Macabéa

- Porque a casa do diretor?

Olímpico

- Temos que dizer o que aconteceu a alguém, e ele tá mais perto (Macabéa assente)

(Conversando no escuro Olímpico e Geraldão sem diálogo. só a sombra)

CENA 14

(Geraldão está esperando no lado de fora com uma bolsa/mala de mão misteriosa,
inquieto. Se surpreende com a chegada dos alunos, mas tenta permanecer calmo e
frio)

Geraldão

- Pois é Macabéa, tudo que começa tem um fim, é o seu fim.

Macabéa
- Que?

Geraldão

- Não é um “por que” Macabéa, mas sim um “como”. Você é a única forma que eu
tenho de salvar a escola.

(aponta a arma para Macabéa pronto para atirar)

Olímpico
- Não, não é

(Geraldão impressiona-se com a resposta e abaixa a arma olhando para Olímpico,


surpreso)

- Minha vida sempre fui uma escuridão, mas percebo agora que tudo que eu pensava
estava errado. Não é porque somos inteligentes e conseguimos fazer um plano
inteiro sem ninguém suspeitar que a gente pode matar os inferiores.

23
Geraldão
- Então é isso? (Risadinha nervosa), o Don Juan se apaixonou nos 45 do 2o tempo?
VOCÊ ESQUECEU DE TUDO QUE A GENTE FEZ PARA CONSEGUIR? Você
RESOLVE com ISSO (aponta arma para Macabéa).

Olímpico (exaltado)
- Pode ter feito o que for… Mas quem somos nós para tirá-la do direito de viver e de
amar? Você por acaso é Deus, Geraldão? Com que direito você ousa dizer que é
superior, só por que tem dinheiro? Quem somos nós para dizer que alguém é inferior
e por causa disso pode morrer?

Geraldão (respirada profunda) (também exaltado)


- Você esqueceu por que estamos aqui? O nosso objetivo é maior.

Olímpico
- Eu quero que essa herança de Macabéa se lasque. Você, Geraldão, parasita desde
a tenra idade não sabe como é, mas viver todo dia e ver que seu sucesso veio
porque você usurpou a vida de outra pessoa, isso não é viver…

Geraldão (menos exaltado)


- Você escolheu ficar do meu lado, sabia dos benefícios e deveres de sua ação. Não
se aponta arma para não se atirar aqui no Brasil, Olímpico. Ou ela morre ou ela
conta e a gente apodrece na cadeia.

Macabéa (quebra seu silêncio e choro engolido)

- Prometo que não vou contar para ninguém, juro!

Geraldão
- Você que começou isso, mocinha, venha com papinho agora não.

(Macabéa tenta fugir, mas Geraldão a segura)

Geraldão

- shhh, tá tudo bem

(Geraldão tira um travesseiro da maleta e bota na lateral esquerda da cabeça de


Macabéa. Ele verifica se o silenciador caseiro está nos trinques e dá um tiro na
têmpora de Macabéa, para assim conseguir simular o suicídio)

Geraldão

- Vamos, não há tempo a perder. Estanque o que sobrou da cabeça dela e bote nessa
forma aqui para não sair todo o sangue e nosso ato ficar imperceptível. Bora

24
(Olímpico num turbilhão de emoções faz isso, bota o corpo de Macabéa no porta
malas e entra no carro)

Geraldão
- Só seguir o plano

Olímpico
- E depois?

Geraldão
- Depois o que?

Olímpico
- Depois do plano, como é que vamos seguir a vida. Obviamente vamos conseguir a
herança, mas olha quem tivemos de nos tornar para conseguir isso.

(Olímpico chora)

(Chegam na escola)

Geraldão
- Meu rapaz vai desligar a luz. Temos dois minutos para o gerador ser acionado e as
câmeras voltarem a funcionar, vamos logo.

(botam balaclavas e Olímpico bota a mesma roupa do prólogo)

(Os dois levam o corpo de Macabéa de carro até o estacionamento da escola. Armam
a cena de forma que ela tenha “se matado” no local. Após terminarem tudo, saem de
carro. O zelador entra um tempo depois e a avista isso, “terminando” o curta).

In-off ambulância e imprensa (elenco indo ver o corpo de Macabéa?) (shading preto
no final)

Detalhamento da cena do estacionamento

Eles dois conseguem entrar de alguma forma no estacionamento (pode ser o subterrâneo lá
do cei), aquele local da escola é particularmente vazio de noite. As Luzes se apagam e eles
começam a tirar Macabéa do carro e fazer a cena artificial. Limpam a arma com álcool em
gel e passam a mão de Macabéa lá para conotar que ela já manuseou a arma várias vezes.
Geraldão pega uma carta de suicídio e bota no bolso dela, carta essa irretocável pois fala
dos acontecimentos do dia e que ela iria se matar depois da festa e tal. Olímpico consegue
vazar com Geraldão.

CENA POST MORTEM

25
A cena volta para o local que iniciou o curta, com o personagem misterioso - agora
sabemos que é Olímpico- recebendo uma nova mensagem, supostamente de Suellen

(Retoma cena do começo)

Suellen (na mensagem de texto)

- Pode entrar, estou lhe esperando.

(Olímpico tira o capuz e dá para vê-lo entrando na casa)

FIM

26

Você também pode gostar