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Personagens:
Narrador / Coelho
Lobo Mau
Chapeuzinho Vermelho
Vovozinha
Porquinho Cícero
Porquinho MC Piggy
Porquinha Penélope
Pedro
Bruxa Má
Avô do Pedro
Prólogo
Chapeuzinho: Isso mesmo. Ele não apareceu na minha história, nem na dos 3 porquinhos.
Primeiro Ato
Cena 1 - LOBO MAU NA TERAPIA e Conto da Chapeuzinho
Lobo está sentado na sala de espera da clínica de psicologia. Coelho vai para o canto do palco e se
despede de uma bruxa (fora de cena/apenas um luz verde), enxugando as lágrimas. Lobo
acompanha com o olhar assustado.
Sr. Psicoelho: (para a Bruxa) Até a próxima consulta. E fique longe das maçãs, para não lhe causar
mais estragos. (bruxa responde com voz de choro e gargalhada) Bem, vamos ver quem é o
próximo, ah sim... Sr. Lobo Mau.
Lobo: (Lobo Mau se levanta).Bom dia Dr. Psicoelho. Pode me chamar só de Lobo, por favor.
Sr. Psicoelho: Como vai Sr. Lobo? Venha, pode ficar à vontade. Sente-se.
Lobo se senta. Enquanto isso Sr. Psicoelho ajeita suas coisas e se senta próximo ao lobo.
Sr. Psicoelho: Vamos lá. É sua primeira vez aqui, não é? Vamos, diga-me o que lhe trouxe a nossa
sessão de terapia.
Lobo: Bom, não sei nem por onde começar.
Sr. Psicoelho: Para que eu possa lhe ajudar, porque não tenta do começo. Comece pelo início de
tudo. (Anotando tudo no papel).
Lobo: Sim, pois bem. (Pausa, lobo se levanta e vai em direção ao público)Era uma vez a história de
uma garotinha, Chapeuzinho vermelho, eu a vi lá na Floresta Encantada, cantando, cantando,
cantando. Com quanta felicidade andava aquela menina.
Entra Chapeuzinho
Chapeuzinho: (Cantando) Pela estrada afora, Eu vou bem sozinha; Levar estes doces; Para a
vovozinha; Ela mora longe; O caminho é deserto; E o lobo mau Passeia aqui por perto
Branca de Neve: Éh, acho que entrei na floresta errada, já tem um tempo que estou perdida...
Mas e você, o que faz por aqui?
Chapeuzinho: Estou indo levar esses doces para minha vovozinha, quero fazer uma visita e
alguns docinhos a farão bem. Tome, pegue um. (Chapeuzinho tira uma selfie com Branca de
Neve). Postei! Agora vou indo.
Branca de neve (desconcertada): Espere (pegando umas flores que estão no chão) leve essas
flores pra sua vovó também; o perfume das flores poderá deixá-la mais feliz.
Coelho: (para o Lobo) Até aí tudo bem, mas a Branca de Neve? O que ela está fazendo nessa
história?
Lobo: Foi nessa hora que fui falar com ela… (Indo em direção a chapeuzinho) Bom dia,
Chapeuzinho Vermelho!
Sai Coelho
Lobo: Eu posso ir com você visitar a vovó. Conheço um atalho pelo rio e podemos ir juntos. (Vão
saindo)
Chapeuzinho: Espera...Não mesmo, você está tentando me enganar Sr. Lobo e agora lembrei
que não posso falar com estranhos. Eu vou por ali. (Sai andando e pulando).
Lobo: Espera não vai por aí … Você podia me fazer companhia...
Vou chegar primeiro na casa da vovó e esperar por ela lá, então verá que eu estava certo. (Sai o
lobo)
Entra a Vovozinha
Vovozinha: Aí minhas costas, como doem! E cadê a minha netinha, já estou preocupada com ela.
Entra Lobo
Vovozinha: Olá Sr. Lobo, já não aguento mais minhas costas. Mas o que lhe traz a minha casa,
estou aguardando a Chapeuzinho.
Lobo: Eu a vi na floresta e ela não quis me acompanhar. Acabei rasgando minha camisa no
caminho. Mas olha, consegui pegar essas frutas para a senhora.
Vovozinha: Ó, obrigado seu lobo. Me dê isso aqui, Eu costuro num minuto meu filho... não pode
ficar sem o casaco, pode pegar uma friagem. Tome, vista isso por enquanto.
Vovozinha sai enquanto lobo fica aguardando o retorno da vovozinha com sua roupa. Lobo vê as
frutas que a Vovó deixou em cima da mesa, olha para os dois lados e dá uma mordida.
Entra Chapeuzinho
Chapeuzinho: Oi Vovó.
Chapeuzinho: Trouxe essas flores e os doces que a mamãe preparou com muito carinho para a
senhora.
Chapeuzinho: (Ela se aproxima) Por que a senhora está com os braços tão compridos?
Chapeuzinho: (Desconfiada) Vovozinha, seus dentes estão tão afiados. Por que eles ficaram
assim?
Enquanto isso, chapeuzinho vai arrumando as coisas da cesta e tira uma caixa de doces.
Lobo: (arregalando os olhos e partindo pra cima dos doces) É PARA COMER MELHOR...
Lobo: Será que posso pegar um docinho desse? (o lobo pega vários doces e come; depois,
lembra da chapeuzinho e vira para ela, terminando de mastigar o doce) Calma Chapeuzinho
eu posso explicar...
Chapeuzinho: Meu Deus!! Alguém me ajude! (Chapeuzinho pega o celular e começa a escrever
uma mensagem calmamente) “Senhor caçador, o lobo mau está aqui na casa da vovó... eu
estou desesperada, socorro.... exclamação, exclamação, exclamação” (sonoplastia wpp)
Chapeuzinho para, dá uma olhada rápida para o lobo, que está parado sem entender nada, e
volta a correr e gritar, sai pela coxia, e retorna em alguns instantes.
Chapeuzinho: Aí, aqui não tem wii-fi... espera aí seu Lobo, já volto (Sai Chapeuzinho)
Lobo: E foi assim Dr. que aconteceu, eu só queria fazer amizade com a chapeuzinho, porém ela
entendeu tudo errado.
Coelho: Você é um tanto desajeitado, e não sei se essa roupa da vovozinha lhe caiu muito bem,
eu também teria um certo medo. (Lobo tira a roupa da vovó)
Coelho: Ok, então depois disto, acredito que nunca mais deu as caras na história dela.
Segundo Ato
Cena 2 - Três Porquinhos
LOBO: E é assim que geralmente termina. Tento ajudar, mas ninguém me entende.
Coelho: É meu caro Lobo, difícil acreditar. Parece que o destino quer te pegar.
Lobo: Como assim?
Coelho: As duas histórias acontecem do jeito que deveriam acontecer, porém, sempre há algo nelas
que acabam não saindo como você pensou.
Lobo: Exatamente Doutor. E ainda tem mais. Depois disso tudo eu ainda tentei ajudar um velho
conhecido.
Coelho: Conte-me mais. Aceita uma cenoura ?
Lobo: Obrigado! Enfim, é apenas um garoto, um jovem pastor de ovelhas que se chama Pedro.
(Saem)
TERCEIRO ATO
Entra Pedro, saindo da coxia sorrateiro, como quem não quer ser ouvido. De repente, o avô do Pedro
grita de fundo, com uma voz grossa e rouca.
Pedro se assusta
Pedro: (Gaguejando) Eu... eu... não vou para lugar nenhum, ora. Só vou brincar um pouco aqui fora.
Avô: Eu já te falei que esse lobo é perigoso. Venha para dentro agora.
Pedro: (Ignorando o seu avô; debochando) Perigoso, Puff. Esse lobo não é de nada, e não pode
comigo, o melhor caçador de lobo que já se viu.
Pedro: Hey gato, onde você está indo, hein? Passa para dentro. (pausa)O que? Quer ir comigo?
(pensando)Tá bom, mas em silêncio. O lobo pode aparecer a qualquer hora.
Pedro: Hey seu passarinho. (pausa) Eu? Estou indo caçar o lobo. (pausa) Depois que o lobo
devorou todas as nossas ovelhas, eu tenho que me livrar dele. (pausa)Eu sei, eu sei, contei uma
mentirinha de que o lobo estava vindo, quando na verdade não estava. Agora ninguém quer
acreditar mais em mim. É por isso que vou atrás desse lobo mal. (pausa) você vem comigo?
(pausa)Então vamos!
Pedro procura o lobo. Olha pelas coxias; entra em uma e sai em outra. Aparece uma grande sombra.
Pedro se assusta, tremendo as pernas. Entra Branca de Neve.
Pedro: (com medo, de costas e tremendo) Por favor, não me devore. (olha para o pato) Ufa, então é
você Branca de Neve. Bem, eu já sabia. Eu não estava com medo. Espera… Branca de Neve?
Branca de Neve: Oi Pedro. É eu sei, estranho me ver por aqui. Estou meio perdida. Tipo, ainda.
(Rindo de nervoso). Ah, no caminho acabei encontrando o senhor Pato.
Pedro: Ah, Oi Senhor Pato. Não devia estar andando por aí. E a senhorita também não.
Pedro: Tome cuidado, ele está por aí e pode aparecer de repente. Mas estou aqui para proteger
vocês.
Branca de Neve: É, então tá. Só me dá um minutinho, que vou ali ver um negócio (sai de fininho).
Eu já volto.
Pedro: Cadê você, hein, seu lobo. Dessa vez não me escapa.
Pedro, caminha procurando o lobo passando entre as coxias. Pedro entra na coxia, se depara com o
lobo, e sai da coxia, de costas, com a espingarda apontada. Lobo entra junto.
Lobo: Oi Pedro.
Pedro: (tremendo de medo, sai correndo) O Lobo, é ele. Socorro. (se esconde, olhando por cima
com a espingarda apontada).
Lobo: O que é isso Pedro. Para que essa espingarda. Não precisa ter medo.
Pedro: Já esqueceu é? Aquele dia no pasto você comeu todas as ovelhas do nosso rebanho. Eu
avisei todo mundo que você tinha aparecido, mas ninguém acreditou. Então eu mesmo vim atrás
de você.
Lobo: Foi o que aconteceu. Eu tentei te acordar, mas você não acordava por nada.
Pedro: (apontando a espingarda para o lobo)Já chega desse papo. Você é o lobo mau. Eu não vou
acreditar em você.
Lobo: (indo na direção do Pedro) Pedro, espera... Venha, vou te mostrar onde estão as ovelhas.
Pedro: (com medo) Se afaste, ou vou ter que usar minha espingarda.
Lobo: Pedro, espera, eu só quero ajudar! Não precisa ter medo... (para frente) De novo a mesma
coisa. O que foi que eu fiz demais?
Lobo: Está vendo, doutor. Não importa o que eu faça, todos vão sempre me ver como o lobo mau.
Lobo: Sim Doutor, olhe aqui (mostrando as unhas) minha tia é manicure.
Coelho: Entendo (faz uma anotação) Seus dentes estão muito afiados?
Lobo: Na verdade, eu estava com uma dor bem nesse dente aqui ... só conseguia tomar sopa de
cebola
Coelho: Hmm... (faz outra anotação). É meu caro amigo, me parece que temos uma diagnóstico do
seu caso.
Troca de cena. Entram os 3 porquinhos, a chapeuzinho, Pedro e a Branca de Neve. Todos estão
cansados, sujos e descabelados, cansados de procurar o lobo por toda a floresta.
Cícero: Esse daí é só seu gato, com focinho de cachorro. Ele não serve.
Chapeuzinho: Sério, eu já não aguento mais procurar. E a bateria do meu celular já descarregou faz
tempo.
Todos – AAAHhh!
Chapeuzinho: (interrompendo a gritaria) Gente, espera. (para o lobo) Onde você estava, hein? Você
pensa que pode sumir assim do nada? Você quase arruinou todas as histórias.
Lobo: Bem, eu fui fazer uma consulta com o Sr. Psicoelho, e ele disse que... ele disse que…
Chapeuzinho: Ele está mentindo, onde você estava esse tempo todo?
Lobo: Mas, o doutor... olhem, está escrito aqui. (mostrando o laudo) agora eu sou um novo lobo. Um
lobo bom.
Cícero: Ele está cada vez pior. Ele é igual a todos os lobos.
Lobo: (com energia) Já chega dessa maluquice! Vocês ficam com essa história de “Aí, o lobo mau
está vindo”, “Olha lá, ele vai devorar todos nós”, mas na verdade nunca me escutam.
Lobo – Olhem aqui.... (Se acalmando) Será que algum dia, o lobo mau... Vai ser só lobo? Ou
Lobinho como dizia minha mãezinha…
Chapeuzinho: Já chega desse papo. Agora cada um de volta para sua história. (todos vão saindo;
para o lobo) E você, (com deboche) “Sr. Lobo Bom”, trate de se arrumar. Eu não tenho o dia todo
e as histórias não podem parar.
Branca de neve: Ah, sr. Lobo? Então você está aí. Tem um monte de gente te procurando.
Lobo: É...eu sei... (pausa) Espera. Você me chamou de Lobo?
Lobo: Sim sim, mas você não me chamou de… Mau, de Lobo Mau, igual todo mundo.
Branca de neve: Mas eu não acho você mau. (vai se aproximando e sentando ao lado do lobo)
Claro que esses dentes afiados assustam um pouco. Mas isso não quer dizer que você é mau.
Lobo: Mas e nas histórias. Todo mundo tem medo de mim, sempre fogem quando eu apareço. E no
fundo, eu só queria ajudar.
Branca de Neve: Vai ver eles só conseguiram ver um lado da história. O lado deles.
Branca de Neve: Bem, eles não conseguiram enxergar que você só queria ser amigo da
chapeuzinho. Ou que só quis avisar os porquinhos sobre o vendaval e ainda levou um bolo
delicioso. E ainda tentou avisar o Pedro do plano das ovelhas fugitivas.
Enquanto a Branca de Neve fala, a Chapeuzinho, os três porquinhos e o Pedro, um a um, vão
colocando só a cabeça para fora da coxia, e ouvindo o que ela está falando.
Lobo: Foi exatamente isso. (pausa) Mas espera, como é que você sabe disso tudo?
Branca de Neve: Digamos que estava meio perdida por aí. E foi assim que consegui enxergar os
dois lados da história.
Lobo: Mas só você sabe que eu não sou mau. Como eu vou contar isso pra eles? Eles nem
quiseram me ouvir.
Enquanto isso, entram todos que estavam atrás da coxia. Branca de Neve se afasta e dá espaço
para os demais, e vai saindo aos poucos, procurando o caminho.
Pedro: E agora a gente já sabe que de mau você não tem nada.
Lobo: Agora vocês acreditam em mim?
Lobo: Puxa vida, isso é demais. O seu Psicoelho, ele me ajudou. E olhem, agora vocês gostam de
mim.
Chapeuzinho: Sem você, as histórias não vão existir. E sem as histórias, bem, a gente também
desaparece. A gente precisa de você.
Lobo: Hey pessoal, espera. Cadê a Branca de Neve? Ela me ajudou. Preciso agradecer.
Pedro: Ah, uma hora dessas ela já deve ter encontrado o seu caminho.
Lobo: Bom, apesar de tudo, acho que encontrei o meu caminho também. Então o que me resta é
seguir também…
Narrador:
E o lobo seguirá… Afinal, sem o lobo não há histórias e as boas histórias têm que ser contadas. O
que vocês viram aqui hoje, mesmo com toooda essa confusão, nos trouxe uma grande lição. Vocês
sabem qual é? (pausa) Sim, primeiro devemos pegar leve e não comer tanto doce.
E depois a história do nosso amigo lobo, nos ensinou que não podemos julgar ninguém apenas pelo
o que achamos ou pelo que dizem pra gente o que elas são. Sempre existem dois lados de uma
mesma história, e todos nós aqui podemos ter um dia de lobo...
Se depois disso tudo as histórias não serão mais as mesmas? Bem, milhares de possibilidades
podem acontecer, toda vez que uma boa história é recontada.
FIM