Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PERSONAGENS
CHAPEUZINHO VERMELHO
O CAÇADOR
O LOBO
MORALIDADE
Uma casinha tendo ao fundo uma floresta. A casa deve ter telhado, porta e janela,
tudo em tamanho pequeno.
PRIMEIRA CENA
TINOCO- Dona Chapelão! Dona Chapelão Vermelho! Meu Deus, onde estará esta
senhora?
TINOCO- Meu nome é Tinoco. Sou o anjo da guarda da vovozinha. Corri que não foi
brinquedo!
TINOCO- A senhora não é Dona Chapelão Vermelho? (Faz um gesto indicando chapéu
grande) Mãe de Chapeuzinho Vermelho? (Indica chapéu pequeno)
TINOCO- Deixa eu descansar um pouco primeiro, Dona Chapelão. Corri tanto para
chegar aqui depressa e avisar logo a senhora, que não aguento de tão cansado! Ah,
coitada, coitadinha!...
CHAPELÃO- Espera que vou te dar um pouco d’água. (Entra e torna a voltar com um
enorme regador) Vamos, bebe logo.
TINOCO- Não arrebento não, Dona Chapelão. Estou mesmo é com sede...
CHAPELÃO- Oh! Meu Deus! Que é que você tem para me dizer?
TINOCO-(agitado) Ah! É mesmo. Vim aqui para dizer à senhora que é para a senhora ir
lá, que ela está...
CHAPELÃO- (atrás dele) Ei, Tinoco, espere! (Volta desanimada) Será verdade o que ele
disse? A vovozinha doente! Preciso mandar Chapeuzinho Vermelho depressa na
frente, enquanto preparo um bolo de fubá que a vovozinha gosta tanto... Mas... onde
andará esta menina? (Chamando) Chapeuzinho Vermelho! Chapeuzinho Vermelho!
(Chamando para fora de cena) Chapeuzinho Vermelho! Chapeuzinho Vermelho!
CHAPELÃO- (Aflita) Ah, aí está você! Onde é que você andava e não me escutou?...
CHAPELÃO- Agora você vai é depressa à casa da vovozinha ver o que ela tem,
enquanto eu acabo de preparar o bolo de fubá para ir depois. (Entra na casa e fala da
janela enquanto prepara a cesta.)
CHAPÉU- Ora, mamãe!... O Lobo Mau está presinho atrás das grades do Jardim
Zoológico. Não há perigo! Vou indo, pois a vovó deve estar me esperando. (Vai saindo
sem a cestinha)
CHAPELÃO- (Entrega-lhe a cestinha) Juízo, hein minha filha... juízo! (Fecha a janela)
CAÇADOR- (Anunciando) Atenção! Fechem suas janelas e portas e não saiam de suas
casas... o Lobo Mau fugiu do Jardim Zoológico!
SEGUNDA CENA
Escurece a cena. A casa é retirada. Vê-se apenas uma floresta. Passa Chapeuzinho
cantando – “Pela estrada afora...” etc. Tempo depois ouve-se uma risada na plateia e
surge o Lobo levando uma maleta de viagem escrito Jardim Zoológico. Sobe o
proscênio.)
LOBO- Cheguei! Cheguei à minha floresta! E todos já estão com medo! Vou dar uma
passeada. Quero ver se está tudo normal como antes. (Sai dando gargalhadas
maléficas)
CHAPÉU- (Entrando em cena meia ofegante) Ah, estou tão cansada! Acho que se eu
dormir um pouquinho aqui, não fará mal. (Deixa a cestinha no chão) Mas preciso de
chegar à casa da vovó antes que anoiteça mais. Estou muito cansada. Vou dormir só
um pouquinho, não terá problema... (Vai deitando lentamente. Em seguida, entra o
Lobo)
LOBO- (Farejando) Que cheiro bom! E parece estar perto... que cheiro apetitoso... Oh!
(Dá com a cesta) Uma cestinha cheia de petiscos! Quem será o dono destas
guloseimas? Será de Chapeuzinho Vermelho? (Dá com a menina) É sim. E lá está ela
dormindo... Que delícia vai ser comê-la com batatas fritas e batida de maracujá. Mas é
preciso primeiro não assustá-la. Deixe me ver... (Fica pensativo) Vou fingir que sou um
homem. Ha! Ha! Ha!... (Sai de cena e logo entra com fraque e cartola. Cutuca a
menina.) Ei, garotinha! Você está bem?
CHAPÉU- (Bocejando) Hein? Oi? Meu Deus! Tenho que ir a casa da vovozinha.
Obrigada seu moço! (Saindo)
CHAPÉU- Mora na virada da segunda curva. Você vai me levar de carro até lá?
LOBO- Ora, como vou levá-la de carro se nem carro eu tenho? Mas posso te ensinar
um caminho mais curto e sem lobo mau!
LOBO- Olhe. Você vai por ali até encontrar um pé de tangerina. Depois dobre para
onde o Sol se põe, até chegar ao mamoeiro.
LOBO- Adeus, menininha... Caiu que nem um patinho! Ha! Ha! Ha! Ha! Ensinei a ela o
caminho mais comprido... Farei farofa de ovo e comerei a vovozinha frita no azeite...
Enquanto à Chapeuzinho, será a minha sobremesa... Ha! Ha! Ha! Ha! (sai)
CAÇADOR- (Sozinho) Vocês viram por aqui um lobo muito fingido e feio? (Espera a
resposta) Viram? Ah! Então lá vou eu também... Ainda pego este bichão. (Sai)
TERCEIRA CENA
É a mesma casinha da primeira cena vista por dentro (biombo). É o interior da casa da
vovozinha, que dorme numa cadeira de balanço. Um baú de folha, o retrato do
vovozinho na parede com flores. Fora, a mesma floresta.
TINOCO- (Ainda em fora de cena) O xarope! O xarope! (Entra em casa e pega o xarope)
Vovó! Vovozinha! (Aumentando a voz) Vovozinha! Dona Quiquinhas! Oh! Como é difícil
ser anjo da guarda de gente surda! Não quero parecer um anjo mal educado, mas é
preciso... Não gosto de gritar com ninguém... Dona Quiquinhas!... (Para a plateia)
Querem me ajudar?
(Tinoco senta-se no baú e rege animadamente com os gritos da plateia com a colher de
pau)
VOVÓ- (Acordando) Oh! Sonhei que ouvia todos os anjos do céu cantando...
TINOCO- Anjinhos, sim. Se não fossem estes meninos, nem sei como haveria de
acordar a senhora...
VOVÓ- O quê?
TINOCO- (Gritando) Não precisa ir visitá-la, Dona Quiquinhas, pois ela já vem aí... (Sai
para dentro da casa)
TINOCO- (Entrando) Não e não, pronto. Fica aí bem quietinha que eu vou dar uma
volta. (Tira o relógio) Tenho muito tempo. A hora do xarope está longe. Dorme mais
um pouco que sua filha já vem aí. (Começa a balançar a cadeira, saindo bem devagar)
LOBO- Ha! Ha! Ha! Lá está ela, bem sentadinha na cadeira... (olhando para o lado da
floresta) Quando chegar a menina, que ainda custará uma boa meia hora... então... ai
que delícia! Adorarei comer a velha empanada e depois a neta de sobremesa gelada!
Ha! Ha! Ha!
(Ouve- se o caçador)
VOVÓ- Ah! O vendedor da festa? Então vai ter festa na “terceira idade”? Eba! Senta,
meu filho... vou buscar um cafezinho para refrescar um pouco.
CAÇADOR- Não precisa não, Dona Quiquinhas, quero só saber se não passou por aqui
um lobo muito peludo, muito magro, muito feio?...
VOVÓ- O quê?
CAÇADOR- Um LOBO!
VOVÓ- Ah! Bolo! Então o senhor prefere um café com bolo, não é? Está bem, vou
buscá-lo... (Sai resmungando) Vendedor da festa... vendedor da festa...
CAÇADOR- Não é isto não. Oh! Ela é surda. Não adianta insistir. Não há tempo a
perder. O bichão deve estar por aqui, não posso deixá-lo escapar. Esta senhora está
em perigo. Ela precisa de mim. Como cansa ser herói! (Sai de cena)
LOBO- (Entra em cena) Como cansa ser bandido! Ha! Ha! Ha!... (Entra na casa,
examina um pouco e, quando pressente a velhinha voltando, põe apressadamente o
chapéu do caçador na cabeça)
VOVÓ- (Entrando) O bolo já vem aí... (Ri, dá a xícara ao Lobo e senta-se na cadeira.)
Pois é, meu filho, eu estava mesmo precisando de companhia... (Notando que o Lobo é
feio) O senhor está sentindo alguma coisa, Senhor Vendedor? Está com dor?
LOBO- (Perdendo a paciência com a lerdeza da velha) Não sou vendedor e nem tenho
dor nenhuma... Sou o Lobo Mau e vou comer a senhora agora mesmo... (Trepa no baú
e ameaça a vovó com caras horríveis)
VOVÓ- Coitadinho do senhor... Imagino como essa dor o põe nervoso... Vou buscar um
chá de ervas que cura tudo...
(O Lobo rosna)
VOVÓ- Cura... cura tudo, até o nervoso... (Da porta) É uma erva milagrosa que plantei
na minha horta... (Sai) Feio este vendedor, meu Deus! Parece o finado compadre
Gervásio.
LOBO- Esta velha surda me põe maluco! Vou esperá-la aqui detrás da porta e vou
comê-la de uma vez, que minha barriga já está roncando de fome...
CHAPÉU- (Ainda da janela) Iiiiih, vovó, que voz tão grossa! (Sai da janela e entra na
casa)
CHAPÉU- Coitadinha!... Olha, trouxe ovos, vinho e queijinho fresquinho de Minas para
a senhora... (Enquanto fala, vai arrumando a coberta do Lobo) Vovó... que pele é essa
tão escura?
CHAPÉU- Oh! Acho que a vovó está sofrendo da bola... (Dá uma volta em torno da
cadeira, observando-a) Vovóooo... por que a senhora tem essas orelhas tão grandes?
Esses olhos... Esse nariz? (Quase chorando) Ai, ai, e essa boca... (Aproximando-se do
Lobo, olhando bem de perto.) Vovóo, a senhora tem rabo?... (Para a plateia) Vovó não
tinha antes. Então, se ela não tem, só pode ser... (Gritando desesperadamente) O Lobo
Mau!
(O Lobo levanta-se e os dois ficam em posição de luta. O Caçador pega o Lobo pelas
mãos e as amarram na cadeira com uma corda. O Lobo levanta e tenta desamarrar a
corda. Seus movimentos são tão engraçados que parece que ele está dançando. Neste
momento chega Tinoco.)
(O Lobo empurra o caçador que cai no chão e sai correndo de braços abertos para
atacar Tinoco, Chapelão e a menina. Vovó sai de casa e entra na frente do Lobo
cercando- o, achando que é uma dança)
VOVÓ- Ah, é uma nova dança? (Dançando enlouquecidamente) Dois pra lá... Dois pra
cá...
CAÇADOR- (Aproveitando a distração do Lobo, chega por trás e dá várias pauladas nele
até desmaiá-lo) Toma, seu Lobo malvado! Toma!... (O animal desmaia.) Vamos para o
Jardim Zoológico! (Sai puxando o Lobo pelo o colarinho.)
VOVÓ- Espera... espera seu vendedor da festa... espera o cafezinho... (Sai correndo
atrás dele. Volta indignada) Já se foi e nem esperou pelo meu café.
CHAPELÃO- (Para Chapéu) Minha filhinha! Deixa eu ver se você está inteirinha. (Conta
alto os dedos das mãos) Está sim! Que susto, minha filha! (À Vovó) E a senhora,
mamãe? Deixa eu ver. (Também conta alto os dedos das mãos. Tinoco com ciúmes
estende as mãos para Chapelão também contar.) Eu sei que você está inteirinho,
Tinoco. (Eles riem e se abraçam. Em seguida, começam a cantar a clássica música:)
~ FIM~