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PERSONAGENS
Menino
Menina
Gato Malhado
Andorinha Sinhá
Pomba
Rouxinol
Velha Coruja
Vaca Mocha
PRÓLOGO
(Menino e Menina aparecem em frente à cortina, sem jeito.)
(Menino e Menina ouvem uma música que vem do palco e entram correndo. As
cortinas abrem-se e vemos os dois transformados em Gato Malhado e Andorinha
Sinhá. Andorinha Sinhá passeia pelo palco, exibindo-se e cumprimentando todos e
todas. Vai até sua árvore, e encontra cartas na sua caixa de correio.
(Quando está prestes a ler a terceira carta, percebe uma música vindo do outro lado
da árvore. Lá está o Rouxinol, preparado para fazer uma serenata à ela. Pomba o
acompanha, um tanto desgostosa).
(O Gato Malhado começa a se mostrar para o público. Abre sua caixa de correio e
também encontra cartas.)
PRIMAVERA
(O Gato Malhado está dormindo, quando a Pomba, o Rouxinol e a Andorinha
cantam a música da chegada da Primavera, inicialmente em um volume baixo. O
volume vai aumentando até que a Primavera faz o Gato acordar.)
Música: Primavera
(Feliz com a chegada da nova estação, o Gato abre os olhos, estira os braços e
sorri. Todos se assustam, param a música e se escondem).
Gato: Por que todos fugiram se o parque está tão belo com a chegada da
Primavera? Não há tempestade, não corre o vento que derruba as folhas. Será que
a Cobra Cascavel voltou? Ah, se ela voltou, vou lhe dar uma lição, para que não
venha mais destruir os lírios, nem amedrontar as galinhas e os pombos. (Olha ao
redor, vê que a Cobra Cascavel não está ali. Reflete.) Será que fugiram por minha
causa?
Andorinha: (Que estava espiando o Gato falar sozinho) É! Há tanto tempo que não
ouviam você miar nem sorrir que agora se amedrontaram.
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Gato: E porque você não fugiu como os outros?
Andorinha: Eu? Fugir? Não tenho medo de você, os outros são uns covardes...
Você não pode me alcançar, não tem asas pra voar, é um gatarrão mais tolo do que
feio. E olha lá que você é feio...!
Gato: Feio, eu? (Pausa. Ri e se afasta) Você me acha feio? De verdade?
Andorinha: Feíssimo...!
Gato: Não acredito. Só uma criatura cega poderia me achar feio.
Andorinha: Feio e convencido! (Rouxinol e Pomba alertam-na e chamam-na para
que ela saia dali. Ela sai) Até logo, seu feio...
Gato: Andorinha louca! Eu não sou feio. Eu sou lindo, estupendo, maravilhoso. Volte
aqui, Andorinha louca!
Rouxinol: E foi assim, com esse diálogo um pouco idiota, que começou toda a
história do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá.
Pomba: Na verdade a história, pelo menos no que se refere à Andorinha, começou
antes. Começou antes porque o Gato Malhado era a sombra na vida clara e
tranqüila da Andorinha Sinhá, que não entendia porque o gatarrão não falava com
ninguém.
Rouxinol: Certo dia resolveu conversar sobre o Gato com a Vaca Mocha! (anuncia
a Vaca Mocha, mas ela não aparece.) É... Com a Vaca Mocha... (a Vaca entra.) Sua
professora de espanhol, uma das figuras mais importantes do parque...
Pomba: Que tinha tanto prestígio quanto a Velha Coruja!
Andorinha: Profe Mocha... Como é que se diz mundo?
Vaca Mocha: Mon-do!
Andorinha: E como é que se diz coração, Profe Mocha?
Vaca Mocha: Co-ra-zón...!
Andorinha: E... Malhado?
Vaca Mocha: Tigrado!
Andorinha: Sujeito caladão, orgulhoso, metido a besta! Por que será que não
mantém relações com ninguém? Mesmo eu, que converso com todos nesse parque,
nunca consegui falar com ele.
Vaca Mocha: Cón quien queres hablar, chiquita?
Andorinha: Com o Gato Malhado!
Vaca Mocha: Hablar con el Gato? Piensas, loquita, em hacerlo realmente? Por
Diós, no seas tonta! Entonces tu no sabes que és um gato malo, e que jamás uma
andorinha deve mantener sequer relaciones de simples cumprimientos com un gato?
Que los gatos são inimigos irreconciliables de las andorinhas. Que muchas e
muuuuuuuchas parentas tuas pereceram entre las garras de gatos como aquele,
tigrados o no!
Andorinha: Mas ele não me fez nada...
Vaca Mocha: És un gato, e ainda por cima, tigrado!
Andorinha: Só por ser um gato, ainda por cima malhado? Mas ele tem um coração
como todos nós...
Vaca Mocha: Quien le disse que ele tienes um corazón? Quién?
Andorinha: Bem, eu pensei...
Vaca Mocha: Usted viu sú corazón? Habla chiquita!
Andorinha: Ver eu não vi...
Vaca Mocha: Entonces? No deve mas hablar com él. Jure Andorinha!
Andorinha: Jurar o que?
Vaca Mocha: Jure que no há mas de procurar el Gato Tigrado!
Andorinha: Juro que nunca mais vou procurar o Gato Malhado...
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Vaca Mocha: E nem sequier há de pensar en hablar com él!
Andorinha: E nem sequier há de pensar en hablar com él! Agora... Eu tenho que
ir... Porque... Porque... Porque eu tenho que ir! (sai de cena.)
Vaca Mocha: (saindo de cena, indo atrás da Andorinha.) Mas Andorinha, espere...
El Gato tigrado és um gato malo, perigroso. Saca mi leche todas las manhanas...
Rouxinol: A Andorinha jurou, jurou. Mas juramento de andorinha não vale muito,
não se deve dar crédito exagerado. Muito menos juramento de andorinha jovem, de
cabeça ardente e espírito aventureiro.
Andorinha (em sua casa, falando sozinha): Ele é feio, mas é simpático...
Gato (em sua casa, falando sozinho): Ela é bonita, e simpática. (Se dando conta do
que falou) Acho que eu estou doente. Estou ardendo em febre.
Pomba: Ao cair da noite, o Gato olhou uma flor e nela viu refletidos os rasgados
olhos da Andorinha.
Rouxinol: Foi ao lago beber água e na água também enxergou a Andorinha.
Pomba: E a reconheceu em cada folha...
Rouxinol: Em cada gota de orvalho...
Pomba: Em cada réstia de sol crepuscular...
Rouxinol: Em cada sombra da noite que chegava.
Gato: Apaixonado não... Não estou apaixonado.
VERÃO
Música: Verão
(A aula termina. Pomba tenta despedir-se do Rouxinol mas não consegue, porque
ele só tem olhos para a Andorinha. Andorinha se despede e vai correndo ao
encontro do Gato. Já chega querendo brincar, e assusta-o.)
Gato: O que você fez de ontem para hoje? Hoje está ainda mais linda do que ontem
e mesmo mais linda do que estava essa noite no sonho que te vi...
Andorinha: Me conta teu sonho... Eu não te conto o meu porque sonhei com uma
pessoa muito feia: sonhei contigo... (Os dois sorriem. O Gato vê que, ao longe, o
Rouxinol observa-os. Entristece. Andorinha percebe.) O que aconteceu?
Gato: Por que demorou tanto hoje?
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Andorinha: Eu estava na aula de canto, você sabe...
Gato: É, sei... Com o Rouxinol... (Rouxinol exibe-se no fundo da cena.)
Andorinha: (Sorrindo, com bastante naturalidade) Ora... Seu gatarrão! Você sabe
que o Rouxinol é como um irmão pra mim... (Rouxinol entristece) É como um
irmão... (Andorinha e Gato brincam de fazer cócegas, sorrindo e se divertindo. De
repente, param e estão cara a cara. Pausa.)
Gato: Se eu não fosse um gato, pediria pra casar com você! (Andorinha começa a
sair de cena. Ocorre uma alternância entre as falas do Gato e a movimentação, pois
ele continua a repetir o pedido.) Se eu não fosse um gato, pediria pra casar com
você! Se eu não fosse um gato, pediria pra casar com você! Pra casar com você!
Com você...
Pomba: Mas é o fim do mundo! A Andorinha nem sabe que o Gato deseja apenas
um dia almoçá-la!
Vaca Mocha: Repruevo o poder dessa Andorinha. É perigroso, imoral e feio.
Conversa com el Gato como se não fosse el gato. Logo com el Gato Tigrado,
criminoso nato! A Andorinha precisa se casar!
Pomba: Mas com quem?
Vaca Mocha: Com el Rouxinol! O Rouxinol é belo e gentil, sabe cantar e dançar, é
da raça volátil, com ele bem pode a Andorinha se casar! Que belo casamento para a
Andorinha! O Rouxinol!
(Vaca sai de cena cantando a música da lei, muito satisfeita com o casamento que
arranjou para a Andorinha. Gato entra, olha para a árvore e sua amada não está lá.
Vai para a sua casa. Anoitece, inicia-se o Outono.)
OUTONO
Música: Outono
(A Velha Coruja entra em cena para conversar com o Gato, que estava tentando
escrever um soneto para a Andorinha.)
(A Velha Coruja sai de cena, e o Gato retorna para seu soneto. Finaliza-o.
Andorinha entre em cena e deixa um bilhete para o Gato no pé da sua árvore. O
Gato entrega a ela um grande pergaminho e pega o bilhete que ela deixou para ele.
A Andorinha Sinhá
A Andorinha Sinhô
A Andorinha bateu asas
E voou.
Gato (lendo o bilhete de Andorinha): “Uma andorinha jamais pode casar com um
gato. Nós não devemos mais nos encontrar. Nunca fui tão feliz como no tempo em
que passei contigo, vagabundeando pelo parque, mas nós não devemos mais nos
encontrar. Da sempre tua Sinhá.”
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(Andorinha, mesmo hesitando, vai procurar o Gato. Estão magoados, depois
brincam um pouco, até que ela interrompe a brincadeira e decide lhe dar a notícia
que estava adiando.)
Andorinha: Essa foi a última vez. Na minha casa, já estão trabalhando seis aranhas
costureiras que preparam um enxoval. No começo do Inverno, vou me casar com o
Rouxinol, porque... Ai! Uma andorinha não pode se casar com um gato.
(A Andorinha toca o Gato com suas asas, era sua maneira de beijá-lo. E sai sem
olhar pra trás.)
INVERNO
(No fundo da cena, Rouxinol aguarda a Andorinha para o casamento. Ela entra, em
marcha nupcial, com o buquê na mão.)
Música: Inverno
(Ao terminar o casamento, Andorinha sai correndo para se encontrar com o Gato.
Gato: Vou tomar a direção dos caminhos que conduzem à encruzilhada do fim do
mundo.
(Antes de deixá-lo partir, a Andorinha entrega a ele uma pétala vermelha de seu
buquê. O Gato sai caminhando com a pétala, sozinho, e ela fica a observá-lo. Assim
termina a história do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá. Rouxinol e Pomba iniciam
uma música e depois Gato e Andorinha juntam-se a eles.)
Música: Revolução
FIM.
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Anexo B – Trilha sonora composta por Adriano Taques (Rouxinol) e Evelíny
Pedroso (Pomba)
Serenata
F D7 Gm C
Se eu pudesse “avoar” com teu “avôo”
F
Que linda vida eu teria
D7 Gm C
Se eu pudesse “avoar” com teu “avôo”
F
Que linda vida eu teria
Bb Bbm F
Eu ira descansar no relento do teu sol
D7 Gm C F
Deixar-me capturar na isca do teu lindo anzol
Bb Bbm F
Tu serias o meu fá e eu teu si bemol
D7 Gm C F
Serias minha Sinhá e eu o teu Rouxinol
Primavera
(Am Bm)
Ela chegou, coloriu e pintou
Ela molhou, repartiu, semeou
(C F C F C F Bbm)
Amanheceu
Conheci o paraíso
Perfumado e colorido
Que sorri de flor e flor
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Toda a beleza
Presente na natureza
Em cada canto que respeita
Sua forma e sua cor
Laiá, laiá, laia, laia, laiá, laiá....
Verão
(C F)
Lá vem o astro que “alumía” o grande espírito
Lá vem o astro conhecido como o Sol
Chegou o astro que “alumía” o grande espírito
Chegou o astro conhecido como o Sol
Velha lei
(C Am Dm G )
Pomba com Pombo
Pata com Pato
Cão com Cadela
Sapa com Sapo
Em Am Dm G
Onde já se viu uma Andorinha noivando com um Gato?
Outono
( E Bm Cm A )
Caiu, caiu, a folha, a “frô”
O Outono levou, levou, levou
Caiu, caiu, a folha, a “frô”
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O Outono levou o meu amor
Outoniou, Outoniou
O Outono levou o meu amor
Inverno
(Fm Bm)
Faz frio
Meu amor foi voar
Para onde eu não posso alcançar
Meu amor foi voar
Revolução
(G D G D G D G)
O mundo que a gente “véve”
Um dia só vai prestar
O mundo que a gente “véve”
Um dia só vai prestar
No dia em que o Gato Malhado
Com a Andorinha Sinhá se casar
No dia em que o Gato Malhado
Com a Andorinha Sinhá se casar
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