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2º teste parcelar
1º. Casamento:
A. Sim:
1694º - dívidas que oneram bens certos e determinados: bem comum = dívida comum
C. Caso concreto
Daniela e Eduardo casaram civilmente em julho de 1998. Haviam celebrado uma convenção
antenupcial em que se determinava a comunicabilidade dos bens móveis adquiridos a título
gratuito após o casamento e a incomunicabilidade dos bens imóveis adquiridos nas mesmas
condições.
Em 2000, Daniela herdou de um velho tio uma casa de praia e alguns bens móveis da
residência do falecido e que Daniela guardou num armazém.
a) Em fins de 2001, Daniela vendou os móveis herdados a um antiquário por 2.500€, facto de
que o Eduardo teve conhecimento há dois meses atrás. Eduardo pretende invalidar a venda
das mobílias, alegando que eram comuns e que, portanto, Daniela não podia praticar tal ato
sem o seu consentimento. Quid Iuris?
b) A fim de arrendar a casa de praia, sita numa conhecida praia algarvia, a uma riquíssima
família inglesa, Daniela mandou fazer obras de conservação e melhoramento da mesma. Não
dispondo da quantia necessária, contraiu uma dívida de 3.000€ que se obrigou a pagar ao fim
de determinado prazo. Vencido este, Daniela pagou 1.500€ e pediu a Eduardo para pagar a
outra metade, o que este recusa, dizendo ser uma dívida própria dela e não comum. Terá
razão?
a)
O casamento é fonte de relações jurídicas familiares, nos termos do art. 1576º CC, e por meio
desse contrato celebrado entre duas pessoas verificam-se efeitos pessoais e efeitos patrimoniais.
Na concretização dos seus efeitos pessoais, o casamento constitui a família, impõe aos
cônjuges um conjunto de deveres e tem efeitos sobre o seu nome e nacionalidade. Já os efeitos
patrimoniais do casamento abrangem normas impostas por lei acerca da administração de bens
dos cônjuges, das ilegitimidades conjugais, dos poderes relativamente aos bens que integram as
várias massas patrimoniais, da responsabilidade por dívidas dos cônjuges, entre outros.
No entanto, o que os nubentes podem escolher, dentro dos limites que a lei lhes impõe, é um
determinado regime de bens: conjunto de regras cuja aplicação define a propriedade sobre os
bens do casal, isto é, a sua repartição entre o património comum, o património do marido e o
património da mulher.
Esta estipulação está sujeita à liberdade de convenção (art. 1698º), podendo os esposos fixar
livremente o regime de bens, através da escolha de um dos regimes ou da estipulação dentro dos
limites da lei. No entanto, esta liberdade está sujeita às restrições do art. 1699º, bem como aos
requisitos de capacidade, forma, publicidade e caducidade dos arts. 1708º, 1710º, 1711º e
Em relação ao que não foi estipulado, aplica-se o regime da comunhão de adquiridos, a título
de regime supletivo (art. 1717º e 1721º ss.).
Assim, a casa de praia herdada por Daniela é um bem próprio (por estipulação da convenção
antenupcial e também pelo art. 1722º nº1 al. b)); os móveis da residência herdados são bens
comuns (estipulado na convenção antenupcial).
Em relação à disposição dos bens móveis, vale a regra de que quem administra pode dispor
(art. 1682º). A administração dos móveis, apesar de comuns, cabe a Daniela (art. 1678º nº2 al. c)
- uma exceção ao princípio da administração conjunta dos bens comuns). Assim, pode ela
sozinha dispor dos mesmos sem necessidade de consentimento de Eduardo (art. 1682º nº2). Não
cabe as exceções do nº3 do art. 1682º (não eram utilizados no lar, ela guardou-os num armazém).
Por isso, Daniela podia efetuar a venda das mobílias, tendo legitimidade sem necessidade do
consentimento do marido.
b)
Em primeiro lugar, tem legitimidade para contrair dívidas qualquer um dos cônjuges, sem
necessidade de consentimento do outro (art. 1690º), pelo que Daniela pode contrair a dívida sem
necessidade do consentimento de Eduardo.
A al. b) refere-se às dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges para ocorrer aos encargos
normais da vida familiar: dívidas pequenas, relativamente ao padrão de vida do casal, em geral
correntes ou periódicas, que qualquer dos cônjuges tem de ser livre de contrair, já que se
integram num quadro normal de despesas (alimentação, vestuário, médico e farmácia, etc.).
Normalmente são dívidas contraídas por um dos cônjuges no âmbito da parcela de
administração dos bens afetados ao governo do lar que lhe caberá, e em proveito comum do
casal. Não interessa que as dívidas sejam contraídas antes ou depois do casamento, nem que o
regime de bens seja um ou outro; trata-se de encargos preparatórios do casamento ou derivados
da vida familiar, a cuja responsabilidade nenhum cônjuge se pode eximir.
Primeiro, a dívida deve estar conexionada com os bens de que esse cônjuge tem a
administração (arts. 1678º e 1679º).
Segundo, o devedor deve ter agido “nos limites dos seus poderes de administração”. Estes
poderes, por atribuição legal (art. 1678º nº2), são muito amplos, pelo que só terminam, grosso
modo, nos limites impostos pela necessidade de pedir consentimento ao outro.
- afere-se, não pelo resultado, mas pelo fim visado pelo devedor (se foi o interesse do casal,
considera‐se haver proveito comum, ainda que tenham resultado prejuízos);
Quanto ao caso em concreto, a dívida em apreço poderá ser comum nos termos da al. c) do
art. 1691º se entendermos que foi contraída pelo cônjuge administrador (Daniela, nos termos do
art. 1678º nº1), nos limites dos seus poderes administrativos e em proveito comum do casal, o
que poderá ser o caso, uma vez que os rendimentos resultantes do arrendamento integram o
património comum, sendo o objetivo deste beneficiar o casal.
Sendo esta dívida comum, respondem os bens comuns nos termos do art. 1695º nº1,
podendo responder também os bens próprios dos cônjuges (incluindo de Eduardo) - como não
estão casados no regime de separação de bens, e sendo a dívida comum, a responsabilidade
dos bens próprios é solidária. Eduardo é também responsável pela dívida, mas se se recusar a
pagar o credor poderá, na falta de bens comuns, exigir a totalidade do valor (3.000€) a Daniela.
b) Caso Eva não consiga pagar os juros do empréstimos nem amortizar a dívida, poderá
Daniel vir a ser responsabilizado?
O casamento é fonte de relações jurídicas familiares, nos termos do art. 1576º CC, e por meio
desse contrato celebrado entre duas pessoas verificam-se efeitos pessoais e efeitos patrimoniais.
Na concretização dos seus efeitos pessoais, o casamento constitui a família, impõe aos
cônjuges um conjunto de deveres e tem efeitos sobre o seu nome e nacionalidade. Já os efeitos
patrimoniais do casamento abrangem normas impostas por lei acerca da administração de bens
dos cônjuges, das ilegitimidades conjugais, dos poderes relativamente aos bens que integram as
várias massas patrimoniais, da responsabilidade por dívidas dos cônjuges, entre outros.
No entanto, o que os nubentes podem escolher, dentro dos limites que a lei lhes impõe, é um
determinado regime de bens: conjunto de regras cuja aplicação define a propriedade sobre os
bens do casal, isto é, a sua repartição entre o património comum, o património do marido e o
património da mulher.
Neste caso em apreço, e quanto ao regime de bens, Eva e Daniel estão casados no regime de
comunhão de adquiridos, regime supletivamente aplicável nos termos dos arts. 1717º e 1721º
ss.. Decorre deste regime que são bens próprios os bens que cada um dos cônjuges levou para o
casamento e os adquiridos ao longo deste a título gratuito, sendo os restantes bens comuns.
Neste sentido, os 50.000€ herdados por Eva são um bem próprio (art. 1722º nº1 al. b)).
Com este valor, Eva procedeu à compra de um bem imóvel (art. 205º), imóvel este que poderá
ser considerado bem próprio se preencher os requisitos do art. 1723º, que regula a sub-rogação
no lugar de bens próprios: os bens adquiridos tomam o lugar dos anteriores, fazendo as vezes
deles, por aplicação do princípio da sub‐rogação real (de um dos patrimónios saíram
determinados bens mas entraram outros, havendo uma conexão entre a perda e a aquisição).
A sub‐rogação real admite‐se: nos casos de troca direta (al. a)); de alienação de bens próprios
quanto ao respetivo preço (al. b)); de bens adquiridos ou benfeitorias feitas com dinheiro ou
valores próprios de um dos cônjuges, desde que a proveniência do dinheiro ou valores seja
mencionada no documento de aquisição ou equivalente (e nesse preciso momento, não
posteriormente), com assinatura de ambos os cônjuges (al. c)). Se não for devidamente
mencionada a proveniência do dinheiro ou dos valores com que foram adquiridos os bens ou
efetuadas as benfeitorias, estes bens ou benfeitorias serão comuns.
Assim, uma vez que não houve a documentação da proveniência do dinheiro, o andar é um
bem comum (art. 1723º al. c) e 1724º al. b)).
A quinta herdada por Daniel é um bem próprio (art. 1722º nº1 al. b)). Mesmo assim, tratando-
se de um imóvel, Daniel precisa do consentimento de Eva para onerar, alienar ou arrendar,
segundo o art. 1682º-A nº1 al. a), estando casados no regime de comunhão de adquiridos. Não
havendo consentimento, como aconteceu, Eva poderá anular o contrato de arrendamento, nos
termos do art. 1687º nºs 1 e 2.
b)
Em primeiro lugar, tem legitimidade para contrair dívidas qualquer um dos cônjuges, sem
necessidade de consentimento do outro (art. 1690º), pelo que Eva pode contrair o empréstimo e
a respetiva dívida sem necessidade do consentimento de Daniel.
A al. b) refere-se às dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges para ocorrer aos encargos
normais da vida familiar: dívidas pequenas, relativamente ao padrão de vida do casal, em geral
correntes ou periódicas, que qualquer dos cônjuges tem de ser livre de contrair, já que se
integram num quadro normal de despesas (alimentação, vestuário, médico e farmácia, etc.). A
compra de um andar no valor de milhares de euros não se enquadra claramente aqui.
Primeiro, a dívida deve estar conexionada com os bens de que esse cônjuge tem a
administração (arts. 1678º e 1679º). Este verifica-se no caso concreto, uma vez que os 50.000€
que custearam grande parte do andar e que levaram Eva a pedir o empréstimo complementar,
são bens próprios de Eva (art. 1722º nº1 b)).
Segundo, o devedor deve ter agido “nos limites dos seus poderes de administração”. Estes
poderes, por atribuição legal (art. 1678º nº2), são muito amplos, pelo que só terminam, grosso
modo, nos limites impostos pela necessidade de pedir consentimento ao outro. Neste caso,
dificilmente a atuação de Eva estará dentro dos limites dos seus poderes de administração.
- afere-se, não pelo resultado, mas pelo fim visado pelo devedor (se foi o interesse do casal,
considera‐se haver proveito comum, ainda que tenham resultado prejuízos);
Quanto ao caso concreto, não é clara a existência de proveito comum a retirar da atuação de
Eva para o casal quanto ao fim, nem quanto ao interesse, nem quanto à intenção objetiva ou
subjetiva de proveito comum.
Sendo esta dívida comum, respondem os bens comuns nos termos do art. 1695º nº1,
podendo responder também os bens próprios dos cônjuges (incluindo de Daniel) - como não
estão casados no regime de separação de bens, e sendo a dívida comum, a responsabilidade
dos bens próprios é solidária.
Adolfo levou para o casamento um automóvel, uma máquina de escrever e uma máquina de
costura. A máquina de escrever serve para os trabalhos jornalísticos de Adolfo, a máquina da
costura é utilizada apenas por Margarida na sua profissão de costureira e o automóvel é utilizado
por ambos.
Num período de ausência de Adolfo, Margarida vende todos os objetos referidos a um
comprador que a julga proprietária dos mesmos.
Ficando a saber do sucedido, Adolfo pretende reaver os objetos vendidos. Quid Iuris?
O casamento é fonte de relações jurídicas familiares, nos termos do art. 1576º CC, e por meio
desse contrato celebrado entre duas pessoas verificam-se efeitos pessoais e efeitos patrimoniais.
Na concretização dos seus efeitos pessoais, o casamento constitui a família, impõe aos
cônjuges um conjunto de deveres e tem efeitos sobre o seu nome e nacionalidade. Já os efeitos
patrimoniais do casamento abrangem normas impostas por lei acerca da administração de bens
dos cônjuges, das ilegitimidades conjugais, dos poderes relativamente aos bens que integram as
várias massas patrimoniais, da responsabilidade por dívidas dos cônjuges, entre outros.
No entanto, o que os nubentes podem escolher, dentro dos limites que a lei lhes impõe, é um
determinado regime de bens: conjunto de regras cuja aplicação define a propriedade sobre os
bens do casal, isto é, a sua repartição entre o património comum, o património do marido e o
património da mulher.
Neste caso em apreço, e quanto ao regime de bens, Adolfo e Margarida estão casados no
regime de comunhão de adquiridos, regime supletivamente aplicável nos termos dos arts. 1717º
e 1721º ss., dado que nada estipularam em convenção antenupcial. Decorre deste regime que
são bens próprios os bens que cada um dos cônjuges levou para o casamento e os adquiridos
ao longo deste a título gratuito, sendo os restantes bens comuns.
Em relação à disposição dos bens móveis, vale a regra de que quem administra pode dispor
(art. 1682º). Assim, importa saber quem administra esses bens para determinar quem podia
dispor deles. Quanto à administração dos bens:
- a máquina de escrever utilizada somente por Adolfo será administrada por ele (art. 1678º
nº1);
Apurado o cônjuge administrador, podemos aferir qual o cônjuge que podia legitimamente
dispor de tais bens. Quando à disposição dos bens móveis em causa:
- Adolfo pode dispor do automóvel (art. 1682º nº2) ou, eventualmente, ser necessário o
consentimento de ambos (art. 1682º nº3 a)) - o que é certo é que Margarida não podia dispor.
Em todas estas hipóteses, Margarida não tem sozinha poderes de disposição, pelo que
estamos perante ilegitimidades conjugais: exigência do consentimento de ambos os cônjuges
como requisito de validade de determinados atos ou negócios, com vista a proteger o cônjuge e
os interesses gerais da família. Estas ilegitimidades encontram as suas sanções no art. 1687º:
- máquina de costura: a venda é anulável, nos termos do art. 1687º nºs 1 e 2, com proteção
do terceiro de boa fé que desconhece o casamento (art. 1687º nº3).
Ana e Bernardo casaram sem convenção antenupcial em 2000. Numa grande discussão entre
ambos, Ana acabou por esbofetear Bernardo, chamando-lhe ainda inútil e consumista, sendo
certo que, na altura, Ana estava bastante embriagada, na sequência de um jantar com um grupo
de amigos. Ofendido, humilhado e ferido, Bernardo saiu de casa.
Pouco depois, o pai de Ana faleceu. Assim, esta herdou, juntamente com os seus dois irmãos,
um terreno e, a seguir, comprou-lhes os respetivos quinhões, utilizando para o efeito o dinheiro
que tinha poupado do seu vencimento quando ainda pensava que iria passar as férias com
Bernardo nas Maldivas.
Além disso, comprou um automóvel com dinheiro que tinha numa conta à parte, desde o
tempo de solteira, para poder enfrentar situações especiais.
Bernardo, por seu lado, comprou algum vestuário e calçado de que tinha necessidade, pois
quase tudo que possuía ficou na casa quando ele a deixou, dizendo que a mulher pagaria tudo.
Todavia, Ana recusa-se terminantemente a pagar.
Diga se Ana é obrigada a pagar as compras referidas de Bernardo.
Estamos perante um problema de responsabilidade por dívidas dos cônjuges, em que cabe
analisar: quem tem legitimidade para contrair dívidas e quem responde pelas mesmas.
Em primeiro lugar, tem legitimidade para contrair dívidas qualquer um dos cônjuges, sem
necessidade de consentimento do outro (art. 1690º), pelo que Bernardo tinha legitimidade para,
sem o consentimento de Ana, comprar o vestuário e o calçado de que tinha necessidade.
A al. b) refere-se às dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges para ocorrer aos encargos
normais da vida familiar: dívidas pequenas, relativamente ao padrão de vida do casal, em geral
correntes ou periódicas, que qualquer dos cônjuges tem de ser livre de contrair, já que se
integram num quadro normal de despesas (alimentação, vestuário, médico e farmácia, etc.).
Trata-se de encargos derivados da vida familiar, a cuja responsabilidade nenhum cônjuge se pode
eximir.
Neste sentido, a dívida contraída por Bernardo enquadra-se como um encargo normal da vida
familiar, o vestuário. Isto apesar de os cônjuges estarem separados de facto, uma vez que, de
acordo com o art. 1675º nº3, se a separação de facto for imputável a um dos cônjuges (no caso,
é imputável a Ana) mantém-se o dever de assistência. Outra situação significaria prejudicar os
credores que negoceiem com pessoas casadas e implicaria que conflitos entre cônjuges, cujo fim
é imprevisível, prejudicassem terceiros, pois bastaria que os cônjuges se separassem de facto
para frustrarem a comunicabilidade das dívidas contraídas.
De referir ainda que não se tratam de dívidas que oneram doações, heranças ou legados ou
ainda dívidas que oneram bens certos e determinados (arts. 1693º e 1694º).
Sendo esta dívida comum, respondem os bens comuns nos termos do art. 1695º nº1. Assim,
respondem os bens comuns e subsidiária e solidariamente os bens próprios de qualquer dos
cônjuges (incluindo, assim, os de Ana).
a)
O casamento é fonte de relações jurídicas familiares, nos termos do art. 1576º CC, e por meio
desse contrato celebrado entre duas pessoas verificam-se efeitos pessoais e efeitos patrimoniais.
Na concretização dos seus efeitos pessoais, o casamento constitui a família, impõe aos
cônjuges um conjunto de deveres e tem efeitos sobre o seu nome e nacionalidade. Já os efeitos
patrimoniais do casamento abrangem normas impostas por lei acerca da administração de bens
dos cônjuges, das ilegitimidades conjugais, dos poderes relativamente aos bens que integram as
várias massas patrimoniais, da responsabilidade por dívidas dos cônjuges, entre outros.
No entanto, o que os nubentes podem escolher, dentro dos limites que a lei lhes impõe, é um
determinado regime de bens: conjunto de regras cuja aplicação define a propriedade sobre os
bens do casal, isto é, a sua repartição entre o património comum, o património do marido e o
património da mulher.
Neste caso em apreço, e quanto ao regime de bens, Manuela e Sócrates estão casados no
regime de comunhão de adquiridos, regime supletivamente aplicável nos termos dos arts. 1717º
e 1721º ss., dado que nada estipularam em convenção antenupcial. Decorre deste regime que
são bens próprios os bens que cada um dos cônjuges levou para o casamento e os adquiridos
ao longo deste a título gratuito, sendo os restantes bens comuns.
O automóvel e o apartamento são bens adquiridos com valores próprios, pelo que só se
considerarão como tal se preencherem os requisitos do art. 1723º, que regula a sub-rogação no
lugar de bens próprios: os bens adquiridos tomam o lugar dos anteriores, fazendo as vezes
deles, por aplicação do princípio da sub‐rogação real (de um dos patrimónios saíram
determinados bens mas entraram outros, havendo uma conexão entre a perda e a aquisição).
A sub‐rogação real admite‐se: nos casos de troca direta (al. a)); de alienação de bens próprios
quanto ao respetivo preço (al. b)); de bens adquiridos ou benfeitorias feitas com dinheiro ou
valores próprios de um dos cônjuges, desde que a proveniência do dinheiro ou valores seja
mencionada no documento de aquisição ou equivalente (e nesse preciso momento, não
posteriormente), com assinatura de ambos os cônjuges (al. c)). Se não for devidamente
mencionada a proveniência do dinheiro ou dos valores com que foram adquiridos os bens ou
efetuadas as benfeitorias, estes bens ou benfeitorias serão comuns.
Em todo o caso, a titularidade dos bens não interfere com as regras de disposição dos
mesmos:
Quanto ao automóvel, sendo bem móvel, vale a regra de que quem administra pode dispor
(art. 1682º). Assim:
- se for bem próprio (art. 1723º al. c)), e não havendo exceções, é Manuela que o administra
(regra da administração singular - 1678º nº1) e ela podia aliená-lo sem necessidade do
consentimento do marido (art. 1682º nº2 - não se colocam as exceções do nº3 pois o
automóvel era somente utilizado por si). Aqui Sócrates nada podia fazer.
- se for bem comum (art. 1724º b)), é administrado pelos 2 cônjuges (não há exceções à regra
da administração conjunta - não se aplica o art. 1678º nº2 e)) e só pelos 2 pode ser alienado
(art. 1682º nº1). Neste caso, não tendo havido o consentimento de Sócrates, este pode anular
a venda do automóvel, nos termos do art. 1687º nºs 1 e 2.
Quanto ao apartamento, temos agora a disposição de um bem imóvel, o que nos remete para
o art. 1682º-A. Estando casados no regime de comunhão de adquiridos, carece sempre do
consentimento do cônjuge a sua alienação, seja bem próprio ou bem comum (além do mais, é
casa morada de família - art. 1682º-A nº2). Como não houve o consentimento, a venda do
mesmo é anulável, nos termos do art. 1687º nºs 1 e 2.
b)
Em primeiro lugar, tem legitimidade para contrair dívidas qualquer um dos cônjuges, sem
necessidade de consentimento do outro (art. 1690º), pelo que Manuela podia contrair a dívida.
A al. b) refere-se às dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges para ocorrer aos encargos
normais da vida familiar: dívidas pequenas, relativamente ao padrão de vida do casal, em geral
correntes ou periódicas, que qualquer dos cônjuges tem de ser livre de contrair, já que se
integram num quadro normal de despesas (alimentação, vestuário, médico e farmácia, etc.).
Normalmente são dívidas contraídas por um dos cônjuges no âmbito da parcela de
administração dos bens afetados ao governo do lar que lhe caberá, e em proveito comum do
casal.
Seria possível preencher esta hipótese, se considerarmos que o padrão de vida do casal
permite que a manutenção do pavimento seja feita com madeira exótica.
Primeiro, a dívida deve estar conexionada com os bens de que esse cônjuge tem a
administração (arts. 1678º e 1679º). Podemos considerar que Manuela é o cônjuge
administrador, quer se o bem for próprio (art. 1678º nº1, 1723º c) e 1724º b)), quer se for um bem
comum, tratando-se de um ato de administração ordinária (art. 1678º nº3 1ªp.).
Segundo, o devedor deve ter agido “nos limites dos seus poderes de administração”. Estes
poderes, por atribuição legal (art. 1678º nº2), são muito amplos, pelo que só terminam, grosso
modo, nos limites impostos pela necessidade de pedir consentimento ao outro. Assim, Manuela
não excede os poderes de administração que tem.
- afere-se, não pelo resultado, mas pelo fim visado pelo devedor (se foi o interesse do casal,
considera‐se haver proveito comum, ainda que tenham resultado prejuízos). Neste caso, o fim
visado pelo devedor foi a manutenção da casa morada de família, que trará proveito ao casal;
- pode ser um interesse material, económico, moral ou intelectual. Neste caso poderá estar
em causa um interesse material (qualidade da madeira), económico (elevado valor da matéria
prima) até ainda intelectual (exposição artística);
Sendo esta dívida comum, respondem os bens comuns nos termos do art. 1695º nº1,
podendo responder também os bens próprios dos cônjuges (incluindo de Sócrates) - como não
estão casados no regime de separação de bens, e sendo a dívida comum, a responsabilidade
dos bens próprios é solidária. Sócrates é também responsável pela dívida.
a)
b)
Dulce emitiu uma declaração de vontade contrária à vontade real com o intuito de enganar
a)
O casamento é fonte de relações jurídicas familiares, nos termos do art. 1576º CC, e por meio
desse contrato celebrado entre duas pessoas verificam-se efeitos pessoais e efeitos patrimoniais.
Na concretização dos seus efeitos pessoais, o casamento constitui a família, impõe aos
cônjuges um conjunto de deveres e tem efeitos sobre o seu nome e nacionalidade. Já os efeitos
patrimoniais do casamento abrangem normas impostas por lei acerca da administração de bens
dos cônjuges, das ilegitimidades conjugais, dos poderes relativamente aos bens que integram as
várias massas patrimoniais, da responsabilidade por dívidas dos cônjuges, entre outros.
No entanto, o que os nubentes podem escolher, dentro dos limites que a lei lhes impõe, é um
determinado regime de bens: conjunto de regras cuja aplicação define a propriedade sobre os
bens do casal, isto é, a sua repartição entre o património comum, o património do marido e o
património da mulher.
Neste caso em apreço, e quanto ao regime de bens, Maria e Mestre Zé estão casados no
regime de comunhão de adquiridos, regime supletivamente aplicável nos termos dos arts. 1717º
e 1721º ss., dado que nada estipularam em convenção antenupcial. Decorre deste regime que
são bens próprios os bens que cada um dos cônjuges levou para o casamento e os adquiridos
ao longo deste a título gratuito, sendo os restantes bens comuns.
Neste sentido, o barco de pesca é bem próprio de Mestre Zé (art. 1722º nº1 al. b)).
O apartamento (bem adquiridos com valores comuns - proventos obtidos no exercício da sua
profissão) é um bem comum (art. 1724º al. b)).
Em todo o caso, a titularidade dos bens não interfere com as regras de disposição dos
mesmos:
Quanto ao automóvel, sendo bem móvel, vale a regra de que quem administra pode dispor
(art. 1682º). Assim, sendo bem próprio, e não havendo exceções, é Mestre Zé que o administra
(regra da administração singular - 1678º nº1) e ele podia aliená-lo sem necessidade do
consentimento da mulher (art. 1682º nº2 - não se colocam as exceções do nº3 pois era somente
utilizado por si). Aqui Maria nada podia fazer.
Quanto ao apartamento, temos agora a disposição de um bem imóvel, o que nos remete para
o art. 1682º-A. Estando casados no regime de comunhão de adquiridos, carece sempre do
consentimento do cônjuge a sua alienação, seja bem próprio ou bem comum (além do mais, é
b)
Em primeiro lugar, tem legitimidade para contrair dívidas qualquer um dos cônjuges, sem
necessidade de consentimento do outro (art. 1690º), pelo que Maria podia contrair a dívida.
Não foi o caso, uma vez que Mestre Zé não consentiu na troca dos móveis.
A al. b) refere-se às dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges para ocorrer aos encargos
normais da vida familiar: dívidas pequenas, relativamente ao padrão de vida do casal, em geral
correntes ou periódicas, que qualquer dos cônjuges tem de ser livre de contrair, já que se
integram num quadro normal de despesas (alimentação, vestuário, médico e farmácia, etc.).
Normalmente são dívidas contraídas por um dos cônjuges no âmbito da parcela de
administração dos bens afetados ao governo do lar que lhe caberá, e em proveito comum do
casal.
Seria possível preencher esta hipótese, se considerarmos que o padrão de vida do casal
permite estas alterações de mobiliário a um apartamento novo, o que não parece ser o caso, uma
vez que Mestre Zé é pescador e, provavelmente, não tem rendimentos muito elevados.
Primeiro, a dívida deve estar conexionada com os bens de que esse cônjuge tem a
administração (arts. 1678º e 1679º). Podemos considerar que Maria está a praticar um ato de
administração ordinária (art. 1678º nº3 1ªp.).
Segundo, o devedor deve ter agido “nos limites dos seus poderes de administração”. Estes
poderes, por atribuição legal (art. 1678º nº2), são muito amplos, pelo que só terminam, grosso
modo, nos limites impostos pela necessidade de pedir consentimento ao outro. Assim, Maria não
excede os poderes de administração que tem.
- afere-se, não pelo resultado, mas pelo fim visado pelo devedor (se foi o interesse do casal,
considera‐se haver proveito comum, ainda que tenham resultado prejuízos). Neste caso, o fim
visado pelo devedor foi a manutenção da casa morada de família, que trará proveito ao casal;
- pode ser um interesse material, económico, moral ou intelectual. Neste caso poderá estar
em causa um interesse material (qualidade dos móveis, que facilitam a limpeza) e económico
(maior poupança futura em produtos de limpeza);
Sendo esta dívida comum, respondem os bens comuns nos termos do art. 1695º nº1,
podendo responder também os bens próprios dos cônjuges (incluindo de Mestre Zé) - como não
estão casados no regime de separação de bens, e sendo a dívida comum, a responsabilidade
dos bens próprios é solidária. Mestre Zé é também responsável pela dívida.
a)
O casamento é fonte de relações jurídicas familiares, nos termos do art. 1576º CC, e por meio
desse contrato celebrado entre duas pessoas verificam-se efeitos pessoais e efeitos patrimoniais.
Na concretização dos seus efeitos pessoais, o casamento constitui a família, impõe aos
cônjuges um conjunto de deveres e tem efeitos sobre o seu nome e nacionalidade. Já os efeitos
patrimoniais do casamento abrangem normas impostas por lei acerca da administração de bens
dos cônjuges, das ilegitimidades conjugais, dos poderes relativamente aos bens que integram as
várias massas patrimoniais, da responsabilidade por dívidas dos cônjuges, entre outros.
Neste caso em apreço, e quanto ao regime de bens, Berta e Amadeu estão casados no regime
de comunhão de adquiridos, regime supletivamente aplicável nos termos dos arts. 1717º e 1721º
ss., dado que nada estipularam em convenção antenupcial. Decorre deste regime que são bens
próprios os bens que cada um dos cônjuges levou para o casamento e os adquiridos ao longo
deste a título gratuito, sendo os restantes bens comuns.
Neste sentido, o dinheiro doado a Berta é bem próprio (art. 1722º nº1 al. b)).
O automóvel e o apartamento são bens adquiridos com valores próprios, pelo que só se
considerarão como tal se preencherem os requisitos do art. 1723º, que regula a sub-rogação no
lugar de bens próprios: os bens adquiridos tomam o lugar dos anteriores, fazendo as vezes
deles, por aplicação do princípio da sub‐rogação real (de um dos patrimónios saíram
determinados bens mas entraram outros, havendo uma conexão entre a perda e a aquisição).
A sub‐rogação real admite‐se: nos casos de troca direta (al. a)); de alienação de bens próprios
quanto ao respetivo preço (al. b)); de bens adquiridos ou benfeitorias feitas com dinheiro ou
valores próprios de um dos cônjuges, desde que a proveniência do dinheiro ou valores seja
mencionada no documento de aquisição ou equivalente (e nesse preciso momento, não
posteriormente), com assinatura de ambos os cônjuges (al. c)). Se não for devidamente
mencionada a proveniência do dinheiro ou dos valores com que foram adquiridos os bens ou
efetuadas as benfeitorias, estes bens ou benfeitorias serão comuns.
Em todo o caso, a titularidade dos bens não interfere com as regras de disposição dos
mesmos:
Quanto ao automóvel, sendo bem móvel, vale a regra de que quem administra pode dispor
(art. 1682º). Assim:
- se for bem próprio (art. 1723º al. c)), e não havendo exceções, é Berta que o administra
(regra da administração singular - 1678º nº1) e ela podia aliená-lo sem necessidade do
consentimento do marido (art. 1682º nº2 - não se colocam as exceções do nº3 pois o
automóvel era somente utilizado por si). Aqui Amadeu nada podia fazer.
- se for bem comum (art. 1724º b)), é administrado pelos 2 cônjuges (não há exceções à regra
da administração conjunta - não se aplica o art. 1678º nº2 e)) e só pelos 2 pode ser alienado
(art. 1682º nº1). Neste caso, não tendo havido o consentimento de Amadeu, este pode anular a
venda do automóvel, nos termos do art. 1687º nºs 1 e 2.
Quanto ao apartamento, temos agora a disposição de um bem imóvel, o que nos remete para
o art. 1682º-A. Estando casados no regime de comunhão de adquiridos, carece sempre do
consentimento do cônjuge a sua alienação, seja bem próprio ou bem comum (além do mais, é
casa morada de família - art. 1682º-A nº2). Como não houve o consentimento, a venda do
mesmo é anulável, nos termos do art. 1687º nºs 1 e 2.
b)
Não foi o caso, uma vez que Amadeu não consentiu na troca do mobiliário da cozinha.
A al. b) refere-se às dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges para ocorrer aos encargos
normais da vida familiar: dívidas pequenas, relativamente ao padrão de vida do casal, em geral
correntes ou periódicas, que qualquer dos cônjuges tem de ser livre de contrair, já que se
integram num quadro normal de despesas (alimentação, vestuário, médico e farmácia, etc.).
Normalmente são dívidas contraídas por um dos cônjuges no âmbito da parcela de
administração dos bens afetados ao governo do lar que lhe caberá, e em proveito comum do
casal.
Seria possível preencher esta hipótese, se considerarmos que o padrão de vida do casal
permite a substituição do mobiliário da cozinha por materiais exóticos e muito dispendiosos.
Primeiro, a dívida deve estar conexionada com os bens de que esse cônjuge tem a
administração (arts. 1678º e 1679º). Podemos considerar que Berta é o cônjuge administrador,
quer se o bem for próprio (art. 1678º nº1, 1723º c) e 1724º b)), quer se for um bem comum,
tratando-se de um ato de administração ordinária (art. 1678º nº3 1ªp.).
Segundo, o devedor deve ter agido “nos limites dos seus poderes de administração”. Estes
poderes, por atribuição legal (art. 1678º nº2), são muito amplos, pelo que só terminam, grosso
modo, nos limites impostos pela necessidade de pedir consentimento ao outro. Assim, Berta não
excede os poderes de administração que tem.
- afere-se, não pelo resultado, mas pelo fim visado pelo devedor (se foi o interesse do casal,
considera‐se haver proveito comum, ainda que tenham resultado prejuízos). Neste caso, o fim
visado pelo devedor foi a melhoria da casa morada de família, que trará proveito ao casal;
- pode ser um interesse material, económico, moral ou intelectual. Neste caso poderá estar
em causa um interesse material (qualidade da madeira), económico (elevado valor da matéria
prima) até ainda intelectual (exposição artística);
Sendo esta dívida comum, respondem os bens comuns nos termos do art. 1695º nº1,
podendo responder também os bens próprios dos cônjuges - como não estão casados no
regime de separação de bens, e sendo a dívida comum, a responsabilidade dos bens próprios é
solidária. Amadeu é também responsável pela dívida.
Ana e João casaram civilmente janeiro de 2009. Na convenção antenupcial que celebraram
estipularam o regime da comunhão de adquiridos mas com a cláusula de comunicabilidade dos
bens móveis adquiridos a título gratuito após o casamento.
Em fins do mesmo ano, Mestre Zé herdou do seu pai um barco de pesca que passou a ser
utilizado exclusivamente por si na sua profissão.
Em 2010, Ana recebeu por doação de um velho amigo um apartamento e alguns bens móveis
que Ana resolver guardar num armazém.
a) No início deste ano, Ana vendeu os móveis que lhe foram doados a um colecionador de
arte por 20.000€, e resolveu arrendar o apartamento, factos de que João só teve
conhecimento há dois meses atrás. João pretende invalidar a venda dos móveis e o contrato
de arrendamento do apartamento, alegando que eram bens comuns e que, portanto, Ana não
podia praticar tais atos sem o seu consentimento. Quid Iuris?
b) Com vista ao arrendamento do apartamento, Ana mandou fazer obras de conservação e
melhoramento do mesmo. Não dispondo da quantia necessária, contraiu uma dívida de
30.000€ que se obrigou a pagar ao fim de determinado prazo. Vencido este, Ana pagou
15.000€ e pediu a João para pagar a outra metade, o que este recusou, dizendo ser uma
dívida própria dela e não comum. Terá razão?
a)
O casamento é fonte de relações jurídicas familiares, nos termos do art. 1576º CC, e por meio
desse contrato celebrado entre duas pessoas verificam-se efeitos pessoais e efeitos patrimoniais.
Na concretização dos seus efeitos pessoais, o casamento constitui a família, impõe aos
cônjuges um conjunto de deveres e tem efeitos sobre o seu nome e nacionalidade. Já os efeitos
patrimoniais do casamento abrangem normas impostas por lei acerca da administração de bens
dos cônjuges, das ilegitimidades conjugais, dos poderes relativamente aos bens que integram as
várias massas patrimoniais, da responsabilidade por dívidas dos cônjuges, entre outros.
No entanto, o que os nubentes podem escolher, dentro dos limites que a lei lhes impõe, é um
determinado regime de bens: conjunto de regras cuja aplicação define a propriedade sobre os
bens do casal, isto é, a sua repartição entre o património comum, o património do marido e o
património da mulher.
Neste caso em apreço, e quanto ao regime de bens, Ana e João estipularam em convenção
antenupcial a comunicabilidade dos bens móveis (art. 202º e art. 205º CC) adquiridos a título
gratuito.
Esta estipulação está sujeita à liberdade de convenção (art. 1698º), podendo os esposos fixar
livremente o regime de bens, através da escolha de um dos regimes ou da estipulação dentro dos
limites da lei. No entanto, esta liberdade está sujeita às restrições do art. 1699º, bem como aos
requisitos de capacidade, forma, publicidade e caducidade dos arts. 1708º, 1710º, 1711º e
Em relação ao que não foi estipulado, aplica-se o regime da comunhão de adquiridos, a título
de regime supletivo (art. 1717º e 1721º ss.).
Assim, o apartamento doado a Ana é um bem próprio dela (por estipulação da convenção
antenupcial e também pelo art. 1722º nº1 al. b)); os móveis doados são bens comuns (estipulado
na convenção antenupcial).
Em relação à disposição dos bens móveis, vale a regra de que quem administra pode dispor
(art. 1682º). A administração dos móveis, apesar de comuns, cabe a Ana (art. 1678º nº2 al. c) -
uma exceção ao princípio da administração conjunta dos bens comuns). Assim, pode ela sozinha
dispor dos mesmos sem necessidade de consentimento de João (art. 1682º nº2). Não cabe as
exceções do nº3 do art. 1682º (não eram utilizados no lar, ela guardou-os num armazém).
Por isso, Ana podia efetuar a venda dos móveis, tendo legitimidade sem necessidade do
consentimento do marido.
b)
Em primeiro lugar, tem legitimidade para contrair dívidas qualquer um dos cônjuges, sem
necessidade de consentimento do outro (art. 1690º), pelo que Ana podia contrair a dívida.
A al. b) refere-se às dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges para ocorrer aos encargos
normais da vida familiar: dívidas pequenas, relativamente ao padrão de vida do casal, em geral
correntes ou periódicas, que qualquer dos cônjuges tem de ser livre de contrair, já que se
integram num quadro normal de despesas (alimentação, vestuário, médico e farmácia, etc.).
Não está preenchida, dado o montante do valor despendido, e o objetivo de arrendar o imóvel.
Primeiro, a dívida deve estar conexionada com os bens de que esse cônjuge tem a
administração (arts. 1678º e 1679º). Ana é administradora do imóvel, já que é um bem próprio
(art. 1678º nº1 - regra da administração singular).
Segundo, o devedor deve ter agido “nos limites dos seus poderes de administração”. Estes
poderes, por atribuição legal (art. 1678º nº2), são muito amplos, pelo que só terminam, grosso
Bárbara Vasconcelos Mendes Direito da Família e das Sucessões Página 21
modo, nos limites impostos pela necessidade de pedir consentimento ao outro. Uma vez que
está a administrar um bem próprio, Ana não excede os poderes de administração que tem.
- afere-se, não pelo resultado, mas pelo fim visado pelo devedor (se foi o interesse do casal,
considera‐se haver proveito comum, ainda que tenham resultado prejuízos). Neste caso, Ana
procedeu às obras e melhoramentos com o fim de proporcionar outra fonte de rendimento ao
casal;
- pode ser um interesse material, económico, moral ou intelectual. Neste caso, económico;
Sendo esta dívida comum, respondem os bens comuns nos termos do art. 1695º nº1,
podendo responder também os bens próprios dos cônjuges (incluindo de João) - como não estão
casados no regime de separação de bens, e sendo a dívida comum, a responsabilidade dos bens
próprios é solidária. João é também responsável pela dívida, mas se se recusar a pagar o credor
poderá, na falta de bens comuns, exigir a totalidade do valor (30.000€) a Ana.