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2023
Projeto de divórcio por mútuo consentimento administrativo simulado (mediação familiar) - 21 de
abril.
Regime da comunhão de adquiridos - continuação
Art.1717ºss CC
O regime supletivo no nosso ordenamento jurídico é o regime da comunhão de adquiridos.
Este vigora entre nós deste 1 de junho 1967 (remissão para o art.2º DL). Antes desta data vigora o
regime supletivo da comunhão geral de bens. Na vida prática, temos de ver sempre a data em que
ocorreu o casamento.
Também temos um regime de bens imperativo (art.1720º). Temos situações em que a lei
impõe o regime da separação de bens.
O regime da comunhão de adquiridos está previsto no art.1721ºss, este pode ser aplicado por
vontade das partes ou de forma supletiva. Não é expectável que alguém faça uma convenção para
estipular apenas o regime da comunhão de adquiridos, pois esta já vigora por defeito, no entanto,
podem acrescentar alguma cláusula à convenção.
Não se pode confundir comunhão conjugal com compropriedade. A comunhão conjugal só
ocorre no regime da comunhão geral e na de adquiridos. A compropriedade ocorre na separação geral
de bens. Na comunhão conjugal o património é dos dois, sendo que existem 2 titulares e apenas 1
direito, sendo uma comunhão sem quotas, as partes detêm em bloco sem quotas. Ao contrário da
compropriedade, pois aqui existem 2 titulares e 2 direitos, pois existem quotas-partes. Na comunhão
conjugal o cônjuge não pode dispor livremente da sua meação (a sua metade) durante a comunhão
conjugal, só podendo após a partilha (art.1730º- regra da metade, que na prática nos diz que os
cônjuges participam na metade no ativo e no passivo, sendo nula qualquer estipulação em contrário-
regra imperativa).
Regime da comunhão de adquiridos
Art.1722º: Bens próprios:
o Aqueles que cada um dos cônjuges tem já há data da celebração do
casamento;
o Aqueles que advierem depois por doação ou sucessão, ou seja, bens que
sejam a título gratuito aos cônjuges, assim, um bem que chega a título gratuito
não representa o esforço do casal, a não ser que exista alguma convenção em
contrário (remissão para o art.1729º);
o Aquele bem que é adquirido durante o casamento, mas que o são em virtude
de um direito próprio adquirido antes do casamento. O nº2 deste artigo apresenta
exemplos exemplificativos do art.1722º/nº1 (c). Exemplo que não se encontra no
art.1722º/nº2: alguém vai casar no sábado e compra um bilhete de lotaria na
sexta-feira, sendo que há sorteio e é permeado no domingo, tendo ficado
permeado depois do casamento já ter sido realizado – o prémio aqui é só do
cônjuge que comprou o bilhete da lotaria, sendo um bem próprio, pois a pessoa
colocou-se na situação de vir a adquirir um direito enquanto ainda estava solteiro.
Análise dos exemplos do nº2: alínea (a)- compra de uma quota de uma herança
(aquisição de um quinhão de uma herança) enquanto solteiro, sendo que a
partilha só ocorre quando a pessoa já está casada; alínea (b)- propriedade
adquirida pela posse, quando esta posse se iniciou enquanto a pessoa era solteira,
e adquire a posse já quando se encontra casada, ou seja, como o direito de
propriedade adquirido pela posse iniciou-se ainda em solteiro (remissão para o
art.1317º (c) e art.409º); alínea (c)- compra de um automóvel com reserva de
propriedade, antes do casamento (no caso de o carro ser pago em prestações com
o direito comum dos cônjuges, ou seja, após o casamento, aqui o carro é do
cônjuge que celebrou o negócio, sendo que tem de existir uma compensação ao
património); outro exemplo: direito de preferência- o A arrenda um imóvel em
solteiro, posteriormente casa e a aquela habitação passa a ser dos dois cônjuges,
quando adquirem a casa através do direito de preferência, o imóvel vai ser um
bem comum de A, sem dispensa de uma compensação ao património; outro
exemplo: contrato de promessa: existe aqui uma divergência doutrinária entre a
Escola de Lisboa (a mesma lógica de que a reserva de propriedade) e (Escola de
Coimbra- se o contrato não tem eficácia real não entra no art.1722º e caso tenha
eficácia real entra na lógica do art.1722º).