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15.02.

2023
Projeto de divórcio por mútuo consentimento administrativo simulado (mediação familiar) - 21 de
abril.
Regime da comunhão de adquiridos - continuação
Art.1717ºss CC
O regime supletivo no nosso ordenamento jurídico é o regime da comunhão de adquiridos.
Este vigora entre nós deste 1 de junho 1967 (remissão para o art.2º DL). Antes desta data vigora o
regime supletivo da comunhão geral de bens. Na vida prática, temos de ver sempre a data em que
ocorreu o casamento.
Também temos um regime de bens imperativo (art.1720º). Temos situações em que a lei
impõe o regime da separação de bens.
O regime da comunhão de adquiridos está previsto no art.1721ºss, este pode ser aplicado por
vontade das partes ou de forma supletiva. Não é expectável que alguém faça uma convenção para
estipular apenas o regime da comunhão de adquiridos, pois esta já vigora por defeito, no entanto,
podem acrescentar alguma cláusula à convenção.
Não se pode confundir comunhão conjugal com compropriedade. A comunhão conjugal só
ocorre no regime da comunhão geral e na de adquiridos. A compropriedade ocorre na separação geral
de bens. Na comunhão conjugal o património é dos dois, sendo que existem 2 titulares e apenas 1
direito, sendo uma comunhão sem quotas, as partes detêm em bloco sem quotas. Ao contrário da
compropriedade, pois aqui existem 2 titulares e 2 direitos, pois existem quotas-partes. Na comunhão
conjugal o cônjuge não pode dispor livremente da sua meação (a sua metade) durante a comunhão
conjugal, só podendo após a partilha (art.1730º- regra da metade, que na prática nos diz que os
cônjuges participam na metade no ativo e no passivo, sendo nula qualquer estipulação em contrário-
regra imperativa).
 Regime da comunhão de adquiridos
Art.1722º: Bens próprios:
o Aqueles que cada um dos cônjuges tem já há data da celebração do
casamento;
o Aqueles que advierem depois por doação ou sucessão, ou seja, bens que
sejam a título gratuito aos cônjuges, assim, um bem que chega a título gratuito
não representa o esforço do casal, a não ser que exista alguma convenção em
contrário (remissão para o art.1729º);
o Aquele bem que é adquirido durante o casamento, mas que o são em virtude
de um direito próprio adquirido antes do casamento. O nº2 deste artigo apresenta
exemplos exemplificativos do art.1722º/nº1 (c). Exemplo que não se encontra no
art.1722º/nº2: alguém vai casar no sábado e compra um bilhete de lotaria na
sexta-feira, sendo que há sorteio e é permeado no domingo, tendo ficado
permeado depois do casamento já ter sido realizado – o prémio aqui é só do
cônjuge que comprou o bilhete da lotaria, sendo um bem próprio, pois a pessoa
colocou-se na situação de vir a adquirir um direito enquanto ainda estava solteiro.
Análise dos exemplos do nº2: alínea (a)- compra de uma quota de uma herança
(aquisição de um quinhão de uma herança) enquanto solteiro, sendo que a
partilha só ocorre quando a pessoa já está casada; alínea (b)- propriedade
adquirida pela posse, quando esta posse se iniciou enquanto a pessoa era solteira,
e adquire a posse já quando se encontra casada, ou seja, como o direito de
propriedade adquirido pela posse iniciou-se ainda em solteiro (remissão para o
art.1317º (c) e art.409º); alínea (c)- compra de um automóvel com reserva de
propriedade, antes do casamento (no caso de o carro ser pago em prestações com
o direito comum dos cônjuges, ou seja, após o casamento, aqui o carro é do
cônjuge que celebrou o negócio, sendo que tem de existir uma compensação ao
património); outro exemplo: direito de preferência- o A arrenda um imóvel em
solteiro, posteriormente casa e a aquela habitação passa a ser dos dois cônjuges,
quando adquirem a casa através do direito de preferência, o imóvel vai ser um
bem comum de A, sem dispensa de uma compensação ao património; outro
exemplo: contrato de promessa: existe aqui uma divergência doutrinária entre a
Escola de Lisboa (a mesma lógica de que a reserva de propriedade) e (Escola de
Coimbra- se o contrato não tem eficácia real não entra no art.1722º e caso tenha
eficácia real entra na lógica do art.1722º).

Art.1723º: Bens sub-rogados no lugar dos bens próprios


 Alínea c- O bem manterá a natureza de bem próprio desde que seja
emitido um documento assinado entre ambos. Ex: A e B vão casar e A
tem um terreno, sendo que o vende por 100.000€. Com o dinheiro
compra um imóvel com esse dinheiro. O que terá de acontecer para não
termos dúvidas de que o bem é próprio do A? Nos termos desta alínea,
sempre que é adquirido um bem com valores próprios deve constar em
documento do valor próprio investido na aquisição do bem. Durante
muito tempo entendia-se que não havendo menção documental não se
pode aplicar este artigo e que as partes querem que o bem seja próprio. O
problema começou a surgir nos divórcios. Assim, começou a discutir-se
se seria justo seguir este pensamento. Desta forma, começou a discutir-se
se se pode fazer prova mais tarde a proveniência do dinheiro- Ac.
12/2015 (acórdão uniformador de jurisprudência- vem admitir a prova
da proveniência do dinheiro sempre que esteja em causa apenas o
interesse dos cônjuges (não pode estar em causa um interesse de
terceiro), quando não foi feita intervenção documental).
Art.1724º: Bens comuns
O que acontece quando temos um bem adquirido com bens próprios e bens comuns? Temos
de nos socorrer do art.1726º- vai depender da mais valiosa das contribuições, sem prejuízo da
respetiva compensação (nº2). Exemplo: O A herdou um terreno na constância do casamento (bem
próprio) e decidem construir lá uma casa. O A vem dizer que a casa é dele pois foi construída no
terreno dos pais e o B vem dizer que participou na construção da casa. Existe muita jurisprudência
sobre este assunto. Hoje em dia os Tribunais seguem a orientação do direito matrimonial,
nomeadamente, o art.1726º CC (Tese de Rita Lobo Xavier).
Art.1727º (o legislador não quer o que mesmo bem seja em parte próprio e em parte comum).
O bem vai ser próprio, sem prejuízo de compensações.
Art.1728º/nº1 (a contrário) - As rendas prevenientes de um imóvel próprio são bens comuns
dos cônjuges, pois tratam-se de frutos, embora o imóvel seja um bem próprio.
Regime da comunhão geral de bens
O património comum é constituído pelos bens presentes e futuros dos cônjuges, que não
sejam excetuados por lei. Trata-se de uma forma de aquisição do património. No entanto, a lei excetua
os bens do art.1733º (art.1699º/nº1 (d)).
Regime da separação geral de bens (art.1735º e 1736º)
Neste regime não existe comunhão conjugal, mas sim a compropriedade e as suas regras.
Ter em atenção a casa de morada de família que necessita do consentimento de ambos os
cônjuges para a sua oneração ou alienação.

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