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DOAÇÃO
⮚ Noção: Art 940°/1, CC. Contrato em que uma pessoa por espírito de liberalidade
e à custa de seu património, dispõe gratuitamente de uma coisa ou direito ou
assume uma obrigação em benefício do outro contraente.
o Doação em Portugal é um contrato que em função do princípio invito
beneficium non datur (ninguém pode ser beneficiado contra sua
vontade).
o Assim, salvo uma exceção (doações puras a incapazes – negócio jurídico
unilateral), em regra é um contrato, pressupondo proposta e aceitação.
A) [Art 956°/CC] – Doação de coisa alheia: é nula, mas o doador não pode opor a
nulidade ao donatário de boa-fé.
Na venda de bens alheios além da nulidade são geradas obrigações de
indemnização. Contudo, aqui isso não acontece, o doador só responde pelo
prejuízo causado ao donatário quando este esteja de boa fé e siga algum dos
requisitos do n° 2 do Art 956° do CC:
▪ Assumiu expressamente a obrigação de indemnizar o prejuízo
▪ O doador agiu dolosamente
▪ A doação tem caráter remuneratório
▪ A doação ser onerosa ou modal (impõe encargo, não é pura)
Estipulações Acessórias
Ex: dou um imóvel a alguém, meu sobrinho, mas ele morre antes de mim – então eu
acautelo estabelecendo cláusula de reversão, para que se donatário morrer antes do
doador o bem volte para a esfera jurídica do doador.
[Art 961°] – Efeitos da Reversão: os bens doados que pela cláusula de reversão
regressem ao património do doador passam livres dos encargos que lhes tenham sido
impostos enquanto estiveram em poder do donatário ou de terceiros a quem tenham sido
transmitidos.
OBS: ressalva – o encargo posto na doação ao donatário nunca pode ser demasiado
oneroso, pois se não ficará descaracterizado o ato de doação. Não podemos ter uma
doação que não haja enriquecimento do donatário, nem uma que haja quase um
sinalagma entre o tio que dá a quinta e a sobrinha que fica a lá a trabalhar e pagar
alimentos ao tio durante a vida toda dele sendo ele jovem.
Revogação da Doação
Apesar da ideia do pacta sunt servanda que os contratos são para cumprir e irrevogáveis
por vontade unilateral de uma das partes, na doação que levará a disposições
patrimoniais muito relevantes para uma pessoa, também não é possível extinguir o
contrato por resolução.
Exclusão da revogação – Art 975°: Se for feita para casamento, se for remuneratória,
se doador tiver perdoado o donatário.
Prazo e Legitimidade para ação – Art 976°: Não pode ser proposta nem depois da
morte do donatário, nem pelos herdeiros do doador (salvo no caso do homicídio).
Caduca ao fim de um ano desde o facto que lhe deu causa ou de conhecimento do fato
pelo doador. Lembrando que o fato é a “condenação em...”. É uma decisão pessoal do
doador. Se ele intentar a ação e depois morrer (estando pendente), esta é transmissível
aos herdeiros do doador.
Efeitos em Relação a Terceiros – Art 879°: não afeta terceiros que tenham adquirido
antes da demanda direitos reais sobre os bens doados, sem prejuízo das regras relativas
a registo (tem que ter registado os sujeitos a isso). Contudo, apesar de prevalecerem os
terceiros, nesse caso o donatário vai ter de indemnizar o doador.