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1. Doação
1.2. Caracterização
- Contrato típico, gratuito, não é sinalagmático porque só gera obrigação para uma das
partes, é um contrato essencialmente formal (art.947º) – 1º parte do artigo doações
manuais – documento particular só aplica a assinatura das partes, mas relativa qualquer
tipo de bem móvel e a sua consequência é a nulidade.
- Contrato Formal na generalidade dos casos, porque já que o doador vai fazer um
contrato gratuito deve faze lo da melhor ponderação possível porque o contrato pode
qualificar uma desvantagem patrimonial para o mesmo;
- Não é real quanto a sua constituição, mas é real quanto aos efeitos quando se
transmite a propriedade (art.954º a)) – transmite a propriedade da coisa.
- É um contrato de execução instantânea;(art.943º)
1.6. Proibições
- Existem três fundamentos para a indisponibilidade relativa: vulnerabilidade do
donatário, caso dos bons costumes e proteção da família, caso de o negócio consigo
próprio se estiver a representar um incapaz e aparecer a mesma pessoa na qualidade
de donatário e doador. (art.2162º)
- Encontra se articulado no artigo 953º;
1.8. Extinção
- Revogação por ingratidão: pretende se revogar o contrato (art.970º) – (art.974º).
Quando se refere a indignidade e a deserdação (2166º) são estas as opções que podem
dar origem a revogação por ingratidão. Justifica o crime de homicídio ou situações
graves.
- Colação: artigo 2104 – em princípio é preciso sempre chamar as doações a colação
para que haja uma partilha igual entre os herdeiros. Fala se aqui dos bens imóveis que
são chamados a colação.
- Redução por inoficiosidade: artigo 2168º - instituto do direito das sucessões que são
as liberalidades que ofendem as legitimas dos herdeiros e se extinguem por redução da
legitima que obriga a extinguir a doação.
2. Mútuo
Contrato que tipicamente corresponde ao empréstimo
- Encontra-se no 1142º, distingue-se do comodato (também é empréstimo) este trata de
empréstimo de coisas infungíveis. Por outro lado, o mútuo apenas trata de empréstimo de
coisas fungíveis.
- No mútuo transfere-se a propriedade, ao contrário do comodato em que a propriedade não
se transfere. No mútuo transmite-se na mesma quantidade e espécie enquanto o comodato
tem de ser a exata coisa a ser dada
- 207º distingue o que são as coisas fungíveis.
- É um exemplo de contrato de mútuo o empréstimo mercantil.
- É um contrato típico pois encontra-se previsto e regulado na lei e pode ser formal ou
consensual dependendo do valor (1143º).
- Quanto à sua constituição é um contrato real pois não depende apenas das declarações
de vontade, mas também da entrega para haver um contrato, é real quanto à constituição
pois a entrega torna válido (1142º) e quanto aos efeitos pois transfere-se a propriedade dos
bens mutuados (1144º). --------- 408º (transferência da propriedade)
- Presume-se como oneroso, ou seja, vence juros do capital (1145º). No entanto pode ser
um contrato gratuito (sem juros) ---- em caso de dúvida é oneroso
569º faz referência ao pagamento de juros e às taxas, que no momento a taxa civil é de 4%
(291/2003, portaria) ------ usura e negócios usuários.
- É um contrato não sinalagmático e unilateral em que apenas o mutuário possui a obrigação
de restituir tanto o capital quanto o pagamento dos juros (caso um tribunal não entenda
como um contrato real então é sinalagmático).
- É um contrato comutativo, as vantagens das partes relativamente ao contrato já se
encontram estipuladas na realização do contrato.
A formação do contrato:
- Objeto: coisas fungíveis, no caso objetiva pois relaciona-se com as características da
própria coisa.
- O direito não determina a fungibilidade subjetiva (ex: pessoa pensar que determinado
objeto é fungível), é a representação que aquela pessoa tem relativamente aquela coisa.
Existem 2 tipos de tradição:
1- Material: quando se entrega o próprio bem (dinheiro)
2- Simbólica: trata-se de quanto se transmite o valor do bem (transferência bancária)
Capacidade e legitimada:
Capacidade ativa: mutuante (alínea a)
Capacidade subjetiva: mutuário (alínea b)
- Trata-se da capacidade de exercício que se atinge com a maioridade, há uma regra 889º
para suprir a incapacidade em que é necessária representação + autorização do tribunal
atribuída pelo ministério publico. Geralmente o menor não pode emprestar nem pedir
dinheiro pois há um risco, determinadamente o risco da restituição.
- Relativamente à legitimidade relaciona-se com o facto de a coisa estar limitada ao
proprietário dos bens, apenas este pode celebrar o contrato. O contrato de mútuo de bens
alheios é um contrato nulo, aplica-se o 892º do regime de bens alheios.
Aplica-se ao mútuo por remissão do 939º
Exemplo: conta conjunta e quer realizar um contrato de mútuo sem autorização da outra
pessoa o contrato é nulo. Aplica-se o regime da doação do 956º.
- Mútuo pode ser celebrado através de mandato? 1159º. Apenas um mandato com poderes
especiais pode abranger o mútuo, os restantes apenas compreendem atos de administração
ordinária enquanto mútuo é um ato extraordinário.
Nota: Contrato-promessa de doação e de mútuo decidiram que são validos, mas não
admitem execução específica pois gera problemas de espontaneidade e liberdade. Ele
possui validade, mas não há execução especifica não se aplicando o 830º.
2.1. Invalidade
Falta de forma e usura
Usura- relaciona-se com os juros, é uma invalidade parcial. Em primeiro verifica-se a taxa
de juro (regra apenas de direito civil).
Juros usurários (569º):
1- Pode existir uma garantia real, aplica-se mais 3% podendo cobrar 7% de juros, a
partir daqui o juro é usuário.
2- Quando não haja garantia é usuário nos 9% (4% + 5%)
- O legislador entende que não precisa de cobrar uma taxa de juro mais elevada pois já
possui uma garantia que permite restituir o capital.
- Perante os juros usuários é possível haver uma redução legal (nº3) (292º considera a
vontade hipotética das partes), nos juros a redução é imperativa e automática pois os juros
que podem ser cobrados são os máximos legais.
- Prestações de serviços é uma noção muito ampla em que cabem várias modalidades de
contratos.
- 1156º determina que uma prestação de serviços que não possua uma modalidade típica
cabe no regime do mandato.
3. Mandato
- Encontra se articulado no artigo 1157º;
- O mandante seria o cliente e o mandatário seria o advogado/solicitador que iria praticar
atos em nome do mandante;
- O mandatário pratica atos jurídicos e a empreitada realiza obras;
- O mandato vem de uma expressão que revela a confiança. É um contrato de implitus
persona, ou seja, é uma relação de confiança.
Núncio Mandatário
3.2. Caracterização
- Contrato típico ao contrato da prestação de serviços;
- É um contrato que se presume gratuito de acordo com o artigo 1158º;
- É tendencialmente consensual (art.262ºnº2. para o mandato com representação – regras
da procuração – tem de ser celebrado por escritura pública ou DPA). Fora destes casos, o
contrato de mandato é consensual. No caso em que se adquire um imóvel e depois mais
tarde ele irá transferir se para outra esfera jurídica é um contrato tipicamente consensual.
- É um contrato sinalagmático onde existe obrigação para ambas as partes (para o mandante
que tem de pagar os honorários e para o mandatário que tem que realizar atos jurídicos)
(oneroso); se for gratuito é um contrato bilateral imperfeito (não sinalagmático) porque no
decurso pode surgir alguma obrigação.
- O objeto é a prática de atos jurídicos para distinguir dos outros contratos e a forma encontra
se presente no artigo 262ºnº2.
3.3. Capacidade
- A capacidade do mandante é a capacidade que ele tem para praticar o ato jurídico em
causa. Se ele não tem capacidade porque é menor também não vai ter capacidade para a
celebração do contrato.
- A capacidade do mandatário, não existe nada na lei que impeça estas pessoas que tem
algum tipo de capacidade de celebrar os contratos. Presume se que o mandate presume o
risco e não há nenhuma regra de capacidade;
3.4. Legitimidade
- Legitimidade para a prática do ato, ou seja, se não dispõe da propriedade do bem não
dispõe de possibilidade de realizar um contrato de mandato.
- Acaba por ser um contrato acessório do contrato principal;
3.9. Extinção
- Caducidade (art.1174º)
A generalidade dos contratos não assente numa confiança entre as partes, onde vão
aparecer causas da extinção do contrato que assentem nessa confiança.
Por morte do mandante ou do mandatário e por sentença (problema de incapacidade).
- Revogação unilateral ou por acordo (art.1170º)
O contrato pode ser revogado por acordo será aplicável o artigo 406º, onde este é livremente
revogado por ambas as partes em que têm que concordar (regra).
A revogação tacita do artigo 1171º se uma das partes afirmar que não confia pode revogar
o contrato.
- Incumprimento (art.801ºnº2) – art.1170ºnº2
É a justa causa, uma forma de incumprimento permite esta resolução unilateral.
- Denúncia (art.1172º)
A denúncia ao contrário da revogação é um pré-aviso (proibição de vinculação perpétua)
onde se possa cessar o contrato desde que se dê o pré-aviso necessário. (60 dias).
c) pode ocorrer o pagamento de uma indeminização ao mandatário;
d) pode ocorrer o pagamento de uma indeminização ao mandante;
O pré-aviso depende dos tribunais;
O prazo mais utilizado é de 60 dias como acima referido.
4. Empreitada
- Art.1207;
- Estamos perante uma hipótese de prestações de serviços que depois abrange três
modalidades, sendo uma delas o contrato de empreitada;
- O dono da obra obriga se a determinado resultado (obrigação de resultado) em que a obra
tem de ficar da forma como eles acordaram (art.1154º).
- Obrigações principais das partes: obrigação do empreiteiro de realizar a obra e obrigação
de pagar o preço;
- Se a empreitada for gratuita ou tiver um conceito muito restrito de obra aplica se o mandato;
- Parte se do conceito material de obra em que o conceito de obra é a realização de uma
obra material que implica uma obra corpórea;
As obras de construção são diferentes das obras de reparação.
O conceito de obra, implica a existência de uma obra intelectual (obras de arte);
O professor Menezes Leitão tem um conceito mais restrito de obra em que a obra/regime
está pensada para obras corpóreas e que para aplicar o conceito em obras intelectuais
temos que aplicar de forma analógica.
- Tem de ser realizada em conformidade de acordo com o que foi acordado, de acordo com
a lei e sem vícios (art.1208º). - Empreitadas de direito privado. Há muitos contratos de
empreitada que são contratos mistos, onde não são essencialmente contratos de compra e
venda, mas são contratos de empreitada, mas com uma dimensão de compra e venda e
assim têm a classificação de contrato misto.
4.1. Caracterização
- Contrato típico;
- Consensual com exceção á lei 41/2015 artigo 26º em que tem uma exceção às obras de
valor superior de 16.600€. Está sujeito a escrito e não sendo celebrado por documento
escrito é nulo (art.220º);
- Oneroso e sinalagmático: obriga o pagamento de um preço;
- Em alguns casos é real quanto aos efeitos (art.1212º):
Em alguns casos, vão ter que efetuar a transferência de propriedade com aceitação
(exemplo: empreitada de reparação – o empreiteiro se fornecer os bens só há
transferência de propriedade depois da aceitação e se ver se não há vícios e se é o
que realmente quer;) e outros casos em que se transfere a propriedade com a
aceitação no final (exemplo: empreitada de construção de imóveis – o
proprietário do solo é o dono e a medida em que vai aplicando os materiais de
construção a propriedade transfere se para o empreiteiro)
- É um contrato de execução instantânea em que o tempo não influiu nas obrigações das
partes em que ficam fixadas e não tem uma variação no tempo de execução da obra;
4.2. Forma
- Fase pré contratual em que antes da proposta e da aceitação temos um caderno de
encargos que é no fundo o projeto que se quer implementar como obra; se for uma obra
intelectual chama se projeto. É um pedido de orçamento em que o empreiteiro diz se está
disposto a fazer a obra pelo aquele determinado preço (proposta/orçamento); terá de haver
de o dono da obra uma aceitação para existir o contrato.
4.3. Capacidade e legitimidade
- A reparação era um ato de mera administração e a construção era um ato de administração
extraordinária;
- O maior acompanhado não tem capacidade para atos de mera administração e tem que
se ver mediante sentença se tem capacidade para a prática de qualquer ato.
- O problema da propriedade onde não pode haver venda de bens alheios nem pode haver
construção sobre coisas de vendas alheias; recai também sobre os materiais se são ou não
do empreiteiro; relativamente ao usufruto (art.1472º) existe as reparações ordinárias e as
reparações não ordinárias, onde tem legitimidade para realizar reparações ordinárias.
4.4. Subempreitada
- Art.1213º;
- Como implica que só se obtenha determinado resultado, só interessa que alguém chegue
ao determinado resultado;
- A regra é igual ao mandato em que se aplica o artigo 264º em que distingue o
subempreiteiro do auxiliar; o subempreiteiro tem que ser autorizado pelo dono da obra e
esta autorização dá se de forma verbal; se for uma obra material não suscita duvidas; nas
obras intelectuais que impliquem grande criatividade os subempreiteiros não são permitidos
porque aplica se um contrato intuitos persona em que existe uma relação de confiança e
criatividade da obra do empreiteiro que está em causa.
4.5. Dono da obra
-Pagamento do preço: tem obrigação principal de pagar o preço (art.1211º);
Preço global; (nº3)
Preço por artigo ou por medida;
Preço por tempo de trabalho; (não se fixa o preço global, mas sim o preço de trabalho
ou no caso de determinadas obras por resultado)
O preço é devido no ato de aceitação da obra, onde existe um pagamento antecipado e
depois no fim da realização da obra o resto do pagamento final (art.1211º - art.1218º).
O empreiteiro não tem que suportar o preço das alterações do dono da obra e o empreiteiro
pode decidir implicar o aumento do preço para suportar os custos;
- Fiscalização: durante a execução da obra, o dono da obra tem direito a fiscalização, sendo
esta uma norma imperativa (art.1209º)
- Aceitação e verificação: ocorre no momento de entrega da obra (art.1218º) em que o
dono só aceita se verificar se ela se encontra nas convenções e sem vícios; se nada disser
ocorre uma aceitação fictícia em que aceita a obra mesmo que não a verifique e não a aceite
(nº5).
A verificação é quase um dever a partir do momento em que tem o poder de ver/verificar e
pagar o preço não se pode dizer que é um direito mas sim um dever.
4.6. Empreiteiro
- Realização da obra: art.1208º; existem alguns autores que afirmam que ao abrigo da boa-
fé, o empreiteiro tem a obrigação de avisar dos defeitos da obra e eventualmente de alguma
alteração legislativa que implique a alteração dos planos;
- Fornecimento de materiais e utensílios: art.1210º; o empreiteiro deve fornecer os
materiais (empreitada de construção) mas também pode ser aplicada a empreitada de
reparação em que tem o dever de guardar e conservar, dos materiais que não são dele e
que implicam uma empreitada de reparação – regime de deposito (art.1185º).
- Iniciativa para a realização de alterações: art.1214º a 1217º;
Entre o artigo 1214º a 1215º são alterações que ocorrem por parte do empreiteiro, durante
a execução da obra, mas só podem ser feitas se forem autorizadas; concretização do artigo
406º.
No artigo 1216º temos as alterações que podem ocorrer a pedido do dono da obra durante
a execução e não podem exceder de 1/5 do preço e que o empreiteiro tem obrigação de as
realizar, mas pode pedir alteração do preço. Se exceder 1/5 do preço são consideradas
obras novas.
No artigo 1217º as alterações são posteriores a entrega da obra, e que se a obra tiver
autonomia (sistema de rega) não é parte da obra inicial, tem que ser contratada a realização
de um novo contrato para a determinada obra.
- Eliminação dos defeitos: art.1221º; tem que eliminar os defeitos porque se sujeitou a
determinado resultado, e o dono da obra pode exigir a eliminação dos defeitos e se não for
suprido pode pedir a construção de uma nova obra;
- Direito de retenção: art.754º; norma genérica em que o empreiteiro pode reter a obra se
o dono da obra não a pagar; o professor Antunes Nunes Varela afirma que o empreiteiro
não tem direito de retenção porque o legislador não especificou os empreiteiros no artigo
seguinte como especificou os mandatários etc. Os tribunais definem que o direito de
retenção pode ser permitido.
4.7. Perturbações:
- Art.1208º a 1226º;
- São casos em que a obra não é executada da forma como foi estabelecida
(desconformidade – art.1214º).
- A propósito da funcionalidade da obra há dois tipos de vícios:
Excluem o valor da obra;
Reduzem o seu valor para determinado uso;
- Art.1221º: redução do preço: 1º hipótese: eliminação dos defeitos; se não for possível ou
reduz se o preço ou resolve-se o contrato.
- Responsabilidade civil: art.1223º.
4.8. Extinção
- Impossibilidade de cumprimento: art.1227º; - art.790º da impossibilidade objetiva do
contrato. Se o contrato não pode ser cumprido de forma objetiva não faz sentido existir o
contrato.
- Desistência: art.1229º; a proteção do empreiteiro relativamente ao proveito da obra, a
desistência da obra poderia dar lugar a uma indeminização ao empreiteiro sobre o proveito
que este poderia retirar da obra; o empreiteiro não teria o proveito total porque teria que se
retirar o preço dos materiais etc. Exemplo: se a noiva desistir de casar, a modista tem direito
a uma indeminização da totalidade relativamente ao vestido.
- Risco por perda ou detioração: art.1228º; é relevante para efeitos de pagamento do
preço; Por exemplo se estivermos perante uma reparação de uma obra de arte e esta
desaparecer não faz sentido continuar com o contrato por isso este, extingue se.
- Morte ou incapacidade: art.1230º; se houver morte de alguém que seja fundamental para
a realização da obra o contrato extingue se porque foram tidas em conta as qualidades
daquela pessoa para a determinada realização da obra; relativamente a construção de uma
moradia por exemplo, não se extingue porque qualquer outro pode faze-lo.