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Partilha após divórcio

As relações patrimoniais entre os cônjuges cessam:

a) pela dissolução;
b) declaração de nulidade ou anulação do casamento;
c) pela separação judicial de pessoas e bens;
d) pela simples separação judicial de bens

Confrontar os artigos 1688.º, 1788.º, 2.ª parte do 1795.º-A e 1770.º, todos


do C.C.

Cessando as relações patrimoniais entre os cônjuges, estes ou os seus


herdeiros recebem os seus bens próprios e a sua meação no património
comum.

Confrontar o art. 1689.º do C.C.

Havendo passivo a liquidar, são pagas em primeiro lugar as dívidas


comunicáveis até ao valor do património comum, e só depois as restantes.

Os créditos de cada um dos cônjuges sobre o outro são pagos pela


meação do cônjuge devedor no património comum; mas, não existindo bens
comuns, ou sendo estes insuficientes, respondem os bens próprios do cônjuge
devedor.

1º - Determinar de quem é a responsabilidade pelo pagamento


das dívidas:

Uma vez que qualquer dos cônjuges sem legitimidade para contrair
dividas sem o consentimento do outro, por forma a determinar a
responsabilidade de cada um, importa aferir a data do facto que lhes deu
origem.
Com efeito, são da responsabilidade de ambos os cônjuges as dividam
enunciadas no artigo 1691º nº 1 e 2 e 1694º nº 1, todos do C.C.
Importa ter atenção que o proveito comum do casal não se presume,
excepto nos casos em que a Lei o declarar. Confrontar o artigo 1691º nº 3 do
C.C..
São da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges as dívidas
elencadas no artigo 1692º, 1693º, 1694º nº 2, todos do C.C.

2º - Determinar que bens respondem pelas dívidas:

Os bens que respondem pelas dívidas de ambos os cônjuges são os


bens comuns do casal, e na falta ou insuficiência destes, solidariamente os
bens próprios de cada um dos cônjuges. Confrontar o artigo 1695º nº 1 do C.C.

No regime da separação de bens, a responsabilidade dos cônjuges não


é solidária. Confrontar o artigo 1695º nº 2 do C.C.

Pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges


respondem os bens próprios do cônjuge devedor e subsidiariamente a sua
meação nos bens comum. Respondem todavia, ao mesmo tempo que os bens
próprios do cônjuge devedor: os bens levados para o casal ou posteriormente
adquiridos a titulo gratuito, bem como, os respectivos rendimentos ou os bens
subrogados no lugar destes, o produto do trabalho e os direitos de autor do
cônjuge devedor. Confrontar o artigo 1696º do C.C.

Regime de Bens

A) Comunhão de adquiridos;
Bens próprios: Os bens constantes dos artigos 1722º, 1723º, 1727º,1728º
todos do CC.
Bens comuns: Os bens constantes do artigo 1724º, 1729º, todos do CC.
Nota: Quando haja dúvidas sobre a comunicabilidade dos bens móveis,
estes consideram-se comuns, artigo 1725º do CC.
Os bens adquiridos em parte com dinheiro ou bens próprios de um dos
cônjuges e noutra parte com dinheiro ou bens comuns, revestem a
natureza da mais valiosa das duas prestações. Fica porém ressalvada a
compensação devida pelo património comum aos patrimónios próprios, ou
por estes àquele no momento da dissolução e partilha da comunhão.
Cfr.Artigo 1730º do CC.
B) Comunhão Geral;
Bens comuns: todos os bens presentes e futuros dos cônjuges que não
sejam exceptuados por lei. Cfr. Artigo 1732º do C.C.
Bens próprios: Cfr. Artigo 7733º do C.C.
C) Separação de Bens;
Bens próprios: Todos os bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente, artigo 1735º do C.C.

Compensações:

Quando por dívidas da responsabilidade de ambos, tenham respondido


bens de um só deles, este torna-se credor do outro pelo valor que haja
satisfeito além do que lhe competia satisfazer. Porém, este crédito só é exigível
no momento da partilha de bens do casal, a não ser que vigore o regime da
separação de bens.
Se por uma divida da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges
tenham respondido bens comuns, é a respectiva importância levada a crédito
no património no momento da partilha.
Confrontar o artigo 1697º do C.C.
Há, porém, que observar o que dispõe o art. 1790.º do CC.
Esta disposição legal preceitua que em caso de divórcio (e também de
separação judicial de pessoas e bens ou de simples separação judicial de
bens, atento o que prescrevem os arts. 1788.º, 2.ª parte do 1795º-A, e 1770.º
do CC), nenhum dos cônjuges pode na partilha receber mais do que receberia
se o casamento tivesse sido celebrado segundo o regime da comunhão de
adquiridos.
Convenção Antenupcial

A convenção antenupcial é um contrato celebrado pelos nubentes, tendo


em vista a regulamentação das relações patrimoniais na constância do
casamento que vão contrair, sempre que não queiram aceitar o regime
supletivo estabelecido na Lei. Confrontar os arts. 1698.º e ss. do C.C.
No entanto, não podem ser objecto de convenção antenupcial os casos
previstos no artigo 1699º do C.C.
Atente-se que não é possível alterar a convenção após a celebração do
casamento. Confrontar o art. 1714.º
Por outro lado, a convenção caduca se o casamento não for celebrado dentro
de um ano, ou se, tendo-o sido, vier a ser declarado anulado, salvo, o disposto
em matéria do casamento putativo.

Representação

Existem dois tipos de representação:

A) Representação legal

A representação legal destina-se a suprir a incapacidade dos menores


ou dos maiores no caso do regime do maior acompanhado – Confrontar os
artigos 124º e seguintes e 138.º a 156.º do C.C.

A incapacidade dos menores é suprida pelo exercício das


responsabilidades parentais e, subsidiariamente, pela tutela – art. 124.º do CN.

Além da situação da representação legal de pessoas singulares,


também se deve considerar a representação orgânica das pessoas colectivas.

No acto de representação orgânica da pessoa colectiva deve atender-se


ao objecto da sociedade e aos poderes que são conferidos ao representante.,
através da Certidão Permanente ou do Pacto Social.
B) Representação voluntária

A Representação voluntária é feita mediante a outorga de uma


procuração a favor de uma determinada pessoa, atribuindo-lhe voluntariamente
poderes representativos.
A procuração deve revestir a forma exigida para o negócio que o
procurador deva realizar. Confrontar artigo 262º do C.C.
Assim, nos termos do artigo 116º do Código do Notariado, pode ser
outorgada por:
- instrumento público (quando elaborada por notário);
- documento escrito e assinado pelo representado com reconhecimento
presencial da letra e assinatura; ou
- documento autenticado.

O procurador age em nome e, no interesse do representado.


Nos termos do artigo 261º do C.C. existe a possibilidade de realizar
validamente negócio consigo mesmo, desde que o representado tenha
especificadamente consentido na sua celebração, ou que o negócio exclua por
sua natureza a possibilidade de um conflito de interesses.

CONSENTIMENTO CONJUGAL

Carece do consentimento de ambos os cônjuges, salvo se entre eles vigorar


o regime de separação de bens:

a) A alienação, oneração, arrendamento ou constituição de outros direitos


pessoais de gozo sobre imóveis próprios ou comuns.
b) A alienação, oneração ou locação de estabelecimento comercial, próprio
ou comum.
c) A alienação ou oneração de móveis utilizados conjuntamente por ambos
os cônjuges na vida do Lar, ou como instrumento comum do trabalho.
d) A alienação ou oneração de móveis comuns cuja administração caiba
aos dois cônjuges, salvo se se tratar de um acto de administração
ordinária.
e) A alienação ou oneração de móveis pertencentes exclusivamente ao
cônjuge que os não administra, salvo tratando-se de acto de
administração ordinária.
f) O repúdio da herança ou legado.

Por outro lado, a alienação, oneração, arrendamento ou constituição de


outros direitos pessoais de gozo sobre a casa de morada de família, carece
sempre do consentimento de ambos os cônjuges.

Confrontar os artigos 1682, 1682º A e 1683 nº 2, todos do C.C.

Nos termos do disposto no n.º1 do art. 1684.º do C.C., o consentimento


conjugal, nos casos em que é legalmente exigido, deve ser especial para cada
um dos actos. O consentimento tanto pode ser prestado antes da prática do
ato, como no próprio ato.

Nota: Trata-se de um breve resumo, apenas orientador do estudo e com a


chamada de atenção para alguns artigos mais relevantes nesta parte da
matéria, que não substitui ou esgota o estudo da Lei e respectivos regimes.

Bom estudo!

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