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(P2) Direito Patrimonial da Família e Sucessões

18 de março de 2022 (Aula 1)

Nubentes ou esposos antes do casamento, cônjuges depois de casado.

Convenções antenupciais são convenções antes do casamento e não contrária ao casamento (nesse caso
seria antinupcial).

Casamento é contrato entre duas pessoas que pretendem estabelecer plena comunhão de vida,
caracterizada pelo cumprimento de deveres conjugais na relação matrimonial. E essa plena comunhão de vida, essa
solidariedade, essa economia em comum, partilha de recursos entre os cônjuges, vai ter reflexos a nível
patrimonial. Os efeitos patrimoniais do casamento. O direito patrimonial da família é um direito especial face ao
direito comum, nomeadamente o direito das obrigações. Eu administro meus bens de certa maneira, mas se eu
estiver casado há atos que eu não posso praticar sem o consentimento de outro cônjuge, mesmo que os bens sejam
meus. Há regras especiais que se afastam das regras comuns de direito das obrigações e dos direitos reais. A
comunhão patrimonial tem regras especiais. A pessoa é casa e depois é juridicamente outra a condição dos seus
bens, há regras diferentes para tratar os bens.

A disciplina desses direitos patrimoniais está submetida ao princípio da igualdade (art. 1681.º). Em regra,
vale o princípio da autonomia da vontade e da liberdade contratual (art. 405.º), porque em regra os efeitos
patrimoniais do casamento vão depender do regime de bens convencionado pelos nubentes ou esposos. O regime
de bens que os nubentes ou esposos escolherem vai condicionar a aplicação das regras das dívidas, da propriedade.
Por causa do regime de bens, os efeitos serão diferentes. Isto não quer dizer que não tenhamos regras imperativas.
Ao contrário do que sucedia com os efeitos pessoais do casamento.

Caso prático: A e M pretendem celebrar casamento segundo o regime de bens diferente do regime
supletivo. Para tanto, celebraram em dezembro de 2018 convenção antenupcial onde estipulava o seguinte:

1) o regime de bens do casamento será o da separação de bens até a morte do irmão de M, B,


depois dessa data passará a vigorar o regime da comunhão geral.

2) A administração de todos os bens caberá exclusivamente a A.

3) Os cônjuges não se obrigam mutuamente ao dever de cooperação e ao dever de fidelidade.

4) Todos os bens adquiridos por sucessão de M(?) serão considerados bens próprios desta.

5) Será considerado bem comum J, o gato.

6) T e M celebraram casamento em julho de 2020 em Westside, como haviam acordado.

Aprecie o valor desta convenção.

Os nubentes, em princípio, podem escolher um regime de bens face ao princípio da liberdade de escolha
do regime de bens ou princípio da liberdade de convenção (art. 1698.º do CC). Casos em que não se pode celebrar
convenções (imperatividade absoluta): art. 1720.º, al. a) remeter ao arts. 1622.º e ss. (casamento urgentes que não
obedeceram aquelas formalidades), os casamentos urgentes serão celebrados sempre no regime de separação de
bens. Também al. b) não pode celebrar convenção, quando tenha mais de 60 anos. Talvez essa norma já não faça
mais sentido. Casos de imperatividade relativa (art. 1699.º, n.º 2): só não podem estar casados no regime da
comunhão geral.

O regime-tipo comunhão de adquiridos é supletivo (art. 1617.º, eu acho), mas antes o regime supletivo
era o da comunhão geral (algum DL), até 66.

Pode dizer que todos os bens móveis serão próprios e os bens imóveis são comuns? Comunhão geral,
mistura-se dois regimes. Se há clausula que determinado bem é regido por um regime e outro por outro regime,
mistura-se. A largueza do princípio da liberdade de escolha do regime de bens. A nossa lei não impõe um regime de
bens, dá possibilidade de escolha e também de outras possibilidades dentro dos limites da lei, ou seja, sem violação
das normas imperativas.

A convenção antenupcial é um contrato acessório ao casamento e, por isso, a eficácia da convenção


antenupcial pressupõe a existência e a validade do casamento. É condição total de eficácia da convenção
antenupcial.
Saber se os nubentes têm capacidade para celebrar aquela convenção. O art. 1608.º: tem capacidade para
celebrar convenção antenupcial quem tem capacidade para contrair casamento. A convenção antenupcial é um
contrato que foge do princípio da liberdade de forma (art. 219.º). Neste caso, o art. 1610.º a lei exige uma forma.
Art. 1611.º. A convenção antenupcial é notificada até o momento do casamento, depois do casamento vigora o
princípio da imutabilidade, princípio quis nos diz que não pode ser modificado a convenção antenupcial (art.
1614.º). Art. 1613.º, pode colocar condição ou termo. A convenção pode caducar, se o casamento não for celebrado
dentro de 1 ano. Além da caducidade, art. 1689.º, n.º 1 (eu acho).

Supondo que os nubentes teriam capacidade para celebrar convenção, analisaremos o valor da
convenção, o contrato. Se se celebrou o casamento mais de 1 ano após a celebração da convenção antenupcial (art.
1616.º eu acho), caducou, sendo assim os nubentes ficaram sem convenção antenupcial, vigora o regime supletivo.
Nos termos do art. 1667.º, este casamento vai ser regulado pelo regime supletivo que é o da comunhão de
adquiridos.

Art. 1710.º, há vício de forma, dá lugar à nulidade da convenção antenupcial.

Art. 1720.º.

Supondo que a convenção foi celebrada por escritura pública e o casamento celebrou em julho de 2019,
aprecie o valor da convenção e das diferentes cláusulas a luz dessas alterações:

Quanto à primeira cláusula, uma condição, nos termos do art. 1713.º, é algo perfeitamente possível.
Evento futuro e certo.

Quanto à segunda cláusula, há limites art. 1696.º a 1699.º. Art. 1681.º, al. c) remeter ao 1698.º. Quando
há uma violação de normas imperativas então essa cláusula é nula por força do art. 294.º. Violação de norma
imperativa, a cláusula é nula (a Prof. pensa que a norma do art. 1278.º não é imperativa).

Quanto à terceira cláusula, mais uma vez estamos perante limites à liberdade, art. 1699.º, n.º 1, al. b).
Violação de norma imperativa. Art. 294.º. Art. 292.º.

Quanto à quarta cláusula, não temos problema nenhum se estivermos perante regime de separação de
bens, mas se se verificar a condição então passamos a ter um regime de comunhão geral e, nesse regime, todos os
bens adquiridos a título gratuito por sucessão ou oneroso são bens comuns. Estão aqui a utilizar a possibilidade de
introduzir modificações ao regime da comunhão geral, um regime misto.

Quanto à quinta cláusula, nós temos aqui um limite, há limites a liberdade de convenção art. 1699.º. São
bens incomunicáveis. Art. 1733.º, al. h).

Imagine que M e A viviam em união de facto e tinham um filho, Alberto. Com o nascimento de Alberto,
resolveram celebrar casamento e celebraram também convenção antenupcial por declaração registada nos
tribunais do registo civil, onde escolheram celebrar no seu casamento o regime da comunhão geral.

25 de março de 2022 (Aula 2)

Razão de ser 1699.º, n.º 2, imperatividade relativa, quer-se proteger o filho de anterior casamento, evitar
que os bens passem de uma família para outra que não tem nada a ver. Não podem escolher comunhão geral de
bens como regime do casamento quem tem filhos. Se o filho é comum não há razão para protegê-los. Parecer 55/94
publicado no DR em 18 de abril de 1995 diz que tem de fazer interpretação restritiva do art. 1699.º, n.º 2, então a
proibição é só para quem tenha filhos de anterior casamento. Este parecer depois foi adotado pelo instituto de
Registos e Notariado em julho de 1999, a partir daí as conservatórias de registo civil passaram a fazer a
interpretação restritiva desse artigo, deixando casar em comunhão geral quem tem filhos comuns. Faz-se
interpretação restritiva da imperatividade relativa.

Regra da metade na partilha art. 1730.º.

Caso prático: Vitória e Alberto casaram em 2016 sem terem celebrado convenção antenupcial.

a) Alberto, praticante de hipismo, herdara de um tio em 2017 um apartamento e um cavalo.


b) Em 2017, o tio de Vitória doou-lhe um vasto terreno num empreendimento no Algarve que Vitória
vendeu no mesmo ano. Com parte de produto da venda deste terreno e com montante inferior das
poupanças dos seus salários, adquiriu em seguida a quinta do império.
c) Em 2018, Alberto venceu uma prova de saltos num campeonato de hipismo, tendo recebido um
prêmio que se traduziu numa soma em dinheiro.
d) Em 2019, computou-se o prazo de usucapião de um terreno adjacente à quinta do império
relativamente ao qual Vitória começou a comportar-se como proprietária.
e) Em 2019, Alberto recebeu a prestação seguradora relativa à cobertura dos danos emergentes
(reembolso de despesas veterinárias) sofridos pelo seu cavalo num acidente em competição.
f) Em 2021, Alberto e Vitória venderam a primeira colheita da estufa de mirtilos que Vitória instalara na
quinta do império.

Diga a que massa patrimonial pertencem os bens referidos.

Em qualquer caso de efeitos patrimoniais, temos de saber o regime de bens que os cônjuges estão
casados. Não celebraram convenção antenupcial, que é (conceito), aplica-se a regra supletiva desde 31 de maio de
1967(?), aplica-se o regime de comunhão de adquiridos. Este regime é caracterizado por ter três massas
patrimoniais, os bens próprios de cada um dos cônjuges e os bens comuns. A regra da comunhão de adquiridos é a
do art. 1724.º, só não será assim quando encontrarmos as exceções dos arts. 1722.º, 1723.º, 1726.º, 1728.º.
Quando não encontramos nenhuma exceção na hipótese prática, aplicamos a regra do art. 1724.º, al. b).

Quanto à al. a), é um bem adquirido por sucessão já durante o casamento e é uma aquisição a título
gratuito posterior ao casamento, então é uma exceção à al. b) do art. 1724.º, portanto estes dois bens serão bens
próprios de Alberto nos termos do art. 1722.º, n.º 1, al. b).

Quanto à al. b), terreno é um bem adquirido a título gratuito por doação, adveio depois do casamento,
mas a título gratuito. Assim, é igual a al. anterior, art. 1722.º, n.º 1, al. b), é bem próprio de Vitória. No entanto, este
bem foi vendido, ao vender um bem próprio, por haver uma conexão entre o dinheiro e o terreno, o dinheiro é bem
próprio de Vitória também nos termos do art. 1723.º, al. b). Sucede que, a seguir, com esse dinheiro vai comprar
uma quinta, para proteger os terceiros que pensam que é bem comum, para eles saberem que é bem próprio, a lei
fala da situação da sub-rogação real indireta (indireta porque não há uma conexão ostensiva) – art. 1723.º, al. c).
Assim, no documento de aquisição ou documento equivalente, é necessário que as origens dos valores sejam
mencionadas e que haja intervenção de ambos os cônjuges. Quando não estão verificados estes requisitos, não há
uma situação prática que subsuma a uma exceção e aplicamos a regra geral: bem adquirido a título oneroso na
constância do casamento é um bem comum. Efetivamente, não é justo, quando não há terceiros para proteger, que
os bens sejam considerados comuns.

Guilherme de Oliveira e Pereira Coelho: há duas situações diferentes. As relações entre os cônjuges,
quando não há credores, dívidas, etc. (a prova não tem de ser pelos meios do art. 1723.º, al. c), pode ser de outras
maneiras), e as relações dos cônjuges com terceiros (para os proteger exigimos aqueles requisitos, se não estiverem
cumpridos é bem comum). Houve Acórdão de fixação de jurisprudência nesta matéria, pois não era pacífica, o STJ
veio aderir a posição de Guilherme de Oliveira e Pereira Coelho. Quando não temos esses requisitos cumpridos e há
relações de terceiros o bem vai ser comum, pelo art. 1724.º, al. b), mas isto é injusto, porque um dos cônjuges ficou
enriquecido com o patrimônio próprio do outro cônjuge, então no momento da partilha há de fazer uma
compensação para o acerto de contas – isto não está na lei, mas é pensável doutrinalmente.

No entanto, Vitória não utilizou apenas esse dinheiro, como as poupanças dos salários, que são bens
comuns. O produto do trabalho dos cônjuges é bem comum pelo art. 1724.º, al. a). Assim sendo, aplicamos o art.
1726.º, n.º 1, então como a contribuição superior foi de bem próprio, a natureza é de bem próprio. O n.º 2 diz que
sem prejuízo das compensações.

Quanto à al. c), ele ganha um prêmio pelas suas qualidades como praticante de hipismo, uma analogia
entre esse prêmio e o salário, esse prêmio seria um bem comum, os salários também são bens comuns porque
resultam do esforço comum dos cônjuges (art. 1724.º). A ideia é a do esforço comum e esse esforço comum temos
a ideia de que os salários também são bens comuns. Se for um prêmio que depende totalmente da sorte, p. ex. uma
raspadinha, Antunes Varela e Pires de Lima temos de fazer analogia com o art. 1733.º, al. e), sobre os seguros, que
são bens mais próprios que próprios, são incomunicáveis, se são assim na comunhão geral, também são na
comunhão de adquiridos. Os seguros têm sempre algo de sorte, não é necessário que o seguro se vença. Nessa
medida, enquanto contratos aleatórios, faz-se a analogia dizendo que são bens próprios, se for o caso de pura sorte.
Quanto à al. d), aqui não há bens comuns, exceção à regra do art. 1724.º, é bem próprio art. 1722.º, n.º 2,
al. b).

Quanto à al. e), estamos no domínio de bens próprios por disposição da lei, bens incomunicáveis, art.
1733.º, n.º 1, al. e).

Quanto à al. f), os mirtilos são frutos naturais, nos termos do art. 212.º. O que queremos saber é se os
frutos dos bens próprios são próprios ou comuns, na base do art. 1728.º, n.º 1, a contrario: se não se podem
considerar frutos, quer dizer que os frutos são bens comuns. No regime da comunhão de adquiridos presume-se
que os frutos do bem próprio são produto do esforço de ambos, portanto são bens comuns. Outro argumento no
n.º 2 do art. 1733.º: no regime de comunhão geral, os frutos dos bens próprios são bens comuns, por maioria de
razão serão na comunhão de adquiridos. Os mirtilos são bens comuns, o produto da venda então será bem comum.

25 de março de 2022 (Aula 3)

g) Na sequência do acidente, o cavalo deixou de poder competir, Vitória, que era terapeuta, passou a
utilizar o cavalo para desenvolver um programa de equoterapia com crianças com problemas de
desenvolvimento. Após o início dessa prática, passou a tomar todas as decisões quanto ao tipo de
treino e tipo de cuidados do cavalo (remete-nos para administração de bens).
h) Afastado da prática de hipismo, Alberto começa a dedicar-se a administração da quinta de Vitória,
onde organiza eventos. Num primeiro momento, Vitória alegrou-se com esta nova atividade de
Alberto. Entretanto, Alberto realiza uma série de obras, Vitória considera que houve má
administração por parte de Alberto e pretende responsabilizá-lo pelos atos de administração. Pode
fazê-lo?
i) Alberto aplica o dinheiro do prêmio de hipismo numa conta bancária à prazo. Pode fazê-lo?
j) Neste momento, Alberto encontra-se na Ucrânia, para onde partiu no dia 28 de fevereiro numa
missão humanitária, sem perspetiva de voltar. Antes de partir, outorgou poderes de representação
numa procuração ao seu primo Guilherme para administrar os seus bens. Na semana passada, o
apartamento que Alberto herdara do tio é atingido por um incêndio no seu prédio e fica gravemente
danificado. Poderá Vitória tomar providências em face da inércia do primo.

29 de abril de 2022 (Aula x)

§Ema e Luís casaram em 2010, sem terem celebrado convenção antenupcial.


§
§Em 2019, Luís confere a Ema por mandato, o poder de administrar a sua casa de turismo de habitação e
o terreno em que se encontra localizada, mandato que vem a revogar no ano seguinte, por considerar que
houve má administração por parte de Ema. 
§
§Em 2021, para aproveitar o facto de um importante festival de música jazz e gastronomia, o
“JazzComia”, se realizar na região, programado para maio de 2021, Ema contrai uma dívida junto de
Zulmira, para custear obras de reabilitação de alguns edifícios abandonados da propriedade de forma a
convertê-los em alojamento adicional, para receber a grande vaga de turistas que se previa.
§
§O festival “JazzComia” foi cancelado devido à pandemia do Covid-19.
§
§Sabendo que, para além do seu imóvel dedicado ao turismo de habitação, Luís tinha adquirido em 2015
um pequeno estúdio com as poupanças dos seus salários e que Ema levara um automóvel para o
casamento, que bens poderão vir a responder pelo crédito que Zulmira pretende hoje ver satisfeito?

Um contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem estabelecer plena comunhão de vida, o que
abarca os interesses pessoais e bens patrimoniais dos cônjuges. Essa comunhão faz com que nos afastemos do
regime geral das obrigações. Temos duas especialidades no direito matrimonial: 1) Cada um dos cônjuges pode
contrair sozinho uma dívida e obrigar o outro, contrariamente ao que sucede no direito geral das obrigações em
que o património do devedor é a garantia das obrigações, essa dívida será da sua exclusiva responsabilidade e será
o seu património a responder por essa dívida, não obstante a possibilidade de fiador. 2) Em vez de termos apenas
um património a responder, podemos ter três patrimónios a responder, se a dívida por de responsabilidade de
ambos os cônjuges, responde os bens comuns, se não forem suficientes responde os bens próprios de cada um dos
cônjuges solidariamente.

Qualificação do regime de bem: se casaram sem convenção, aplica-se o regime supletivo da comunhão de
adquiridos (art. 1721.º). Sabemos que é este o regime, antes vigorava o Código de Seabra e seria da comunhão
geral. DL que aprovou o CC de 66, art. 15.º que fala dos regimes de bens.

Qualificação das dívidas: este regime vem consagrado nos artigos 1690.º ao 1697.º. Um princípio é o do
art. 1690.º. Nas ilegitimidades conjugais falávamos sempre a alienação, uma compra não é uma ilegitimidade
conjugal. Outro princípio

Dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges (arts. 1692.º, 1693.º, n.º 1, e 1694.º, n.º 2, do
CC): bens que respondem por essas dívidas – bens próprios do cônjuge devedor; na falta ou insuficiência
(subsidiariamente), meação dos bens comuns (art. 1696.º, n.º 1, do CC). É importante não esquecer o n.º 2 deste
artigo também, há certos bens comuns que respondem logo, ao mesmo tempo, que os bens próprios, só se estes
forem insuficientes vamos a meação.

Dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges (arts. 1691.º, n.º 1 e 2, 1694.º, n.ºs 1 e 2, 1693.º, n.º 2,
do CC): bens que respondem por essas dívidas: bens comuns e na falta ou insuficiência destes, os bens próprios de
cada um dos cônjuges (art. 1695.º, n.º 1, do CC).

“Encargos normais da vida familiar” são despesas correntes, periódicas, normalmente de baixo montante,
mas deve-se ter atenção ao padrão socioeconómico do casal. Estão aqui as despesas da água, eletricidade,
telemóvel, internet, as dívidas da farmácia, com médico, com a educação dos filhos.

Remeter cônjuge administrador da al. c) do art. 1691.º ao 1688 e limites dos seus poderes de
administração ao art. 1682.º ss. Note-se que não se presume “em proveito comum”. O proveito comum não é
unicamente económico ou material, não se quer apenas o proveito comum económico (que haja lucro, entrada de
dinheiro com benefício do casal), pode ter outra ordem, ser moral, espiritual, intelectual (se contrai dívida para doar
para instituição social, ou se contrai dívida para fazer peregrinação espiritual, ou se contrai dívida para ir num
concerto). Não atendemos ao resultado, interessa é a intenção, o fim visado pelo cônjuge devedor, foi no interesse
do casal, comum? Saber se uma pessoa média colocada no cônjuge devedor também teria entendido que aquela
dívida foi em proveito comum do casal. Exemplo: alguém que decide fazer plantação de bananas em Coimbra, não é
um clima tropical propício para plantação de bananas, uma pessoa média segundo as regras de capacidade e
experiência, capacidade de avaliação média, percebia que isto não era assim. Não basta a intenção subjetiva, é
necessária intenção objetiva também.

O n.º 2 do art. 1691.º: antes do casamento eles resolvem modelar a casa, é proveito comum, mesmo que
antes do casamento, responsabilizará ambos. Se um cônjuge antes do casamento resolve contratar viagem de lua
de mel, o outro cônjuge não sabe de nada, um deles passa mal e vai só o cônjuge devedor, não houve o proveito
esperado, mas foi uma dívida contraída com vista o proveito comum do casal, responsabiliza os dois se casam no
regime da comunhão geral de bens.

Das dívidas que vimos, qual se encaixa no caso prático? Art. 1691.º, al. c). É uma dívida contraída na
constância do casamento, parece contraída em proveito comum do casal, iria beneficiar o casal, era uma dívida que
tinha interesse de ordem económica, trazer maior rendimento do casal, isto avaliando a intenção subjetiva e
objetiva que tinha ficado frustrada com o cancelamento do festival, não avaliamos pelo resultado, mas sim pela
intenção. Todavia, se olhamos no n.º 1 há alguns requisitos da al. c) que não estão preenchidos, há duas coisas que
parecerem que não estão verificadas para já, não sabemos se era cônjuge administradora e se estava a atuar no
limite dos seus poderes de administração. Assim sendo, se é um bem próprio do cônjuge marido quem é que tem a
administração? Art. 1678.º, al. g), cada um tem a administração dos bens próprios, mas a al. g) estabelece exceção,
no entanto esse mandato tinha sido revogado, a mulher não tinha poderes de administração, por isso não podemos
dizer que é dívida da responsabilidade de ambos. Não se reúnem pressupostos da al. c) do art. 1691.º.

Assim sendo, é uma dívida da responsabilidade do cônjuge que a contraiu, art. 1692.º, al. a).

Vamos identificar os bens: a casa de turismo é bem próprio do Luiz (art. 1722.º, n.º 1, al. a)). O estúdio
que adquiriu em 2015 é um bem comum (art. 1724.º, al. b) ou porque é adquirido com bens comuns, salários, art.
1724.º, al. a)). O automóvel que Maria levara ao casamento bem próprio de Maria art. 1722.º, al. a). Não há
nenhum bem comum que responda ao mesmo tempo, apenas se houver meação que é o tal estúdio.
Pedro e Inês casaram em agosto de 2008, no regime da comunhão geral.
§Pretendem hoje requerer divórcio por mútuo consentimento na conservatória competente.
§ 
§Acodam relativamente a todas as matérias exigidas por lei para o efeito. Todavia, não se
perspetiva que o mesmo aconteça quanto à partilha dos bens.
§Sabendo que:
§a) Pedro herdou em 2010, com cláusula de incomunicabilidade, um terreno no valor de
100.0000€, que vendeu em setembro de 2015 para comprar a casa em que o casal vivia;
§b) em fevereiro de 2016, a mãe de Inês ofereceu-lhe um vestido, no valor de 10.000€, para que
esta comparecesse numa gala em que ia ser premiada pelo trabalho de intervenção social
junto de mulheres de vítimas de violência, através da Associação “Lágrimas”.
§c) em janeiro de 2020, Pedro pagou a inscrição do filho João no Colégio “Great Leadership”,
no valor de €10.000. Para o efeito utilizou o dinheiro recebido a título de indemnização por
danos corporais, que recebera em 2015, em virtude de um acidente de viação.
§d) em maio de 2017, Pedro começou a interessar-se por fotografia e adquiriu equipamento
para o efeito, no valor de €4.000;
§e) em outubro de 2020, Inês comprou com o dinheiro dos seus salários uma impressora que
usa no seu trabalho de ação social e que vale 3.000€
§f) na data de hoje, Pedro tem uma conta em seu nome, onde deposita as poupanças dos seus
salários, no valor de 11.000€; e qu
§g) na pendência do processo de divórcio, Pedro e Inês celebram um contrato-promessa, nos
termos do qual todos os bens que estivessem relacionados com a atividade de fotógrafo
amador de Pedro reverteriam para este na altura da partilha. E o que dizia respeito ao trabalho
de Inês, seria para ela. O restante seria dividido segundo as regras gerais
§Como se fará a partilha após o divórcio?

Tem liberdade de escolher os regimes de comunhão de bens que bem entendem, pela liberdade
contratual. O regime da comunhão geral do art. 1732.º: todos os bens que os cônjuges levam para o casamento,
quer a título oneroso, quer a título gratuito, serão bens comuns. Depois, se pretendem divorciar-se tem de haver os
quatro acordos reunidos, se estiverem esses acordos há divórcio por mútuo consentimento administrativo, não é
necessário acordo quanto à partilha, pode haver, mas se não houver não é impedimento para o divórcio por mútuo
consentimento administrativo.

Art. 1790.º: temos de ver de acordo com o regime da comunhão geral o que vai receber e o que vai
receber de acordo com o regime da comunhão de adquiridos, mas provavelmente será de acordo com o regime da
comunhão de adquiridos.

Art. 1678.º. Art. 1789.º: os efeitos do divórcio produzem-se a partir do trânsito em julgado da respetiva
sentença, mas, quanto aos efeitos patrimoniais, os efeitos do divórcio começam com a data da propositura da ação.
Ainda, n.º 2, se temos a separação de facto, pode ser indicada no divórcio por mútuo consentimento como causa do
divórcio, isso tem relevância para as relações patrimoniais.

Art. 1689.º. Vamos entender que a partilha tem três operações básicas: separação dos bens próprios,
liquidação do património comum e a partilha propriamente dita.

Separação dos bens próprios: a) Art. 1733.º, n.º 1, al. a), são bens doados ou deixados com cláusula de
incomunicabilidade, é bem próprio. Mas, ele vendeu esse bem para comprar a casa em que o casal vivia, não há
nenhuma regra a aplicar-se do regime da comunhão geral, mas aplicamos com as devidas adaptações as regras do
regime da comunhão de adquiridos (art. 1734.º), há uma sub-rogação real indireta (art. 1723.º), vemos que o preço
dos bens próprios alienados é bem próprio, depois, sabendo isso, temos ainda a dúvida se aquele dinheiro será
utilizado para adquirir um bem, temos a regra geral do art. 1724.º a dizer que são bens comuns bens adquiridos na
constância do casamento. O art. 1723.º, al. c), para ser bens próprios tem de cumprir os dois requisitos (servem
para proteção de terceiros), se não forem observados esses requisitos o bem é comum, se forem observados é bem
próprio. Então, tínhamos de falar …
b) Art. 1733.º, n.º 1, al. f), bem incomunicável.

d) (pulou a c). Trata-se de bem comum, art. 1732.º.

e) Bem comum, art. 1732.º.

f) Bem comum, art. 1732.º.

Vamos fazer a liquidação do bem comum, ver se há dívidas: há uma dívida, na c). Ele pagou, mas se ele
não tivesse pagado, havia uma dívida, essa dívida de pagar a inscrição na escola do filho seria uma dívida da
responsabilidade de ambos, porque é um encargo normal da vida familiar, art. 1691.º, n.º 1, al. b). Vai responder
primeiro os bens comuns, se não forem suficientes, os bens próprios de cada um, como estão casados em
comunhão geral solidariamente. O património próprio pagou uma dívida que era de responsabilidade de ambos, vai
acontecer uma compensação no momento da partilha, art. 1697.º. Ele pagou 10 mil, mas como era dívida de ambos
só competia pagar 5 mil, então fica credor do património comum em 5 mil.

g) diz respeito à partilha propriamente dita. Art. 1734.º remissão ao art. 1731.º! Faz-se uma atribuição
preferencial convencional, podem fazer isto? São bens comuns e eles estão dizendo que uma parte fica para um e
outra parte para outro, estão na autonomia da vontade, qual o limite da autonomia da vontade? Quando a lei
proíbe, quando há normas imperativas. Se a sua liberdade não põe em causa normas imperativas podem fazer essa
atribuição. Uma das normas imperativas que temos é a regra da metade art. 1730.º! Ou seja, se a atribuição do
material de fotografia implicasse que ficasse com mais bens, com valor superior ao de Maria, estavam a
desrespeitar uma norma imperativa, essa regra tem de ser efetivamente cumprida.

29 de abril de 2022 (aula de reposição)

Carlos faleceu em novembro de 2010. Deixou os seus pais, António e Bárbara, Daniela, sua mulher, e o seu
filho Eduardo casado com Guadalupe. Carlos instituiu Bárbara como sua herdeira universal por testamento.
Francisco, filho de Daniela e Carlos, nasceu em dezembro de 2010.

Quem vai efetivamente suceder a Carlos? A que título? Justifique a resposta legal e doutrinalmente.

Com a morte se extingue com a personalidade jurídica de acordo com o art. 68.º, n.º 1 do CC, com isto
extingue-se algumas relações jurídicas de que o sujeito é titular, mas há relações jurídicas que não se extinguem.
Começa o fenómeno sucessório, o encadeado de fases até descobrimos outro sujeito que vai encabeçar essas
relações jurídicas que ficaram sem titular por causa da morte. Diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais
pessoas a…

Art. 2025.º. Há vários modos, a sucessão legal, baseada na lei (pode ser legitimária, arts. 2156.º e ss., ou
legítima, arts. 2131.º ss.), ou a sucessão voluntária, baseada na vontade do autor da sucessão.

Na sucessão legal legitimária são chamados os herdeiros legitimários, que se encontram no art. 2157.º,
trata-se da família mais próxima, note-se que não estão os irmãos, parentes pela linha colateral. Põe-se a questão
se devem os cônjuges fazer parte dos herdeiros legitimários, em 1977 valorizou-se muito o núcleo conjugal e o
cônjuge passou a primeira classe de sucessíveis, junto aos descendentes, põe-se a questão pois o casamento não é
tão forte como no passado, há muitos divórcios, e pode haver muitos casamentos, pode haver o cônjuge que não é
pai dos descendentes. O que temos na sucessão legitimária é a quota indisponível ou legítima objetiva, uma parte
da herança, calculada segundo as regras legais, que cabe aos herdeiros legitimários. A lei manda reservar uma parte
da herança aos herdeiros legitimários. Põe-se em questão se não deve ser como os países anglo-saxões em o de
cujus não é obrigado a isso.

A sucessão legítima é supletiva, quando não haja herdeiros legitimários, ou quando haja, mas o autor não
tenha disposto de toda a sua herança. Se o falecido não tiver disposto válida e eficazmente são chamados os
herdeiros legítimos, são aqueles do art. 2132.º, na ordem do art. 2133.º. Todos os herdeiros legitimários são
também legítimos, mas nem todos os legítimos são herdeiros legitimários.

Quanto à sucessão voluntária, pode ser contratual, através do pacto sucessório, normalmente são
proibidos (art. 2028.º, n.º 2), a regra é a nulidade dos contratos entre cônjuges, a não ser os previstos nas leis, os
previstos nas leis encontram-se nas convenções antenupcial dos arts. 1700.º e ss. Esses contratos sucessórios são
irrevogáveis, como está no art. 1701.º. Temos também a sucessão baseada no testamento, o instrumento para
designar herdeiros ou legatários, sucessores, é o testamento (art. 2139.º??? e ss.). Podemos ter vários tipos de
sucessores (art 2030.º), saber os deveres dos legatários, pergunta-se nas perguntas teóricas e orais.

Saber quem são os designados: designação sucessória.

Saber quem é chamado: vocação sucessória.

Como respondem ao chamamento: positivamente, aceitando a herança, ou negativamente, repudiando a


herança.

Liquidação da herança.

(mais um que não peguei).

Pressupostos da vocação sucessória: titularidade da designação sucessória prevalente (art. 2032.º),


existência do chamado e capacidade sucessória. O Dr. Remédio Marques acrescenta a aceitação, mas a Dra. Rosa
Andrea não concorda.

Quanto ao primeiro pressuposto, há hierarquia das designações sucessórias, primeiro chamamos os


herdeiros legitimários, depois os herdeiros ou legatários contratuais (se houve um contrato só pode ser revogado
pelos dois), depois os herdeiros ou legatários testamentários, depois os herdeiros legítimos.

A existência do chamado: temos duas vertentes, o chamado ainda tem de existir como pessoa jurídica no
momento da morte do autor da sucessão, outra vertente é que o chamado já tem que existir como pessoa jurídica
no momento da morte do autor da sucessão. Para sucessão legal serão

(saí da aula)

06 de maio de 2022

A e B casaram em 1964 no regime supletivo.

A faleceu em novembro de 2000. Sobreviveram B, sua mulher, C (nasceu em janeiro de 2001) e D, filhos
do casal, bem como M, pai de A. D faleceu em dezembro de 2000, sem ter aceitado ou repudiado a herança do pai
A. D, que era casado com F, que sobreviveu, bem como os filhos do casal I e J.

Faça a partilha sabendo que os bens do casal A e B são avaliados a 80 mil euros. A deixou dívidas no valor
de 5 mil euros. Testamento no qual deixou a M terreno no valor de 5 mil euros e fez doação a P, seu amigo, de um
quadro de 10 mil euros.

Estamos perante um caso em que havia uma pessoa titular de relações jurídicas e que faleceu, há
determinadas relações jurídicas que não se extinguem com a morte, são transmissíveis mortis causa, temos de
resolver a crise que se cria em relação a essas relações jurídicas e encontrar um novo titular, através de um
processo. Nós temos vários designados, mas nem todos serão indiciados (pela lei, contrato, testamento), a
designação é volátil. O momento da morte do autor da sucessão é o momento da abertura da sucessão (art.
2031.º). Procedemos à vocação sucessória, nem todos os designados serão efetivamente chamados (art. 2032.º),
primeiro aqueles que tenham prioridade na hierarquia dos sucessíveis. A primeira sucessão é a legitimária, a ideia é
de que são os herdeiros legitimários são os que tem maior laço de afetividade e proximidade com o falecido,
fundado nas regras de experiência e privilegiando a pequena família, laços afetivos e laços de sangue, o legislador
os reserva uma quota da herança que é a legítima objetiva ou a quota indisponível. A seguir, vem a sucessão
contratual, há três tipos de contratos sucessórios (oral) admitidos que constam do art. 1700.º, sendo que a regra é
que os contratos sucessórios são nulos. Temos doações mortis causa e inter vivos. Aquelas doações que produzem
os seus efeitos durante o autor da sucessão, inter vivos, e há as doações mortis causa em que só tem como causa da
transmissão da propriedade a morte. A doação, embora seja contrato gratuito, é contrato, como há esta vinculação
– revogável –, há a expectativa de quem aceitou essa doação. Depois, a sucessão testamentária, negócio jurídico
unilateral não receptício (para produzir seus efeitos não tem de ser levado a conhecimento do beneficiário das
disposições testamentárias). Depois temos a sucessão legítima quando não haja herdeiros legitimários e o falecido
não tenha disposto em contrato ou testamento.

Se A falecia sem deixar cônjuge, nem descendentes, nem ascendentes, apenas irmãos. Os irmãos são
parentes da linha colateral, por isso não são herdeiros legais, mas são herdeiros legítimos. Temos de abrir a
sucessão legítima, mas tem regras diferentes consoantes seja filho do mesmo pai e da mesma mãe. Ler isso no
manual do Dr. Capelo de Souza, matéria da colação.

No caso prático encontramos herdeiros legitimários: cônjuge, ascendentes e descendente.

Pressupostos da vocação sucessória: primeiro, titularidade da vocação sucessória permanente ou


prevalência; segundo, existência; terceiro, capacidade sucessória. Vamos avaliar se cada um dos designados
preenchem os pressupostos da vocação sucessória na sucessão legitimária. Eram B, C, D, I, J e M. O Dr. Remédio
Marques entende que se pode considerar um quarto pressuposto, a aceitação. Primeiro, quanto à B, é cônjuge,
herdeiro legitimário (art. 2157.º), da primeira classe de sucessíveis (art. 2133.º, n.º 1, al. a)), sabemos que ainda
existe (arts. 68.º, n.º 1, e 66.º, n.º 1) – há duas vertentes; a capacidade sucessória tem a ver com a ideia de
idoneidade para ser chamado a suceder, a regra é que todos tem capacidade (art. 2033.º, n.º 1), estudar a questão
das pessoas coletivas pelo Dr. Cabelo de Souza. Depois, o legislador diz que é indigno, não tem idoneidade, quem
tiver praticado determinados factos que consubstanciem responsabilidade criminal, e em testamento pode o
falecido deserdar (art. 2166.º). Assim, se fundamenta os três pressupostos. Então, chamamos B e, se responder com
aceitação, art. 2050.º.

Relativamente à C, é herdeiro legitimário (arts. 2137.º e 2133.º, n.º 1, al. a)). Art. 68.º 1. Já estava
concebido, sabemos isso pelo período legal de concepção. A personalidade jurídica só começa com nascimento
completo e com vida, art. 66.º, n.º 1, mas a lei faz antecipação a todos aqueles que já foram concebidos, art. 2033.º,
n.º 1. Art. 1798.º, art. 1826.º, art. 1800.º. Art. 1855.º, quanto à perfilhação de nascituro: se o pai não está casado
com a mãe e tem medo de morrer, pode perfilhar nascituro, mas se não o fizer, tem de haver investigação de
paternidade para declarar que é filho para só depois saber-se que é descendente. Preenche o pressuposto da
existência. Quanto ao terceiro pressuposto, arts. 2034.º e 2166.º. Art. 2050.º

Relativamente à M, é ascendente, herdeiro legitimário, art. 2157.º, mas é da segunda classe de


sucessíveis, art. 2133.º, n.º 1, al. b), nem todos os designados vão ser chamados. Art. 2134.º princípio da
preferência de classes. Como temos cônjuges e descendentes, não buscamos ascendentes, embora seja herdeiros
legitimário, será excluído da sucessão legitimária por força do princípio da preferência de classes. Para sucessão
testamentária: art. 2179.º, arts. 68.º, n.º 1 e 66.º, n.º 1.

I e J são descendentes, arts. 2151.º e 2133.º, até são da primeira classe, mas os netos são parentes da
linha descendente reta em 2.º grau de A. O princípio do art. 2135.º, o princípio da preferência dos graus de
parentesco, preferência do grau mais próximo, em princípio seriam afastados por esse princípio.

Também já sabemos que há relação familiar entre A e F, relação de afinidade, os afins não são herdeiros
legais (art. 1584.º), mas podem ser herdeiros testamentários ou contratuais.

Relativamente à D, primeiro faleceu A e depois D, ou seja, no momento da abertura, ele faleceu sem
aceitar ou repudiar. No momento da morte de A, sucede que D era herdeiros legitimário da primeira classe de
sucessíveis, ainda existia, pois morreu depois do de cujus, já existia, e tinha capacidade sucessória, reunia todos os
pressupostos da vocação sucessória no momento da morte do autor da sucessão, da abertura da sucessão (arts.
2157.º, 2133.º, n.º 1, 68.º, n.º 1, 66.º). Quando é chamado a herança, nasce na esfera jurídica do chamado o direito
de aceitar ou repudiar. Daniel ainda era vivo, reúne todos os pressupostos e é efetivamente chamado à sucessão,
por força da vocação lhe atribuíram uma determinada posição jurídica, o direito de aceitar ou repudiar a herança,
direito que resulta do chamamento e possui conteúdo patrimonial. Esse direito integra a sua própria herança, de D.
Esse direito que D não chegou a exercer vai se transmitir aos seus herdeiros, o fenómeno do art. 2058.º. Sublinhar a
palavra “herdeiros” desse artigo, vamos ver um fenómeno semelhante que se dá a favor dos descendentes e não
dos herdeiros. Os herdeiros F, I e J tem de aceitar a herança do falecido. Primeiro D faleceu, cônjuge e descendentes
serão chamados. Têm verificados os pressupostos da vocação sucessória, têm de aceitar o direito de aceitar a
herança (art. 2050.º), podem exercer esse direito de duas formas: aceitar (art. 2050.º) ou repudiar (art. 2062.º). Se
aceitarem a herança de D, tem o direito de aceitarem ou repudiarem a herança de A.

Reter que estamos perante dois fenómenos sucessórios, a primeira morte de A e a morte de D. Dá-se a
favor dos herdeiros, não adquirem as relações de que A era titular diretamente, adquirem o direito de aceitar ou
repudiar a herança. Transmite-se genericamente aos herdeiros do chamado e só funciona se os herdeiros aceitarem
a herança do chamado, de D. O direito de transmissão permite que venham concorrer a herança de A pessoas que
seriam excluídas.

Não há sucessão contratual, pois é doação inter vivos.


Temos sucessão testamentária. A morte faz cessar as relações pessoais e patrimoniais entre os cônjuges,
art. 1688.º, tem de se fazer a partilha dos bens comuns, art. 1689.º, sabemos que A e B casaram em 1962 no regime
supletivo, na altura era comunhão geral. Segundo a regra da metade do art. 1730.º, se os bens comuns do casal
eram 80 mil dividimos por dois, 40 mil para A e 40 mil para B. Quando temos de cujus que falece casado, primeiro
temos de fazer a partilha conjugal e só depois a partilha sucessória. Os bens que temos para partilha sucessória são
os 40 mil de A. B recebe os 40 mil pela partilha conjugal e vai receber mais algum desses 40 mil na partilha
sucessória.

É herdeiro legitimário, então vai haver quota disponível (o autor pode dispor como quiser, doações, dispor
dela por testamento) e quota indisponível (art. 2156.º). Temos de calcular a massa da herança, a massa da herança
vai ser calculada, diz-nos o art. 2162.º, n.º 1, através dos bens deixados mais os bens doados (inter vivos) menos as
dívidas que ele deixou. Avaliamos os bens deixados, menos as dívidas, mais doações inter vivos (Dr. Pereira Coelho
diz que o legislador não pensou na ordem que está no preceito, apenas quis referir os fatores, deve ser nessa última
ordem referida, porque as dívidas da herança não devem ser pagas com as doações). Interpretação corretiva do art.
2162.º, n.º 1: MH = BD – DÍV + DOAÇÕES. No caso concreto, o terreno está nos bens deixados. MH = 40000 – 5000 +
10000 = 45000.

A quota indisponível varia consoante o número e qualidade dos herdeiros legitimários, nesse caso temos
cônjuges e descendentes, art. 2159.º, n.º 1. Temos 2/3 de 45 mil = 30 mil (quota indisponível). A quota disponível
calculamos assim: QD = MH – QI, então QD = 45 mil – 30 mil = 15 mil.

Já sabemos que a QI é 30 mil, mas não sabemos quando cabe a cada um dos herdeiros legitimários, o art.
2139.º, n.º 1, 1.ª parte que nos remete ao princípio da sucessão por cabeça, art. 2136.º. Dividimos o 30 mil por três,
a legítima subjetiva, de cada um, é de 10 mil.

QI 30 mil QD 15 mil
B 10 mil
C 10 mil
(F, I, J) 10 mil
M - 5 mil
P - (10 mil)

Não abrimos então, a sucessão legítima.

Abel faleceu em 2020, sobreviveram-lhe a sua mulher (Beta), a sua filha (Carolina), o seu filho (David), o
seu neto (Eduardo, filho de David) e as suas netas (Francisca e Guadalupe), filhas de Helena, filha pré-falecida de
Abel e de Beta. Sobreviveu-lhe, também, o seu filho adotivo ou filho fora do casamento Luís.

Sabendo que David repudiara a herança;

Sabendo que Guadalupe é incapaz perante sua tia Carolina;

Sabendo que os bens deixados são de 500;

Sabendo que as dívidas de Abel são de 200;

Sabendo que Abel fez doação a Beta em 2007 no valor de 300;

Sabendo que Abel fizera a Luís uma doação um ano antes de decretada a adoção;

Sabendo que Abel fez testamento em que deixou à Francisca uma joia de família no valor de 100.

Como equacionar a aplicação dos arts. 1723.º, al. c), e 1724.º, al. b)? Qual é a diferença quando
apenas estejam em causa relações internas entre os cônjuges? Ambos os artigos podem ser aplicados?

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