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TEMA 7 – DIREITO DE FAMÍLIA – AULA I , II E III.

CASAMENTO (REGIME DE BENS)

CONCEITO E PRINCÍPIOS

Conjunto de normas que disciplinam as relações patrimoniais do casamento,


ou seja, é o “estatuto patrimonial do matrimônio”.

Princípios: liberdade de escolha, variabilidade e mutabilidade (imutabilidade


relativa).

Liberdade de escolha

Em regra, os nubentes podem escolher o regime de bens. A liberdade de


escolha dialoga com o princípio da autonomia privada.

Variabilidade

Não existe apenas um único regime de bens, mas vários regimes de bens.

Não havendo mais o regime total, concebe-se, no Código Civil brasileiro,


● a comunhão universal,
● a comunhão parcial,
● a participação final nos aquestos, a separação de bens legal ou
convencional etc.

Mutabilidade

(Imutabilidade relativa) No passado, falava-se em imutabilidade, pois não era


permitido aos casais mudarem de regime de bens.
Com a modificação da norma, o Código Civil de 2002 passou a permitir a
modificação do regime de bens. Hoje, prevalece, portanto, o princípio da
mutabilidade, conhecido também como imutabilidade relativa. Cada país
possui o seu rol de regime de bens típico.

Em alguns países, ao invés de se falar em regime de bens, fala-se em regime


patrimonial de bens.

No direito brasileiro, há debates sobre a possibilidade de criação de regimes


mistos ou atípicos.
- Regime de bens atípico é o regime de bens que pode ser misturado
entre eles.

O Regime de bens à luz do Código Civil

Em um primeiro momento, o Código Civil trata do Direito Pessoal de Família.

Em um segundo momento, o Código Civil trata do Direito Patrimonial de


Família. Assim aponta o Código Civil (art. 1.639)

Direito Patrimonial da Família.

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular,


quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.
§ 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do
casamento.
§ 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial
em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das
razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros
ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS

§ 2º É admissível alteração do regime de bens,


● mediante autorização judicial
● em pedido motivado de ambos os cônjuges,
● apurada a procedência das razões invocadas e
● ressalvados os direitos de terceiros

Efeitos causados pelo casamento, ainda na mudança de regime de bens na


constância do casamento .

No curso do casamento, pode haver mudança de dinâmica do ponto de vista


patrimonial. Por isso, pode-se recorrer, eventualmente, à possibilidade de
alteração do regime de bens no curso do casamento.

A alteração do regime de bens demanda autorização judicial em pedido


motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões
invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

Obs.: Não se pode alterar o regime de bens para causar prejuízos a um


credor em uma relação contratual continuada.
Além disso, os credores antesda mudanca do regime de bens nao serao
atingidos.

Na prática, é comum que os casais adotem o regime da comunhão parcial de


bens e, posteriormente, alterem o regime para o regime de separação de
bens
Enunciado 260 III – Jornada de Direito Civil - Enunciado 260 -
A alteração do regime de bens prevista no § 2º do art. 1.639 do Código Civil
também é permitida nos casamentos realizados na vigência da legislação
anterior.

O regime de bens não se trata de um direito adquirido, mas de um regime


jurídico.

Ressalta-se, dessa forma, que não há direito adquirido a regime jurídico.

Portanto, a mudança do regime jurídico atinge a novas situações.

O Código Civil, art. 2.027 tem uma redação um pouco conflituosa. De acordo
com esse dispositivo, o regime de bens celebrado à época do Código Civil de
2016 deve obedecer à disciplina do Código Civil de 2016.

Efeitos causados pelo casamento

• Mudança de estado civil: de solteiro para casado;

• Direito parental: direito relacionado aos filhos da relação;

• Direito patrimonial. REGIME DE BENS


Abaixo, um julgado do STJ sobre modificação do regime de bens: STJ (...)

4 - A teor do § 2º do art. 1.639 do CC/2002, para a modificação do regime de


bens, basta que ambos os cônjuges deduzam pedido motivado, cujas razões
devem ter sua procedência apurada em juízo, sem prejuízo dos direitos de
terceiros, resguardando-se os efeitos do ato jurídico perfeito do regime
originário, expressamente ressalvados pelos arts. 2.035 e 2.039 do Código
atual.

5 - O poder atribuído aos cônjuges pelo § 2º do art. 1.639 do CC/2002 de


modificar o regime de bens do casamento subsiste ainda que o matrimônio
tenha sido celebrado na vigência do Código Civil de 1916.

6 - A melhor interpretação que se pode conferir ao § 2º do art. 1.639 do CC é


aquela segundo a qual não se deve “exigir dos cônjuges justificativas
exageradas ou provas concretas do prejuízo na manutenção do regime de
bens originário, sob pena de se esquadrinhar indevidamente a própria
intimidade e a vida privada dos consortes” (REsp 1119462/MG, QUARTA TURMA,
julgado em 26/02/2013, DJe 12/03/2013).

9 - Os efeitos da modificação do regime de bens do casamento operam ex


nunc, isto é, a partir da decisão que homologa a alteração, ficando regidos os
fatos jurídicos anteriores e os efeitos pretéritos pelo regime de bens então
vigente. Precedentes.

10 - Recurso especial provido. (REsp n. 1.947.749/SP, relatora Ministra Nancy


Andrighi, Terceira Turma, julgado em 14/9/2021, DJe de 16/9/2021.)
Exemplo: Carlos e Maria casaram sob o regime da comunhão parcial de
bens.
No curso do casamento, o casal adquiriu um apartamento em Salvador e
outro apartamento no Rio de Janeiro.
Após 15 anos de casamento, o casal chegou à conclusão de que, na prática, o
rendimento que sustenta a família é proveniente do trabalho de Maria.
Carlos ganha menos do que a esposa e trabalha pouco.
O casal decidiu então mudar o regime de bens para o regime de separação
de bens.

Questão: Havendo a mudança do regime de bens de comunhão parcial para


separação, os apartamentos adquiridos pelo casal, no curso do casamento,
passam a pertencer a apenas uma das partes?

Resposta: Não. Todos os bens adquiridos até a mudança do regime de bens


se submetem às regras do regime de bens da época das aquisições. Portanto,
os apartamentos adquiridos em Salvador e no Rio de Janeiro pertencem,
igualmente, a ambas as partes.

Novas aquisições feitas após o novo regime de bens pertencerão a quem


adquirir.
A mudança de regime de bens, mesmo em casos de união estável, não tem
eficácia retroativa.

União estável

A união estável não possui caráter formal, ou seja, não carece de decisão
judicial.

Na união estável, em princípio, faz-se um contrato por escrito.( nao precisa


ser escritura publica, pode ser um doc particular)
De acordo com o Código Civil, art. 1725, não há a necessidade de elaboração
de escritura pública, sendo suficiente apenas um instrumento particular, ou
seja, um mero contrato de convivência.

Atenção aqui : as vezes as pessoas ja estao vivendo em uniao estavel e nao


sabem , ai quando vai casar querem fazer a serapracao parcial de regime de
bens, eles podem fazer do casamento para frente , mas do casamento para
atras na epoca da uniao estavel prevalece a comunhão parcial de bens ,
entao tudo que foi adquirido na uniao estavel é dividido.

Por exemplo: Carlos e Maria passaram a viver em união estável. O casal não
elaborou nenhum contrato de convivência. Portanto, essa união estável se dá
sob o regime da comunhão parcial de bens. Dez anos depois, Carlos e Maria
decidiram celebrar um contrato de convivência, optando pelo regime da
separação de bens.

Questão: Esse contrato de convivência pode ter eficácia retroativa?

Resposta: Não. Tudo o que Carlos e Maria adquiriram ao longo dos dez anos
de união estável, até adotarem o contrato de convivência com regime de
separação de bens, se comunicará, ou seja, será dividido igualmente entre as
partes.

O regime de bens implica, invariavelmente, uma transmissão de bens entre o


casal. O verbo utilizado para designar a transmissão de bens de um cônjuge
a outro em razão de um regime é “comunicar”.

A comunicação de bens consiste na transmissão de bens em razão do


regime matrimonial

Obs.: A venda de um apartamento a um comprador é chamada de alienação.

No regime da comunhão universal de bens, todos os bens adquiridos por um


casal durante o matrimônio (seja a título de doação ou compra e venda ) se
comunicam, ou seja, são patrimônio comum, pertencentes igualmente a
ambas as partes.
Atencao : REGIME UNIVERSAL DE BENS , até a doacao entra , se eu quero
doar algo para alguem mas nao quero que o aonjuge dela ganhe porque
eles estao em regime universal de bens , eu posso fazer a DOACAO COM
CAUSA DE INCOMUNICABILIDADE, ISSO É MUITO USADO EM CAUSAS DE
HERENCA, eu pego a parte disponivel, e doo pra minha filha mas como
clausula de incomunicabilidade.

CLAUSULA DE INCOMUNICABILIDADE: O BEM CITADO NA CLAUSULA NAO É


COMUNICADO, OU SEJA, TRANSFERIDO PARA O PARCEIRO .

Sugestão de leitura: art. 1.911 do Código Civil, que trata das cláusulas
restritivas da propriedade.

O STJ decidiu que o pedido de alteração do regime de bens não exige


a apresentação pormenorizada do regime de bens do casal. A corte
fundamentou a decisão na presunção de boa-fé dos cônjuges,
atestada pela juntada de farta documentação e por motivo plausível
para requerer a alteração: um dos cônjuges assumiu a gestão do
patrimônio de seus pais. Ademais, destacou-se que a alteração teria
efeitos exclusivamente ex-nunc, isto é, prospectivos (Resp 1904498/SP,
3a Turma Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 06/05/2021). (Manual de
Direito Civil, Carlos E. de Oliveira e João Costa-Neto. Ed. Gen/Forense).

Geralmente, o brasileiro não se preocupa com o regime de bens. Isso ocorre


porque, na maioria das vezes, o brasileiro adquire patrimônio após o
matrimônio.

Até 1977, o regime legal supletivo, na lei, era o regime da comunhão universal
de bens. Portanto, o brasileiro não escolhia o regime, mas aderia ao regime
da lei.

Após 1977, com a instituição da Lei do Divórcio, que não tratou apenas do
divórcio, o regime legal supletivo no Brasil se tornou o
● regime da comunhão parcial, cuja ideia básica é a divisão dos bens
adquiridos no curso do casamento, a título oneroso.
REGIME LEGAL SUPLETIVO

Regime legal supletivo , é quando o casal não escolhe o regime de bens ,


então o regime aplicado a eles sera o regime supletivo , o qual é o REGIME
PARCIAL DA COMUNHÃO DE BENS .

● regime da comunhão parcial, cuja ideia básica é a divisão dos bens


adquiridos no curso do casamento, a título oneroso.

Assim aponta o Código Civil (art. 1.640):

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará,
quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar
por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-
se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto
antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.

REGIME PARCIAL DA COMUNHÃO DE BENS .

O regime parcial de bens, aparentemente, é sofismático (sofismatico =


aparenta ser justo mas nao é ).
Esse regime apresenta alguns erros lógicos que causam, na prática, algumas
injustiças.

Tipos de família:

• Casais que adotam o regime da separação convencional de bens


certamente não almejam ter um grande número de filhos, pois nenhuma das
partes abrirão mão da vida profissional;

• Casais com valores tradicionais tendem a não optar pelo regime da


separação, pois enquanto uma parte estará previamente disposta a cuidar
da casa, a outra parte se compromete a se esforçar na vida profissional. A
única forma de evitar o regime legal supletivo é a lavratura do pacto
antenupcial

PACTO ANTENUPCIAL

“Trata-se de um negócio jurídico solene, condicionado ao casamento, por


meio do qual as partes escolhem o regime de bens que lhes aprouver,
segundo o princípio da autonomia privada.” (Manual de Direito Civil – Pablo
Stolze Gagliano e Rodolfo P. Filho, Ed. Saraiva)

A adoção de um regime diferente do legal exige a apresentação de uma


escritura pública de pacto antenupcial. , voce vai primeiro no cartório de
notas, por exemplo quero adotar o regime universal, faco o contrato pré
nupcial e depois vou e faco a habilitação apra o casamento .

Aqui é quando se adotam também regimes mistos ou híbridos.

ATENÇÃO : O ROL DE REGIME DE BENS, NÃO É TAXATIVO, NOVOS REGIME S


DE BENS PODEM SER CRIADOS., SÃO CHAMADOS DE REGIME ATÍPICO.

Caso a pessoa desista do casamento após a realização da escritura pública


de pacto antenupcial, o negócio jurídico não produzirá efeito, pois a eficácia
do pacto antenupcial é condicionada à celebração do casamento.

Morte do marido

De acordo com o Código Civil, quando o marido morre, o direito da viúva de


concorrer com os seus filhos é condicionado ao tipo de regime de bens: se o
regime for de comunhão parcial, a viúva somente pode concorrer a bens
particulares; se o regime for de comunhão universal, não concorre; se o
regime for de separação convencional, concorre; se o regime for híbrido, o
juiz deve interpretar a prevalência do regime.
CÓDIGO CIVIL

Assim aponta o Código Civil (arts. 1.653 ao 1.657):

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e
ineficaz se não lhe seguir o casamento.

Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica


condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de
regime obrigatório de separação de bens.

Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição


absoluta de lei. atenção- esse artigo abre espaco para muita discurssao na
lei .

● Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação


final nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos
bens imóveis, desde que particulares. ( ESSA LIVRE DISPOSICAO DOS
IMOVEIS É DO REGIME CONVENCIONAL DE BENS - SEPRACAO
ABSOLUTA), mas no pacto antenupcial se eu escolher participacao nos
aquestos eu posso colocar essa clausula que é de outro regime da
separacao absoluta, para vender imoveis sem a anuencia do meu
conjuge.

Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros


senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de
Imóveis do domicílio dos cônjuges.

Obs.: O “menor” a que se refere o art. 1.654 são as pessoas que têm entre 16 e
18 anos de idade.

Regime da separação convencional/ABSOLUTA


E Participação final nos aquestos

O regime que permite a liberdade na disposição de imóveis é o regime da


separação convencional.

Por exemplo: Carlos e Maria são casados sob o regime da separação


convencional. Neste caso, Carlos pode vender seu apartamento sem a
necessidade de autorização ou consentimento de Maria.

Pelo regime de participação final nos aquestos, qualquer dos cônjuges pode
dispor livremente dos bens imóveis sem a necessidade de anuência da outra
parte. SE PREVISTO NESTA CLÁUSULA NO PACTO ANTENUPCIAL QUE O
CÔNJUGE PODE VENDER O BEM SEM A AUTORIZAÇÃO DO OUTRO.

O art. 1.657 deve ser conjugado com o art. 178 da Lei de Registros Públicos.

Cláusula compromissória - PROPOSTA AINDA NÃO APROVADA


A proposta da cláusula compromissória, embora interessante, sobretudo, para
aspectos de patrimônio, não vingou.

Enunciado 4 II – Jornada de Prevenção e Solução Extrajudicial de Litígios -


Enunciado 4 - É válida a inserção da cláusula compromissória em pacto
antenupcial e em contrato de união estável.

Obs.: A cláusula compromissória estabelece a sujeição à arbitragem. Portanto,


a cláusula compromissória estabelece que qualquer litígio deve ser resolvido
por meio de árbitro.

ATENÇÃO- CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA É AQUELA QUE AUTORIZA QUE


QUALQUER LITÍGIO SEJA RESOLVIDO POR UM INTERMEDIÁRIO
REGIME LEGAL OBRIGATÓRIO

Há casos em que a Lei obriga a pessoa a aderir ao regime da separação


obrigatória de bens.

REGIME DE SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS

Assim aponta o Código Civil (art. 1.641):

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:


I – das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas
da celebração do casamento; (art. 1.523, CC)
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III – de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

I – das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas


da celebração do casamento; (art. 1.523, CC) CAUSA SUSPENSIVAS DE
CASAMENTO

Exemplo do Inciso I: Carlos se casou, se divorciou, não procedeu a partilha de


bens e quer se casar novamente. Para que não haja confusão de patrimônio,
Carlos deverá se casar em regime de separação obrigatória de bens.

III – de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

Inciso III: Um dos noivos de um casamento a ser realizado tem apenas 17 anos
de idade.
A capacidade para o casamento é adquirida a partir de 16 anos de idade.
Entre 16 e 18 anos de idade, é necessária uma autorização dos representantes
legais.

Exemplo: João (17 anos) deseja se casar com Marla (19 anos).
Os pais de João não aceitam a realização desse casamento.
Entretanto, João e Marla já possuem uma vida construída juntos, inclusive
criando um filho, fruto da união. O juiz, considerando injusta a negativa dos
pais de João, autoriza a realização do casamento. Dessa forma, a decisão
judicial supre a negativa ou ausência de autorização. O casamento de João e
Marla se submeterá ao regime de separação obrigatória de bens.

ATENCAO- JULGADO STJ - para aqueles casos que os jovens se casaram


tiveram o regime de separacao obrigatorio por exemplo, mas já se passaram
30 anos de casados.
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;

Inciso II: No passado, o prazo era menor. Uma pessoa maior de 70 anos que
deseja se casar não pode escolher regime de bens, devendo se submeter ao
regime de separação obrigatória de bens.

Essa obrigação foi imposta para evitar o “golpe do baú”, em que pessoas
novas se casam com pessoas de idade mais avançada interessadas
unicamente no patrimônio do cônjuge (união por interesse).

Obs.: A idade avançada, por si só, não representa causa de incapacidade


civil.

Exemplo hipotético: Um casal se conheceu no momento em que as partes


tinham 40 anos de idade. Decidiram viver em união estável durante longos
anos, no qual tiveram filhos e formaram uma família. Quando completaram 75
anos, ambos decidiram formalizar a união por meio do matrimônio.

Questão: Neste caso, aplica-se o dispositivo do Código Civil, art. 1.641, que
prevê a obrigatoriedade da adoção do regime da separação de bens?

Resposta: De acordo com o Supremo Tribunal de Justiça, a finalidade do


dispositivo do art. 1.641 do Código Civil é proteger o idoso que inicia uma
relação após os 70 anos de idade. Portanto, de acordo com o entendimento
dos tribunais, esse dispositivo não se aplica para casamentos de
septuagenários (pessoas de 70 anos) com quem já viviam antes de alcançar a
idade mínima.

Súmula 377, STF

No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na


constância do casamento. (EXEMPLO- do vovo que fez dinheiro so depois
que casou com a novinha e com a ajuda da novinha )
Na prática, o regime de separação legal obrigatória segue a regra básica do
regime de comunhão parcial: separar o passado e dividir os bens que forem
adquiridos no curso do casamento, a título oneroso.

AQUESTOS -
● Obs.: Aquestos = refere-se aos bens adquiridos onerosamente ao longo
do casamento.

De acordo com a doutrina e com o Supremo Tribunal de Justiça nada impede


que o idoso que se casa faça um pacto antenupcial afastando os efeitos da
Súmula 377
STJ RECURSO ESPECIAL. UNIÃO ESTÁVEL SOB O REGIME DA SEPARAÇÃO
OBRIGATÓRIA DE BENS. COMPANHEIRO MAIOR DE 70 ANOS NA OCASIÃO EM
QUE FIRMOU ESCRITURA PÚBLICA. PACTO ANTENUPCIAL AFASTANDO A
INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 377 DO STF, IMPEDINDO A COMUNHÃO DOS
AQUESTOS ADQUIRIDOS ONEROSAMENTE NA CONSTÂNCIA DA
CONVIVÊNCIA. POSSIBILIDADE. MEAÇÃO DE BENS DA COMPANHEIRA.
INOCORRÊNCIA. SUCESSÃO DE BENS. COMPANHEIRA NA CONDIÇÃO DE
HERDEIRA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE REMOÇÃO DELA DA
INVENTARIANÇA.
1. O pacto antenupcial e o contrato de convivência definem as regras
econômicas que irão reger o patrimônio daquela unidade familiar, formando
o estatuto patrimonial - regime de bens - do casamento ou da união estável,
cuja regência se iniciará, sucessivamente, na data da celebração do
matrimônio ou no momento da demonstração empírica do preenchimento dos
requisitos da união estável (CC, art. 1.723).
2. O Código Civil, em exceção à autonomia privada, também restringe a
liberdade de escolha do regime patrimonial aos nubentes em certas
circunstâncias, reputadas pelo legislador como essenciais à proteção de
determinadas pessoas ou situações e que foram dispostas no art. 1.641 do
Código Civil, como sói ser o regime da separação obrigatória da pessoa maior
de setenta antos (inciso II).
3. “A ratio legis foi a de proteger o idoso e seus herdeiros necessários dos
casamentos realizados por interesse estritamente econômico, evitando que
este seja o principal fator a mover o consorte para o enlace” (REsp 1689152/SC,
Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 24/10/2017, DJe
22/11/2017).
4. Firmou o STJ o entendimento de que, “por força do art. 258, § único, inciso II,
do Código Civil de 1916 (equivalente, em parte, ao art. 1.641, inciso II, do Código
Civil de 2002), ao casamento de sexagenário, se homem, ou cinquentenária, se
mulher, é imposto o regime de separação obrigatória de bens. Por esse
motivo, às uniões estáveis é aplicável a mesma regra, impondo-se seja
observado o regime de separação obrigatória, sendo o homem maior de
sessenta anos ou mulher maior de cinquenta” (REsp 646.259/RS, Rel. Ministro
Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 22/06/2010, DJe 24/08/2010). 5.
A Segunda Seção do STJ, em releitura da antiga Súmula n. 377/STF, decidiu
que, “no regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na
constância do casamento, desde que comprovado o esforço comum para sua
aquisição” EREsp 1.623.858/MG, Rel. Ministro Lázaro Guimarães
(Desembargador convocado do TRF 5ª região), Segunda Seção, julgado em
23/05/2018, DJe 30/05/2018), ratificando anterior entendimento da Seção com
relação à união estável (EREsp 1171820/PR, Rel. Ministro Raul Araújo, Segunda
Seção, julgado em 26/08/2015, DJe 21/09/2015).

6. No casamento ou na união estável regidos pelo regime da separação


obrigatória de bens, é possível que os nubentes/companheiros, em exercício
da autonomia privada, estipulando o que melhor lhes aprouver em relação
aos bens futuros, pactuem cláusula mais protetiva ao regime legal, com o
afastamento da Súmula n. 377 do STF, impedindo a comunhão dos aquestos.

7. A mens legis do art. 1.641, II, do Código Civil é justamente conferir proteção
ao patrimônio do idoso que está casando-se e aos interesses de sua prole,
impedindo a comunicação dos aquestos. Por uma interpretação teleológica
da norma, é possível que o pacto antenupcial venha a estabelecer cláusula
ainda mais protetiva aos bens do nubente septuagenário, preservando o
espírito do Código Civil de impedir a comunhão dos bens do ancião. O que
não se mostra possível é a vulneração dos ditames do regime restritivo e
protetivo, seja afastando a incidência do regime da separação obrigatória,
seja adotando pacto que o torne regime mais ampliativo e comunitário em
relação aos bens.

8. Na hipótese, o de cujus e a sua companheira celebraram escritura pública


de união estável quando o primeiro contava com 77 anos de idade - com
observância, portanto, do regime da separação obrigatória de bens -,
oportunidade em que as partes, de livre e espontânea vontade, realizaram
pacto antenupcial estipulando termos ainda mais protetivos ao enlace,
demonstrando o claro intento de não terem os seus bens comunicados, com o
afastamento da incidência da Súmula n. 377 do STF. Portanto, não há falar em
meação de bens nem em sucessão da companheira (CC, art. 1.829, I).
9. Recurso especial da filha do de cujus a que se dá provimento. Recurso da
ex-companheira desprovido. (REsp n. 1.922.347/PR, relator Ministro Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, julgado em 7/12/2021, DJe de 1/2/2022.)

De acordo com o julgado acima, fica claro que o STJ aplica o regime de
separação obrigatória na união estável, para maiores de 70 anos de idade.

Sistematização:

• No regime da separação legal de bens, os aquestos (bens adquiridos


onerosamente ao longo do casamento) se comunicam, desde que haja prova
do esforço comum.
• É possível que os cônjuges afastem os efeitos da Súmula 377 por meio do
pacto antenupcial, em caso de casamento, ou por contrato de convivência,
em caso de união estável.
• Não é possível os cônjuges mudarem o regime de bens.
• Apesar de o idoso acima de 70 anos não poder escolher o regime de bens,
pode realizar a doação de bens para seu cônjuge.

REGIME JURÍDICO AULA II

CASAMENTO (REGIME DE BENS) II

Enunciados da Jornada Nacional de Direito Civil aprovados em 2022

Os enunciados da Jornada Nacional de Direito Civil aprovados em 2022 são


encarados com muita seriedade pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Embora não sejam precedentes vinculantes, mas apenas postulados de
doutrinas, os enunciados da Jornada Nacional de Direito Civil auxiliam na
fundamentação de julgados do STJ.
Autorização conjugal

A autorização conjugal também é conhecida como vênia conjugal ou outorga


uxória.
Tradicionalmente, a outorga uxória consistia na autorização dada pela
esposa, enquanto a autorização dada pelo marido era conhecida como
autorização marital.

O casamento é diferente do namoro, do noivado e da união estável.

Existe uma norma expressa no Código Civil estabelecendo que, no que tange
às pessoas casadas, determinados hábitos somente podem ser praticados
mediante a autorização do outro consorte.

Assim aponta o Código Civil (art. 1.647)

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode,
sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
Aqui tem um exemplo bom , o da leticia , se ela quiser vender a casa mesmo
que a casa não entre na meação porque foi herança da ela, se a leticinha
quiser vender vai precisar de autorização do novinho .
II – pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III – prestar fiança ou aval; TITLOS DE CREITOS INONIMSADOS

IV – fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que


possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando
casarem ou estabelecerem economia separada.

A exigência da autorização conjugal não se aplica às pessoas casadas em


regime de separação absoluta. A separação absoluta corresponde à
separação convencional de bens.
O regime de separação absoluta pode ser escolhido por meio do pacto
antenupcial.
Exemplo: Quem for casado sob o regime da separação convencional
(absoluta) não precisará da autorização da esposa para vender um
apartamento, hipotecar um imóvel ou prestar uma fiança

Esse dispositivo foi previsto na lei em virtude da preocupação do legislador


para com a saúde financeira da família.

A realização de atos, presumidamente, trágicos à saúde financeira da família


necessitam do consentimento do cônjuge.

Ressalta-se que não importa a origem do bem, mas sim o regime sob o qual o
matrimônio foi estabelecido.

Assim aponta o Código Civil (arts. 1.648 e 1.649):

Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga,
quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível
concedê-la. exemplo: o cônjuge nao quer da a autorização por pirraça , ou
o conjuge ta acamado

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária
(art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge
pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade
conjugal. Depois que TERMINA A SOCIEDADE CONJUGAL , tem- se dois anos
para anular a falta de autorização .
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por
instrumento público, ou particular, autenticado.
Questão: Qual o prazo para se anular um ato jurídico praticado sem outorga
uxória ou autorização marital?

Resposta: Até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.

ATENCAO - O art. 179 do Código Civil estabelece que a regra geral do prazo
decadencial para anulação de atos ou negócios jurídicos é de 2 anos a partir
da conclusão do ato, salvo disposição em contrário.
A anulação do negócio jurídico é total. De acordo com o STJ, todo negócio
pode ser 100% anulável.

Por exemplo: Uma mulher se colocou na condição de fiadora de seu primo


quando este tomou um empréstimo de 1 milhão de reais junto ao banco.
Entretanto, o ato dessa mulher ocorreu sem o consentimento de seu marido.
Neste caso, o marido pode pedir a invalidação total da fiança.
Assim aponta o Código Civil (art. 1.650):

Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem
consentimento, ou sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo
cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus herdeiros

NEUROSE DE CLAREZA!

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no


art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no
regime da separação absoluta:
I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II – pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III – prestar fiança ou aval;
IV – fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que
possam integrar futura meação.

Abaixo, um julgado do STJ sobre o aval:


STJ PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
NO RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. LEGITIMIDADE. AVAL.
OUTORGA UXÓRIA. APRESENTAÇÃO DEMONSTRATIVO ATUALIZADO DO
DÉBITO. REEXAME DE CONTEÚDO FÁTICO–PROBATÓRIO. SÚMULA N. 7 DO
STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. Consoante entendimento desta Corte, “as normas
das leis especiais que regem os títulos de crédito nominados, v.g., letra de
câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, cédulas e notas de crédito,
continuam vigentes direito empresarial e se aplicam quando dispuserem
diversamente do Código Civil de 2002, titulos inonimados, por força do art. 903
do Diploma civilista. Com efeito, com o advento do Diploma civilista, passou a
existir uma dualidade de regramento legal: os títulos de crédito típicos ou
nominados continuam a ser disciplinados pelas leis especiais de regência,
enquanto os títulos atípicos ou inominados subordinam-se às normas do novo
Código, desde que se enquadrem na definição de título de crédito constante
no art. 887 do Código Civil” (REsp n. 1.633.399/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 10/11/2016, DJe 01/12/2016). 2. Dessa
forma, em relação à outorga uxória no aval, “a interpretação mais adequada
com o referido instituto cambiário, voltado a fomentar a garantia do
pagamento dos títulos de crédito, à segurança do comércio jurídico e, assim,
ao fomento da circulação de riquezas, é no sentido de limitar a incidência da
regra do art. 1647, inciso III, do CCB aos avais prestados aos títulos
inominados regrados pelo Código Civil, excluindo-se os títulos nominados
regidos por leis especiais” (REsp n. 1.526.560/MG, Rel. Ministro PAULO DE
TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/03/2017, DJe
16/05/2017).

De acordo com o julgado do STJ exposto acima, conclui-se que a exigência


da outorga uxória ou da autorização marital para o aval compreende os
casos de títulos de créditos inominados.

ATENÇÃO

O Código Civil disciplina títulos de créditos, chamados de inominados ou


atípicos. Embora haja divergências, prevalece, no Direito Empresarial, o
entendimento de que, na prática, não existe título de crédito atípico.

Os títulos de crédito são aqueles previstos em leis especiais, como a Lei


Uniforme de Genebra e a Lei das Duplicatas. Conclui-se, portanto, que o aval
não se aplica em nenhuma hipótese.
Súmula n. 332 do STJ

A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia


total da garantia.

Traduzindo: não se mantém eventual penhora incidente na meação do fiador.


Por exemplo: Carlos prestou uma fiança sem ter buscado a anuência da sua
esposa.
Nesta situação, de acordo com o STJ, toda a garantia se torna inválida.

Os tribunais, às vezes, se deparam com a seguinte situação: Um sujeito


casado se colocou na condição de fiador de um primo que tomou, junto ao
banco, um empréstimo de 1 milhão de reais para montar uma empresa.
No ato, o sujeito mentiu sobre o seu estado civil, alegando ser solteiro.
Geralmente, os bancos não exigem a apresentação de certidão de
nascimento atualizada.
Posteriormente, quando o banco realizar a cobrança, a invalidade será
apenas parcial. Portanto, salvar-se-á apenas a meação do cônjuge que não
anuiu.
O cônjuge mentiroso deve ser punido com a possibilidade de o credor
executar os bens que lhe pertencem à luz da meação.

Questão: O art. 1.647 do Código Civil é aplicável à união estável?


Em outras palavras, pode o cônjuge que não anuiu pedir a
anulação do negócio jurídico?
Resposta: De acordo com os tribunais, aplica-se o art. 1.647 do Código Civil
nos casos em que a união estável era conhecida do credor

Obs.: precedente do STJ: Será presumida essa ciência - OU SEJA ,


CONSIDERA-SE QUE O CÔNJUGE SABE , se a união estável tiver sido
registrada no cartório.
O art. 73, § 5º do Código de Processo Civil tem uma regra processual que
funciona como um espelho do art. 1.647, II do Código Civil: a proposição de
uma ação imobiliária depende do consentimento do cônjuge. Por extensão,
se um dos cônjuges for réu em uma ação imobiliária, o seu companheiro
deverá ser litisconsorte.

TEMBEM PARA PROPODER DEFESA DO IMOVEL IMOBILIRIO- tambem precisa


de autorizacao do conjuge

Assim aponta o Código de Processo Civil (art. 73):

Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação


que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime
de separação absoluta de bens.

O art. 319 do CPC prevê, entre os requisitos da petição inicial, que seja
identificado o estado civil de união estável. Portanto, de acordo com a
jurisprudência, é extensível a outorga conjugal para a união estável, desde
que esta seja conhecida do terceiro.
A ciência da união estável é presumida pela existência de registro público. O
provimento 37 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) prevê a possibilidade
de registro facultativo no cartório de pessoas naturais.
Dessa forma, o registro pode ser feito no cartório de pessoas naturais, no
cartório de imóveis ou no RTD (Registro de Títulos e Documentos).

Obs.: não existe litisconsórcio ativo ou necessário- é apenas uma


autorizacao do conjuge para a demanda

PERGUNTA ESPECIAL
Indaga-se: é ou não viável que, no pacto antenupcial, os consortes, de

antemão, renunciem à herança do outro (“renúncia sucessória antecipada”)?

NAO- porque a herenca entre vivos é nula, postando mesmo que em


sepracao convecional absoluta a viuva ira concorrer com os filhos na na
morte do vei .
Exemplo: Pablo, um homem de 58 homens, viúvo, inicia um novo
relacionamento com Patrícia, uma jovem de 26 anos. Os filhos de Pablo, não
concordando com o novo relacionamento de seu pai, o interrogam sobre a
sua ideia de se casar com uma mulher mais jovem que, possivelmente, estaria
interessada em seus bens. Para tranquilizar seus filhos, Pablo garante que se
casará com Patrícia sob o regime de separação total de bens.

De acordo com a lei, se o sujeito casado sob o regime de separação


convencional de bens morrer, a viúva concorre com os filhos dele na herança.
Em Portugal, no ano de 2018, foi instituída uma lei que alterou o Código Civil
português, permitindo a renúncia antecipada à herança, obedecendo a uma
série de limites.

PROIBIÇÃO DO “PACTA CORVINA”

Assim aponta o Código Civil (art. 426): Art. 426. Não pode ser objeto de
contrato a herança de pessoa viva.

Portanto, a renúncia antecipada à herança, sem a promoção de uma


alteração legislativa, torna-se inviável.
Análise dos regimes que existem no sistema jurídico brasileiro
Não existe mais, no sistema jurídico brasileiro, o regime dotal (regime de
dotes), que era previsto no Código Civil brasileiro de 1916.

Atualmente, o sistema jurídico brasileiro prevê os seguintes regimes:


● regime de comunhão universal de bens,
● regime de comunhão parcial de bens,
● regime de participação final nos aquestos e
● regime de separação de bens.

O regime de separação de bens se divide em separação obrigatória e


separação convencional.
PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS

O bom funcionamento deste regime depende de uma contabilidade mensal


ao longo da vida de casado, antevendo a possibilidade de futuro divórcio.

Introdução
Silvio venosa:

“É muito provável que esse regime não se adapte ao gosto de nossa


sociedade. Por si só verifica-se que se trata de estrutura complexa,
disciplinada por nada menos do que 15 artigos, com inúmeras
particularidades. Não se destina, evidentemente, à maioria da população
brasileira, de baixa renda e de pouca cultura. Não bastasse isso, embora não
seja dado ao jurista raciocinar sobre fraudes, esse regime ficará sujeito a
vicissitudes e abrirá vasto campo ao cônjuge de má-fé.” (Direito Civil — Direito
de Família, Ed. Atlas).

Noções Gerais

“... podemos reconhecer a participação final nos aquestos como um regime


híbrido — com características de separação e de comunhão parcial de bens.
Por esse regime, durante o casamento, cada cônjuge possui patrimônio
próprio e administração exclusiva dos seus bens, cabendo-lhes, no entanto, à
época da dissolução da sociedade conjugal, direito de meação sobre os bens
aquestos onerosamente adquiridos pelo próprio casal.

Isso explica a própria denominação do regime, uma vez que, a título de


compensação pelos esforços envidados em conjunto, partilham-se, ao final,
os bens adquiridos com a participação onerosa de ambos os cônjuges”.
(Pablo Stolze e Rodolfo P. Filho, Novo Curso de Dir. Civil, volume 6, Ed. Saraiva).

Ideia básica da comunhão parcial de bens: ao longo do casamento, toda


aquisição onerosa feita por um ou por ambos os cônjuges será considerada
objeto de meação, ou seja, de propriedade de ambos.

No regime de participação final nos aquestos, o complexo cálculo patrimonial


prevê a divisão dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso. Dessa forma:
- Massa patrimonial n. 1: Os bens adquiridos pelo marido antes do casamento
pertencem somente a si.
- Massa patrimonial n. 2: Os bens adquiridos após o casamento pertencerão
ao respectivo dono do registro. Por exemplo: se o carro adquirido pelo casal
após o casamento estiver registrado no nome do marido, esse bem
pertencerá ao marido.
- Massa patrimonial n. 3: Os bens adquiridos pela esposa antes do casamento
pertencem somente a si.
- Massa patrimonial n. 4: Os bens adquiridos após o casamento pertencerão
ao respectivo dono do registro.
Por exemplo: se a casa adquirida pelo casal após o casamento estiver
registrada no nome da esposa, esse bem pertencerá à esposa.
- Massa patrimonial n. 5: Os bens adquiridos pelo casal, a título oneroso,
serão divididos entre o casal.

No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge mantém a


exclusividade, inclusive no campo da administração, sobre o que for
patrimônio pessoal antes e depois do casamento. Dessa maneira, divide-se
apenas a massa de bens adquiridos onerosamente pelo casal.

ATENÇÃO

Para fins de prova, os candidatos devem ter em mente o art. 1.656 do Código
Civil. Assim aponta o Código Civil (art. 1.656):

Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final


nos aquestos, poder- -se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis,
desde que particulares.

NEUROSE DE CLAREZA!

Assim aponta o Código Civil (arts. 1.672-1.673 e 1.681):


Art. 1.672. No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui
patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à
época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens
adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía
ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do
casamento.
Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge,
que os poderá livremente alienar, se forem móveis.

Art. 1.681. Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome constar
no registro. Parágrafo único. Impugnada a titularidade, caberá ao cônjuge
proprietário provar a aquisição regular dos bens.

Rolf Madaleno

“Ao inverter o ônus da prova e ordenar ao titular do regime registral


comprovar a compra regular da propriedade imobiliária, a lei presume, em
princípio, a aquisição conjunta dos bens imóveis na constância do
casamento, não obstante se encontre registrado apenas em nome de um dos
cônjuges.” (Curso de Direito de Família, Ed. Forense)
Penhora do direito à futura meação

“No regime da participação final nos aquestos, cada consorte tem direito
futuro à metade dos bens adquiridos onerosamente ao longo do casamento.
Trata-se de direito sujeito a termo resolutivo (o fim do casamento, que é um
evento futuro e certo, embora não se saiba o momento em que tal ocorrerá).
Esse direito eventual pode ser penhorado e adjudicado, caso em que o
credor teria de aguardar até o dia do fim do casamento para apropriar-se
dos bens que fossem devidos. Como se vê, trata-se de uma via processual
muito complexa e, talvez, impraticável na vida real”. (Carlos E. Elias de Oliveira
e João Costa-Neto, Manual de Direito Civil, Ed. Gen/Forense).
SEPARAÇÃO CONVENCIONAL (ABSOLUTA) DE BENS

“O regime de separação convencional de bens é de simples compreensão e


guarda íntima conexão com o princípio da autonomia privada.

Em campo diametralmente oposto ao da comunhão universal de bens, com


tal regime, os cônjuges pretendem, por meio da vontade manifestada no
pacto antenupcial, resguardar a exclusividade e a administração do seu
patrimônio pessoal, anterior ou posterior ao matrimônio, conforme veremos
em seguida.

O pensamento segundo o qual amor não se confunde com patrimônio


encontra aqui o seu amparo jurídico.

É o exercício da autonomia da vontade que permite, no caso, haver total


divisão dos bens de cada cônjuge, sem prejuízo do reconhecimento da
formação de uma família”. (Pablo Stolze e Rodolfo P. Filho. Manual de Direito
Civil, Ed. Saraiva)

“No regime da separação convencional de bens, não há comunicação de


bens. Não há exceção. Esse regime também é chamado de regime da
separação voluntária, total ou absoluta de bens.

Assim, quando o art. 1.647 do CC dispensa a outorga conjugal para o ‘regime


da separação absoluta’, está se referindo apenas ao regime da separação
convencional, e não ao legal”. Carlos E. Elias de Oliveira e João Costa-Neto,
Manual de Direito Civil, Ed. Gen/Forense) Do Regime de Separação de Bens
Assim aponta o Código Civil (arts. 1.687 e 1.688
SEPARACAO DE BENS NO CODIGO CIVIL
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a
administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente
alienar ou gravar de ônus real.
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do
casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo
estipulação em contrário no pacto antenupcial.

A problemática da separação reside no direito sucessório: o direito


concorrencial da viúva ou do viúvo no campo sucessório em relação
ao regime de bens.
Abaixo, um julgado do STJ sobre o regime de separação de bens

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. EXECUÇÃO.


PENHORA SOBRE IMÓVEL. INTIMAÇÃO DO EX–CÔNJUGE. DESNECESSIDADE.
ART. 1.647 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. REGIME DE BENS. SEPARAÇÃO
CONVENCIONAL. ART. 73 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
1. A pessoa casada sob o regime da separação convencional de bens pode
alienar bem imóvel sem a outorga conjugal (art. 1.647, caput, e I, do CC/2002 e
73 do CPC/2015).
2. É dispensável a intimação do ex-cônjuge casado sob o regime de separação
convencional de bens da penhora sobre bem imóvel de propriedade
particular, sobre o qual não tem direito de meação.
3. Na hipótese, não subsiste interesse jurídico do ex-cônjuge em defender o
patrimônio a que não faz jus, devendo ser afastado eventual litisconsórcio
passivo.
4. Recurso especial não provido. (REsp n. 1.367.343/DF, relator Ministro Ricardo
Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 13/12/2016, DJe de 19/12/2016.)

A separação convencional estabelece a posse dos bens aos seus respectivos


donos: o que é do marido, pertence ao marido; o que é da esposa, pertence à
esposa.
Exemplo:
Pablo e sua esposa estão casados sob o regime de separação convencional.
Por uma questão particular, um parente da esposa de Pablo adoeceu e
precisou de ficar instalado em um home care.
Não tendo a estrutura necessária em sua casa, Pablo e sua esposa,
igualmente, desembolsaram 50 mil reais para a aquisição de um local para a
instalação de toda a aparelhagem médica para os cuidados do doente.

Embora Pablo tenha contribuído com metade do valor necessário e tivesse a


documentação que comprovasse, o local adquirido foi registrado em nome
de sua esposa. Portanto, de acordo com o sistema normativo do regime, o
imóvel pertence à esposa de Pablo.

Situação peculiar

Há situações excepcionais que dialogam com o princípio que veda o


enriquecimento sem causa. No exemplo acima, considera-se que, por motivo
de situação específica, houve uma contribuição patrimonial feita por Pablo
para auxiliar um parente de sua esposa. Portanto, para evitar que a esposa
incorra em enriquecimento sem causa, Pablo terá direito, em caso de
divórcio, ao reembolso dos 50 mil reais investidos na compra do imóvel.

Futuramente, em um eventual divórcio, a esposa poderá alegar que a


quantia de 50 mil reais dada por Pablo se trata de doação. Diante disso,
considera-se o art. 541 do Código Civil, que prevê que a doação deve ser feita
por escrito, salvo quando se tratar de doação de pequeno valor.
Julgado do STJ
CIVIL E PROCESSUAL. INVENTÁRIO. PARTILHA DE BENS. REGIME VOLUNTÁRIO
DE CASAMENTO. SEPARAÇÃO DE BENS. PACTO ANTENUPCIAL. IMÓVEL
REGISTRADO EM NOME DO DE CUJUS ADQUIRIDO MEDIANTE PERMUTA DE
PATRIMÔNIO (CABEÇAS DE GADO) FORMADO PELO ESFORÇO COMUM DO
CASAL. SOCIEDADE DE FATO SOBRE O BEM. DIREITO À MEAÇÃO
RECONHECIDA. PROVA. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7–STJ.
I – O regime jurídico da separação de bens voluntariamente estabelecido é
imutável e deve ser observado, admitindo-se, todavia, excepcionalmente, a
participação patrimonial de um cônjuge sobre bem do outro, se efetivamente
demonstrada, de modo concreto, a aquisição patrimonial pelo esforço
comum, caso dos autos, em que uma das fazendas foi comprada mediante
permuta com cabeças de gado que pertenciam ao casal.
II – Impossibilidade de revisão fática, ante o óbice da Súmula n. 7 do STJ.
III – Recurso especial não conhecido. (REsp n. 286.514/SP, relator Ministro Aldir
Passarinho Junior, Quarta Turma, julgado em 2/8/2007, DJ de 22/10/2007, p.
276.) (grifamos).

Enunciados aprovados no campo de família e sucessões na IX Jornada do


Direito Civil
FAMÍLIA E SUCESSÕES

ENUNCIADOS APROVADOS ESSE ANO

ENUNCIADO 671 – Art. 1.583, §2º: A tenra idade da criança não impede a
fixação de convivência equilibrada com ambos os pais.

No Brasil, frequentemente, os pais (sobretudo o pai) imaginam que, pelo fato


de os filhos serem ainda novos, não se deve observar o dever de convivência.

O dever de cuidar (e de conviver cuidando) não diz respeito apenas à mãe,


mas ao pai também.
Amamentação
Se a criança ainda estiver amamentando, naturalmente ficará por maior
período aos cuidados da mãe.
A convivência com o bebê, entretanto, é uma obrigação tanto da mãe quanto
do pai.
De acordo com a professora Sílvia Mazagão, esse anunciado, na prática,
consolida o fato de que há igualdade de gênero no que diz respeito ao
cuidado dos filhos.
Após o período de amamentação, aplica-se a regra geral do art. 1584 e
seguinte do Código Civil. De acordo com essa regra, a guarda deve ser
compartilhada. Na guarda compartilhada, a divisão do período de convívio
deve ser equilibrada para que a criança crie vínculo afetivo com os pais.

ENUNCIADO 672 – Art. 1.589, parágrafo único: O direito de convivência


familiar pode ser estendido aos avós e pessoas com as quais a criança ou
adolescente mantenha vínculo afetivo, atendendo ao seu melhor interesse.
(O enunciado cancela o enunciado 333, da IV JDC).

Esses enunciados reforçam a ideia de que a criança não consiste em uma


propriedade ou objeto particular, mas um ser que possui vida própria e
direito de formar vínculos afetivos com a linhagem paterna, com a linhagem
materna e com outras pessoas que, embora não sejam biologicamente
vinculadas, possam ser vinculadas do ponto de vista afetivo, a depender do
contexto familiar. Esse enunciado já existia. Entretanto, esse enunciado
prescrevia o seguinte: “o direito de visita pode ser estendido aos avós”. A
doutrina moderna em Direito de Família, ao invés de falar em “direito de
visita”, prefere falar em “convivência familiar”.

ENUNCIADO 673 – Art. 1.635: Na ação de destituição do poder familiar de


criança ou adolescente que se encontre institucionalizada, promovida pelo
Ministério Público, é recomendável que o juiz, a título de tutela antecipada,
conceda a guarda provisória a quem esteja habilitado a adotá-lo, segundo o
perfil eleito pelo candidato à adoção.

Esse enunciado foi proposto pela professora Maria Berenice Dias.

Exemplo: Uma criança foi vítima de violência perpetrada pelos pais. Foi
proposta uma ação de destituição do poder familiar em face desses pais. O
juiz suspendeu a guarda dos pais e enviou a criança a um abrigo.

É recomendável que o juiz, a título de tutela antecipada, conceda a guarda


provisória a quem esteja habilitado a adotá-lo, segundo o perfil eleito pelo
candidato à adoção.

A inserção de uma criança oriunda de um abrigo na ambiência de pais que


pretendem a adoção deve ser feita com muito cuidado, sob pena de haver
mais uma rejeição.
ENUNCIADO 674 – Art. 1.659, inc. IV: Comprovada a prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher, o ressarcimento a ser pago à vítima
deverá sair exclusivamente da meação do cônjuge ou companheiro agressor.

Exemplo: Um homem se casou pela 2ª vez. Esse homem havia agredido a sua
primeira esposa e, por esse delito, foi condenado a indenizá-la. Neste caso, o
ressarcimento vai ser oriundo unicamente da meação do agressor em seu
novo casamento.

Portanto, a nova esposa do agressor não deve suportar, patrimonialmente, o


efeito da anterior conduta ilícita e imoral do companheiro.
DIREITO DE FAMÍLIA – CASAMENTO (REGIME DE BENS) III

RELEMBRANDO

Na aula anterior, foram apresentados os enunciados aprovados na 9ª


Jornada de Direito Civil, fruto da análise que veio da Comissão 06 dela. Eles
servem de diretrizes fundamentais para interpretação das normas legais, em
especial, do Código Civil no Brasil.

Abaixo, alguns enunciados, sobre os quais já se falou nas aulas anteriores


sobre este tema, apenas para relembrar o que eles dispõem.

FAMÍLIA E SUCESSÕES

ENUNCIADO 671 – Art. 1.583, § 2º: A tenra idade da criança não impede a
fixação de convivência equilibrada com ambos os pais.

ENUNCIADO 672 – Art. 1.589, parágrafo único: O direito de convivência


familiar obs: antigamente a nomenclatura era direitode visita hj é de
convivencia familiar pode ser estendido aos avós e pessoas com as quais a
criança ou adolescente mantenha vínculo afetivo, atendendo ao seu melhor
interesse. (O enunciado cancela o enunciado 333, da IV JDC, porém, a ideia
foi mantida, com a substituição do termo “visita” por “convivência familiar”).

As mudanças de nomenclatura visam adequar as expressões jurídicas às


modernidades socioculturais. Um outro exemplo em que isso ocorreu foi na
definição de “guarda”, contida no ECA. Antes dizia que era a “posse de fato da
criança”.
A modernidade entende que posse se refere à coisa e esse não é o status de
uma criança. Neste exemplo, também houve a atualização para o termo
“convivência de fato” Essas alterações não são só retóricas, culminam,
inclusive, em modificações no texto da lei.
ENUNCIADO 673 – Art. 1.635: Na ação de destituição do poder familiar de
criança ou adolescente que se encontre institucionalizada (obs
institucionalizado se refere a crianca que ta recolhida em abrigo), promovida
pelo Ministério Público, é recomendável que o juiz, a título de tutela
antecipada, conceda a guarda provisória a quem esteja habilitado a adotá-
lo, segundo o perfil eleito pelo candidato à adoção.

Ainda na linha das palavras que estão sendo substituídas, não se utilizam
mais abrigo e acolhimento institucional, devido ao caráter estigmatizante do
termo anterior.

ENUNCIADO 674 – Art. 1.659, inc. IV: Comprovada a prática de violência


doméstica e familiar contra a mulher, o ressarcimento a ser pago à vítima
deverá sair exclusivamente da meação do cônjuge ou companheiro agressor.

Obs.: as aulas anteriores vieram até este enunciado, de modo que daqui para
a frente, segue-se o conteúdo da aula atual.

ENUNCIADO 675 – Art. 1.694: As despesas com doula e consultora de


amamentação podem ser objeto de alimentos gravídicos, observado o
trinômio da necessidade, possibilidade e proporcionalidade para a sua
fixação.

Este enunciado deriva da proposta da professora Ana Figueiredo e foi muito


bem recebido pela Comissão 06, sendo, posteriormente, aprovado pelo
plenário.

Inicialmente, deve-se esclarecer o termo “doula”, pois muitas pessoas não


sabem o que significa. É uma profissional de saúde, recomendada pela OMS,
que tem a função de acompanhar a gestante nas fases do pré-natal e no
momento do parto. Em especial, para as mulheres que optam pelo parto
natural. A sua presença, inclusive, reprime a violência obstétrica. Visto isso, o
enunciado estabelece que os gastos com essa profissional devem estar
contidos nos alimentos gravídicos, que são os pagos em favor do nascituro.
Convida-se à reflexão.

Ainda que, normalmente, a beneficiária desses alimentos seja a mãe, o


benefício ocorre em razão do feto. Sendo assim, a doula é necessária também
em razão do ser humano que está a nascer e deve ser incluída nos custos
desses alimentos, respeitando, é claro, o trinômio da necessidade,
possibilidade e proporcionalidade.

Atencao - alimento gravídicos sao irreptives, ou seja o joao paga alimentos


para janaina pensando que o filho é dele, mas depois descobre que o filho
nao é dele. os alimentos gravídicos nao podem ser devolvidos, mas o joao
pode cobrar do pai verdadeiro ou ate mesmo a mae se for indusido ao erro.

No tocante a esse assunto, também a discussão sobre o pagamento de


alimentos por parte do pai ao nascituro que não causa dúvida quanto a
condição de filiação. Inclusive, já havia precedente sobre esse assunto no TJ
do Rio grande do Sul.

O pagamento pode ser feito desde a gestação, buscando uma situação justa
para a mulher. Vale esclarecer que a doula presta serviço antes do
nascimento da criança e, por razões óbvias, a consultora de amamentação
inicia os seus serviços após o nascimento.

Ainda, cabe perceber que na prática, nem todas as famílias apresentam


condições econômicas de contar com esse profissional, entretanto, isso é
irrelevante para a sua prova, bastando saber que o enunciado inclui, entre as
despesas de alimentos gravídicos, as com doula e consultora de alimentação

ATENÇÃO

Cabe lembrar que esses enunciados não são súmulas, embora sejam do STJ
e tenham grande poder de orientação interpretativa.

OBS- ESSE ENUNCIADO ABAIXO É O ÚNICO QUE FALA DE CAMPO


SUCESSÓRIO
ENUNCIADO 676 – Art. 1.836, § 2º: A expressão diversidade em linha, constante
do §2º do art. 1.836 do Código Civil, não deve mais ser restrita à linha paterna
e à linha materna, devendo ser compreendidas como linhas ascendentes.

aqui por exemplo é a uniao homoafetivas- 2 pais- entao nao se fala em linha
materna ou paterna
Esta expressão visa abarcar a multiplicidade das famílias, abarcando todos
os ascendentes em uma palavra só.

ATENÇÃO

Não está errado se falar em pai e mãe, busca-se, entretanto, a atualização da


dicção para esses termos mais modernos.

Contudo, isso gera debates, pois o enunciado caminha em direção à


supressão de uma omissão do Código Civil, nos casos de sucessão causa
morte, envolvendo multiparetalidade.

Por exemplo, um indivíduo morreu e tinha 4 pais registrais, e deixou uma


viúva. A rigor, o Código Civil permite a interpretação de que há uma divisão
pro rata. Na lei, a previsão é de que são 2 pais, assim sendo, a viúva ficaria
com 1/3, porém, no exemplo aqui, são 4 pais. Ela ficaria com 1/5 ou 1/3 e os 4
pais dividiriam os 2/3 restantes?
A resposta ainda está em aberto, mas aparenta direcionar para a já citada
divisão pro rata.

COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS


LAFAYETTE RODRIGUES PEREIRA:
“Produto o mais notável do direito costumeiro de Portugal, a comunhão
universal de bens constitui um tipo original, de que não há exemplo nas
legislações de outros povos, à exceção da Holanda, onde prevalece um
regime semelhante, postas de parte diferenças acidentais.”

Lafayette Rodrigues Pereira, Direitos de Família (obra atualizada por Ricardo


Rodrigues Gama), Campinas: Bookseller, 2003. Vale dizer que essa é uma
doutrina antiga, que pode ter sofrido mudanças e que foi trazida como
forma introdutória. Ressalta-se que Portugal é uma das referências na
Comunhão universal de bens.

Do Regime de Comunhão Universal

Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos


os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as
exceções do artigo seguinte.

Art. 1.668. São excluídos da comunhão:


I – os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os
sub-rogados em seu lugar;
II – os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário,
antes de realizada a condição suspensiva;
III – as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com
seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV – as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a
cláusula de incomunicabilidade;
V – Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659 (comunhão parcial)

Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente


não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o
casamento.
“Nele, em regra, todos os bens, mesmos os adquiridos gratuitamente, por
herança ou antes do casamento, se comunicam: são bens comuns.

Há, porém, exceções. As hipóteses do art. 1.668 do CC estabelecem os casos


de bens particulares mesmo no regime da comunhão universal de bens, a
exemplo dos instrumentos de trabalho e dos bens adquiridos com cláusula
de incomunicabilidade.

Como se vê, o adjetivo “universal” não é tão apropriado assim para esse
regime, pois há exceções à regra geral da comunicabilidade do ‘universo’
patrimonial dos consortes”. (Manual de Direito Civil – Carlos E. de Oliveira e
João Costa-Neto, Ed. Gen/Forense)

Em regra geral, o que se tinha antes do casamento, bem como o que se


adquire durante o casamento, na comunhão universal, constitui patrimônio
comum do casal.

Desde já, essa regra é geral, mas não absoluta. Ainda que a título gratuito:
herança ou doação.

A exceção fica pelos bens particulares, como, por exemplo, o instrumento de


trabalho de um dos cônjuges.

Em razão desse regime de bens, ficou o questionamento acerca da


possibilidade de haver doações entre os cônjuges.

O STJ, em precedente, entendeu que não. Uma vez que o bem doado,
automaticamente será de ambos, voltando à titularidade do doador.

Contudo, o professor Carlos Elias alega ser possível a doação entre


cônjuges , se for colocada uma cláusula de incomunicabilidade do bem. Além
disso, o caso analisado pelo STJ não incluía essa proteção citada.

Outros desdobramentos decorreram e decorrem dessa situação, como a


impossibilidade de fazer sociedade com os cônjuges, uma vez que se trata de
uma pessoa patrimonial.
Hoje, entretanto, esta situação já é permitida, pois existe a sociedade
unipessoal.
A clausula de incomunicabilidade (prevista no art. 1911) também pode ser
aplicada a herança, desde que haja testamento feito com ela.

Art. 1.668. São excluídos da comunhão:


I – os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os
sub-rogados em seu lugar;
II – os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário,
antes de realizada a condição suspensiva;
III – as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com
seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; exemplo- eu eu vou casar
em comunha universal tenho divida com algue, essa divida nao entra , mas se
foi uma divida em favor do casamento , com festa casamento por exe; se
comunica

Há jurisprudência que admite a inserção de dívidas posteriores nesse artigo,


desde que a dívida seja contraída sem proveito da família.

Por exemplo: um marido que mantém relação extraconjugal e é responsável


pelo pagamento do aluguel da amante. Neste caso, a dívida será excluída da
comunhão.

Isso poderia, inclusive, preservar um bem que vai a penhora para quitar a
dívida, uma vez que a metade dela não poderia ser penhorada (a esposa
entra com embargo de terceiro e evita que sua metade seja penhorada).
Porém, para que não haja dúvida, a parte dele seria, sim, utilizada para
responder pela dívida.

Cabe registrar que o ônus da prova, neste exemplo, é da mulher. Cabendo a


ela provar que a dívida não foi em favor da família, pois é presumido que as
dívidas contraídas pelo casal são em favor da família.

IV – as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a


cláusula de incomunicabilidade;
V – Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659 (comunhão parcial)
Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente
não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o
casamento.

Exemplo: “os aluguéis retirados por um dos cônjuges em relação a um imóvel


recebido com cláusula de incomunicabilidade (inc. I do art. 1.668) são
comunicáveis, pois se presume que foram adquiridos na constância da união
e de forma onerosa.” (Flávio Tartuce, Código Civil Comentado, Ed.
Gen/Forense).

exemplo: leila recebeu uma doacao co clausula de incomunicabilidade, o


bem é s'de leira, mas os frutos por exemplo o aluguel recebido saoa
comunicaveis.
A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se
estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.

Os frutos referidos pela questão podem ser civis, naturais ou industriais.

COMUNHÃO PARCIAL DE BENS

É o mais utilizado e conhecido no Brasil.


Em geral, o brasileiro quando casa, não escolhe regime, pois não costuma ter
patrimônio relevante antes do casamento, de modo que a construção do
acervo econômico ocorre durante o pacto nupcial.

Em decorrência disso, o regime supletivo (para quem não escolhe um


específico), desde 1977, é a comunhão parcial de bens.

“Podemos definir o regime de comunhão parcial de bens como aquele em


que há, em regra, a comunicabilidade dos bens adquiridos a título oneroso
na constância do matrimônio, por um ou ambos os cônjuges, preservando-se,
assim, como patrimônio pessoal e exclusivo de cada um, os bens adquiridos
por causa anterior ou recebidos a título gratuito a qualquer tempo.
Genericamente, é como se houvesse uma “separação do passado” e uma
‘comunhão do futuro’ em face daquilo que o casal, por seu esforço conjunto,
ajudou a amealhar”. (Manual de Direito Civil – Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo
P. Filho, Ed. Saraiva)

bens adquiridos a titulo gratuito : ex doacao?exemplo na


comunhão parcial de bens , joao recebeu uma doação ou uma
herança , o bem é só dele não se comunica.

Aquisição onerosa
BENS ADQUIRIDOS ONEROSAMENTE na constância do casamento sao
obrigatoriamente divididos

No tocante à aquisição onerosa, os contratos podem ser considerados


onerosos ou gratuitos.
Os onerosos podem ser divididos em comutativos ou aleatórios.
O jogo na loteria é considerado um contrato aleatório.

Se um dos cônjuges for contemplado, o outro tem direito à


metade? II – os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso
de trabalho ou despesa anterior; loteria - megasena etc
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que
sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos
artigos seguintes.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

I – os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na


constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu
lugar;

Explicando a ideia de “e os sub-rogados em seu lugar”: o cônjuge tinha um


veículo, vendeu e, com o mesmo dinheiro, comprou outro. O novo carro
também não comunicará ao outro cônjuge, mesmo que a nova compra se dê
dentro da sociedade nupcial. Contudo, se o novo veículo comprado for mais
caro, o outro cônjuge tem direito proporcional à diferença. Para provar isso,
é importante consignar o rastro.
LETICIA E PAULO
Deixar registrado, por exemplo, no contrato de compra e venda ou na
escritura, que X valor foi pago com o dinheiro de um bem sub- -rogado.

O excedente é bem comum. Essa prova se faz importante, também, no


momento do divórcio. Essa falta de prova pode, também, prejudicar o
indivíduo numa compra com subfaturamento, sonegação de impostos etc
II – os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos
cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III – as obrigações anteriores ao casamento; AQUI SÓ ENTRARIA NA MEACAO
SE FOI UM DEBITO PARA A DESPESA DO CASAL
IV – as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito
do casal; EX: SUJEITO ATROPELOU ALGUEME TE,M QUE PAGAR
IDENIZACAO- ISSO NAO ENTRA NA MEACAO
V – os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

AGORA, EXPLICAR-SE-Á, COM MAIS DETALHES, OS TRÊS ÚLTIMOS INCISOS.

Começando pelo último:

VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas


semelhantes.-----

trata das rendas previdenciárias

Meios-soldos e montepios eram expressões usadas para pagamento a


militares. Este inciso, portanto, trata das rendas previdenciárias. Elas não
entram na meação da comunhão parcial.

V – os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

Este inciso protege a biblioteca de uso pessoal

Abaixo, julgado nesse sentido.


CASAMENTO. BENS. REGIME. INCOMUNICABILIDADE. A incomunicabilidade
dos livros e instrumentos de profissão justifica-se pela manifesta conveniência
de não privar o profissional dos meios de que carece para seu exercício, o
que ocorreria com a separação e consequente divisão do patrimônio, não
existisse a ressalva legal. Supõe o efetivo exercício profissional, deixando de
justificar-se quando esse deixou de existir. Em caso de abandono da profissão
ou de morte, não subsiste razão para a incomunicabilidade. (REsp n.
82.142/SP).

Convém dizer que essa lei nem sempre é justa, pois, a título de exemplo, um
cônjuge, que é dentista, pode gastar um valor altíssimo para abrir seu
consultório, e o outro cônjuge o ajuda nesta empreitada, com o fim do
casamento, aqueles bens não seriam divididos, de certa forma, configura
enriquecimento de um dos consortes. Ainda aqui, cabe dizer que esse
pensamento crítico se reserva a uma eventual prova oral ou discursiva, para
a prova objetiva, usa-se o que está disposto na lei.

EX:o carro o taxistta é só dele , nao entra na divisao

VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;

O provento (salário, por exemplo) não entra na meação. Observa-se, no


entanto, que o que for comprado, por exemplo, uma TV, entra na comunhão.
Diante disso, abriu-se a seguinte discussão:

ATENÇÃO
E se o sujeito divorcia mas tem créditos trabalhistas para receber .
com o tempo o stj construiu uma jurisprudência ao perceber que o
casal ao se separarem não tinha nada, somente tenha os créditos
trabalhistas

pablo stloze entende que é inconstitucional, contra legem pq de rega as


verbas de trabalho nao se comunicam .
ATENÇÃO STJ! CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
NO RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC.
FAMÍLIA. CASAMENTO REALIZADO SOB O REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL
DE BENS. EXTINÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL. VERBAS DE NATUREZA
TRABALHISTA, CUJO DIREITO FOI ADQUIRIDO NA CONSTÂNCIA DO
CASAMENTO. COMUNICABILIDADE. ACÓRDÃO EM CONSONÂNCIA COM A
JURISPRUDÊNCIA DO STJ. APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 568 DESTA CORTE.
PRECEDENTES. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. (...) 2. A orientação firmada
nesta Corte é no sentido de que, nos regimes de comunhão parcial ou
universal de bens, comunicam-se as verbas trabalhistas correspondentes a
direitos adquiridos na constância do casamento, devendo ser partilhadas
quando da separação do casal. Precedentes. (...) (AgInt nos EDcl no REsp n.
1.827.570/MT, relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, julgado em
24/8/2020, DJe de 27/8/2020.)

Com esse julgado, o STJ interpreta de forma restritiva o que consta na


legislação, de modo a pensar que o inciso atinge somente o direito a receber
salário (proventos) no futuro, pois o FGTS diz respeito a fatos ocorridos
durante o casamento.
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. MEAÇÃO. FGTS. VERBA PARTILHÁVEL.
JURISPRUDÊNCIA SEDIMENTADA DESTA CORTE. DECISÃO MANTIDA.
1. Segundo entendimento consolidado nesta Corte, indenizações de natureza
trabalhista, quando adquiridas na constância do casamento, integram a
meação, seja o regime de comunhão parcial ou universal de bens.
2. Reconhecido o direito à meação dos valores do FGTS auferidos durante a
constância do casamento, ainda que não sacados imediatamente após a
separação do casal. Precedentes.
3. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp n. 331.533/SP,
relator Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em 10/4/2018,
DJe de 17/4/2018.)

3. As indenizações de natureza trabalhista, os valores atrasados originados


de diferenças salariais e decorrente do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço - FGTS, quando referentes a direitos adquiridos na constância do
vínculo conjugal e na vigência dele pleiteados, devem ser objeto de comunhão
e partilha, ainda que a quantia tenha sido recebida apenas posteriormente à
dissolução do vínculo. Precedentes. (...)
6. Em se tratando de ente familiar e de regime matrimonial da comunhão
parcial de bens, a colaboração, o esforço comum e, consequentemente, a
comunicabilidade dos valores recebidos como fruto de trabalho deve ser
presumida. (...) (REsp n. 1.651.292/RS, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, julgado em 19/5/2020, DJe de 25/5/2020.)

Voltando ao código, ele ainda faz questão de dispor, de forma explícita,


sobre alguns bens que entram na comunhão.

Art. 1.660. Entram na comunhão:


I – os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda
que só em nome de um dos cônjuges;
II – os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho
ou despesa anterior; loteria - megasena etc

A loteria, que foi questionada anteriormente, como contrato aleatório, pode


ser inserida nesse inciso, o que guia o pensamento sobre a entrada do
prêmio na comunhão.
III – os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos
os cônjuges;
IV – as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; Aqui, a palavra
benfeitoria é usada de forma não técnica, em sentido amplo, abarcando, por
exemplo, construções no terreno.
V – os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge,
percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a
comunhão.

Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na


constância do casamento os bens móveis, ex carro, investimentos etc
quando não se provar que o foram em data anterior.

O conteúdo desse dispositivo legal aconteceu com o próprio professor Pablo


Stolze (exceto pelo divórcio, uma vez que segue casado com a sua esposa)
Art.

1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa
anterior ao casamento.

Ex.: promessa de compra e venda de imóvel cujas obrigações foram pagas


antes do casamento. Ainda que a escritura definitiva somente seja lavrada e
registrada após o matrimônio, entendemos que o bem não integra a meação
(pois deriva de “causa anterior”). ex meu ap

Os professores falam em redundância sobre o conteúdo contido no “atenção”


logo acima, que, como dito, foi um caso concreto da vida do professor Pablo.
De modo que o professor Carlos Elias repete, validando, portanto, não houve
conteúdo a ser transcrito nesses .

PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA (FECHADA x ABERTA)

A pergunta aqui é: o indivíduo, casado, que resolve investir em um plano de


previdência privada, terá que dividir o valor com a esposa após o divórcio?
Na prática, muitas pessoas passaram a usar a previdência privada como
forma de fraudar o regime de bens. Outro exemplo: o casal junta os
proventos, pagam as contas mensais, o que sobra investe em previdência no
nome de um deles.

O STJ se posicionou em julgado. Porém, como a corte diferencia previdência


privada aberta de previdência privada fechada, a explicação é necessária.
(...) 4. A previdência privada fechada, por sua vez, é bem incomunicável e
insuscetível de partilha por ocasião do divórcio, tendo em vista a sua
natureza personalíssima, eis que instituída mediante planos de benefícios de
natureza previdenciária apenas aos empregados de uma empresa ou grupo
de empresas aos quais os empregados estão atrelados, sem se confundir,
contudo, com a relação laboral e o respectivo contrato de trabalho.
Precedente. (...) (REsp n. 1.651.292/RS, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, julgado em 19/5/2020, DJe de 25/5/2020.).

Dito isso, a previdência privada fechada não entra na meação

“A previdência fechada é, na prática, o fundo de pensão, um plano


contratado, especificamente, por uma empresa ou associação, para seus
funcionários / associados. Como é um plano coletivo, a taxa de
administração é mais baixa”.
(Icatu, Previdência fechada ou aberta: quais as diferenças?, por Alessandra
de Paula, fonte:
https://blog.icatuseguros.com.br/previdencia-privada/diferencasentre-
previdencia-fechada-e-aberta/) RECURSO ESPECIAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA.
ENTIDADE FECHADA. PROVENTOS COMPLEMENTARES. REGASTE DE RESERVA
DE POUPANÇA APÓS O INÍCIO DO RECEBIMENTO DO BENEFÍCIO EM RAZÃO
DA RETIRADA DE PATROCÍNIO PELA EXEMPREGADORA. POSTERIOR EXTINÇÃO
VÍNCULO MATRIMONIAL. REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL OU PARCIAL DE
BENS. VERBA EXCLUÍDA DO PATRIMÔNIO COMUM E DA PARTILHA DE BENS.

As contribuições feitas para plano de previdência fechado, em percentual do


salário do empregado, aportadas pelo beneficiário e pelo patrocinador,
conforme definido pelo estatuto da entidade, não integram o patrimônio
sujeito à comunhão de bens a ser partilhado quando da extinção do vínculo
conjugal. (...) (REsp n. 1.545.217/PR, relator Ministro Luis Felipe Salomão,
relatora para acórdão Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado
em 7/12/2021, DJe de 9/2/2022.)

Já o plano aberto, em linhas gerais, é o investimento que você faz em um


determinado banco, para, em determinado momento, usufruir dos benefícios
que aquele capital vai lhe gerar. Neste caso, o valor entra na meação. (...) 3. Os
planos de previdência privada aberta, operados por seguradoras autorizadas
pela SUSEP, podem ser objeto de contratação por qualquer pessoa física e
jurídica, tratando-se de regime de capitalização no qual cabe ao investidor,
com amplíssima liberdade e flexibilidade, deliberar sobre os valores de
contribuição, depósitos adicionais, resgates antecipados ou parceladamente
até o fim da vida, razão pela qual a sua natureza jurídica ora se assemelha a
um seguro previdenciário adicional, ora se assemelha a um investimento ou
aplicação financeira. 4. Considerando que os planos de previdência privada
aberta, de que são exemplos o VGBL e o PGBL, não apresentam os mesmos
entraves de natureza financeira e atuarial que são verificados nos planos de
previdência fechada, a eles não se aplicam os óbices à partilha por ocasião
da dissolução do vínculo conjugal apontados em precedente da 3ª Turma
desta Corte (REsp 1.477.937/MG)
5. Embora, de acordo com a SUSEP, o PGBL seja um plano de previdência
complementar aberta com cobertura por sobrevivência e o VGBL seja um
plano de seguro de pessoa com cobertura por e sobrevivência, a natureza
securitária e previdenciária complementar desses contratos é marcante no
momento em que o investidor passa a receber, a partir de determinada data
futura e em prestações periódicas, os valores que acumulou ao longo da vida,
como forma de complementação do valor recebido da previdência pública e
com o propósito de manter um determinado padrão de vida. 6. Todavia, no
período que antecede a percepção dos valores, ou seja, durante as
contribuições e formação do patrimônio, com múltiplas possibilidades de
depósitos, de aportes diferenciados e de retiradas, inclusive antecipadas, a
natureza preponderante do contrato de previdência complementar aberta é
de investimento, razão pela qual o valor existente em plano de previdência
complementar aberta, antes de sua conversão em renda e pensionamento ao
titular, possui natureza de aplicação e investimento, devendo ser objeto de
partilha por ocasião da dissolução do vínculo conjugal por não estar
abrangido pela regra do art. 1.659, VII, do CC/2002. Precedentes da 3ª e da 4ª
Turma. (...) (REsp n. 1.695.687/SP, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
relatora para acórdão Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
5/4/2022, DJe de 19/4/2022.)

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