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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2018.0000315215

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


1024409-24.2017.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes LAURA
ELZA MACK RATES e BRUNO BATISTA RATES, é apelado JUÍZO DA COMARCA.

A C O R D A M, em sessão permanente e virtual da 5ª Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento ao
recurso. V . U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores ERICKSON GAVAZZA


MARQUES (Presidente sem voto), MOREIRA VIEGAS E FÁBIO PODESTÁ.

São Paulo, 2 de maio de 2018.

James Siano
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO Nº: 32380


APEL. Nº: 1024409-24.2017.8.26.0100
COMARCA: São Paulo
MM Juiz(a) de 1º grau: Dr(a). Henrique Maul B de Souza
APELANTE: Laura Elza Mack Rates e outro
APELADO: Juízo da Comarca

AÇÃO DE ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS. Sentença de


improcedência.
Apelam os autores, alegando que o atual regime não mais atende
os valores do casal e da família; questão financeira e patrimonial
afeta o poder e o relacionamento do casal; lei permite a
flexibilização e alteração do regime em prol de bem maior;
alteração não afetará direitos de terceiros, que serão preservados.
Cabimento. Justificaram que estão em relacionamento
matrimonial sólido, possuem 01 filho e desejam um regime de
bens mais amplo, que atenda às necessidades e aos anseios e
valores familiares. Resguardado os direitos de terceiros, não se
vislumbra óbices à alteração do regime de bens, da comunhão
parcial para a universal, com efeitos ex nunc.
Recurso provido.

Trata-se de apelação interposta contra a decisão de f. 71/71,


que julgou improcedente a ação de alteração de regime de bens, movida por
Laura Elza Mack Rates e outro.

Apelam os autores, alegando: (i) atual regime não mais


atende os valores do casal e da família; (ii) questão financeira e patrimonial afeta
o poder e o relacionamento do casal; (iii) lei permite a flexibilização e alteração do
regime em prol de bem maior; (iv) estão casados há 06 anos, possuem um filho e
desejam aprofundar a união; (v) alteração não afetará direitos de terceiros, que
serão preservados (f. 75/82).

É o relatório.

Procede o inconformismo.

Ingressaram os autores em juízo, a fim de alterar o regime de


bens da separação parcial para a comunhão total (f. 01), sob a justificativa de que
estão em relacionamento matrimonial sólido, possuem 01 filho e desejam um
regime de bens mais amplo, que atenda às necessidades e aos anseios e valores

Apelação nº 1024409-24.2017.8.26.0100 -Voto nº 32380 DJL 2


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familiares (f. 02).

Aduziram na inicial que a alteração não causará prejuízo a


terceiros, já que a mudança se dará de regime mais restrito (comunhão parcial)
para mais amplo (comunhão universal); que os efeitos da mudança operam de
forma não retroativa (ex nunc); que a coautora Laura é proprietária de um
apartamento na Rua Sergipe, nesta capital; que ela possui aplicação financeira
no valor de R$ 15.451,39; que ela recebeu herança por ocasião do falecimento
do seu pai, já partilhada (f. 02 e 03).

Sobre a temática, dispõe o art. 1.639, § 2º do Código Civil:

“É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular,


quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. § 1º O regime de bens
entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. §
2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização
judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a
procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos
de terceiros”. (gn).

É fato que eventual alteração de regime de bens opera


efeitos ex nunc e que deve ressalvar direitos de terceiro, como expuseram os
interessados.

Os interessados juntaram aos autos declaração que afirmam


ciência das implicações da mudança do regime de bens, certidão de casamento,
bem como a de nascimento do filho que tem em comum (f. 07/09).

Justificaram que estão em relacionamento matrimonial sólido,


possuem 01 filho e desejam um regime de bens mais amplo, que atenda às
necessidades e aos anseios e valores familiares (f. 02).

Resguardado os direitos de terceiros, não se vislumbra óbices


à alteração do regime de bens, da comunhão parcial para a universal, com efeitos
ex nunc.

Ademais, para atingir esse objetivo, poderiam promover


Apelação nº 1024409-24.2017.8.26.0100 -Voto nº 32380 DJL 3
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divorcio e contraírem novo matrimônio na sequência, adaptando ao regime que


desejassem, portanto, não nos parece que existam óbices à pretensão.

Ante o exposto, dá-se provimento ao recurso.


JAMES SIANO
Relator

Apelação nº 1024409-24.2017.8.26.0100 -Voto nº 32380 DJL 4

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