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RC 5678/2015 13/12/2021 20:15

RESPOSTA À CONSULTA TRIBUTÁRIA 5678/2015, de 24 de Agosto de 2015.

Disponibilizado no site da SEFAZ em 25/08/2015.

ITCMD – Plano Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).

I - Regime de Previdência Complementar tem a mesma natureza dos seguros de vida (Lei Complementar 109/2001, artigos 1º, 2º e 73).

II - Seja por não se caracterizarem como hipótese de incidência (artigo 794 do Código Civil) ou por estarem albergados pela isenção (Lei 10.705/2000,
artigo 6º, inciso I, alínea “e”), os valores recebidos em decorrência de plano de previdência privada, não recebidos em vida pelo respectivo titular, não são
tributados pelo imposto estadual.

1. A Consulente, por meio de sua advogada devidamente representada, informa que, em razão do falecimento de sua mãe, é beneficiária de Plano VGBL-RF
e que ao consultar o “procedimento administrativo para apuração e homologação do ITCMD junto ao Posto Fiscal de Araçatuba, o entendimento adotado
por [aquele] órgão de fiscalização indicou que o plano de previdência privada (VGBL) acima indicado estaria sujeito à incidência do referido imposto.”

2. Junta, eletronicamente, documentos comprobatórios (proposta de contratação do plano VGBL, certidão de óbito e procuração) e, por fim, questiona se o
Plano Brasilprev estilo VGBL é plano de previdência privada e, portanto, isento de pagamento de ITCMD ou se deve ser considerado como aplicação
financeira, logo, passível da incidência do imposto

3. De plano, é necessário esclarecer que, para fins da incidência do imposto sobre a transmissão “causa mortis”, entende-se, por herança, a parte dos bens
do falecido que é transmitida aos sucessores legítimos ou testamentários, compreendendo todos os bens (móveis e imóveis) ou direitos transmitidos em
razão da morte do titular.

4. Nos termos do artigo 2º da Lei Complementar 109/2001, que dispõe sobre o Regime de Previdência Complementar, tal regime é operado por entidades
de previdência complementar abertas ou fechadas que têm por objetivo principal instituir e executar planos de benefícios de caráter previdenciário. Trata-
se de regime de previdência privada, organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, podendo, portanto, ser instituído
por entidades privadas.

5. Os planos de previdência complementar regidos por entidades abertas, que instituem e operam planos de benefícios de caráter previdenciário (Lei
Complementar 109/2001, artigo 36), parecem ter a mesma natureza dos seguros de vida, tanto é que a própria lei que os regula, acima citada, dispõe, em
seu artigo 73, que se lhes aplica, no que couber, a legislação aplicável às sociedades seguradoras.

6. Assim sendo, pela própria natureza dos planos de previdência complementar, seria possível a aplicação aos mesmos, por analogia, do disposto no artigo
794 do Código Civil, segundo o qual “no seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital estipulado não está sujeito às dividas do
segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito”.

7. Nesse sentido, os valores constantes de tais planos de previdência complementar estariam excluídos do próprio campo de incidência do ITCMD, por não
se submeterem às regras normais de sucessão e herança.

8. No entanto, ainda que assim não fosse, para efeito de determinação da base de cálculo tributável do ITCMD não se deve incluir os bens e direitos que,
considerados individualmente, se configurarem isentos. A Lei 10.705/2000, por seu artigo 6º, inciso I, alínea “e”, na redação dada pela Lei 10.992/2001,
estabelece como isenta do imposto, entre outras hipóteses, a transmissão “causa mortis” de quantia devida por Institutos de Seguro Social e Previdência,
oficiais ou privados, não recebida em vida pelo respectivo titular.

9. A situação sob análise, conforme informações na inicial, caracterizar-se-ia, então, como quantia não recebida em vida e devida ao “de cujus” por
instituto de previdência privado - quantia esta que, em virtude de seu falecimento, foi percebida por beneficiária por ele eleito.

10. Desse modo, observada a intenção do legislador em resguardar, de todo modo, os valores decorrentes de regime de previdência, não percebidos em
vida pelo titular, é forçoso reconhecer que a situação em exame, se transmissão fosse, encontrar-se-ia ao abrigo da isenção prevista no artigo 6º, inciso I,
alínea “e”, da Lei 10.705/2000.

11. Em conclusão, seja por não se caracterizarem como hipótese de incidência ou por estarem albergados pela isenção, os valores recebidos em
decorrência de plano de previdência privada não são tributados pelo ITCMD.

A Resposta à Consulta Tributária aproveita ao consulente nos termos da legislação vigente. Deve-se atentar para eventuais alterações da legislação
tributária.

https://legislacao.fazenda.sp.gov.br/Paginas/RC5678_2015.aspx Página 1 de 1

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