Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vamos falar em que termos se pode realizar um contrato de doação entre cônjuges,
quais são as restrições, e qual a validade das doações.
Outro aspeto, quando ao regime da caducidade das doações, a lei prevê no 1766º do
CC, 3 situações em que esta caducidade opera automaticamente e são elas: quando o
donatário morra antes do doador, exceto, se o doador confirmar a doação nos 3 meses
seguintes, à morte do donatário (isto tem relevância para efeitos sucessórios) , quando
o casamento, seja declarado nulo, ou anulado, e caducam quando seja declarada ou
decretado o divorcio ou a separação judicial de pessoas e bens. Na alínea C do 1766º
refere que a doação entre casados, caduque em caso de divorcio ou separação judicial
de pessoas e bens por culpa do donatário, se este for considerado o único ou principal
culpado, e tomando em conta, que com a lei nº 61/2008 de 31 de outubro, deixou de
existir, divorcio litigioso, fundado na culpa de um dos cônjuges, coloca-se a questão de
saber, se não podendo o divorcio ocorrer por culpa do cônjuge beneficiário da doação,
ou seja não podendo este ser considerado no divorcio único ou principal culpado, a
causa de caducidade prevista naquela alínea, deve ou não operar no caso de divórco?
A resposta a esta questão encontra-se na previsão do 1791º nº1 na redação que lhe foi
dada pela mesma lei, 61/2008 e que diz, que cada cônjuge perde todos os seus
benefícios recebidos ou que haja de receber do outro cônjuge ou de terceiro em vista
ao casamento ou em consideração do estado de casado, portanto é aqui que se vai
justficar a caducidade da relação, por efeito do divorcio os cônjuges perdem todos os
benefícios, não carecendo o cônjuge donatário de ser declarado como era antes da lei
61/2008 único e principal culpado, e um desses benefícios é então a doação. Tomando
em culpa que se crê por lapso não foi alterada a redação do 1766º que deveria de ser
atuada a nova redação do 1791º deve então ser considerado que aquela se encontra
tacitamente revogada na parte em que faz depender a caducidade da doação da
exigência de um divórcio ocorrido por culpa do beneficiário, deste modo a
interpretação que deve ser feita da alínea C nº1 do 1766º é de que a doação entre
casados caduca-se sempre, por efeito do divórcio, operando a caducidade, por efeitos
do divorcio, terá que ser feito, um novo registo de aquisição pelo doador, invocando
como causa, a caducidade da doação, por forma a extinguir o direito na esfera jurídica
do beneficiário da doação, caducando a doação, pode o doador, determinar que esta
reverta para os fins do casamento conforme o previsto no 1791º nº2. Pretendendo-se
então, proteger os interesses dos fins do casamento, e então o registo a fazer na
sequencia da caducidade da doação deverá ser de aquisição a favor dos filhos do
casamento, tendo por base, a declaração de vontade do doador, destinada a operar
em face de divórcio do efeito patrimonial extintivo, e da existência de filhos comuns do
dissolvido casal. (1761º - 1766º)
Os direitos e deveres conjugais, na medida em que esses são definidos por normas
imperativas, e assim não pode aquele acordo, tentar dar-lhes uma interpretação á
contrário, que considere válidas, estipulações posteriores ao casamento, não podem
os cônjuges em convenção antinupcial que vão ter um casamento livre. Se o
casamento, for celebrado por quem tenha filhos ainda que maiores ou emancipados
não pode ser convencionada do regime da comunhão geral nem estipulada a
comunicabilidade dos bens referidos do artigo 1722º do CC portanto, não só não se
pode convencionar a comunhão geral. Proíbem-se ainda as estipulações que
impliquem alterações às regras sobre a administração dos bens do casal, no entanto é
acerto que na constância do matrimonio , os cônjuges tem Liberdade de alterar essas
regras de administração através da celebração de um contrato de mandado, como diz
o 1678º nº2 alínea g)) , atingindo-se então o resultado vedado pelo 1699º alínea c) , e
isto quanto ao principio da liberadade.
Há uma massa de bens que são bens comuns, e esses bens comuns, são com que o
património autónomo, um património em compropriedade, isto significa que sobre o
mesmo bem há um direito de propriedade com 2 titulares, mas existe só 1 direito de
propriedade, de acordo com o 1403 do CC. Os 2 tem direito de propriedade sobre o
mesmo bem, e pode-se considerar este um património autónomo na medida em que
este património pode responder pelas dividas dos cônjuges, seja pelas dividas comuns,
seja por dividas próprias, pode ser chamado a responder.
CASO PRÁTICO 1
João, professor da FEUP, e Francisca designer gráfica, casam civilmente no ano de 2016
sem convenção antinupcial. João levou para o casamento, um automóvel SUV a qual é
usado por ambos durante as férias e aos fins de semana.
Levou ainda um tablet, utilizado por João, no seu trabalho, nas aulas, e um
computador de uma conhecida marca, usado profissionalmente por Francisca desde
que o seu foi alvo de um ataque informático.
João que se encontrava no Chile a dar aulas durante 1 semestre, não é “tido, nem
achado” no negócio. Regressado do Chile, em julho de 2021, João fica a saber que tem
nova morada, é ainda surpreendido com um aviso da galeria de arte onde adquirira a
aguarela, de que o ultimo cheque não tinha cobertura arriscando-se a ser alvo de um
processo judicial, por incumprimento de dívida. (João que sempre fora respeitado,
publicamente e entre os seus pais!)
Questionando Francisca, esta disse-lhe que aqueles 5000eur usava-os para decorar a
divisão do novo apartamento, desiludido com as atitudes da sua mulher. João não
mais pretende estar casado com Francisca, e revela-lhe a sua intenção, esta em
prantos recusa-se a dar-lhe o divórcio, mas João não cede.
Estrutura:
Casamento;
Convenção antinupcial;
Regime de bens;
Poderes de administração;
Poderes de disposição;
Convenção Antinupcial: Na falta de convenção nupcial, e a não ser que seja um regime
imperativo, o regime supletivo é o da comunhão de adquiridos (art. 1721º e ss. CC) –
só entrou em vigor com o nosso CC (antes era o regime da comunhão geral de bens –
pode aparecer um caso prático celebrado antes da entrada em vigor do Código– antes
de 1966).
Relativamente aos bens moveis, cada um dos cônjuges pode dispor livremente dos
seus bens e dos bens comuns se os administrar.
Legitimidade para contrair dividas e responsabilidade pelas dividas: Relativamente à
divida em causa criada por Francisca, aplicamos o artigo º. 1692º, al. a) CC as dívidas
contraídas por um dos cônjuges sem o consentimento do outro.
O Juíz vai marcar uma conferência para tentar a conciliação dos cônjuges; à quanto aos
fundamentos para as causas de divórcio (art. 1781º CC) – causas objetivas, não
dependem da culpa; todas as causas demonstram a rutura definitiva do casamento.
CASO PRÁTICO 2
A 22/7/2018, Benedita, recebe uma proposta de Daniel para comprar o seu jato
particular, que Benedita adquiria a 20 de março de 2016, e que era usado por Aníbal
nas suas deslocações em trabalho.
Benedita, vende-lhe por 900mil euros, Aníbal não foi consultado em nenhuma destas
decisões, chega da Coreia do Sul, a 1 de agosto de 2018, e toma conhecimento, de
tudo atrás referido.
Quid Iuris?
Resposta: Este caso prático em apreço, indica que temos 2 cônjuges que celebraram
uma convenção antinupcial, contratos acessórios do casamento (só fazem sentido se
depois as pessoas vierem a casar-se não for celebrado o casamento, estas caducam) –
arts. 1698º e ss. CC.
O artigo 1711º CC: Deve ser registada o Consequência para a falta de registo: não
produz efeitos em relação a terceiros (com exceção dos herdeiros e dos demais
outorgantes da escritura – nº2) MAS produz efeitos entre as próprias partes.
O artigo 1716º CC: a convenção caduca se o casamento não for celebrado dentro de 1
ano e também caduca se o casamento for celebrado, mas for declarado nulo/ anulado
(a não ser que se possa invocar a figura do casamento putativo – irá depender da boa-
fé).
Quanto ao regime: A regra é que todos os bens são comuns – art. 1732º CC – salvo
exceções (art. 1733º CC – norma imperativa – os cônjuges não podem afastar esta
disposição – art. 1699º, al. d) CC).
Sabemos que Benedita era rica, e o jato particular era da própria portanto ela não
precisava do consentimento do cônjuge para vender o seu jato particular.
CASO PRÁTICO 3
Em Maio de 2010, Rita e Pedro, contraíram entre si, casamento civil sem realização
de convenção antinupcial e tendo nascido logo no mês a seguir, a filha de ambos,
Inês.
Desde Novembro de 2015, Rita passou a habitar com João, em residência e cidade
distintas da de Pedro, e desde então nunca mais Rita e Pedro reataram a vida em
comum.
Em Abril de 2019, Rita intentou uma ação contra Pedro, uma ação judicial de forma a
obter a respetiva decisão ou declaração judicial, de divórcio com fundamento de que
o casamento celebrado entre ambos se tinha extinto, na separação de facto ocorrida
á já 4 anos, aliada á total intenção, de não reatamento de vida em comum,
acrescentou ainda, Rita, que Pedro não cumpria as suas funções educativas em
relação á sua filha Inês, deixando nomeadamente, de comparticipar, nas despesas
com os estudos da filha de ambos, desde 2018, facto que leva a que se corrobore a
progressiva animosidade entre ambos e á consequente rutura da vida em comum.
Admitindo que Pedro se opõe ao divórcio, não concedendo para tal o seu
consentimento. Quid Iuris?
O Divórcio sem o consentimento do outro cônjuge (arts. 1779º e ss CC e 931º e ss.
CPCivil):
Quanto à causa esta tem de ser revelada e tem de ser uma causa que esteja no art.
1781º CC;
O Juíz vai marcar uma conferência para tentar a conciliação dos cônjuges; à
Fundamentos para as causas de divórcio (art. 1781º CC) – causas objetivas, não
dependem da culpa; todas as causas demonstram a rutura definitiva do casamento:
c) Ausência, sem que do ausente haja notícias, por tempo não inferior a um ano;
Gisela, hoje com 45 anos, casou muito nova, ainda durante o curso de arquitetura.
Todavia, o casamento entre ambos veio a ser dissolvido por divorcio, cuja sentença
já transitou em julgado.
Insatisfeita por ver os seus apelidos ligados aos êxitos profissionais e sociais da sua
ex-mulher, o antigo marido de Gisela pretende ver retirado o uso dos seus apelidos à
sua ex-mulher, recorrendo para isso, ao tribunal.
O que é que acontece após o divórcio? A regra é que se perde os apelidos a não ser
que haja consentimento do outro cônjuge ou então o tribunal tenha autorizado a
manutenção dos apelidos, a base legal é o 1677º b) nº1 CC ,tem que haver
consentimento ou tem que haver autorização por parte do tribunal, o mais provável é
na altura do divorcio que o marido autorizasse que ela manter se os apelidos, só agora
depois do divorcio é que ele quis pedir que a Gisela deixe de usar os apelidos, ele se
tem essa pretensão, tem que intentar uma ação, uma ação contra a Gisele ele tem que
fundamentar que lesa os interesses morais dele e da família, ele tem legitimidade.
Ana e José são casados desde agosto de 1992 e têm dois filhos menores em comum.
Uma vez que já não nutrem um pelo outro o amo que outrora os uniu, pretendem
pôr termo ao casamento por mútuo acordo.
Imagine que é advogado e é contratado por Ana e José que pretendem ser
patrocinados por si.
Resposta: Temos que informar estes clientes o que é necessário para intentar a ação
de divórcio, eles estão de mútuo acordo, tem filhos menores e querem-se divorciar na
conservatória do registo civil.
Ninguém está obrigado a manter-se casado, desde 2008 o divorcio em Portugal estão
consagradas 2 modalidades do divorcio: o divorcio com consentimento ou sem o
consentimento, a base legal está regulada no 1773º CC, a diferença entre o divorcio
com consentimento há um acordo entre vontades e não tem que indicar qualquer
justificação, basta estarem de acordo, e sem consentimento que tem que ser judicial e
tem que ser sempre fundamentada a causa de rutura.
Como é que se processa o divorcio com mútuo consentimento? Podemos ter o
divorcio administrativo que decorre na conservatória do registo civil e o divorcio por
mútuo consentimento judicial é no tribunal.
Se este casal quiser atentar uma ação por mútuo consentimento, é necessário para o
conservador decretar o divorcio ele tem que haver desde logo conjugando o 1775º CC
é necessário um acordo quanto ao destino da casa de família, é necessário um acordo
de responsabilidades parentais, é preciso acordo quanto aos animais de estimação