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Direito da Família

1. CONTRATO DE DOAÇÃO ENTRE CÔNJUGES

Vamos falar em que termos se pode realizar um contrato de doação entre cônjuges,
quais são as restrições, e qual a validade das doações.

Desde logo o 1º aspeto, a considerar prende-se com o regime de bens do casamento,


pois sempre que o regime da separação de bens resulte não de uma escolha de ambos,
mas de uma imposição legal, ou seja nos casos em que não foi procedido o processo
preliminar ou nos casos em que um dos nubentes pelo menos, tenha a data do
casamento 60 anos, as doações que sejam feitas entre cônjuges são nulas nos termos
do artigo 1762º do CC, importa salientar, que são proibidas as doações sobre bens
comuns, resultando, esta proibição do principio da imutabilidade dos regimes de bens,
com o qual se pretende, proteger o património comum do casal, proteção esta que
pode assumir relevância em matéria de salvaguarda dos direitos dos credores, de
ambos os cônjuges, sendo possível, a doação entre cônjuges, uma das especificidades
a ter em conta é de que o doador pode a todo o tempo, revogar a doação, sendo este
direito, irrenunciável, e tal explica-se, pelo facto de se tentar evitar que através de um
ascendente físico intelectual, ou moral, de um dos cônjuges, sobre o outro, o cônjuge
beneficiário da doação, possa exurquir, ao outro bens , conseguindo por esta via,
modificar, o regime de bens em que caosu. Ora para acaultelar este perigo de exorção
nas doações entre casados, a lei consagrou a livre revogação, sem necessidade de o
cônjuge revogante, ter que invocar qualquer justificação para tal, permitindo assim,
desta forma, caso a doação tenha sido fruto de uma pressão do outro cônjuge, que o
doador possa destruir, a doação feita, sem que o outro tenha que ter conhecimento de
tal revogação e sem que se possa opor á mesma. Este direito de livre revogação
encontra-se previsto apenas para as doações entre casados, não separados
judicialmente de pessoas e bens, com efeito a separação judicial de pessoas e de bens,
apesar de não dissolver o vinculo conjugal, extingue o dever de coabitação entre os
cônjuges, e quanto aos bens, a separação produz os mesmos efeitos, que se
produziriam, com a dissolução do casamento ou seja a partilha de bens, logo, numa
situação de separação judicial de pessoas e bens, já não se verificam os riscos de
extorsão que levavam á consagração legal da livre revogabilidade das doações entre
casados.

Quanto ao regime da livre revogação, previsto na lei, é de referir que os herdeiros do


cônjuge doador, não podem revogar a doação que este haja feita, um outro aspeto a
considerar sobre esta matéria é o de que as doações de um cônjuge para o outro, não
se comunicam seja qual for o regime de bens, o que equivale a dizer, que ainda que o
regime seja o da comunhão geral de bens, o bem doado por um ao outro, será sempre
considerado, bem próprio deste, do donatário.

Outro aspeto, quando ao regime da caducidade das doações, a lei prevê no 1766º do
CC, 3 situações em que esta caducidade opera automaticamente e são elas: quando o
donatário morra antes do doador, exceto, se o doador confirmar a doação nos 3 meses
seguintes, à morte do donatário (isto tem relevância para efeitos sucessórios) , quando
o casamento, seja declarado nulo, ou anulado, e caducam quando seja declarada ou
decretado o divorcio ou a separação judicial de pessoas e bens. Na alínea C do 1766º
refere que a doação entre casados, caduque em caso de divorcio ou separação judicial
de pessoas e bens por culpa do donatário, se este for considerado o único ou principal
culpado, e tomando em conta, que com a lei nº 61/2008 de 31 de outubro, deixou de
existir, divorcio litigioso, fundado na culpa de um dos cônjuges, coloca-se a questão de
saber, se não podendo o divorcio ocorrer por culpa do cônjuge beneficiário da doação,
ou seja não podendo este ser considerado no divorcio único ou principal culpado, a
causa de caducidade prevista naquela alínea, deve ou não operar no caso de divórco?
A resposta a esta questão encontra-se na previsão do 1791º nº1 na redação que lhe foi
dada pela mesma lei, 61/2008 e que diz, que cada cônjuge perde todos os seus
benefícios recebidos ou que haja de receber do outro cônjuge ou de terceiro em vista
ao casamento ou em consideração do estado de casado, portanto é aqui que se vai
justficar a caducidade da relação, por efeito do divorcio os cônjuges perdem todos os
benefícios, não carecendo o cônjuge donatário de ser declarado como era antes da lei
61/2008 único e principal culpado, e um desses benefícios é então a doação. Tomando
em culpa que se crê por lapso não foi alterada a redação do 1766º que deveria de ser
atuada a nova redação do 1791º deve então ser considerado que aquela se encontra
tacitamente revogada na parte em que faz depender a caducidade da doação da
exigência de um divórcio ocorrido por culpa do beneficiário, deste modo a
interpretação que deve ser feita da alínea C nº1 do 1766º é de que a doação entre
casados caduca-se sempre, por efeito do divórcio, operando a caducidade, por efeitos
do divorcio, terá que ser feito, um novo registo de aquisição pelo doador, invocando
como causa, a caducidade da doação, por forma a extinguir o direito na esfera jurídica
do beneficiário da doação, caducando a doação, pode o doador, determinar que esta
reverta para os fins do casamento conforme o previsto no 1791º nº2. Pretendendo-se
então, proteger os interesses dos fins do casamento, e então o registo a fazer na
sequencia da caducidade da doação deverá ser de aquisição a favor dos filhos do
casamento, tendo por base, a declaração de vontade do doador, destinada a operar
em face de divórcio do efeito patrimonial extintivo, e da existência de filhos comuns do
dissolvido casal. (1761º - 1766º)

2. CONVENÇÕES ANTINUPCIAIS (ART 1698º DO CC A 1716º)

A convenção antinupcial é um acordo celebrado entre os nubentes e que se distingue


principalmente, afixar o regime de bens do casamento, trata-se portanto, de um
contrato acessório cuja existência e validade supõe a celebração do casamento , quais
são então os princípios dominantes, relativos a este contrato, a este acordo?

1º: Princípio da Liberdade – 1698º , a lei refere entaoq eu é impossível incluir


disposições que são estranhas á conformação do regime de bens, a nível patrimonial,
por exemplo, clausulas a estabelecer doações entre os cônjuges, clausulas a
estabelecer uma promessa de arrendamento, para os pais dos cônjuges, clausulas que
fixem o modo de contribuição para os encargos domésticos desde que não vao contra
a lei, num âmbito extrapatrimonial pode.se clusular por exemplo, a escolha de
residência dos cônjuges, a guarda dos filhos em causa de divorcio, sendo certo que não
podem ser consideradas validas as estipulações que violem normas imperativas de
ordem publica, e dos bons costumes.

Restrições ao Princípio da Liberdade: (artigo 1699º CC): Não podem os cônjuges


convencionar a comunicabilidade dos bens previstos no art.º 1733 do CC.

Os direitos e deveres conjugais, na medida em que esses são definidos por normas
imperativas, e assim não pode aquele acordo, tentar dar-lhes uma interpretação á
contrário, que considere válidas, estipulações posteriores ao casamento, não podem
os cônjuges em convenção antinupcial que vão ter um casamento livre. Se o
casamento, for celebrado por quem tenha filhos ainda que maiores ou emancipados
não pode ser convencionada do regime da comunhão geral nem estipulada a
comunicabilidade dos bens referidos do artigo 1722º do CC portanto, não só não se
pode convencionar a comunhão geral. Proíbem-se ainda as estipulações que
impliquem alterações às regras sobre a administração dos bens do casal, no entanto é
acerto que na constância do matrimonio , os cônjuges tem Liberdade de alterar essas
regras de administração através da celebração de um contrato de mandado, como diz
o 1678º nº2 alínea g)) , atingindo-se então o resultado vedado pelo 1699º alínea c) , e
isto quanto ao principio da liberadade.

2º Princípio da imutabilidade: (artigo 1714º) tanto o regime de bens convencionado


pelos nubentes como o regime supletivo, bem como o regime imperativo, não podem
ser modificados na constância do matrimonio, esta é a regra, sendo certo que a
convenção antinupcial só se torna imutável a partir do momento da celebração do
casamento, sendo até essa data, livremente revogável, ou modificável, desde para tal
consintam, todas as pessoas que nela outorgaram ou os respetivos herdeiros (artigo
1712º nº1), qual será a justificação para este principio existir? É desde logo, a de que
se tenta evitar que um dos cônjuges, abusando do seu ascendente ou de influência
que exerce sobre o outro, e que eventualmente o casamento não possa ter dado desse
ascendente, leve o outro, a consentir numa alteração de regime de bens, que lhe seja
prejudicial, alteração que se traduziria numa verdadeira liberalidade sobre o segundo
cônjuge a favor do primeiro, e à qual não se aplicaria, o principio geral da livre
revogabilidade, das doações entre cônjuges. Uma outra justificação prende-se com o
comercio jurídico, e com a proteção de terceiros, este acordo tem que ser registado.

Este principio comporta exceções, e as exceções são as previstas no 1715º e ainda


outras, assim, pela simples separação de bens, em todos os demais casos previsos na
lei de separação de bens, cada um dos cônjuges pode fazer doações para o outro,
portanto é uma forma de alterar a forma do regime de bens (1671º e ss) qualquer um
deles, pode conferir a outro mandado revogável para administrar os seus bens
próprios de novo então o 1678º n2 g) , os cônjuges podem entrar com bens próprios,
nas sociedades comerciais das quais façam parte, desde que só um deles, assuma a
responsabilidade ilimitada, aceita-se a revogação da doação para casamento por este
puder importar, uma alteração direta á convenção antinupcial, em que aquela doação
se integra, se lermos o artigo 189º e 190º do CRC, prevê igualmente o registo.

Requisitos de fundo: Com o contrato é a convenção antinupcial, exige desde logo o


consentimento das partes, estando sujeita, às regras gerais, relativamente às
divergências entre a vontade e a declaração, aos vícios da vontade, etc, portanto no
caso pratico, de certeza que sai isto.

O consentimento dos nubentes, que em princípio é o mesmo que se exige para o


casamento (art 1708º CC) , sendo anulável a requerimento do incapaz, se os herdeiros,
ou daqueles a quem competir, conceder a autorização, no prazo de 1 ano a contar da
celebração do casamento, esta anulação invalidada será sanada, se o casamento vier a
ser celebrado depois de cessar da incapacidade, o regime da anulabilidade do art
1709º.

Quanto às formalidades, pelo artigo 1710º CC percebemos que as convenções


antinupciais só serão validas, se celebradas por declaração prestada perante
funcionário do registo civil, ou por escritura pública, pelos artigos 1711º e 190º do
Código do Registo, a convenção antinupcial, deve ser registada, para produzir efeitos,
em relação a terceiros, se o não for, é válida e eficaz mas só para as partes, a noção de
terceiro, vê-se qual é no artigo 1711º nº2.

Quanto à caducidade, a convenção antinupcial caduca se o casamento não for


celebrado, no prazo de 1 ano, ou se vier ser declarado nulo ou anulado, não podendo
no entanto esquecer, nesta questão da declaração da invalidade, não podemos
esquecer dos efeitos do casamento putativo, ou seja se ambos os cônjuges estavam de
boa fé, a convenção produzirá efeitos, em relação a eles e a terceiros, se só um dos
cônjuges estava de boa fé, a convenção antinupcial o beneficiou então so ele pode
arrogar os benefícios do estado matrimonial e opô-los a terceiros.

Há uma massa de bens que são bens comuns, e esses bens comuns, são com que o
património autónomo, um património em compropriedade, isto significa que sobre o
mesmo bem há um direito de propriedade com 2 titulares, mas existe só 1 direito de
propriedade, de acordo com o 1403 do CC. Os 2 tem direito de propriedade sobre o
mesmo bem, e pode-se considerar este um património autónomo na medida em que
este património pode responder pelas dividas dos cônjuges, seja pelas dividas comuns,
seja por dividas próprias, pode ser chamado a responder.

CASO PRÁTICO 1

João, professor da FEUP, e Francisca designer gráfica, casam civilmente no ano de 2016
sem convenção antinupcial. João levou para o casamento, um automóvel SUV a qual é
usado por ambos durante as férias e aos fins de semana.

Levou ainda um tablet, utilizado por João, no seu trabalho, nas aulas, e um
computador de uma conhecida marca, usado profissionalmente por Francisca desde
que o seu foi alvo de um ataque informático.

Em Janeiro de 2018, terminado o contrato de arrendamento da casa onde habitavam,


o casal adquire um apartamento na quinta do Fojo.

Em Dezembro de 2020 em maré de sorte, João é premiado pelo 3º prémio da lotaria


de natal, tendo daí recebido 15,000eur, valor que investe na compra de uma aguarela,
no valor de 30,000eur de um famoso pintor tendo entregue ainda 3 cheques pré-
datados, de 5,000eur cada, para pagamento de 3 prestações mensais sucessivas.

Em Fevereiro de 2021, João vende o tablet e o computador sem dar conhecimento a


Francisca.

Em Abril de 2021, perante uma proposta irrecusável, Francisca vende o apartamento


da quinta do Tojo, com o objetivo de comprar uma habitação na foz do Douro.

João que se encontrava no Chile a dar aulas durante 1 semestre, não é “tido, nem
achado” no negócio. Regressado do Chile, em julho de 2021, João fica a saber que tem
nova morada, é ainda surpreendido com um aviso da galeria de arte onde adquirira a
aguarela, de que o ultimo cheque não tinha cobertura arriscando-se a ser alvo de um
processo judicial, por incumprimento de dívida. (João que sempre fora respeitado,
publicamente e entre os seus pais!)

Questionando Francisca, esta disse-lhe que aqueles 5000eur usava-os para decorar a
divisão do novo apartamento, desiludido com as atitudes da sua mulher. João não
mais pretende estar casado com Francisca, e revela-lhe a sua intenção, esta em
prantos recusa-se a dar-lhe o divórcio, mas João não cede.

Pronuncie-se pelas várias problemáticas aqui suscitadas.

Estrutura:

Casamento;
Convenção antinupcial;

Regime de bens;

Composição da massa patrimonial (bens próprios e comuns);

Poderes de administração;

Poderes de disposição;

Legitimidade para contrair dividas e responsabilidade pelas dividas;

Bens que respondem pelas dividas;

Casamento: Primeiramente, temos um casamento celebrado entre João e Francisca


em 2016 sem convenção nupcial.

Convenção Antinupcial: Na falta de convenção nupcial, e a não ser que seja um regime
imperativo, o regime supletivo é o da comunhão de adquiridos (art. 1721º e ss. CC) –
só entrou em vigor com o nosso CC (antes era o regime da comunhão geral de bens –
pode aparecer um caso prático celebrado antes da entrada em vigor do Código– antes
de 1966).

Regime de bens / Composição de massa patrimonial / Poderes de administração: Em


seguida, sabemos que existem bens em causa, o automóvel e o tablet são, portanto,
bens próprios do João, nos termos do artigo 1722º CC e nos termos do artigo 1687º
nº1 do CC, será ele a administrá-los.

Relativamente à aguarela, é um bem comum efetivamente, porque 50/50 mas


aquando a partilha de bens, aplicamos o artigo 1726º CC.

Em janeiro de 2018, o casal adquire um apartamento na quinta do Tojo, um bem


imóvel.

A lotaria de Natal é um bem próprio dele, nos termos do

Quando se trata dos regimes de bens da comunhão de adquiridos, em relação aos


bens imóveis, um cônjuge não pode vender o que seja sem o consentimento do outro
cônjuge, nos termos do artigo 1682º nº1 alínea a) sob pena de anulabilidade do ato de
acordo com o artigo 1687º nº1. Portanto, Francisca não podia vender o bem imóvel
sem o consentimento de João.

Relativamente aos bens moveis, cada um dos cônjuges pode dispor livremente dos
seus bens e dos bens comuns se os administrar.
Legitimidade para contrair dividas e responsabilidade pelas dividas: Relativamente à
divida em causa criada por Francisca, aplicamos o artigo º. 1692º, al. a) CC as dívidas
contraídas por um dos cônjuges sem o consentimento do outro.

Bens que respondem pelas dívidas:

Divórcio: Temos um divórcio sem o consentimento do outro cônjuge (arts. 1779º e ss


CC e 931º e ss. CPCivil) , Causa tem de ser revelada e tem de ser uma causa que esteja
no art. 1781º CC;

O Juíz vai marcar uma conferência para tentar a conciliação dos cônjuges; à quanto aos
fundamentos para as causas de divórcio (art. 1781º CC) – causas objetivas, não
dependem da culpa; todas as causas demonstram a rutura definitiva do casamento.

CASO PRÁTICO 2

Aníbal de 61 anos, e Benedita de 31, casaram a 25 de janeiro de 2018, celebraram


uma convenção antinupcial na semana anterior ao casamento, através de
documento particular, e no qual, fixaram, que o regime de bens seria o da comunhão
geral, ela era rica. E que a quinta das camélias doada a Aníbal, enquanto solteiro,
pelo seu padrinho de batismo doação essa feita na condição de não ser nunca
incluída na meação dos bens comuns. A 1/7/2018 Aníbal parte para a Coreia do Sul
em viagem de negócios. Benedita decide proceder a obras de melhoramento na
quinta onde o casal vivia desde o casamento, e aprovando o orçamento de 100mil
euros, que Gaspar construtor civil lhe apresentara.

A 22/7/2018, Benedita, recebe uma proposta de Daniel para comprar o seu jato
particular, que Benedita adquiria a 20 de março de 2016, e que era usado por Aníbal
nas suas deslocações em trabalho.

Benedita, vende-lhe por 900mil euros, Aníbal não foi consultado em nenhuma destas
decisões, chega da Coreia do Sul, a 1 de agosto de 2018, e toma conhecimento, de
tudo atrás referido.

Quid Iuris?

Resposta: Este caso prático em apreço, indica que temos 2 cônjuges que celebraram
uma convenção antinupcial, contratos acessórios do casamento (só fazem sentido se
depois as pessoas vierem a casar-se não for celebrado o casamento, estas caducam) –
arts. 1698º e ss. CC.

Relativamente ao princípio da liberdade – art. 1698º CC – os cônjuges têm ampla


liberdade para fixarem o que pretenderem na convenção antenupcial, dentro dos
limites da lei.
O artigo 1710º CC, refere-se à forma da convenção antenupcial: a declaração prestada
perante funcionário do registo civil ou escritura pública.

O artigo 1711º CC: Deve ser registada o Consequência para a falta de registo: não
produz efeitos em relação a terceiros (com exceção dos herdeiros e dos demais
outorgantes da escritura – nº2) MAS produz efeitos entre as próprias partes.

O artigo 1716º CC: a convenção caduca se o casamento não for celebrado dentro de 1
ano e também caduca se o casamento for celebrado, mas for declarado nulo/ anulado
(a não ser que se possa invocar a figura do casamento putativo – irá depender da boa-
fé).

Como sabemos os nubentes definiram o regime da comunhão geral de bens – arts.


1732º e ss. CC e quando é que se aplica? – os nubentes escolheram este regime
através de uma convenção antenupcial.

Quanto ao regime: A regra é que todos os bens são comuns – art. 1732º CC – salvo
exceções (art. 1733º CC – norma imperativa – os cônjuges não podem afastar esta
disposição – art. 1699º, al. d) CC).

Sabemos que Benedita era rica, e o jato particular era da própria portanto ela não
precisava do consentimento do cônjuge para vender o seu jato particular.

CASO PRÁTICO 3

Em Maio de 2010, Rita e Pedro, contraíram entre si, casamento civil sem realização
de convenção antinupcial e tendo nascido logo no mês a seguir, a filha de ambos,
Inês.

Desde Novembro de 2015, Rita passou a habitar com João, em residência e cidade
distintas da de Pedro, e desde então nunca mais Rita e Pedro reataram a vida em
comum.

Em Abril de 2019, Rita intentou uma ação contra Pedro, uma ação judicial de forma a
obter a respetiva decisão ou declaração judicial, de divórcio com fundamento de que
o casamento celebrado entre ambos se tinha extinto, na separação de facto ocorrida
á já 4 anos, aliada á total intenção, de não reatamento de vida em comum,
acrescentou ainda, Rita, que Pedro não cumpria as suas funções educativas em
relação á sua filha Inês, deixando nomeadamente, de comparticipar, nas despesas
com os estudos da filha de ambos, desde 2018, facto que leva a que se corrobore a
progressiva animosidade entre ambos e á consequente rutura da vida em comum.

Admitindo que Pedro se opõe ao divórcio, não concedendo para tal o seu
consentimento. Quid Iuris?
O Divórcio sem o consentimento do outro cônjuge (arts. 1779º e ss CC e 931º e ss.
CPCivil):

Quanto à causa esta tem de ser revelada e tem de ser uma causa que esteja no art.
1781º CC;

O Juíz vai marcar uma conferência para tentar a conciliação dos cônjuges; à
Fundamentos para as causas de divórcio (art. 1781º CC) – causas objetivas, não
dependem da culpa; todas as causas demonstram a rutura definitiva do casamento:

a) Separação de facto por um ano consecutivo;

b) Alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure há mais de um


ano e, pela sua gravidade, comprometa a possibilidade de vida em comum;

c) Ausência, sem que do ausente haja notícias, por tempo não inferior a um ano;

d) Quaisquer outros factos que, independentemente da culpa dos cônjuges, mostrem


a rutura definitiva do casamento.

Casos Práticos Dra. Diana

Caso Prático nº1

Gisela, hoje com 45 anos, casou muito nova, ainda durante o curso de arquitetura.

Tendo adotado os apelidos do marido, passou a ser conhecida e reconhecida como


profissional de grande qualidade, precisamente pelos apelidos do marido.

Todavia, o casamento entre ambos veio a ser dissolvido por divorcio, cuja sentença
já transitou em julgado.

Insatisfeita por ver os seus apelidos ligados aos êxitos profissionais e sociais da sua
ex-mulher, o antigo marido de Gisela pretende ver retirado o uso dos seus apelidos à
sua ex-mulher, recorrendo para isso, ao tribunal.

Diga, devidamente fundamentada como decidirá o tribunal.

Resposta: O que está aqui em causa, é o direito ao nome, o direito ao nome é um


efeito pessoal do casamento, o direito ao nome diz-nos o artigo 1677º CC com o
casamento cada um dos cônjuges se quiser, não é obrigatório, podem adotar os
apelidos do outro, o adotar é o acrescentar até 2 apelidos dos cônjuges.

Esta escolha do nome que em regra, dá-se na altura do casamento.

Diz-nos o enunciado que a Gisela na altura do casamento adotou os apelidos do


marido, e acontece porem, eles divorciam-se na altura do divorcio não houve qualquer
problema quanto aos apelidos, só agora é que surge o problema dos apelidos.
Os efeitos do divorcio quanto a condição dos apelidos em regra não se mantém, mas
pode-se pedir para se retirar.

O que é que acontece após o divórcio? A regra é que se perde os apelidos a não ser
que haja consentimento do outro cônjuge ou então o tribunal tenha autorizado a
manutenção dos apelidos, a base legal é o 1677º b) nº1 CC ,tem que haver
consentimento ou tem que haver autorização por parte do tribunal, o mais provável é
na altura do divorcio que o marido autorizasse que ela manter se os apelidos, só agora
depois do divorcio é que ele quis pedir que a Gisela deixe de usar os apelidos, ele se
tem essa pretensão, tem que intentar uma ação, uma ação contra a Gisele ele tem que
fundamentar que lesa os interesses morais dele e da família, ele tem legitimidade.

Caso Prático nº2

Ana e José são casados desde agosto de 1992 e têm dois filhos menores em comum.

Uma vez que já não nutrem um pelo outro o amo que outrora os uniu, pretendem
pôr termo ao casamento por mútuo acordo.

Imagine que é advogado e é contratado por Ana e José que pretendem ser
patrocinados por si.

Esclareça-os sobre se existe possibilidade de intentar a respetiva ação na


conservatória do registo civil, e o que é necessário para esse efeito.

Resposta: Temos que informar estes clientes o que é necessário para intentar a ação
de divórcio, eles estão de mútuo acordo, tem filhos menores e querem-se divorciar na
conservatória do registo civil.

Primeiramente temos que identificar a questão jurídica em causa, temos aqui 2


pessoas que querem dissolver o vínculo matrimonial, uma questão de dissolução do
casamento por divorcio, no caso a Ana e José querem-se divorciar, o divorcio ao
extinguir a relação matrimonial vai ter como consequência a extinção dos direitos e
deveres conjugais e termo as relações matrimoniais que havia, vai-se extinguir as
relações patrimoniais e patrimoniais.

O divorcio é um direito pessoal, intransmissível embora que a ação do divorcio possa


ser continuada pelos herdeiros do autor contra o réu.

Ninguém está obrigado a manter-se casado, desde 2008 o divorcio em Portugal estão
consagradas 2 modalidades do divorcio: o divorcio com consentimento ou sem o
consentimento, a base legal está regulada no 1773º CC, a diferença entre o divorcio
com consentimento há um acordo entre vontades e não tem que indicar qualquer
justificação, basta estarem de acordo, e sem consentimento que tem que ser judicial e
tem que ser sempre fundamentada a causa de rutura.
Como é que se processa o divorcio com mútuo consentimento? Podemos ter o
divorcio administrativo que decorre na conservatória do registo civil e o divorcio por
mútuo consentimento judicial é no tribunal.

Se este casal quiser atentar uma ação por mútuo consentimento, é necessário para o
conservador decretar o divorcio ele tem que haver desde logo conjugando o 1775º CC
é necessário um acordo quanto ao destino da casa de família, é necessário um acordo
de responsabilidades parentais, é preciso acordo quanto aos animais de estimação

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