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CASAMENTO

 Resgate histórico

- Referência histórica=> Constituição política do império (1824): catolicismo era religião oficial
do império (Estado católico).

- Constituição da República de 1891: passagem para um estado laico. A república só reconhece


o casamento civil [cuja celebração será gratuita]. É o casamento civil que vai repercutir (efeitos
de cunho existencial – nome, parentesco, etc. – e efeitos patrimoniais), através dele que se faz a
mudança de estado civil.

- Caio Mário: Conceitos [resgate histórico].

Citando Lafayette: “O casamento é um ato solene pelo qual duas pessoas de sexo diferente se
unem para sempre, sob promessa recíproca de fidelidade no amor e da mais estreita comunhão
de vida”.

Citando Clóvis Bevilaqua: “O casamento é um contrato bilateral e solene pelo qual um homem
e uma mulher se unem indissoluvelmente, legitimando por ele suas relações sexuais;
estabelecendo a mais estreita comunhão de vida e de interesses e comprometendo-se a criar e
educar a prole que de ambos nasceram”.

Conceito de Caio Mário: “O casamento é a união de duas pessoas de sexo diferente realizando
uma integração fisiopsíquica permanente. É nesta integração que subsiste a essência do
casamento, elemento que se sobrepõe às mutações socais e culturais”.

*Lei 6515/77: lei do divórcio, a qual quebra com a ideia de indissolubilidade do casamento.
Aqui ainda existia um aspecto dual, separação primeiro e divórcio depois, tinha-se que esperar
um determinado tempo. CF antes: O casamento só podia ser dissolvido pelo divórcio após
prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei ou comprovada
separação de fato por mais de dois anos. [CF atualmente: Art. 226, §6º = “o casamento civil
pode ser dissolvido pelo casamento”, não existe mais esse sistema dual, não se tem mais o
critério temporal – após a EC 66/10].

*Decisão do STF no sentido de reconhecer como entidade familiar a união entre pessoas do
mesmo sexo (construção doutrinária e jurisprudencial, o CC/02 ainda diz “homem e mulher”,
deve-se interpretá-lo à luz da CF/88).

*Continua sendo ato solene. O casamento necessariamente tem como base a manifestação da
vontade livre, existindo um conjunto de atos jurídicos anteriores, a solenidade é regra. Na união
estável, o elemento manifestação de vontade não é imprescindível. O que a lei coloca como
indicativo para o reconhecimento de uma união estável é o que está disposto no Art. 1723 do
CC. Paulo Lobo define a união estável como ato-fato jurídico.

*Somente com a CF/88 houve o reconhecimento da união estável como entidade familiar.
Assim, antes, ou era casamento ou era namoro, o que existiam eram as “uniões livres”, à
margem da lei. Quando essas uniões ensejavam efeitos patrimoniais, o que se fazia era seguir a
Súmula 380, a qual relatava as uniões como sociedades de fato (a repercussão era meramente
patrimonial).

 Correntes sobre a natureza jurídica do casamento:

*Corrente contratualista: a natureza jurídica do casamento é um contrato tendo em vista a


indispensável declaração convergente de vontades livremente manifestadas e tendentes à
obtenção de finalidades jurídicas. Caio Mário se inclina a apoiar essa corrente, porém diz que “é
um contrato especial dotado de consequências peculiares mais profundas do que as convenções
de efeitos puramente econômicos, em razão das relações específicas por ele criadas”. Não se
aplica, assim, as mesmas regras do direito obrigacional ao direito de família, existem outras
relações existentes, não se devendo, assim, se limitar à perspectiva patrimonial.

*Corrente institucionalista: o casamento é uma instituição social no sentido de que reflete uma
situação jurídica cujas regras se acham pré-estabelecidas pelo legislador com vistas à
organização social da união dos sexos.

 Código Civil:

- Art. 1511: comunhão plena de vida, com base na igualdade dos cônjuges. [Família
democrática: família voltada á realização pessoal dos seus integrantes; respeito, tolerância,
conviver com as diferenças].

- Art. 1512: o casamento é civil e gratuita sua celebração [permanecem as disposições da


CR/1891]. § único: Habilitação, registro e primeira certidão sem custas para os pobres na forma
lei. O casamento é um ato jurídico complexo, como essas etapas e até mesmo a celebração deve
seguir o prescrito em lei.

- Art. 1514: realização = momento em que o homem e a mulher manifestam perante o juiz a
vontade e o juiz os declara casados. É nesse momento em que os efeitos jurídicos vão começar a
incidir. Ver arts. 1535, 1538.

- Art. 1515: casamento religioso que atender ás exigências da lei para a validade do casamento
civil: equiparação entre os dois. O casamento é civil. Para que o casamento religioso seja
reconhecido, deve-se atender ao que lei exige para a validade. Se não atender, não houve
casamento, não haverá mudança de estado civil, não se produzirá efeitos.

- Art. 1517: a capacidade núbil perante o D. Civil Brasileiro é de 16 anos [critério de idade].
Assim, a lei formaliza o casamento com os seguintes requisitos: capacidade; habilitação e
registro.

- Formalidade preliminar => Habilitação: verificar se aquelas pessoas estão aptas a casar e sem
violar os impedimentos prescritos em lei. Art. 1525 [documentos necessários à habilitação].

 Formalidade preliminar – habilitação

- Averiguar capacidade núbil + verificar impedimentos + dar publicidade [caso alguém conheça
algum impedimento legal].

- Eficácia da habilitação: 90 dias [se não se casar em 90 dias, terá que se passar novamente pelo
processo de habilitação].

- Art. 1517: autorização de ambos os pais. Exercício do poder familiar: conceder-lhes ou negar-
lhes consentimento para o casamento [art. 1634, III]. Havendo divergência entre os pais, um
deles pode recorrer ao judiciário para solucionar o conflito. Ler arts. 1517 – 1519.

- Art. 1520: exceções à capacidade núbil => evitar imposição/cumprimento de pena criminal
(hipótese praticamente afastada pelo tipo penal de estupro de vulnerável); em caso de gravidez.
Art. 1551: também afasta o requisito de idade em caso de gravidez. Há um PL tramitando na
câmara para retirar essa exceção.

- Impedimentos p/ o casamento: art. 1521 (não podem casar). Efeito: Art. 1548 => Nulo o
casamento.

- Causas suspensivas: art. 1523 (não devem casar). Efeito (a consequência está no campo
patrimonial): Art. 1641, I => É obrigatório o regime de separação de bens no casamento.
 Regimes de bens

- Comunhão universal;

- Comunhão parcial;

- Separação convencional (as partes convencionam o regime de separação);

- Separação legal (hipóteses do art. 1641);

- Participação final nos aquestos.

*no silêncio das partes ou do pacto, incidirá o regime de comunhão parcial - art. 1640.

*os nubentes podem escolher o regime e têm liberdade de torna-lo híbrido (ex.: para o imóvel x,
o regime é esse, para o imóvel y, o regime é aquele).

*o regime vigora desde a data de início do casamento.

*o regime de bens pode ser alterado, mediante autorização judicial, o pedido deve ser motivado
de ambos os cônjuges, verificada a procedência das razões e ressalvados os direitos de terceiros.

 Causas suspensivas

- Art. 1523, incisos. Ler também parágrafo único.

 Etapas formais

[essas etapas podem sofrer alguma alteração, se for outro tipo de casamento para além do
casamento civil regular].

-> Habilitação: Requerimento/docs. (CC); Proclamas (ficam expostas por 15 dias): edital que dá
publicidade ao casamento, para que se alguém saiba de algum de impedimento/causa
suspensiva, se manifeste; Haverá parecer do MP; Habilitação tem efeitos pelo prazo de 90 dias.

-> celebração: requisitos - manifestação da vontade [deve ser expressa e livre de vícios];
declaração da vontade [a autoridade competente as declara casadas]. Se a celebração for em
prédio público, necessária a presença de duas testemunhas. Serão necessárias quatro, se for em
prédio particular. Também necessárias quatro se um dos nubentes não souber ler.

-> registro: efeitos; assinatura de todos os sujeitos; imediatamente após a celebração. Sem o
registro, não se produz efeitos. Os efeitos retroagem à data da celebração. Ler art. 1535.

 Tipos de casamento

1. Religioso com efeitos civis [Carlos R. Gonçalves].

Casamento religioso que segue os procedimentos do CC. Procedimento: Art. 1515 e 1516. Os
efeitos retroagem à data da celebração religiosa, mesmo a certidão do cartório saindo depois.
Ler art. 71-75 da lei de registros públicos [aqui, o prazo é de 30 dias, mas prevalece o prazo de
90 do CC]. Substituição, na celebração, do juiz pelo ministro de confissão religiosa. A
habilitação, aqui, pode ser posterior. O casamento poderá ser religioso, mas, para ter efeitos,
necessário o devido registro civil.

2. Causas extremas [Paulo Lôbo e Carlos R. Gonçalves]

A formalidade, aqui será flexibilizada.

Hipóteses:
- moléstia grave [os nubentes não podem se locomover por conta de uma doença]. Assim a
autoridade competente que vai se deslocar. Necessárias, duas testemunhas que saibam ler e
escrever.

- situações extremas (casamento nuncupativo): Um dos nubentes está em iminente risco de vida.
Nem mesmo a autoridade competente estará presente, apenas os nubentes. Necessária a
presença de seis testemunhas sem parentesco [em linha reta ou colateral até o 2º grau] com os
nubentes. As testemunhas estarão em juízo para comprovar a manifestação de vontade. As
testemunhas que vão proceder com a habilitação [no prazo de 10 dias], declarando que a pessoa
estava em risco de vida e que se declararam casados. Feito isso, o juiz tomará as providências
cabíveis para verificar o risco de vida e se havia algum impedimento, estando tudo certo, ele
declarará o casamento, cabendo apelação dessa decisão.

3. Por procuração [Carlos R. Gonçalves e mais ou menos em Paulo Lôbo]

A pessoa que vai casar pode passar uma procuração para outrem, para que seja celebrado o
casamento, mesmo sem ela estar presente. A procuração tem que pública e lavrada em cartório,
ela vai ter um prazo de 90 dias e ela tem que dar poderes especiais para a realização dos atos
relativos ao casamento. Se anulou-se a procuração e o procurador e o nubente não sabiam, quem
tentou anular terá prazo decadencial de 180 dias para arguir anulação, se não arguir em tempo,
ou houver posterior coabitação, o casamento será convalidado.

4. No estrangeiro [Carlos R. Gonçalves]

Ler art. 7º da lei de introdução.

5. Homoafetivo [Carlos R. Gonçalves]

6. Putativo [Paulo Lôbo e Carlos R. Gonçalves]

Situação onde o casamento nulo ou anulável em que os efeitos (patrimoniais, alimentos, efeitos
sobre o nome) vão ser aproveitados para aqueles cônjuges que estejam de boa-fé (pode ser
apenas 1 cônjuge de boa-fé ou os dois).

Obs.: ler em Carlos R. Gonçalves e/ou Paulo Lôbo sobre existência, validade e eficácia do
casamento.

 Eficácia do casamento

- Efeitos do casamento => Ato jurídico complexo (conjunto de atos). Deve se ter
necessariamente uma manifestação de vontade livre.

- Art. 1565: ratifica o princípio da igualdade, “mutuamente”.

- Art. 1566: deveres.

- Art. 1569: ameniza o requisito da vida em comum no mesmo teto (situações extraordinárias
que fazem com que um dos cônjuges esteja ausente).

- Art. 1567: colaboração entre os cônjuges (interesse do casal e dos filhos). Intervenção estatal:
divergência entre os cônjuges. Postula-se que essa intervenção seja a mínima possível:
autonomia do casal [a não ser que haja interesse relacionado a guarda, aos filhos, etc., deve-se
deixar o planejamento familiar livre].

- Os deveres se estendem à união estável, salvo a vida em comum no mesmo teto, que não é
necessária para a caracterização da união estável.
- Para o casamento, o código fala em fidelidade recíproca, e, para a união estável, fala em
lealdade.

*Relação de parentesco

*Nome

*Planejamento familiar

*Domicílio conjugal

*Regime de bens

 União Estável

- Efeitos => constituição

- CF/88

- Lei 8741/94: Regula o direito dos companheiros a alimentos e à sucessão.

- Lei 9278/96: Regula o §3º do art. 226 da CF.

- Ato-fato jurídico (independe da vontade). Não existem exigências legais para configuração,
inclusive podendo ser reconhecida mesmo sem essa plena de manifestação de vontade. A
produção de efeitos vai se subordinar ao que disciplina o art. 1723 do CC. Paulo Lobo enxerga
como requisitos para toda entidade (seja casamento ou união estável): ostensibilidade,
afetividade e estabilidade.

- Estado de fato => pode se converter numa relação jurídica.

- Súmula 380 STF e Súmula 382 (more uxório – como se casados fossem). Observavam-se as
relações alheias ao casamento apenas no campo obrigacional (concubinato). Essa noção acaba
com o reconhecimento, pela CF/88, da união estável. Saiu-se da lógica da divisão entre
concubinato puro [não havia impedimento para o casamento] e impuro [havia impedimento]. O
concubinato puro foi substituído por união estável. O concubinato impuro continua sendo
regulado pelo CC no art. 1727.

- art. 1723 a 1727.

- Ler página 156 de Paulo Lobo (último parágrafo).

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