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MERITÍSSIMO (ou DOUTO) JUÍZO DA _______VARA DE FAMÍLIA DA

COMARCA DE _____________________ - UF.

Documentos necessários:

1. RG, CPF e comprovante de residência dos cônjuges;


2. Certidão de casamento;
3. Documento de todos os bens que possuem;
4. Certidão de nascimento dos filhos se houver;

Fulano de tal, brasileiro, comerciante, portador do CPF xxxxxxxxxxxxxxxxx e


do RG xxxxxxxxxxxxxxxxx, com endereço Rua tal, setor tal lote tal, cep xxxx,
cidade xxxxx – UF,, casado em regime de separação total de bens com
FULANA DE TAL , brasileira, professora, inscrita no CPF sob o número
xxxxxxxxxxxxxxx, RG xxxxxxxxx, residente e domiciliado à Av. Tal, QD. Tal,
LT. Tal,, Setor: tal, cidade xxxx UF XX, CEP XXXXXXX, por meio de
jurisdição voluntária, e com fulcro no art. 734, parágrafos 1º, 2º 3º, do Código
de Processo Civil, e 1523, Inciso I art. 1639, parágrafo 2º 1641, parágrafo 1º
Todos do Código Civil, vem à presença de Vossa Excelência apresentar:

AÇÃO DE ALTERAÇÃO CONSENSUAL DE REGIME DE BENS NO


CASAMENTO
(DE SEPARAÇÃO TOTAL PARA COMUNHÃO PARCIAL)

Que o fazem pelos motivos de fato e de direito que a seguir serão expostos.

I- DOS FATOS.

No dia... De... De 2015 os agora cônjuges deram-se em casamento, pelo


regime de separação total de bens, em virtude de haver a causa suspensiva
do casamento, haja vista que o cônjuge varão, a época viúvo, possuía filhos
com o cônjuge falecido e não havia finalizado o inventário e
consequentemente não havia dado partilha aos herdeiros, conforme o
artigo 1523, inciso I do Código Civil Brasileiro.
Estando então o cônjuge varão em causa suspensiva do casamento, mas
intentando casarem-se os noivos à época, tiveram que optar pela única
possibilidade de regime de bens no casamento que era a separação total de
bens, conforme preleciona o Códex Civil no art. 1639, parágrafo 1º.

Foi essa a única saída encontrada pelos conjugues para efetivarem a sua
união civil à época, ainda que o desejo pessoal que agora ambos expressam,
fosse de se casarem pelo regime de comunhão parcial de bens desde o
início, só escolhendo o regime de separação por força da lei e não haver
alternativa.

Agora, tendo já finalizado o inventário e dado partilha aos herdeiros,


conforme formais de partilha em anexo, vem os cônjuges requerer a alteração
do regime de bens no casamento de SEPARAÇÃO TOTAL PARA
COMUNHÃO PARCIAL.

Ressalta-se desde já que não há nenhum intento de prejudicar direito de


terceiros, pelo contrário, já que caso fosse alterar comunhão universal ou
parcial para separação total é que haveria alguma possibilidade de prejuízo a
terceiros. Da mudança de separação total de bens para comunhão parcial,
diante do caso concreto, não há nenhuma possibilidade de prejuízo a quem
quer que seja.

Dessa forma, vem em consenso os cônjuges requerer a alteração do


regime de bens no casamento de separação total de bens, para comunhão
parcial de bens.

II- DO DIREITO.

Como é cediço, a possibilidade jurídica dessa ação de modificação do


regime de bens, foi criada pelo Código Civil de 2002, especialmente pelo seu
art. 1.639, § 2º, segundo o qual: "É admissível alteração do regime de bens,
mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges,
apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de
terceiros".

A regra foi praticamente repetida pelo caput do art. 734 do Novo Código
de Processo Civil, in verbis: "A alteração do regime de bens do casamento,
observados os requisitos legais, poderá ser requerida, motivadamente, em
petição assinada por ambos os cônjuges, na qual serão expostas as razões
que justificam a alteração, ressalvados os direitos de terceiros".

Diante da necessidade da motivação do pedido, passa-se agora a apontar


os motivos que levaram os conjugues a consensualmente buscarem a tutela
jurisdicional para alterarem o regime de casamento, com efeito retroativo à
data do casamento, sendo esse o entendimento de Vossa Excelência.
2.1 DA AUTONOMIA DA VONTADE.

É livre o exercício do Direito, desde que não tenha o fim de prejudicar


ninguém, conforme doutrina a Constituição Federal. Os cônjuges são
maiores, capazes, podem decidir ao bel prazer a forma de consorciarem-se e
de dividirem suas vidas, não devendo o Estado impor ou administrar aquilo
que foge ao seu alcance.

A vida dos administrados ainda sofre uma grande interferência do


Estado que aos poucos vai mudando através da jurisprudência e dos próprios
dispositivos de Lei. Consigne-se que, em sentido muito próximo, o Tribunal
Paulista entendeu que não há necessidade de detalhamento das razões, ou
seja, pela "desnecessidade de apresentação muito pormenorizada de razão"
para a alteração do regime (TJSP, Apelação 0018358-39.2009.8.26.0344,
Acórdão 5185207, Marília, Sétima Câmara de Direito Privado, Rel. Des.
Gilberto de Souza Moreira, j. 01.06.2011, DJESP 09.08.2011).

Mais recentemente, pronunciou-se da mesma maneira o Superior


Tribunal de Justiça, conforme publicação que consta do seu Informativo n.
518, com o seguinte tom:
"Nesse contexto, admitida a possibilidade de
aplicação do art. 1.639, § 2º, do CC/2002 aos
matrimônios celebrados na vigência do CC/1916, é
importante que se interprete a sua parte final –
referente ao 'pedido motivado de ambos os
cônjuges’ e à 'procedência das razões invocadas’
para a modificação do regime de bens do
casamento – sob a perspectiva de que o direito de
família deve ocupar, no ordenamento jurídico, papel
coerente com as possibilidades e limites
estruturados pela própria CF, defensora de bens
como a intimidade e a vida privada. Nessa linha de
raciocínio, o casamento há de ser visto como uma
manifestação de liberdade dos consortes na
escolha do modo pelo qual será conduzida a vida
em comum, liberdade que se harmoniza com o fato
de que a intimidade e a vida privada são invioláveis
e exercidas, na generalidade das vezes, no interior
de espaço privado também erguido pelo
ordenamento jurídico à condição de 'asilo
inviolável'. Sendo assim, deve-se observar uma
principiologia de 'intervenção mínima', não podendo
a legislação infraconstitucional avançar em espaços
tidos pela própria CF como invioláveis. Deve-se
disciplinar, portanto, tão somente o necessário e o
suficiente para a realização não de uma vontade
estatal, mas dos próprios integrantes da família.
Desse modo, a melhor interpretação que se deve
conferir ao art. 1.639, § 2º, do CC/2002 é a que não
exige dos cônjuges justificativas exageradas ou
provas concretas do prejuízo na manutenção do
regime de bens originário, sob pena de
esquadrinhar indevidamente a própria intimidade e
a vida privada dos consortes. Nesse sentido,
a constituição de uma sociedade por um dos
cônjuges poderá impactar o patrimônio comum do
casal. Assim, existindo divergência conjugal quanto
à condução da vida financeira da família, haveria
justificativa, em tese, plausível à alteração do
regime de bens. Isso porque se mostra razoável
que um dos cônjuges prefira que os patrimônios
estejam bem delimitados, para que somente o do
cônjuge empreendedor possa vir a sofrer as
consequências por eventual fracasso no
empreendimento" (STJ, REsp 1.119.462/MG, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, j. 26.02.2013).

Em suma, tem-se mitigado jurisprudencialmente a estrita exigência


normativa do art. 1.639, § 2º, do CC/2002, o que vem em boa hora, pois são
os cônjuges aqueles que têm a melhor consciência sobre os embaraços que o
regime de bens adotado pode gerar em sua vida cotidiana.

2.3 DA EXTINÇÃO DA CAUSA SUSPENSIVA DO CASAMENTO.

Ocorreu o desaparecimento de causa suspensiva do casamento


(art. 1.523do Código Civil), sendo possível alterar o regime da separação
obrigatória de bens para outro, na linha do que consta do Enunciado n. 262
do CJF/STJ, da III Jornada de Direito Civil. A jurisprudência superior já conclui
desse modo, cabendo trazer à colação: "por elementar questão de
razoabilidade e justiça, o desaparecimento da causa suspensiva durante o
casamento e a ausência de qualquer prejuízo ao cônjuge ou a terceiro,
permite a alteração do regime de bens, antes obrigatório, para o eleito pelo
casal, notadamente porque cessada a causa que exigia regime específico,
(STJ, REsp 821.807/PR, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j.
19.10.2006, DJ 13.11.2006, p. 261).

No momento é o que cabe alegar, a livre vontade dos cônjuges e o


desaparecimento da causa suspensiva do casamento, são mais que
suficientes para embasar o pedido de alteração do regime de bens no
casamento, não havendo óbice para sua concessão, que desde já requer,
inclusive com efeito retroativo à data de casamento.

III- DOS PEDIDOS.

Pelo exposto, requerem;

a) A intimação do Ministério Público para se manifestar sobre o pedido nos


termos do § 1º do art. 734;
b) A publicação de editais para conhecimento da pretendida alteração,
também nos termos do § 1º do art. 734;

c) A procedência do pedido com a homologação da alteração do regime de


bens do SEPARAÇÃO TOTAL DE BENS no casamento para o regime
da COMUNHÃO PARCIAL DE BENS no casamento, pelas razões expostas
nesta exordial, atribuindo-se efeito retroativo (ex tunc) excepcionalmente, pela
vontade das partes.

d) Com a procedência, após o trânsito em julgado da sentença, a expedição


dos mandados de averbação aos cartórios de registro civil e de imóveis.

Protestam pela produção de todas as provas em direito admitidas,


notadamente pelos documentos que instruem o presente pedido.

Dá-se à causa o valor de R$ 100.00 cem reais.

Nestes termos,

Pedem e esperam deferimento,

Local e data.

____________________________________
FULANO DE TAL
Cônjuge varão

__________________________________________
FULANA DE TAL
Cônjuge virago

____________________________________________
ADVOGADO
OAB/UF...

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