2- Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver 3- Disposições transitórias: Art. 2.039. O regime de bens nos casamentos celebrados na vigência do Código Civil anterior, 1916, é o por ele estabelecido. (Possibilidade de mutabilidade STJ, Centro de Estudos Judiciários do Conselho Nacional de Justiça) 4- Brasil: duas tendências: separação de bens e comunhão de bens. Preferência: comunhão de bens (Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.) Tendência brasileira: comunicabilidade de bens. Motivos: 1- Pontes de Miranda: O direito canônico, “mais religioso do que político e moral”, se faz presente em quase todos os institutos do direito de família, o que levou Orlando Gomes a afirmar que a legislação brasileira incorporou “certos princípios morais, emprestando-lhes conteúdo jurídico, particularmente no direito de família”. 2- Clóvis Beviláqua ao afirmar que “[...] esta pronunciada predileção pelo regime da comunhão, entre nós, explica-se bem por estar ele em acordo mais pleno com a índole da união conjugal”.
5- Autonomia da vontade: Pacto antenupcial
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.
Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor,
fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha
disposição absoluta de lei.
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de
participação final nos aqüestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares. Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.
Pacto anulável e nulo: consequências
6- Regime da Comunhão parcial de bens
- Regime legal- Desde a Lei do divórcio, mantido no Código Civil 2002.
-Regime misto, comunhão de aquestos - Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares. -Rolf Madaleno: informar na escritura, guardar depósito. Obs. VI – bens comprados com esses valores são partilhados (doutrina) STJ: REsp nº 1024169/RS: “evitar distorções que favoreçam,..., aquele cônjuge que mantém em aplicação financeira sua remuneração, em detrimento àquele que se vê obrigado a satisfazer as necessidades inerentes ao casamento, como manutenção, educação dos filhos,...
7- Regime da participação final nos aquestos
Durante o casamento, os cônjuges vivem sob o regime da separação de
bens. Ocorrendo a dissolução, reconstitui-se contabilmente uma comunhão de aquestos. Verifica-se o patrimônio, ou acréscimo patrimonial de cada um dos cônjuges, realiza-se um balanço contábil, o enriquecimento obtido pelo (s) cônjuge(s), e efetua-se a divisão do saldo. Zeno Veloso: “não se forma uma massa a ser partilhada, o que ocorre é um crédito em favor de um dos cônjuges contra o outro, para igualar os acréscimos, os ganhos obtidos durante o casamento. ” Cônjuge pode optar entre reivindicar os bens em espécie ou imputação do valor. (Esses bens são aqueles que “os cônjuges sabem terem sido adquiridos com a participação de ambos, embora estejam em nome de apenas um deles”.)
Separação de bens: (art. 1.641) ou opção (art. 1.687).
Independentemente da origem – imposição ou opção – esse regime se caracteriza pela ausência de patrimônio comum e, ao contrário do regime legal (comunhão parcial), os cônjuges mantêm autonomia econômica distinta.
Art.259 CC/1916- “Embora o regime não seja o da comunhão de bens,
prevalecerão no silêncio do contrato, os princípios dela, quanto à comunicação dos adquiridos, na constância do casamento”. Súmula STF- No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento. Tal interpretação, contrária à intenção do casal, criou entendimento jurisprudencial no sentido de aplicar os princípios da comunhão parcial de bens, em relação aos bens adquiridos durante o casamento nos casos do regime de separação de bens convencional. Superior Tribunal de Justiça, em REsp25 de relatoria da Ministra Nancy Andrighi, já havia se manifestado sobre a impossibilidade de a súmula ser estendida para o regime de separação convencional de bens. A Lei dos Registros Públicos assim dispõe no seu art. 70, nº 7: “Do matrimônio, logo depois de celebrado, será lavrado assento, assinado pelo presidente do ato, os cônjuges, as testemunhas e o oficial, sendo exarados: [...] 7º) o regime de casamento, com declaração da data e do cartório em cujas notas foi tomada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão ou o legal que, sendo conhecido, será declarado expressamente” Mário Luiz Delgado: [...] podem os nubentes, atingidos pelo art. 1.641, inciso II do Código Civil, afastar por escritura pública, a incidência da Súmula 377 do STF, estipulando nesse ponto e na forma do que dispõe o art. 1.639, caput, do Código Civil, quanto aos seus bens futuros o que melhor lhes aprouver.
Provimento nº 8/2016 da Corregedoria Geral da Justiça de Pernambuco.37
O citado provimento dispôs sobre o afastamento da reportada Súmula nº 377 do STF, quando determina: a) no regime de separação legal ou obrigatória de bens, na hipótese do art. 1.641, inciso II, do Código Civil deverá o oficial do registo civil cientificar os nubentes da possibilidade de afastamento da incidência da Súmula 377 do STF, por meio de pacto antenupcial e, b) o oficial do registro esclarecerá sobre os exatos limites dos efeitos do regime de separação obrigatória de bens, onde comunicam-se os bens adquiridos onerosamente na constância do casamento. (Artigo 1º). Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça de São Paulo (Recurso Administrativo nº 1065469- 74.2017.8.26.0100): “REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS – CASAMENTO – PACTO ANTENUPCIAL – SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA – ESTIPULAÇÃO DE AFASTAMENTO DA SÚMULA 377 DO STF – POSSIBILIDADE. Nas hipóteses em que se impõe o regime de separação obrigatória de bens (art. 1.641 do CC), é dado aos nubentes, por pacto antenupcial, prever a incomunicabilidade absoluta dos aquestos, afastando a incidência da súmula 377 do Excelso Pretório, desde que mantidas todas a demais regras do regime de separação obrigatória. Situação que não se confunde com a pactuação para alteração do regime de separação obrigatória, para o de separação convencional de bens, que se mostra inadmissível”.
Projeto de Lei nº 2.285/2007: Estatuto das Famílias- suprimiu o regime da
separação legal obrigatória, justificando por seu “caráter discriminatório e atentatório à dignidade dos cônjuges”.
Referências bibliográficas:
LEITE, Eduardo de Oliveira .A “armadilha” do regime de separação de
bens e a humanização do direito de família brasileiro. https://rbdcivil.ibdcivil.org.br/rbdc/article/view/273
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Capítulo: LXXXIX.
Biblioteca virtual, Minha biblioteca, https://siga.ufjf.br/ TEPEDINO, Gustavo; TEIXEIRA. Ana Carolina Brochado. Fundamentos do Direito Civil. Vol. 6. Forense. Capítulo III.