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Direito de Família

Prof. Me. Matheus Catão

Do regime de bens do casamento (art. 1.639 e ss.)

Parte Geral

1. Conceito: “Por regime de bens, entenda-se o conjunto de


normas que disciplina a relação jurídico-patrimonial entre os
cônjuges, ou, simplesmente, o estatuto patrimonial do
casamento” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2021).
2. Princípios
a. Autonomia da vontade ou liberdade de escolha: Os
nubentes podem, por livre vontade, escolher o regime de
bens que melhor se adeque as suas necessidades
(mitigada pelo art. 1.641 do CC que determina 03
hipóteses em que a separação de bens é obrigatória
(regime legal obrigatório (Constitucionalidade
contestada))).
b. Variabilidade: O Código prevê uma série de opções de
regime de bens possíveis e não um regime único. Assim,
cabe as partes escolherem o melhor regime de acordo
com a situação. Inclusive, é permitida a adoção de regime
patrimonial misto (Enunciado 331 da IV Jornada de
Direito Civil)(Se materializa pelo Pacto Antenupcial(art.
1.653 e ss., negócio jurídico solene e de eficácia
condicionada ao casamento))
c. Multabilidade (art. 1.639 do CC), novidade introduzida
pelo CC/02 que autoriza as partes a modificarem o
regime de bens na constância do vínculo conjugal.

Da autorização conjugal ou outorga uxória (art. 1.647 e ss)

1. Trata-se de instituto de longa tradição que, com o objetivo de


proteger o patrimônio do cônjuge em face de decisões tomadas
exclusivamente pelo outro, determina que alguns negócios
jurídicos só podem ser celebrados com autorização do
consorte.
2. Não se aplica aos casamentos realizados sob o regime de
separação absoluta de bens (que não existe e a doutrina
interpreta como separação convencional (considerando que a
separação obrigatória não tem caráter absoluto (Súmula 377
do STF)).
3. Poderá ser suprida pelo juiz na hipótese de oposição injusta de
um dos cônjuges (art. 1.649).
4. Ausência é causa de anulabilidade do negócio jurídico, que
poderá ser pleiteada pelo outro no prazo de 02 anos após a
dissolução do vínculo conjugal.
5. Súmula 332 do STJ.

Da mudança no regime de bens (art. 1.639, 2º, do CC)

1. Depende de pronunciamento judicial (procedimento de


jurisdição voluntária, não admite litígio).
2. Não é direito potestativo (deve, portanto, ser motivado e as
razões acolhidas pelo juízo).
3. Não pode atingir direito de terceiros (Necessidade de
publicação de edital e oitiva do MP).
4. Parte da doutrina entende que tem efeito ex nunc e outra
entende que tem efeito ex tunc.
5. É cabível em casamentos celebrados antes do CC/2002
(STJ, 2009).

Parte Especial

Comunhão parcial de bens

1. Regime mais comum e o supletivo (estabelecido em casos


omissos e em caso de nulidade do pacto antenupcial ou do
casamento) (art. 1.640 do CC).
2. Separação do passado e comunhão do futuro (Princípio da
presunção do esforço comum) (art. 1.658).
3. Comunicabilidade relativa (Incomunicabilidade: art. 1.659 e
1.661)
4. A administração dos bens comuns compete a ambos os
cônjuges (princípio da isonomia);
5. Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a
administração a apenas um dos cônjuges.
6. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na
administração de seus bens particulares e em benefício destes,
não obrigam os bens comuns (art. 1.666).
7. Admite-se a constituição de sociedade entre os cônjuges desde
que envolva apenas os bens particulares.
Comunhão Universal de Bens

1. Fusão do patrimônio anterior dos nubentes, ou seja, tende a


formação de uma unicidade patrimonial entre os consortes (art.
1.667);
2. Ainda assim a comunicabilidade não é absoluta (art. 1.668);
3. A incomunicabilidade não se estende aos frutos dos bens
constantes no artigo supracitado;
4. A administração dos bens segue as mesmas regras da
comunhão parcial de bens.

Separação de bens

1. Depende de menção expressa, não se confundindo, portanto,


com a separação obrigatória dos bens;
2. Princípio da incomunicabilidade (cada um tem o seu);
3. Incomunicabilidade absoluta? Não! Admitida a
comunicabilidade excepcionalmente, caso fique comprovado o
esforço comum com base no princípio da vedação ao
enriquecimento sem causa.
4. Na administração dos bens, cada cônjuge responde pelas
dividas que contraiu, salvo as revertidas em proveito do casal,
que devem ser assumidas por ambos os cônjuges (art. 1.688
do CC).
5. Dispensa a autorização matrimonial ou outorga uxória;

Participação final dos aquestos


1. É extremamente raro (tanto na vida prática quanto nas
questões de prova);
2. Art. 1.672: No regime de participação final nos aquestos,
cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto
no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da
sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos
pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
3. Em resumo, tem efeito apenas na dissolução da sociedade,
em que as partes terão direito à meação dos bens adquiridos
pelo esforço comum;
4. Difere-se da comunhão parcial de bens porque nesta
modalidade, os bens adquiridos por qualquer das partes se
comunica na constância do matrimônio. O regime de
participação final separa o que foi ou não adquirido por
esforço comum.
5. O cônjuge sobrevivente concorrerá na herança com os
filhos, o que, na comunhão parcial, só acontece se houver
bens particulares.
6. O pacto antenupcial pode convencionar a disposição livre
dos bens imóveis (art. 1.656);
7. Caso um cônjuge salde dívida contraída pelo outro, cabe, na
dissolução, compensação pelo que foi adimplido (art. 1.678).

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