1. Conceito: “Por regime de bens, entenda-se o conjunto de
normas que disciplina a relação jurídico-patrimonial entre os cônjuges, ou, simplesmente, o estatuto patrimonial do casamento” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2021). 2. Princípios a. Autonomia da vontade ou liberdade de escolha: Os nubentes podem, por livre vontade, escolher o regime de bens que melhor se adeque as suas necessidades (mitigada pelo art. 1.641 do CC que determina 03 hipóteses em que a separação de bens é obrigatória (regime legal obrigatório (Constitucionalidade contestada))). b. Variabilidade: O Código prevê uma série de opções de regime de bens possíveis e não um regime único. Assim, cabe as partes escolherem o melhor regime de acordo com a situação. Inclusive, é permitida a adoção de regime patrimonial misto (Enunciado 331 da IV Jornada de Direito Civil)(Se materializa pelo Pacto Antenupcial(art. 1.653 e ss., negócio jurídico solene e de eficácia condicionada ao casamento)) c. Multabilidade (art. 1.639 do CC), novidade introduzida pelo CC/02 que autoriza as partes a modificarem o regime de bens na constância do vínculo conjugal.
Da autorização conjugal ou outorga uxória (art. 1.647 e ss)
1. Trata-se de instituto de longa tradição que, com o objetivo de
proteger o patrimônio do cônjuge em face de decisões tomadas exclusivamente pelo outro, determina que alguns negócios jurídicos só podem ser celebrados com autorização do consorte. 2. Não se aplica aos casamentos realizados sob o regime de separação absoluta de bens (que não existe e a doutrina interpreta como separação convencional (considerando que a separação obrigatória não tem caráter absoluto (Súmula 377 do STF)). 3. Poderá ser suprida pelo juiz na hipótese de oposição injusta de um dos cônjuges (art. 1.649). 4. Ausência é causa de anulabilidade do negócio jurídico, que poderá ser pleiteada pelo outro no prazo de 02 anos após a dissolução do vínculo conjugal. 5. Súmula 332 do STJ.
Da mudança no regime de bens (art. 1.639, 2º, do CC)
1. Depende de pronunciamento judicial (procedimento de
jurisdição voluntária, não admite litígio). 2. Não é direito potestativo (deve, portanto, ser motivado e as razões acolhidas pelo juízo). 3. Não pode atingir direito de terceiros (Necessidade de publicação de edital e oitiva do MP). 4. Parte da doutrina entende que tem efeito ex nunc e outra entende que tem efeito ex tunc. 5. É cabível em casamentos celebrados antes do CC/2002 (STJ, 2009).
Parte Especial
Comunhão parcial de bens
1. Regime mais comum e o supletivo (estabelecido em casos
omissos e em caso de nulidade do pacto antenupcial ou do casamento) (art. 1.640 do CC). 2. Separação do passado e comunhão do futuro (Princípio da presunção do esforço comum) (art. 1.658). 3. Comunicabilidade relativa (Incomunicabilidade: art. 1.659 e 1.661) 4. A administração dos bens comuns compete a ambos os cônjuges (princípio da isonomia); 5. Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a administração a apenas um dos cônjuges. 6. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na administração de seus bens particulares e em benefício destes, não obrigam os bens comuns (art. 1.666). 7. Admite-se a constituição de sociedade entre os cônjuges desde que envolva apenas os bens particulares. Comunhão Universal de Bens
1. Fusão do patrimônio anterior dos nubentes, ou seja, tende a
formação de uma unicidade patrimonial entre os consortes (art. 1.667); 2. Ainda assim a comunicabilidade não é absoluta (art. 1.668); 3. A incomunicabilidade não se estende aos frutos dos bens constantes no artigo supracitado; 4. A administração dos bens segue as mesmas regras da comunhão parcial de bens.
Separação de bens
1. Depende de menção expressa, não se confundindo, portanto,
com a separação obrigatória dos bens; 2. Princípio da incomunicabilidade (cada um tem o seu); 3. Incomunicabilidade absoluta? Não! Admitida a comunicabilidade excepcionalmente, caso fique comprovado o esforço comum com base no princípio da vedação ao enriquecimento sem causa. 4. Na administração dos bens, cada cônjuge responde pelas dividas que contraiu, salvo as revertidas em proveito do casal, que devem ser assumidas por ambos os cônjuges (art. 1.688 do CC). 5. Dispensa a autorização matrimonial ou outorga uxória;
Participação final dos aquestos
1. É extremamente raro (tanto na vida prática quanto nas questões de prova); 2. Art. 1.672: No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. 3. Em resumo, tem efeito apenas na dissolução da sociedade, em que as partes terão direito à meação dos bens adquiridos pelo esforço comum; 4. Difere-se da comunhão parcial de bens porque nesta modalidade, os bens adquiridos por qualquer das partes se comunica na constância do matrimônio. O regime de participação final separa o que foi ou não adquirido por esforço comum. 5. O cônjuge sobrevivente concorrerá na herança com os filhos, o que, na comunhão parcial, só acontece se houver bens particulares. 6. O pacto antenupcial pode convencionar a disposição livre dos bens imóveis (art. 1.656); 7. Caso um cônjuge salde dívida contraída pelo outro, cabe, na dissolução, compensação pelo que foi adimplido (art. 1.678).