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Dos Regimes de Bens no Casamento

Prof. Evander Dias


Classificação
• Quanto à origem:
• Convencional: decorre de um contrato feito pelas
partes. Faz-se por um pacto antenupcial. Os regimes
devem ser necessariamente decorrentes de contrato.
• Legal: têm-se dois tipos que decorrem da lei. O regime
da comunhão parcial é o regime legal na falta de
convenção (artigo 1.640, caput, do Código Civil). Esse
regime também é chamado de regime comum. O regime
da separação de bens obrigatório está previsto para
certas pessoas. No artigo 1.641, caput, existem três
hipóteses em que a lei obriga o regime de separação de
bens.
Classificação

• Quanto aos efeitos:


• Pode ser comunitário ou não comunitário, de
acordo com a comunicação ou não dos bens dos
cônjuges:
• comunitário: enquadram-se a comunhão
universal e a comunhão parcial de bens e
participação final nos aqüestos;
• não comunitário: enquadram-se a separação de
bens.
Princípios
• Princípio da irrevogabilidade:
• O Código Civil de 1916 determinava que o regime
convencionado era irrevogável. O atual sistema admite
a mutabilidade do regime, porém preenchidos alguns
requisitos, a saber: vontade de ambos os cônjuges;
proteção ao terceiro de boa-fé; justo motivo para
mudança e decisão judicial.
• Princípio da variedade de regimes:
• A lei coloca a disposição dos nubentes quatro regimes
de bens, o da comunhão parcial de bens, da comunhão
universal de bens, da separação de bens, e da
participação final nos aquestos.
Princípios
• Princípio da livre estipulação:
• Significa autonomia de vontade, que é uma das
características da celebração de um contrato.
Os nubentes têm liberdade para estabelecer
qual regime de bens querem adotar.
• Essa liberdade só existe para os nubentes, visto
que os cônjuges devem, obrigatoriamente,
submeter-se ao regime convencionado. Essa
liberdade, entretanto, é relativa, não podendo
os nubentes estabelecer cláusulas no pacto que
contrariem a lei.
Objeto
• O objeto do regime de bens são os próprios bens
dos cônjuges. Inexistindo os bens, não há regime
de bens.

• Os bens serão comunicáveis ou não, de acordo com


o regime de bens, não havendo necessidade de se
provar a colaboração do cônjuge na aquisição
deles. Comunicar significa a propriedade em
comum dos bens, ou seja, cada um dos cônjuges
detém a metade dos bens do casal. Os bens
comunicáveis são chamados de bens comuns, pois
pertencem a ambos os cônjuges, dando a eles o
direito de meação.
Objeto
• Os bens não comunicáveis são aqueles particulares
de cada um dos cônjuges, não estando sujeitos à
meação. Se houver, entretanto, prova da
participação do outro cônjuge na aquisição deles,
poderá, eventualmente, haver o direito à meação.

• Os bens também podem ser presentes ou futuros.


Bens presentes são aqueles existentes na data do
casamento e só se comunicam no regime da
comunhão universal. Bens futuros são aqueles que
serão adquiridos na constância do casamento
(aqüestos).
Regime da Comunhão Universal de Bens
• Disposto no artigo 1.667 do Código Civil,
nesse regime comunicam-se todos os bens,
presentes ou futuros, e também as dívidas
referentes a esses bens, que se transmitem.
• O artigo 1.668, entretanto, traz algumas
exceções de incomunicabilidade de bens. Há
um rol muito extenso que vai do inciso I
(bens doados ou herdados com a cláusula de
incomunicabilidade e os sub-rogados em seu
lugar) ao inciso V (os bens referidos nos
incisos V a VII do artigo 1.659).
Regime da Comunhão Parcial de Bens

• O regime de comunhão parcial de bens é, hoje, o


regime legal na falta de convenção ou na falta de
exigência de regime obrigatório de separação de bens
(artigo 1.640, caput, do Código Civil).
• É o regime pelo qual se comunicam os aqüestos a título
oneroso, desde que não sejam sub-rogação de bens
anteriores. Aqüestos são os bens adquiridos na
constância do casamento, não se comunicando os bens
anteriores de cada cônjuge.
• Os bens adquiridos a título gratuito não se comunicam
(doação e herança), salvo se houver disposição em
favor de ambos os cônjuges (ex.: doação para a filha e
o genro).
Regime da Comunhão Parcial de Bens
• Os bens não podem ter sido adquiridos com o produto
da alienação de bens anteriores (exemplo: venda de um
imóvel adquirido antes do casamento para comprar
outro imóvel após o casamento. Esse segundo bem não
se comunica).
• O artigo 1.660 dispõe os bens que se comunicam e o
artigo 1.659 dispõem os bens que não se comunicam.
Os frutos civis do trabalho se comunicam tanto no
regime da comunhão universal como no regime da
comunhão parcial (artigo 1.660, inciso V, do Código
Civil).
• As benfeitorias feitas em imóveis adquiridos antes do
casamento se comunicam. Os frutos dos bens
particulares comunicam-se; entretanto, os produtos são
incomunicáveis.
Regime da Separação de Bens
• Disposto nos artigos 1.687 e 1.688, pode ser
convencional ou legal. Nesse regime, os bens não
se comunicam.
• 1. Convencional
• Feito por pacto antenupcial, convencionam-se
quais bens não serão comunicáveis. Existem duas
espécies:
Absoluta: nenhum bem se comunica. Existem algumas
exceções: 1) aquisição conjunta (a comunicação se
faz pelo contrato e não pelo regime de bens); e 2)
se houver prova de esforço comum (decorre do
direito obrigacional, entretanto não basta o
trabalho doméstico, deve existir, efetivamente,
colaboração financeira na aquisição do bem).
Regime da Separação de Bens

• Relativa: em regra, os bens não se comunicam,


mas há no pacto cláusula estipulando algum bem
que irá se comunicar. Depende sempre dos termos
do contrato (pacto antenupcial). No caso de haver
silêncio no pacto quanto aos aqüestos, a lei dispõe
que se deve presumir que os bens se comunicam
(artigo 1.640 do Código Civil).
• 2. Legal
• Disposto no artigo 1.641, incisos I a III. Ainda que
haja disposição em contrário, não será válida.
Haverá a obrigatoriedade do regime de separação
de bens nos seguintes casos:
Regime da Separação de Bens
• a) Inciso I - Nos casamentos celebrados mesmo havendo
as causas suspensivas estabelecidas.

• b) Inciso II - Nos casamentos de pessoas com mais de 70


anos. Pelo sistema anterior os homens tinham que ser
maiores que 60 anos e as mulheres tinham que contar
com mais de 50 anos. Já sob a ótica da Constituição
Federal de 1988 houve a uniformização nos 60 anos.
Com o estatuto do idoso a idade foi majorada para 70
anos.

• c) Inciso III - No casamento de qualquer pessoa que


precise de autorização judicial para se casar.
Regime de Participação Final nos Aqüestos

• É um regime híbrido ou misto, pois na vigência


da sociedade conjugal temos as regras da
separação total de bens, com livre
administração pelos cônjuges. Porém, com a
dissolução da sociedade conjugal ou pela
morte, ou pelo divórcio, ou pela separação
judicial, ou mesmo em caso de nulidade,
voltamos a ter o regime de comunhão parcial de
bens, pois as partes passam a ter direito sobre
a metade de todos os bens (artigo 1.672 do
Código Civil).

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