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6 tipos de regime de bens para


conhecer antes de se casar
Laísa Santos

11-15 minutos

QUAIS OS TIPOS DE REGIME DE BENS E COMO


ESCOLHER O IDEAL PARA O SEU CASAMENTO

A escolha do regime de bens é, quase sempre, negligenciada


entre os noivos. Diversos são os fatores que tornam este um
assunto ainda um tabu entre aqueles que pretendem se casar:
desinformação, desinteresse ou, até mesmo, receio de como o
outro irá interpretar este assunto. Contudo, é importante que

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seja um assunto conversado e debatido entre o casal, pois é o


regime de bens escolhido que norteará a vida patrimonial de
ambos, assim como uma eventual sucessão hereditária.

O que é e como funciona a escolha do regime de


bens?

De maneira bastante objetiva, o regime de bens é o que


regulamentará as relações patrimoniais durante e,
eventualmente, após o casamento. Com uma escolha
consciente, o casal poderá optar pela comunicabilidade dos
bens adquiridos antes do relacionamento ou não e, inclusive, se
há a intenção de haver uma comunicação durante o matrimônio.

O regime de bens impacta não somente durante o


relacionamento e eventual separação, como também na
sucessão hereditária. Por isso é tão importante que o casal
dialogue abertamente e, assim, escolha o que melhor se
encaixa para ambos. 

A escolha do regime de bens se dá previamente ao matrimônio


ou à formalização da união estável e, a depender do regime
escolhido, é necessário lavrar um pacto antenupcial. Há a
possibilidade, também, da alteração do regime de bens – na
hipótese de o casal ter optado por um regime à época do
matrimônio e, após o casamento, ter a intenção de alterá-lo.
Para tanto, será necessário ajuizar uma ação judicial.

Quais são os principais regimes de bens?

Os principais regimes de bens utilizados pelos casais são:


comunhão parcial de bens, comunhão universal de bens e
separação total de bens. Além destes, existem o de separação
obrigatória de bens – decorrente da lei -, o de participação final

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nos aquestos e o regime misto. 

Abaixo, serão apresentados os regimes de bens dispostos na


legislação vigente, assim como as suas principais
características durante o matrimônio ou a convivência.

Comunhão parcial de bens

Esse tipo de regime de bens é, atualmente, o mais comum no


Brasil (conhecido também como regime supletivo). A
legislação atual determina que, na hipótese de os nubentes não
escolherem expressamente o regime de bens, vigorará o da
comunhão parcial de bens.

É oportuno comentar que esse também é, em regra, o regime


adotado em casos de união estável em que os companheiros
não determinam expressamente o regime que vigorará durante
a relação.

De forma bastante simplificada, o regime da comunhão


parcial de bens se caracteriza pela comunicação apenas dos
bens adquiridos onerosamente, por um ou pelos dois,
durante o casamento ou a união estável. Em outras palavras,
tudo aquilo que foi adquirido durante a constância do
relacionamento será partilhado em caso de divórcio ou
dissolução da união estável, salvo se comprovado que foi
adquirido através da sub-rogação de bens particulares.

Neste regime, os bens e valores que cada cônjuge possuía


quando do início da relação, assim como tudo o que receberem
por sucessão e/ou doação, em regra, não se comunicarão.

Contudo, é necessário que haja prova inequívoca da forma de


recebimento destes bens para que inexista a sua comunicação.
Os tribunais pátrios são uníssonos no sentido de que é dever do
cônjuge ou companheiro que não queira a partilha de

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determinado bem comprovar que o bem foi adquirido


anteriormente ao início da convivência ou que adveio em sub-
rogação a bem particular. Caso contrário, o bem há de integrar
a partilha, na proporção de 50% para cada um. 

Ademais, a administração do patrimônio comum compete a


qualquer um dos cônjuges – salvo expressas determinações -,
bem como as dívidas contraídas durante o relacionamento.

Comunhão universal de bens

Até a Lei do Divórcio (Lei n. 6.515/77), por razões históricas e


morais, a comunhão universal de bens era o regime adotado
como supletivo (legal). Ou seja, quando não havia estipulação
contrária pelos nubentes, prevalecia a comunhão universal de
bens – situação semelhante à atual com o regime de comunhão
parcial de bens.

Apesar de pouco utilizado, ainda nos dias de hoje é bastante


comum encontrar casais de gerações anteriores casados sob
este regime.

No regime da comunhão universal de bens, todos os bens se


comunicam, independentemente do momento e da forma que
eles foram adquiridos. Cria-se uma única massa patrimonial, na
qual todo o patrimônio anterior ao casamento é agora do casal,
assim como os bens futuros, recebidos a título gratuito (por
doação ou herança) ou onerosos, salvo situações excepcionais.

Ainda, em geral, as dívidas anteriores ao casamento estão


excluídas da comunhão. Entretanto, comprovando-se que essas
dívidas se reverteram em proveito do casal, poderá haver a sua
comunicabilidade. 

Separação de bens

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O regime da separação de bens (também chamado de


separação convencional de bens, separação total ou absoluta)
é, via de regra, o oposto do regime de comunhão universal.
Neste tipo de regime, não há a comunicabilidade tanto do
patrimônio anterior ao casamento quanto dos bens adquiridos
na constância do relacionamento, seja a título gratuito ou
oneroso.

Nessa modalidade, há uma independência patrimonial. Ou


seja, os integrantes do relacionamento permanecerão sob a
administração exclusiva dos seus próprios bens,
separadamente.

Na hipótese de um casal, que optou pelo regime da separação


de bens, ter a intenção de adquirir um bem imóvel ou móvel
(um carro, por exemplo), recomenda-se que o instrumento de
compra e venda seja feito em nome de ambos, constando o
percentual que cada um investiu quando da realização do
negócio.

Este é um regime que vem ganhando cada vez mais


popularidade entre os casais jovens, pois permite uma maior
autonomia e liberdade acerca da destinação do patrimônio.
Ademais, também propicia uma maior proteção ao patrimônio,
eis que em eventual ação judicial de cobrança ou execução de
dívida, em regra, somente os bens do devedor poderão ser
penhorados, mantendo os bens do outro cônjuge preservados.

Tendo como norte esta cisão patrimonial que norteia o


relacionamento, toda e qualquer pretensão de indenização
financeira, como, por exemplo, os valores de contribuição em
uma reforma no decorrer do relacionamento, necessitará de
prova efetiva para a sua ocorrência.

Além da separação convencional de bens, há, também, a

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separação obrigatória de bens. Neste caso, há uma


obrigação legal, não sendo permitido aos nubentes escolher o
regime de bens que consideram mais adequado.

Há um rol taxativo em que a lei impõe o regime de separação


obrigatória, qual seja: (i) para as pessoas que contraíram
matrimônio com inobservância das causas suspensivas da
celebração, situações estas previstas em lei ; (ii) da pessoa
maior de setenta anos e; (iii) de todos os que dependerem, para
casar, de suprimento judicial.

Participação final nos aquestos

O regime de participação final nos aquestos é de difícil


compreensão e, ainda, de pouca usabilidade. A sua
complexidade reside no fato de que possui uma natureza
híbrida, com características tanto do regime de separação
quanto de comunhão parcial de bens.

Neste regime, cada cônjuge ou companheiro, durante a união,


possui o seu próprio patrimônio, sendo unicamente responsável
por sua administração – assim como no regime da separação
de bens. Contudo, ao findar o relacionamento, os bens
adquiridos durante o período de convivência se tornam comuns
ao casal e serão partilhados na proporção de metade para cada
um – assim como o regime da comunhão parcial de bens.

Para a apuração dos aquestos serão excluídos da soma dos


patrimônios próprios (i) os bens anteriores ao casamento e os
que em seu lugar se sub-rogaram; (ii) os que sobrevieram a
cada um por sucessão ou adoção e; (iii) as dívidas em relação
a esses bens. 

Alerta-se que as dívidas de um dos cônjuges, quando


superiores à sua meação, não obrigam ao outro ou aos seus

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herdeiros.

Regime misto

Como relatado em momento anterior, a regra geral do


ordenamento jurídico brasileiro é a liberdade de escolha. Além
dos regimes de bens previamente estipulados na legislação,
também é possível a criação de regimes mistos.

Para tanto, recomenda-se verificar qual o regime previsto que


mais se adequa ao casal e, após, realizar as ressalvas e
acréscimos, criando um regime diverso daqueles previamente
estipulados no Código Civil.

Sim! Como demonstrado no início do presente artigo, as regras


da liberdade de escolha e da autonomia privada permitem aos
noivos, no processo de habilitação, a criação de regimes mistos.
Contudo, para a opção de regime que não seja o parcial de
bens, é obrigatório que formalizem o pacto antenupcial, no
caso do casamento, e o contrato de convivência, na hipótese
de união estável. 

Ademais, no pacto antenupcial, é possível escolher regras de


dois ou mais regimes, como uma espécie híbrida. 

Pacto antenupcial

Salvo o regime da comunhão parcial de bens, todos os demais


regimes necessitam da lavratura de um pacto antenupcial em
momento anterior ao casamento ou à formalização da união
estável. 

O pacto antenupcial poderá dispor não somente de questões


patrimoniais, como também de cláusulas existenciais, como a
rotina do casal, prefixação de limites de exposição da vida
conjugal e até indenizações em casos de infidelidade. 

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Ele deve ser feito por escritura pública no Tabelionato de Notas


e, posteriormente, deve ser levado ao Cartório de Registro Civil
onde será realizado o casamento ou a formalização da união
estável.

Após a celebração, o pacto deve ser levado ao Cartório de


Registro de Imóveis do primeiro domicílio do casal para que
produza efeitos perante terceiros. Ainda, se um dos nubentes
for empresário, o pacto também deverá ser arquivado e
averbado perante o Registro Público de Empresas Mercantis.
Os efeitos do pacto dependem da realização do matrimônio ou
da união.

Qualquer que seja o regime de bens escolhido, ele somente


começará a vigorar a partir da sua celebração e somente
poderá ser alterado mediante autorização judicial.

Como escolher o melhor regime para o meu


relacionamento

Embora não seja um requisito obrigatório, a presença de um


advogado especializado na área de Família e Sucessões
poderá auxiliar e orientar os nubentes na escolha do regime de
bens mais adequada aos seus interesses, por meio de uma
prévia análise da situação familiar, dos anseios e tirando as
dúvidas do casal.

Através de um planejamento matrimonial é possível não só


escolher o regime de bens mais adequado, como também lavrar
pacto antenupcial com cláusulas que reflitam a realidade e os
desejos de ambos, a fim de preservar o futuro do casal e os
interesses individuais de cada um. A escolha do regime de bens
impactará diretamente não só no patrimônio construído como
também em caso de divórcio e sucessão hereditária. 

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Nesse sentido, a consulta jurídica auxilia os noivos a


encontrarem a solução mais adequada para as suas
expectativas e anseios, levantando pontos de reflexão para o
casal e minimizando eventuais impactos inesperados.

Possui alguma dúvida ou gostou do tema? Encaminhe um


e-mail para contato@schiefler.adv.br que um de nossos
advogados especialistas irá lhe atender. 

Como citar e referenciar este artigo:

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