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SUCESSÕES E NOVAS FAMÍLIAS –

ressignificação de porta retratos

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Caso 1
Fatos
João trabalhava como caminhoneiro autônomo e namorava Maria, que residia
em um apartamento alugado na cidade de São Paulo. Ocorre que, a partir de
15/01/2012, o casal decidiu morar juntos. Com o passar do tempo, João fez um
financiamento, no banco, para adquirir uma casa própria, o contrato foi firmado
em janeiro de 2013. Após dois anos, ele finalmente quitou o financiamento (em
05 de janeiro de 2015). A vida era comum, os gastos divididos, o casal andava
de mãos dadas pela cidade, iam a festas e churrascos dos vizinhos. Por outro
lado, Maria tinha o desejo de ter um filho em comum com João que resistia a
ideia de ser pai, razão pela qual brigaram em 30/12/2015.

Na noite de réveillon do mesmo ano, em Ribeirão Preto, João conheceu Carolina


em uma festa e imediatamente se apaixonou. Carolina e João passaram a
namorar. Porém, o pai de Carolina, Manoel, fez uma doação para sua filha por
ocasião de casamento futuro. Assim, Carolina e João casaram-se
apressadamente, em junho de 2016.
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Entretanto, João continuava a se encontrar com Maria, que ficou grávida
em julho de 2016. O filho em comum, Bernardo nasceu no dia
11/04/2017 com problemas de saúde, necessitando de cuidados
especiais, o que levou Maria a sair do emprego, dedicando-se
exclusivamente aos afazeres do lar e ao filho do casal.

Com o passar dos anos, João adquiriu três apartamentos e comprou um


novo caminhão com o qual fazia as suas viagens de São Paulo para
Ribeirão Preto e vice-versa, ele manteve os dois relacionamentos.
Os relacionamentos vieram às claras por ocasião do falecimento de João
em 03/04/2019 na cidade de Ribeirão Preto, por ocasião de um trágico
acidente de trabalho.

Problemas
Com a morte de João, Maria ficou totalmente desamparada e pretende
que seu relacionamento seja reconhecido pelo ordenamento jurídico
brasileiro como união estável desde o dia 15/01/2012 para se beneficiar
de todos os seus efeitos. Igualmente, declara que não sabia que João era
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casado, pois ele nunca lhe informara.
Carolina, ao descobrir o relacionamento extraconjugal do marido,
pretende que sejam negados os pedidos de Maria, já que, para ela,
trata-se de verdadeiro concubinato adulterino.

Como advogados das partes, qual deverá ser os argumentos jurídicos


convincentes para dispor sobre:
- o reconhecimento ou não de tal situação como família(s), os deveres
maritais, a partilha de bens, pensão por morte e questões relacionadas
ao processo de inventário.

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Caso 2
Fatos

Andressa, Nicole e Raquel mantinham um relacionamento


amoroso, convivendo as três, sob o mesmo teto, desde
03/07/2009, inclusive, compraram a casa que residiam em
conjunto. Ao tomarem ciência da notícia do reconhecimento da
união estável entre casais homoafetivos pelo Supremo Tribunal
Federal, surgiu o desejo de que a relação entre elas também
pudesse ser reconhecida pelo ordenamento jurídico brasileiro.

Para tanto, em 06/02/2012, elas foram até um Cartório de


Registro de Notas de Tatuí/SP e declararam que conviviam, de
forma duradoura, contínua e pública, com o objetivo de
constituírem família desde 2009.
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Também declararam que todo o patrimônio adquirido nesse período
será de propriedade das três, partilhado igualmente; que cada uma
era dependente das outras para fins previdenciários e que, caso se
dissolvesse a relação, haveria o pagamento de pensão alimentícia
entre elas nos termos da lei.

Andressa, Nicole e Raquel pretendiam que tal documento surtisse os


efeitos jurídicos como concessão de benefício previdenciário de
pensão por morte, partilha de bens, alimentos, impedimentos
matrimoniais, entre outros.

Nicole, por sua vez, tinha um filho maior e capaz, chamado Vitor, do
relacionamento anterior, que não aceitava a relação poliafetiva de
sua mãe.

Com efeito, de forma inesperada, no dia 07/07/2019, Nicole veio a


falecer em decorrência de infarto, dias após ganhar o prêmio de R$
1.000.000,00 (um milhão de reais) na loteria. 6
Em seguida, com a abertura do inventário, sendo o filho nomeado
inventariante, Andressa e Raquel peticionam no processo para
ingressarem no feito como companheiras da falecida, juntando a
citada Escritura Pública, a fim de resguardarem os seus direitos
sucessórios

Problemas

Vitor procura o seu advogado com o objetivo de declarar a


nulidade de pleno direito da citada Escritura Pública de União
Poliafetiva. Andressa e Raquel defendem a relação amorosa e
afetiva mantida pelas três companheiras, requerendo que esta seja
reconhecida como entidade familiar, além de pleitearem a sua
meação, direitos hereditários e pensão por m

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Modelos familiares: além dos modelos clássicos
• Família homoafetiva (constituída por pessoas do mesmo
sexo),

• Família mosaico (modelo pelo qual se reconstitui família


pela junção de duas famílias anteriores, unindo filhos de um
e de outro dos genitores, além dos filhos comuns que
eventualmente venham a ter),

• Família anaparental (constituída por parentes e pessoas que


convivem em interdependência afetiva, sem pai ou mãe que
a chefie, como no caso de grupo de irmãos, ou de avós e
netos ou de tios e sobrinhos),
Família socioafetiva (constituída por pessoas não aparentadas
entre si, mas que nutrem interdependência afetiva, como o caso
dos chamados “filhos de criação”, ou a relação paterno/filial
estabelecida afetivamente entre padrasto e enteado, dando vigor
ao princípio da desbiologização da paternidade),

Famílias paralelas (modelos familiares de conjugalidades


concomitantes, isto é, as famílias conjugais – por casamento e
união estável ou por união estável e união estável – paralelas ou
simultâneas).

Famílias poligâmicas ((poliamor) consiste na união que permite o


envolvimento de mais de dois sujeitos, podendo, inclusive que
seus membros, se consentido com os demais, possuir
relacionamentos com terceiros de forma paralela). 9
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