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INTRODUÇÃO

Os Bakongos ou bacongos são um grupo étnico banto que vive numa larga faixa
ao longo da costa atlântica de África, desde o Sul do Gabão até às províncias angolanas
do Zaire e do Uíge, passando pela República do Congo, pelo exclave de Cabinda e pela
República Democrática do Congo. Em Angola são o terceiro maior grupo étnico.

Em Angola, o grupo etnolinguístico Bakongo faz parte do território que na “Era


Colonial” se designava como “Reino do Congo”.

Este é o terceiro maior grupo etnolinguístico do país; ocupa Cabinda e a margem


esquerda do rio Congo, o noroeste do país, entre o mar e o rio Kwango.

A etnia dos Mussocos no nordeste da Lunda junto ao rio Kwango pertence a este
grupo que se distribui pelas províncias de Cabinda, Zaire (Mbanza Congo) e Uíge.

O kikongo é a língua deste povo; a sua área de difusão estende-se também além
das fronteiras nacionais. Ela é falada na República Democrática do Congo (RDC), no
sul do Congo Brazzaville e na República do Gabão

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1. O nascimento na cultura bakongo

Quando a criança nasce, a avô endireita-lhe a cabeça com as mãos para que não
haja buracos na cabeça da criança e depois cortam-lhe o umbigo com um pano posto no
fogo.

Depois da criança nascer, não passa mais de duas semanas para que se faça o
acto… Habitualmente, faz-se a circuncisão uma semana depois, ela só se realiza mais
tarde por alguma razão plausível.

É tido como uma das cerimónias mais importantes na vida de um membro do grupo
Bakongo, como afirmou um indivíduo deste grupo. Só existem três festas principais na
vida de um indivíduo: o nascimento, o casamento e a morte.

2. O Alambamento nos bakongos

O «alembamento» é uma palavra aportuguesada que tem a sua origem na língua


quimbundo. Deriva do verbo «kulemba» que significa «prestar homenagem aos futuros
sogros por meio de presentes convencionais».

Esta é a fase que sucede à apresentação e que encerra o contrato de casamento na


tradição Bakongo. Para os membros deste grupo, este acto toma o nome de «Nkama
Longu». É a fase mais importante do casamento tradicional, o acto que confere a
legitimação e o valor à união entre os dois indivíduos e a todas as outras formas de
casamento como, é o caso do casamento religioso e do casamento civil. O alembamento
serve de instrumento oficial e público para garantir e provar o consentimento dos dois
grupos; é o laço definitivo, específico e título com valor “jurídico” para realizar a
aliança matrimonial.

A lista de bens

Passado algum tempo após a cerimónia de apresentação o noivo, com a ajuda da


sua família, vai reunindo todos os requisitos materiais que lhe foram pedidos na lista do
alembamento. Depois disso, o noivo conversa com os seus pais e estes informam os
outros membros da família a fim de convocar uma reunião para propor uma data para a
realização do alembamento. O noivo informa a noiva que já reuniu todas as condições
para a realização do alembamento e deve entregar-lhe uma carta escrita pelo seu pai (ou
representante) contendo uma data prevista para realização do mesmo. A rapariga deverá
entregar a carta ao seu pai, e este último reúne alguns dos familiares (incluindo alguns
tios maternos da rapariga) para juntos analisarem a data proposta. Se não estiverem de
acordo propõe-se uma outra data e aguarda-se a resposta da outra família até que se
encontre uma data aceitável pelas duas famílias.

O “Nkama Longu”, geralmente, é realizado em casa dos pais da noiva ou em


casa de um dos seus tios paternos, ou ainda, como actualmente acontece, num salão de
festas. O acto do alembamento pode dividir-se em três partes principais: a conversação e
a entrega do “Nkama Longo”, a entrada do noivo e a entrada da noiva.

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3. A morte na cultura bakongo

De acordo com a religião tradicional do Bakongo, o criador do universo,


chamado Nzambe, vive acima de um mundo de espíritos ancestrais. Muitas pessoas
acreditam que quando um membro da família morre uma morte normal, ele ou ela junta
esse mundo espiritual (ou aldeia) dos antepassados, que cuidar dos vivos e proteger os
descendentes para quem eles deixaram suas terras. Espíritos daqueles que morrem
mortes violentas e intempestivas são pensados para ser sem descanso até que suas
mortes foram vingou. Feiticeiros são contratados para descobrir através do uso de
fetiches ou encantos chamados nkisi , que foi responsável pela morte. Além disso, as
práticas de curas e religião tradicional andam de mãos dadas. Curandeiros tradicionais
chamados nganga podem ser consultados para tratamentos à base de plantas ou a raiz
kindoki (bruxas praticando magia negra, que são pensados para causar a doença através
de má vontade e comer as almas de suas vítimas por noite).

Os ritos funerários têm normalmente uma duração predefinida, decidida em


reunião breve, após a morte de alguém, pelos «mfumo a kanda» (Chefe de família) e
variam entre os três (3) e cinco (5) dias. Nessa reunião também é decidido o dia do
funeral e da resolução de todos os problemas, entretanto o óbito pode ser prolongado em
função da presença de todas as partes a que pertence o falecido. Na cultura kongo, a
pessoa pertence a três partes, que são: «ki ngudi, ki sé e ki nkaka» (que pertence a
mãe, ao pai e aos avós).

Na vida moderna quando morre uma pessoa, independentemente do local onde


tenha acontecido e como tenha morrido, é levada à morgue onde permanece alguns dias
ou algumas horas, no caso de uma criança, até um dia antes ou algumas horas antes da
cerimónia do funeral, dependendo das possibilidades de cada família. Logo há uma
gritaria e um choro provocado pela perda de alguém muito próximo e querido.

Nos óbitos às vezes as pessoas que mais choram e gritam, mesmo não estando
diretamente ligadas à pessoa que morreu não estão a chorar o defunto presente: vão ao
longo do choro e dos gritos, lembrando-se dos seus antepassados que já partiram dessa
vida e dos problemas que enfrentam na sua ausência.

Nos bakongo, logo que a pessoa perde a vida, tem que se pôr ao corrente toda
gente, principalmente os «mfumu a kanda» tanto materno como paterno e o porta-voz,
porque sem eles, o funeral não se pode realizar. São eles que acolhem as pessoas e
resolvem os problemas concernentes ao caso. Explicam como a pessoa morreu, se por
doença ou por acidente e pode ser o caso se uma morte provocada, como se acredita
muito entre os bakongo que exista uma pessoa capaz de tirar a vida a outra pessoa por
forças maléficas, ou seja, acreditam existirem feiticeiros que fazem mal aos outros, aos
próprios membros da família e da comunidade.

As noites e principalmente na primeira noite, serve-se café (bem forte) a todos,


para evitar que adormeçam, só assim é que tomam coragem para formarem uma roda
onde dançam e cantam noite adentro.

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CONCLUSÃO

Este é o terceiro maior grupo etnolinguístico do país; ocupa Cabinda e a margem


esquerda do rio Congo, o noroeste do país, entre o mar e o rio Kwango.
O kikongo é a língua deste povo; a sua área de difusão estende-se também além
das fronteiras nacionais. Ela é falada na República Democrática do Congo (RDC), no
sul do Congo Brazzaville e na República do Gabão.
As únicas verdades são, em primeiro lugar, que os Bakongo de Angola podem
ser considerados como parentes dos povos do RDC, Congo Brazzaville e Gabão por
partilharem o mesmo grupo etnolinguístico, embora antes da chegada dos colonizadores
em África, estarem divididos por grupos neste aspecto; em segundo lugar, desde que
Angola é Angola, Cabinda, Uíge e Mbanza Congo sempre foram partes integrantes
deste país.
Após a Independência e, principalmente, na década de 80, a maior parte dos
refugiados Bakongo voltou para Angola: uma parte voltou para as terras de origem e a
outra fixou-se em Luanda, onde geraram filhos.

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BIBLIOGRAFIA

 WIKIPEDIA, Os Bakongo, https://pt.wikipedia.org/Bakongo

 SEMANÁRIO “O PAIS”, O Alembamento na tradição Bakongo;


http://www.opais.net/pt/opais/?id=&det=7872&mid=

 Elikia M'Bokolo. África Negra: História e civilizações. Lisboa: Vulgata, 2003.


vol. I, Até ao século XVIII.. Lisboa: Colibri, 2007. vol. II, Do século XIX aos
nossos dias.

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