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AO JUÍZO DE DIRETO DA____ VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÕES DA

COMARCA DE NOSSA SENHORA DO SOCORRO/SE

JOSEFA DAS CRUZES, brasileira, estado civil...de profissão...portador do RG nº. ...,


expedido pela..., inscrito no CPF/MF sob n° ..., endereço eletrônico ..., residente e
domiciliado à rua ..., nº..., bairro..., na cidade ..., representado por seu advogado abaixo
subscrito, com endereço profissional na avenida..., nº ..., bairro ..., na cidade ..., com
fulcro nos arts. 226 da Constituição Federal § 3º, 1723 e 1725 do Código Civil brasileiro,
vem a este juízo propor a presente

AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C


PARTILHA DE BENS E ALIMENTOS E TUTELA DE URGÊNCIA

em face de ANÍBAL DOS PECADOS, brasileiro ..., estado civil..., de profissão ...,
portador do RG n° ..., expedido pela ..., inscrito no CPF/MF sob n° ..., endereço
eletrônico ..., residente e domiciliado à rua dos Prazeres, nº 24, bairro Santa Maria, na
cidade Aracaju/SE,

1. DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, vêm requerer o benefício da Gratuidade de Justiça, com fulcro na Lei nº


1.060/50, com as alterações introduzidas pela Lei nº 7.510/86, por não terem condições
de arcar com as custas e honorários advocatícios sem prejuízo de seu próprio sustento

2. DA COMPETÊNCIA

A escolha do foro situado na cidade de Socorro, se dá pelo que está exposto no art. 53, I,
a, da lei nº 13.105/2015, que trata da escolha de domicilio do guardião do filho incapaz,
no caso, a querelante habita com seus dois filhos um menino de 15 (quinze) anos e uma
menina de 11(onze) anos na cidade de Nossa Senhora do Socorro, local este em que está
domiciliada a requerente juntamente com seus dois filhos incapazes.

3. DOS FATOS

A autora teve um relacionamento duradouro com o Réu, onde tiveram dois filhos um
menino de 15 (quinze) anos e uma menina de 11(onze) anos, que atualmente convivem
com a querelante.

A requerente tinha um vínculo empregatício, mas por imposição de réu, acabou não mais
laborando, pois o mesmo queria que ela cuidasse dos filhos e da casa da casa, localizada
na cidade de Barra dos Coqueiros, onde residiam.

Imóvel este que foi comprado por ambos, decorrente das encomias da requerente que as
depositava em uma conta poupança do réu.

Após um tempo a autora descobriu várias traições, e inconformada quer termina o


relacionamento, assegurando todos os direitos a ela inerentes.

4. DO DIREITO

4.1 DO RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTAVÉL

A evolução jurídica sobre a família levou à proteção além da constituída pelo


casamento, como pode ser visualizado no Art. 226, §3º, da Constituição Federal no qual
discursa:

"§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é


reconhecida a união estável entre o homem e a
mulher como entidade familiar, devendo a lei
facilitar sua conversão em casamento"

Assim sendo, preceitua no Código Civil no artigo 1723:


Art. 1732. É reconhecida como entidade familiar a
união estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família .

A jurisprudência vê uma forte concordância como a norma legal, como veremos a


seguir:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÕES DE


RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DA UNIÃO
ESTÁVEL.CONFIGURAÇÃO DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DA UNIÃO
NO PERÍODO INDICADO. INTILIGÊNCIA DO ART.226,
§3ª, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DO ART.1723 DO
CÓDIGO CIVIL.CONTEXTO PROBATÓRIO SUFICIENTE
PARA COMPROVAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL.
SENTENÇA MATIDA RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. POR UNANIMIDADE. (Apelação Cível nº
201900823834 nº XXXXX- 29.2018.8.25.0027 – 2ª CÂMARA
CÍVEL, Tribunal de Justiça de Sergipe)

4.2 DA PARTILHA DOS BENS

No caso exposto, assemelha- se ao que está espelhado no art.1725, do Código Civil,


que dispõe que os bens devem ser partilhados sob regime de comunhão de bens, tendo em
vista que tal regime também se aplica também para a união estável, salvo se não há contrato
escrito pelos companheiros.

Com seguimento na Código Civil, o artigo 1725 disserta:


Art.1725. Na união estável, salvo contrato
escrito entre os companheiros, aplica-se às
relações patrimoniais, no que couber, o regime
da comunhão parcial de bens.

Reconhecida a união estável, tem-se, na legislação civil, que a mesma gera


consequências idênticas às do matrimônio e produz efeitos jurídicos iguais ao do
casamento firmado sob o regime da comunhão parcial de bens. Nesse sentido, os bens
adquiridos pelos companheiros na constância da vida juntos no espaço da união estável,
devem ser partilhados, igualitariamente, nos termos das disposições contidas no art.
1.658, do Código Civil.

Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a


concorrer, na proporção de seus bens e dos
rendimentos do trabalho, para o sustento da
família e a educação dos filhos, qualquer que seja
o regime patrimonial.

No caso concreto dos autos, as partes durante a constância do mencionado


relacionamento, adquiriram uma casa localizada na cidade da Barra dos Coqueiros com
recurso de ambas as partes. Invalidando qualquer alegação de como ou de qual forma
tenha sido a contribuição de cada companheiro para o adquirimento do imóvel, o mesmo
deve ser partilhado, igualitariamente, uma vez que os valores utilizados no processo de
aquisição do imóvel foram para o bem comum do anterior relacionamento

A jurisprudência vem trabalhando fortemente com a norma legal, como pode


ser visualizado abaixo:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE
RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO
ESTÁVEL – APLICAÇÃO DAS REGRAS DO
REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS -
ARTIGO 1725 DO CÓDIGO CIVIL -
INSURGÊNCIA APENAS QUANTO A PARTILHA
DE BENS - AQUISIÇÃO DE IMÓVEL NA
CONSTÂNCIA DA UNIÃO ESTÁVEL –DIREITO
DA PARTE AUTORA À MEAÇÃO -
MANUTENÇÃO DA SENTENÇA – APELO
CONHECIDO E DESPROVIDO – UNÂNIME.
(Tribunal de Justiça de Sergipe- TJ-SE- Apelação
Cível: AC XXXXX- 75.2017.8.25.0054)

Com segmento na partilha de bens a Lei 9.278/96 estabelece, em seu art. 5º:

Art. 5º. Os bens móveis e imóveis adquiridos


por um ou por ambos os conviventes, na
constância da união estável e a título oneroso,
são considerados fruto do trabalho e da
colaboração comum, passando a pertencer a
ambos, em condomínio e em partes iguais,
salvo estipulação contrária em contrato
escrito.
Dessa forma, é direito da querelante vim a requerer que sejam homologados a
partilha do imóvel de forma igualitária, tendo em vista que o mesmo foi adquirido na
constância da união estável, além do presente reconhecimento e a dissolução de união
estável nos termos acima descritos.

4.3 DOS ALIMETOS PROVISIONAIS

No entanto, como os filhos de do suplicante e da requente encontra-se com sob a guarda


da mesma, é de compreende-se que o réu preste alimentos provisórios, uma vez que é
garantido pela lei nº 5478/68, que disciplina o seguinte em seu art. 4º, caput:
Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde
logo alimentos provisórios a serem pagos pelo
devedor, salvo se o credor expressamente declarar
que deles não necessita.

Estabelece o art. 1566, IV e 1.634 do Código Civil que incumbe aos pais o dever de
guarda, sustento e educação dos filhos.

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:


I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.

Devido a tais obrigações legais é que se entende ser possível, como no caso, a
Autora postule em seu nome alimentos pertencentes aos filhos menores. Assim, a Autora
necessita urgentemente de Alimentos Provisórios pensão para o seu sustento próprio e de
seus dois filhos concebidos com o réu na constância da união estável que residem com a
mesma na cidade de Nossa Senhora de Socorro/SE, para que possam viver com mínimo de
decência e dignidade.

O réu encontra-se aposentado, auferindo renda mensal, recebendo


aproximadamente R$ ..., conforme os últimos holerites anexados. A título de pensão
alimentícia destinada a auxiliar a autora até o fim do trâmite processual, pleiteia-se o valor
de ... do salário do requerido, devendo ser pago até o dia ... de cada mês, devendo ser fixado
desde já, os alimentos provisionais.

5. DA TUELA DE URGÊNCIA
Como já foi explanado aqui, a o fato de quem estar sob a guarda dos incapazes,
motivo pelo qual formula-se pleito de tutela provisória de urgência.

O Novo Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de urgência


quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo”:

Art. 300 - A tutela de urgência será concedida


quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo

Há nos autos “prova inequívoca” da necessidade da verba alimentar que deve


ser contribuída pelo Autor, fartamente comprovada por documentos imersos nesta
querela. A prova documental, as quais servem de apoio probatório às alegações do
Promovente, conduz a uma veracidade cristalina dos fatos alegados.

6. PROVAS

Requere a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos


369 e seguintes do NCPC/2015, em especial a prova documental, a prova pericial, a prova
testemunhal e o depoimento pessoal do Réu.

7. PEDIDOS:

a) julgar procedentes os pedidos formulados na presente Ação de Reconhecimento e


Dissolução de União Estável para:
1. Reconhecer a união estável entre a Autora e o Réu e a dissolvendo-a;
2. Declarar o direito da Autora à meação do imóvel descrito nesta peça vestibular, bem
este adquirido na constância da união estável, a título oneroso;
b) Que seja concedido o pedido de tutela de urgência, nos termos do art. 300 do CPC
b) A citação da parte requerida para, querendo, manifestar-se no processo, no prazo legal;
c) A intimação do membro do Ministério Público para atuar no presente feito;
d) A condenação do requerido aos pagamentos das verbas sucumbenciais, custos
processuais e honorários advocatícios previstos em lei

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova e de direito admitidos em lei.

Atribui-se à causa o valor de... , correspondente à soma do bem a partilhar.

Nestes termos, pede e espera deferimento.


Nossa Senhora de Socorro – SE, 20 de março de 2023
ADVOGADO ...
OAB n° ….

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