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Ainda que gostemos de os celebrar como histórias de amor, os casamentos

são contratos entre duas pessoas. Dizê-lo assim é tirar alguma magia ao
matrimónio, mas a verdade é que encarar o casamento como um ato legal
abre as portas a algumas possibilidades – nomeadamente a de definir
algumas regras ainda antes de o contrato ser assinado.

Ao documento que estabelece antecipadamente as regras do casamento


chama-se convenção antenupcial. A Lei já prevê alguns modelos-tipo que
pode usar, mas também pode fazer uma à sua medida. Explicamos-lhe tudo.

CONVENÇÃO ANTENUPCIAL: O QUE É?

A convenção antenupcial é um documento que determina, antecipadamente,


que princípios vão reger algumas áreas de um casamento, nomeadamente as
financeiras.

Para ter validade legal, a convenção tem de ser registada num balcão de
atendimento do Registo Civil ou num Cartório Notarial antes da data do
casamento. O documento deve ser assinado pelos dois nubentes, depois de
devidamente identificados.

Lembre-se que a convenção antenupcial não é obrigatória . Se não quiser


registar uma convenção, a Lei determina que o regime de bens a aplicar ao
casamento é o de comunhão de adquiridos.

QUE TIPO DE REGRAS PODEM CONSTAR DE UMA


CONVENÇÃO ANTENUPCIAL?

As normas mais comuns numa convenção antenupcial dizem respeito ao


regime de bens, ou seja, determinam quem é dono do quê. No entanto, o
documento pode conter todas as regras que os nubentes quiserem, entre
elas:

 Requisitos de acesso a património;


 Comunicabilidade de bens;
 Pré-determinação de heranças e outros temas.
O que não pode constar numa convenção antenupcial?

Não é permitido registar numa convenção qualquer regra que desrespeite a


Lei. O documento não pode, por exemplo, retirar direitos parentais a um dos
membros do casal.

Outras limitações à convenção antenupcial estão relacionadas com a


capacidade de os nubentes beneficiarem do que lá está escrito. Noivos com
mais de 60 anos, por exemplo, só podem estar ao abrigo do regime de
separação de bens, não podendo ditar o contrário numa convenção
antenupcial.

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A Lei dita também que noivos com filhos não podem contratualizar
a comunhão de bens nem decidir a comunicabilidade de bens.

PACTO ANTENUPCIAL E REGIME DE BENS


01 – O que é a convenção (pacto) antenupcial?
Pacto antenupcial (ou convenção antenupcial) é o contrato solene, realizado
antes do casamento, por meio do qual as partes dispõem sobre o regime de
bens que vigorará entre elas durante o matrimônio. As convenções
antenupciais constituem negócio jurídico condicional, pois sua eficáciafica
condicionada à ocorrência de casamento. Com efeito, o casamento, no caso,
opera como condição suspensiva, pois enquanto aquele não ocorrer, o pacto
antenupcial não entra em vigor.
As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois
de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do
domicílio dos cônjuges.

02 – Em quais casos será necessária a lavratura e registro do pacto


antenupcial?

1) Regime da Comunhão Parcial de bens


Para casamentos celebrados, neste regime, até 26/12/1977, é necessária a
lavratura e o registro do pacto.
A partir de 27/12/1977, este regime passa ser o regime legal de bens,
ficando, assim, dispensada a lavratura e registro do pacto.

2) Regime da Comunhão Universal de bens


Para casamentos celebrados, neste regime, até 26/12/1977, fica dispensada
a lavratura e registro do pacto, pois, até esta data, este era o regime legal de
bens.
A partir de 27/12/1977, este regime passa a ser convencional, sendo
necessária a lavratura e o registro do pacto antenupcial.

3) Regime da Separação de Bens (convencional)


Sempre será exigida a lavratura e o registro de pacto

4) Regime de Participação Final nos Aquestos (convencional)


Sempre será exigida a lavratura e o registro de pacto

5) Regime de Separação Obrigatória de Bens (legal)


Nunca será exigida a lavratura e o registro de pacto

03 – Por que o pacto antenupcial precisa ser registrado no Cartório de


Registro de Imóveis?
Está previsto no art. 1657 do Código Civil de 2002 que o pacto antenupcial
somente terá efeito perante terceiros depois de registrado no Cartório de
Registro de Imóveis.

04 – Por que o pacto antenupcial deve ser feito através de escritura


pública, lavrada no Tabelionato de Notas?
Está previsto no art. 1653 do Código Civil de 2002 que será nulo o pacto que
não for feito por escritura pública.
05 – Quais os documentos que preciso apresentar para registrar o pacto
no cartório?
1) Requerimento assinado por um dos cônjuges, com firma reconhecida,
em que declare o domicílio conjugal, nos termos do requerimento
disponibilizado no campo Downloads/Requerimento para Pacto Antenupcial;
2) Escritura de pacto antenupcial original ou certidão da escritura emitida
pelo Tabelião de Notas onde tenha sido lavrada;
3) Certidão de casamento original e atualizada (emitida há menos de 90
dias);
4) Cópia autenticada da carteira de identidade e do CPF do cônjuge que
ainda não conste na matrícula ou registro do imóvel.
5) Requerimento com firma reconhecida do cônjuge, solicitando a inserção de
seus dados na matrícula ou registro do imóvel.
Obs.: só serão registrados nessa serventia os pactos antenupciais caso
os cônjuges residam em imóvel de nossa circunscrição cartorial.
06 – O pacto precisa ser registrado em todos os cartórios onde eu tenha
imóveis?
O pacto será registrado no Ofício de Registro de Imóveis uma única vez.
Porém, este registro deverá ser indicado, através de averbação, em todas as
matrículas dos imóveis que o casal adquirir. Por exemplo: O casal registrou o
seu pacto no 2º Ofício de Registro de Imóveis de Recife e, agora, adquiriu um
imóvel registrado no 1º Ofício de Belo Horizonte. Neste caso, não será
necessário um novo registro, bastará que o casal apresente uma certidão de
registro do pacto, emitida pelo cartório de Recife.

07 – Não fiz o Pacto Antenupcial, mas optei por um regime diverso da


comunhão parcial de bens. É possível fazer o pacto após o casamento?
Não havendo convenção (pacto), ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará,
quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. Portanto,
não é possível a lavratura do pacto após o casamento.

08 – É possível a alteração do regime de bens adotado no casamento?


Sim, é admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial
em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das
razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

convenção antenupcial
convenção celebrada por escritura pública, antes do casamento, pela qual os
futuros cônjuges estabelecem o regime de bens do casamento (comunhão
geral de bens, comunhão de adquiridos, separação de bens)

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