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CASOS PRÁTICOS

O artigo 1.º da Lei n.º 1/2001, de 1 de janeiro determina que “o arrendatário tem o
direito de fazer todas as obras que entenda necessárias no imóvel arrendado”.

O artigo 2.º do Decreto-Lei nº 2/2002 de 2 de fevereiro determina que “o arrendatário


apenas pode realizar obras no imóvel arrendado com o consentimento do senhorio”.

1 – Imagine que o artigo 3.º do mesmo Decreto-lei determina que “nos contratos de
arrendamento celebrados antes da entrada em vigor da presente lei e que perdurem no
momento da entrada em vigor desta, assiste ao arrendatário o direito de fazer obras no imóvel
arrendado, desde que tal seja necessário devido a imperiosas razões de segurança”.

2 - Imagine que o artigo 3.º tinha a seguinte redação: “aos contratos de arrendamento
celebrados antes da entrada em vigor da presente lei e que perdurem no momento da entrada
em vigor desta, aplica-se o regime constante da Lei n.º 1/2001”.

No dia 30 de setembro de 2020, é publicada uma lei da Assembleia da República, que


estabelece a sua entrada em vigor no dia 30 de novembro de 2020, sobre a compra e venda a
prestações de automóveis, determinando:

Art. 5.º: “Cada prestação vence juros de 2% ao ano, a favor do vendedor.”, revogando
regime em que nenhuns juros seriam devidos.

Art. 6.º: “Celebrado o contrato, cada prestação é acompanhada de documento de recibo


assinado pelo vendedor”, revogando regime em que nada se estabelecia quanto a tal matéria.

Art. 7.º: “O art. 5º tem eficácia retroativa à data de 30 de setembro de 2020.”


Antónia comprou automóvel a Benedita, no dia 1 de outubro de 2020, estipulando-se,
nessa data, que o preço seria pago no prazo de 24 meses, 2.000€ por mês, devendo a 1.ª
prestação ser paga no dia 31 de outubro de 2020.

1 - Antónia tem de pagar juros? Qual a 1.ª prestação a que se aplica a nova lei?

2 - Benedita tem de emitir recibo escrito?

O DL n.º 60/2000, de 3 de março, regula o regime jurídico do direito real de habitação


periódica. Em 1 de Setembro de 2021 entrou em vigor a alteração legislativa seguinte:

Artigo 3.º, n.º 1: “O contrato de constituição do direito real de habitação periódica só é válido
se for celebrado por escritura pública”.

Artigo 5.º: “A falta de apresentação do relatório de vistoria à fração não é causa de nulidade
do contrato de constituição do direito real de habitação periódica”.

Artigo 7.º: “O titular do direito real de habitação periódica tem direito a resolver o contrato
de constituição do direito real de habitação periódica em caso de falta de realização de obras
extraordinárias anuais pelo proprietário”.

1 - Os contratos de constituição de direito real de habitação periódica celebrados antes


da entrada da alteração legislativa permanecem válidos?

2 - No Tribunal de Faro, encontram-se para decisão, de momento, dois casos em que se


alega a nulidade do contrato de constituição do direito real de habitação periódica. No Tribunal
da Relação de Évora encontra-se um outro caso, em recurso de uma decisão daquele Tribunal
de Faro, em que foi julgada a nulidade. Existem ainda três casos judicialmente fechados em
que, em todos eles, se declarou a nulidade do contrato.

De que modo a alteração legislativa afeta as referidas decisões judiciais?


3 - Durante 2019, o proprietário da fração X não realizou as obras a que estava obrigado.
No entanto, o DL n.º 60/2000, de 3 de março, não conferia ao titular do direito real de habitação
periódica o direito a resolver o contrato, como faz agora depois da última alteração legislativa.

Tem o titular do direito de habitação periódica direito a resolver o contrato, por falta de
realização de obras extraordinárias pelo proprietário?

Em virtude de uma polémica em torno do comissionamento bancário, o Parlamento


aprovou uma lei com o seguinte conteúdo:

Artigo Único: A remuneração do Banco nos contratos de crédito à habitação não pode
envolver comissões de processamento da prestação.

Carlos e Dalila contraíram um crédito à habitação no ano passado, em cujo contrato se


previa, nomeadamente, uma comissão de processamento da prestação, pelo que se questionam
agora se a nova lei se esta nova lei se aplica ao seu caso concreto. Quid juris?

Analise as seguintes hipóteses práticas e determine a lei aplicável para cada situação
em curso:

1 - Os artigos 1098.º e 1108.º do Código de Seabra, aprovado em 1867, estabeleciam


que o regime supletivo de bens para casamentos era o da comunhão geral de bens. Entretanto, o
artigo 1717.º do Código Civil, que entrou em vigor ocorreu em 1967, estabelece que o regime
supletivo é o da comunhão de adquiridos. Asdrúbal e Berta casaram-se em 1960, não tendo
celebrado qualquer acordo ou convenção antenupcial, e estão com dúvidas acerca do regime de
bens que lhes é aplicável atualmente. Quid juris?

2 - A Lei X/2020, que entrou em vigor a 1 de janeiro, previa que a taxa de juro não
podia exceder os 8% nos contratos de mútuo bancário. Sucede que, a 1 de maio, entrou em
vigor a Lei Y/2020, que estabelece o seguinte: «A taxa de juro máxima nos mútuos bancários
é de 6%, aplicando-se esta regra a contratos celebrados previamente à sua entrada em vigor».
Diamantino celebrou um contrato de mútuo bancário com o Banco EDNA a 1 de fevereiro de
2020, tento sido acordada uma taxa de juro de 7%. Quid juris?

3 - Suponha que, a 5 de abril de 2020, foi aprovada a Lei Z/2020, que alterou o artigo
1245.º do Código Civil, no sentido de os contratos de jogo e aposto passarem a ser válidos e
fontes de obrigações civis. Fátima participou num concurso publicitário a 20 de fevereiro de
2020 e pretende saber qual o regime aplicável a esse contrato. Quid juris?

4 - Suponha que, a 1 de janeiro de 2019, foi aprovado o Decreto-Lei n.º 1/2019, que
alterou os artigos 1316.º e 1317.º do Código Civil, retirando a usucapião, a ocupação e a
acessão como modos de aquisição do direito de propriedade. Gabriel adquiriu a propriedade de
um terreno por usucapião a 20 de outubro de 2017, mas tem receio que a nova lei implique
uma extinção desse direito de propriedade. Quid juris?

5 - A Lei n.º 1/2020 entrou em vigor a 3 de janeiro de 2020 e alterou o artigo 882.º, n.º
2 do Código Civil, retirando a referência aos “frutos pendentes”. Suponha que Henrique
comprou uma herdade, na qual existia um pomar de macieiras, a Isabel, em dezembro de 2019,
tendo, porém, sido acordada a entrega apenas em fevereiro de 2020. As maçãs que não tivessem
sido ainda colhidas tinham de ser entregues a Henrique?

A 1 de janeiro de 2010 entrou em vigor a Lei n.º x/2010, a qual continha os seguintes
preceitos:

Artigo 1.º Os contratos de aquisição de ações celebrados por menores de dezoito anos são
nulos.

Artigo 2.º Salvo disposição em contrário, o comprador de ações tem quatro dias, contados a
partir da data da celebração do contrato, para pagar o preço estipulado.

Artigo 3.º As ações de sociedades que tenham por objeto a produção de material militar não
podem ser adquiridos por quem seja nacional de Estado que integre lista a elaborar, por
regulamento, pelo Ministério da Defesa.

A 1 de abril de 2011 entrou em vigor o Decreto-Lei n.º x/2010, o qual continha os


seguintes preceitos:
Artigo 1.º Salvo disposição em contrário, o comprador de ações tem dez dias, contados a partir
da data da celebração do contrato, para pagar o preço estipulado.

Artigo 2.º Por «comprador», nos termos do artigo 2.º da Lei n.º x/2010, deve entender-se
qualquer sujeito que, por contrato oneroso, adquira direitos sobre ações

Também a 1 de abril de 2011 entrou em vigor o Regulamento n.º x/2010, o qual


continha os seguintes preceitos:

Artigo 1.º Não podem adquirir ações de sociedades que tenham por objeto a produção de
material militar os cidadãos nacionais do Irão, da Síria e da Coreia do Norte.

Artigo 2.º Por «sociedades que tenham por objeto a produção de material militar», entende-
se, nos termos deste Regulamento e da Lei x/2010, qualquer sociedades que se dediquem ao
fabrico ou comercialização de armas, veículos militares ou de quaisquer produtos que sejam
essenciais para a utilização destes.

Tendo presente o referido enunciado, pronuncie-se sobre as seguintes questões:

1 - Pode, a 1 de dezembro de 2009, GERVÁSIO, aplicar uma pequena parte da vasta


fortuna que herdou em ações da Zimpor, S.A.?

2 - A sua resposta seria diferente se GERVÁSIO celebrasse o contrato de compra e


venda de ações a 31 de março de 2011?

3 - Admitindo a validade do contrato referido na questão anterior, qual o prazo de


Gervásio teria para pagar o preço das ações?

4 - A sua resposta às duas questões anteriores seria diferente se, em vez de GERVÁSIO
ter comprado as ações em causa, tivesse adquirido onerosamente usufruto sobre as mesmas?

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