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1.2. Supondo que no início do mês corrente António vendeu a Carlos o referido terreno,
indique qual ou quais as consequências do incumprimento de António.
Não é aplicável o art. 830.º, pelo incumprimento definitivo e pela existência de sinal.
Explicação das consequências do incumprimento cf. art. 442.º CC.
2.2.Hoje, João pretende propor a ação judicial a que se refere o artigo 830.º do Código Civil.
Pronuncie-se quanto a essa pretensão.
- A ação judicial não se mostra possível quando em causa esteja o incumprimento definitivo da
obrigação de contratar e assim é no caso com a venda do imóvel a um terceiro. 830.º n.º 1.
2.3. Supondo que António e João teriam pretendido atribuir eficácia real ao contrato-
promessa, pronuncie-se quanto à sua admissibilidade, forma e quanto aos efeitos jurídicos
daí resultantes.
- Admissibilidade – 413.º, n.º 1 CC
- Forma – 413.º, n.º 2 CC
- Da eficácia real do contrato promessa resulta, fundamentalmente, a possibilidade de o
promitente adquirente poder comportar-se como se titular do direito real já fosse podendo
opor o seu direito a terceiros que se arroguem em direito incompatível com o seu.
Arrendamento
1.António Martins celebrou com Berta Oliveira um contrato de arrendamento tendo por
objeto o apartamento sito na R. Abel Urbano, 3 – 3.º D.to, em Lisboa, sendo António Martins o
senhorio e Berta Oliveira a arrendatária. Carlos Pinto assinou o contrato na qualidade de
fiador. A renda foi fixada em 350 euros e o contrato foi celebrado pelo prazo de 5 anos. Berta
Oliveira não pagou a renda dos meses de janeiro, fevereiro e março deste ano e António
Martins pretende cobrar coercivamente as rendas em dívida.
1.1.Indique como deverá António Martins proceder no sentido de poder responsabilizar
Carlos Pinto pelo pagamento das rendas.
Verificando-se mora na obrigação de pagamento da renda, o senhorio deve, no prazo de 90
dias, notificar o fiador da mora e das quantias em dívida. Esta comunicação constitui o
pressuposto da responsabilização do fiador uma vez que o senhorio só pode exigir dele a
satisfação do seu direito de crédito após efetuar a notificação (art. 1041.º, n.os 5 e 6 do CC).
1.2.Indique qual o modo mais expedito para que António Martins possa cobrar coerciva e
exclusivamente as rendas em dívida.
A possibilidade de propor uma ação executiva depende da existência de título executivo (art.
10.º, n.º 5 do CPC). (1 valor) Considerando os dados do enunciado, António poderá obter título
executivo uma vez que o contrato de arrendamento, quando acompanhado do comprovativo
de comunicação ao arrendatário do montante em dívida, é título executivo para a execução
para pagamento de quantia certa correspondente às rendas, aos encargos ou às despesas que
corram por conta do arrendatário. (art. 14.º-A da Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro).
1.3. Caso António Martins pretenda resolver o contrato com fundamento na falta de
pagamento das rendas, indique de que modo opera a resolução.
A resolução opera por comunicação à arrendatária (art. 1084.º, n.º 2 do CC).
Não havendo domicílio convencionado, a comunicação deve ser efetuada por
notificação avulsa ou contacto pessoal de advogado, solicitador ou agente de execução,
comprovadamente mandatado para o efeito, sendo feita na pessoa do notificando, com
entrega de duplicado da comunicação e cópia dos documentos que a acompanhem, devendo o
notificando assinar o original (art. 9.º, n.º 7, als. a) e b) da Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro).
2.2. Diga, fundamentadamente, se Alzira Zeferino pode resolver este contrato e, em caso
afirmativo, qual o meio e respetivos efeitos daqui decorrentes.
- Alzira Zeferino pode resolver o contrato com fundamento no facto de ser inexigível ao
senhorio a manutenção do arrendamento em caso de mora igual ou superior a três meses no
pagamento da renda – cfr. art. 1083.º, nº 3, do CC;
- Modo de operar: comunicação ao arrendatário onde fundamentadamente se invoque a
obrigação incumprida, podendo ficar sem efeito, caso o arrendatário ponha fim à mora no
prazo de um mês, faculdade esta que só pode ser utilizada uma única vez, com referência a
cada contrato – cfr. art. 1084.º, nºs 2 a 4, do CC;
- Forma de comunicação: não havendo domicílio convencionado, a comunicação deve ser
efetuada por notificação avulsa ou contacto pessoal de advogado, solicitador ou agente de
execução, comprovadamente mandatado para o efeito, sendo feita na pessoa do notificando,
com entrega do duplicado da comunicação e cópia dos documentos que a acompanhem,
devendo o notificando assinar o original – cfr. art. 9.º, nº 7, als. a) e b), da Lei nº 06/2006, de
27/02;
- Efeitos decorrentes da resolução – cfr. arts. 1081.º e 1087.º, do CC + sendo o contrato
resolvido com base na falta de pagamento, o locador/senhorio perde o direito a exigir, além
das rendas em atraso, uma indemnização igual a 20/prct. do que for devido – cfr. art. 1041.º,
nº 1, do CC.
2.3. Explicite, fundamentadamente, qual a forma mais célere pela qual Alzira Zeferino pode
ser ressarcida dos valores de rendas em atraso.
- Alzira Zeferino pode ser ressarcida dos valores de rendas em atraso através de uma ação
executiva para pagamento de quantia certa, que tem por base um título pelo qual se
determina o fim e os limites da ação – cfr. art. 10.º, nºs 1 e 4 a 6, do CPC;
- Alzira Zeferino poderá obter este título executivo, uma vez que o contrato de arrendamento,
quando acompanhado do comprovativo de comunicação ao arrendatário do montante em
dívida, é título executivo para a execução para pagamento de quantia certa correspondente às
rendas, aos encargos ou às despesas que corram por conta do arrendatário – cfr. Art. 703, n.º
1 al. d) do CPC e art. 14.º-A, nº 1, da Lei nº 06/2006, de 27/02.
2.4. Querendo Alzira Zeferino avaliar antecipadamente, de forma rápida e económica, qual a
real possibilidade de recuperação do seu crédito, refira qual a ferramenta legal através da
qual o poderá fazer, bem como as respetivas condições necessárias.
- A ferramenta legal através da qual Alzira Zeferino poderá avaliar, de forma rápida e
económica, qual a real possibilidade de recuperação do seu crédito é o PEPEX (Procedimento
Extrajudicial Pré-Executivo) – cfr. art. 2.º, da Lei nº 32/2014, de 30/05;
- Requisitos – cfr. art. 3.º, da Lei nº 32/2014, de 30/05, conjugado com o art. 550.º, nºs 1 e 2,
al. d), do CPC;
- Requerimento inicial e apresentação do mesmo – cfr. arts. 4.º e 5.º, da Lei nº 32/2014, de
30/05.
2.5. Tendo por base os cenários retratados nas duas questões anteriores (2.3 e 2.4), indique
se, na qualidade de solicitador(a), pode patrocinar em ambas as situações a cliente, Alzira
Zeferino.
Sim, na qualidade de Solicitador(a) pode patrocinar em ambas as situações a cliente, Alzira
Zeferino.
- Ação Executiva para Pagamento de Quantia Certa: nas execuções de valor inferior à alçada do
tribunal de 1ª instância nunca é obrigatória a constituição de advogado ou de solicitador,
mesmo que tenha sido deduzida oposição à execução ou haja no processo qualquer outro
procedimento de natureza declarativa cujo valor não exceda essa alçada (€5.000,00). Nestes
casos, as partes podem-se fazer representar por si próprias ou por solicitador, que intervirá
mesmo quando haja apensos de natureza declarativa que não excedam o valor referido – cfr.
art. 58.º, nº 3, do CPC;
- PEPEX: a constituição de advogado ou solicitador não é obrigatória, mas é de todo
aconselhável. Para submeter um requerimento PEPEX tem de ser mandatário de todos os
requerentes e juntar a respetiva procuração – cfr. art. 5.º, nº 10, da Lei nº 32/2014, de 30/05.
Divórcio por mútuo consentimento
1.Ana esta casada sob o regime da comunhão de adquiridos e tem dois filhos menores. Ana
contacta-o na qualidade de solicitador para a representar no divórcio por mútuo
consentimento.
- Moradia – as opiniões divergem quanto ao valor. Até se realizar o divórcio, Ana reside
na casa. Depois dessa data, será conforme determinado no processo.
- Prescindem de pensão de alimentos;
-Regulação parental pretendem guarda partilhada.
- Pensão de alimentos aos filhos não fixaram valor devendo as despesas (saúde e
educação) ser em partes iguais.
- Cão que adotaram em 2015 e não há acordo.
1.1.Qual o meio e lugar onde requer o divórcio, os documentos, identificar as fases da
tramitação e se na qualidade de solicitador pode representar Ana?
- Está em causa um processo de divórcio por mútuo consentimento, nos termos do disposto no
art. 1773.º, n.º1 do CC;
- Este processo pode ser requerido por ambos os cônjuges, de comum acordo, na
conservatória do registo civil, ou no tribunal se, neste caso, o casal não tiver conseguido
acordo sobre algum dos assuntos referidos no n.º 1 do artigo 1775.º do CC – cf. art. 1773.º,
n.º2 do CC;
- Uma vez que os cônjuges estão de acordo quanto ao divórcio, mas não quanto a todos os
aspetos referidos no art. 1775.º, n.º1 do CC, designadamente quanto ao previsto na alínea f) -
destino dos animais de companhia – o divórcio terá que ser requerido no tribunal;
- A forma deste processo é especial – cf. arts. 994.º e ss do CPC -, integrando-se o mesmo na
categoria de processos de jurisdição voluntária previsto nos artigos 986.º e ss do CPC;
- O valor desta ação é de 30.000,01 €, por a mesma versar sobre o estado das pessoas, nos
termos do disposto no art. 303.º, n.º1 do CPC;
- No entanto, e apesar e o valor da ação ultrapassar o valor da alçada do tribunal de comarca,
nos termos do disposto no art. 986.º, n.º4 do CPC nos processos de jurisdição voluntária não é
obrigatória a constituição de advogado, salvo na fase de recurso;
- Assim, nos termos do disposto no art. 42.º do CPC, nas causas em que não seja obrigatória a
constituição de advogado podem as partes ser representadas por solicitador;
- O tribunal competente para tramitar o processo de divórcio é o do domicílio ou da residência
do autor, nos termos do disposto no art. 72.º do CPC, ou seja, o tribunal da comarca de Faro;
- Na petição inicial os requerentes devem formular o pedido de cada uma das partes quanto à
fixação das consequências pretendidas relativamente às quais não obtiveram consenso,
alegando como causa de pedir e oposição, os factos em que estão de acordo e os factos em
que estão em desacordo, indicando a prova que cada uma das partes pretende produzir;
- Os documentos que devem ser apresentados são os previstos no art. 1775, n.º1 do CC:
a) Certidão de narrativa completa do registo de casamento;
b) Relação especificada dos bens comuns, com indicação dos respetivos valores;
c) Acordo que hajam celebrado sobre o exercício das responsabilidades parentais
relativamente aos filhos menores;
d) Declaração de que nenhum dos cônjuges carece de prestação de alimentos;
e) Acordo sobre o destino da casa de morada da família;
- E ainda:
f) Procurações forenses a favor dos mandatários que os representam;
g) Não há lugar ao prévio pagamento da taxa de justiça nas ações sobre o estado das
pessoas – cf. art. 15.º, n.º1 alínea
e) do Regulamento das Custas processuais.
- As fases subsequentes à apresentação da petição inicial são:
a) Se não existir fundamento para o indeferimento liminar, o juiz fixa dia e hora para a
realização da conferência prevista no art. 995.ºdo CPC para os efeitos previstos no art. 1776.º
do CC;
b) Se, nesta conferência, o juiz considerar que os acordos apresentados acautelam os
interesses de todos os intervenientes e se for possível obter acordo dos cônjuges quanto a
quem será o cão confiado, o juiz procede à homologação dos mesmos;
c) Na falta de acordo, será produzida a prova requerida pelos cônjuges, após o que o
juiz decidirá em conformidade.
1.3.Para além da homologação da partilha, que outros atos carecem da intervenção judicial
no processo por si identificado na pergunta anterior.
- Além da homologação da partilha, é também da competência do juiz:
a) A decisão das questões que, pela sua complexidade de matéria de facto e/ou de
direito, o notário entenda remeter para os meios judiciais comuns – cf. art. 16.º, n.º1 da Lei n.º
23/2013;
b) A apreciação da impugnação, para o tribunal da 1.ª instância competente, do
despacho proferido pelo notário determinativo da forma da partilha – cf. art. 57.º, n.º4 da Lei
n.º 23/2013;
c) A impugnação para o juiz das decisões que indefiram o pedido de remessa das
partes para os meios comuns – cf. art. 16.º, n.º 4;
d) Pela remessa do processo ao tribunal no âmbito do regime jurídico do processo de
inventário é devida taxa de justiça correspondente à prevista na tabela ii do Regulamento das
Custas Processuais, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26 de fevereiro, para os
incidentes/procedimentos anómalos, podendo a final o juiz determinar, sempre que as
questões revistam especial complexidade, o pagamento de um valor superior dentro dos
limites estabelecidos naquela tabela – cf. art. 83.º, n.º 1 da Lei 23/2013.
e) A sentença ou o despacho que omitam o nome das partes, sejam omissas quanto a
taxas e custas, ou contenham erros de escrita ou de cálculo ou quaisquer inexatidões devidas a
outra omissão ou lapso manifesto, podem ser corrigidos por simples despacho, a
requerimento de qualquer das partes ou por iniciativa do juiz cf. art.70.º, n.º2 da Lei 23/2013.
Propriedade Horizontal
1.Suponha que o irmão de Severino Marques faleceu a 1 de fevereiro de 2019 e que o valor da
herança foi avaliado em 125.000 euros. tendo em conta que lhe sucedem apenas três
colaterais e únicos herdeiros, os irmãos Telmo e Vítor, filhos do mesmo pai e da mesma mãe e
o próprio Severino, filha da mesma mãe, qual o montante que cabe a cada um na herança.
- Abertura da sucessão legal legítima, cf. artigo 2131.º e ss. do CC, se o falecido não tiver
disposto válida e eficazmente, no todo ou em parte, dos bens de que podia dispor para depois
da morte, são chamados à sucessão desses bens os seus herdeiros legítimos
-Cf. artigo 2146.º do CC, concorrendo à sucessão irmãos germanos e irmãos consanguíneos ou
uterinos, o quinhão de cada um dos irmãos germanos, ou dos descendentes que os
representem, é igual ao dobro do quinhão de cada um dos outros.
- Isto significa que Severino recebe 25.000 euros (1/5) e que Telmo e Vítor recebem 50.000
euros (2/5 cada).
2.2. Anabela tem conhecimento de que João invoca a existência de um documento subscrito
pelo seu falecido pai no qual terá, alegadamente, declarado perdoar a João todos factos que
originaram a sua condenação. Apesar de não poder confirmar a existência deste documento,
mas presumindo a sua existência, pretende saber quais as consequências deste facto na
sucessão e quais os requisitos de forma que esse documento deve respeitar.
- O indigno pode readquirir capacidade sucessória se o autor da sucessão expressamente o
reabilitar em testamento ou escritura pública – artigo 2038.º, n.º 1 do CC.
- Assim, havendo reabilitação de João, e tendo em conta que o mesmo é filho do autor da
herança, seria o mesmo chamado à titularidade das relações jurídicas do falecido, de acordo
com a prioridade na hierarquia de sucessíveis que, nessa qualidade, detém.
- Caso o documento em causa não revista a forma exigida por lei, a reabilitação de João é nula
nos termos do disposto no artigo 220.º do CC, mantendo-se a sua indignidade e consequente
incapacidade sucessória.
2.3. Considerando que João não pode suceder a seu pai por incapacidade sucessória,
identifique os herdeiros de Frederico e o quinhão hereditário de cada um deles.
- Depois de analisada a vocação sucessória em causa e os respetivos pressupostos, cf. artigos,
2026.º, 2032.º e 2131.º e ss. e 2156.º e ss., nos termos do disposto no artigo 2133.º, n.º 1,
alínea a), 2134.º, 2135.º, 2136.º e 2137.º, todos do CC, os herdeiros de Frederico são os seus
filhos, ou seja, Anabela e Teresa e, ainda, o neto Manuel, pois, quanto ao filho João, não tem
capacidade sucessória tendo em conta a declaração da sua indignidade e a sua não
reabilitação pelo autor da sucessão (artigo 2037.º do CC), será chamado a ocupar o lugar do
seu pai, que não pôde aceitar a herança (artigo 2039.º, 2040.º, 2042.º, todos do CC), fazendo-
se a partilha nos termos do disposto no artigo 2044.º do CC.
- Integram a 1.ª classe de sucessíveis o cônjuge e descendentes, sendo que, se o autor da
herança não deixar cônjuge sobrevivo, a herança divide-se pelos filhos em partes iguais (artigo
2139.º, n.º 2 do CC).
- Ao valor dos bens que integram o acervo hereditário devem ser deduzidas as despesas
referidas no artigo 2068.º (e 2162.º) do CC, designadamente o valor da dívida ao Banco de
14.000 euros. Assim sendo, os 2/3 relativos à sucessão legal legitimária são divididos entre eles
em partes iguais (2/9 a cada) e 1/3 relativo à quota disponível dividido, também em partes
iguais (1/9 a cada) sendo que, a final, cabe a cada um 1/3 (2/9 + 1/9) para Anabela, Teresa e
Manuel, cf. artigos 2169.º, n.º 2, remissão do artigo 2157.º e 2139.º e ss. do CC.
3. José casou com Isabel 05/08/1976 no regime da comunhão geral de bens, tendo tido três
filhos: Maria, Armanda e Rui. Na sequência de um acidente de viação, Maria veio a falecer em
06 de junho de 2017, no estado civil de solteira e sem descendentes. Dias antes do acidente,
havia falecido Armanda, deixando sobrevivo o seu cônjuge Carlos. José faleceu em 5/12/2020.
Tendo em conta que: - Os bens comuns do casal estão avaliados em 85.000 € - José doara à
prima Inês, por conta da sua quota disponível, um automóvel no valor de 25.000 €; - As dívidas
da herança somam 12.000 €; - José outorgou testamento público, no qual dispôs: “Deixo ficar
metade da minha quota disponível à Fábrica da Igreja de Sacavém”.
Proceda à partilha por óbito de José, indicando sucintamente os pressupostos, normas
aplicáveis e cálculos.
- Indicação sumária das fases sucessórias com a referência legal: abertura, vocação, devolução
e partilha (e com referência ao direito de representação na sucessão legal) cf. artigos 2024 e
ss. do CC.
- Identificação das espécies de sucessão e referências (legal legítima e legitimaria e voluntária,
testamentária) cf. artigo 2026.º do CC e ss.
- Contas com referências legais, cf. 2162.º e ss. do CC e respetivas remissões
VH= 42500 (85000/2)+25000-12000 = 55500
LO= 55500 x 2/3 = 37000
QD= 55500 x 1/3 = 18500
LS de cada um dos dois herdeiros – 18500 (37000/2) Redução total da deixa testamentária por
inoficiosidade
Redução parcial da doação por inoficiosidade – 6500.
Processo Civil
1.No dia 8 de janeiro de 2019, Mário Santos, solteiro, maior e residente em Lisboa, vendeu a
José Trindade, casado no regime de comunhão geral de bens com Manuela Trindade e
residente em Faro, um veículo automóvel pelo preço de 10.000 euros. Naquela data, Mário
entregou de imediato o veículo a José e este, para pagamento do preço, emitiu a favor daquele
um cheque no valor de 10.000 euros para que fosse descontado apenas no dia 6 de fevereiro
de 2019, o que Mário aceitou.
No dia 21 de fevereiro de 2019 Mário apresentou o cheque a pagamento, o qual foi
devolvido por falta de provisão.
Perante estes factos, Mário contacta-o(a) na qualidade de solicitador(a) e questiona-o(a)
sobre os seguintes aspetos.
Tendo em conta o incumprimento de José ao não proceder ao pagamento da quantia
correspondente ao preço, pode Mário resolver o contrato de compra e venda e exigir a
devolução do veículo? Justifique.
- Estamos perante um contrato de compra e venda regulado pelo Código Civil (CCiv) nos arts.
874.º e segs. Trata-se do contrato pelo qual se transmite a propriedade de uma coisa, ou outro
direito, mediante um preço. Do contrato de compra e venda resulta, por um lado, a
transmissão da propriedade da coisa, por outro lado, a obrigação de pagar o preço (art. 879.º,
al. c) do CCiv).
- A resolução do contrato é admitida nos termos da lei ou do contrato (art. 432.º, n.º 1 do
CCiv), opera por comunicação à parte contrária (art. 436.º, n.º 1 do CCiv) e implica a restituição
de tudo o que tiver sido prestado (arts.433.º e 289, n.º 1 do CCiv).
- Nos termos do art. 886.º do CCiv, transmitida a propriedade da coisa, ou o direito sobre ela, e
feita a entrega, o vendedor não pode, salvo convenção em contrário, resolver o contrato por
falta de pagamento do preço.
- O enunciado refere que Mário entregou imediatamente o veículo a José e não refere
qualquer estipulação contratual alusiva à possibilidade de resolução do contrato. Assim sendo,
Mário não pode resolver o contrato com fundamento na falta de pagamento do preço.
1.1. Mário teve agora conhecimento de que o veículo terá sido interveniente em acidente de
viação no dia 30 de janeiro de 2019, tendo ficado bastante danificado e desconhece se o
mesmo já se encontra reparado. Por esse motivo, pede-lhe que, na qualidade de solicitador,
proceda à cobrança coerciva do valor em dívida.
a) Que tipo de ação a intentar, quanto ao fim e quanto à forma de processo aplicável e qual
o tribunal territorialmente competente.
- Assume-se que Mário pretende cobrar o valor correspondente ao preço, ou seja, pretende
cobrar € 10.000,00 (dez mil euros) (por causa do acidente, Mário terá perdido interesse na
resolução, optando por exigir o cumprimento da obrigação de pagamento o preço).
- Nos termos do art. 29.º da Lei Uniforme do Cheque (estabelecida pela Convenção
internacional assinada em Genebra em 19 de Março de 1931, aprovada em Portugal pelo
Decreto-Lei n.º 23 721, de 29 de Março de 1934, e confirmada e ratificada pela Carta de 10 de
Maio de 1934, publicado no suplemento do "Diário do Governo", n.º 144, de 21 de Junho de
1934), o cheque pagável no país onde foi passado deve ser apresentado a pagamento no prazo
de 8 dias e o prazo conta-se a partir do dia indicado no cheque como data de emissão.
- Mário não respeitou o prazo de 8 dias uma vez que o cheque tinha data de emissão no dia 6
de fevereiro de 2019 e apenas foi depositado no dia 21 de fevereiro de 2019.
- Contudo, nos termos do art. 703.º, n.º 1, al. c) do Código de Processo Civil (CPC), o cheque
(título de crédito) é título executivo, ainda que mero quirógrafo, desde que, neste caso, os
factos constitutivos da relação subjacente constem do próprio documento ou sejam alegados
no requerimento executivo.
- Ou seja, o desrespeito do prazo de apresentação a pagamento não retira ao cheque a
qualidade de título executivo. Compete ao credor / exequente Mário alegar os factos
constitutivos do seu direito no requerimento executivo, ou seja, alegar que foi celebrado um
contrato de compra e venda e que o preço não foi pago pelo comprador.
- A relação subjacente opõe-se à relação cartular sendo aquela a que motivou a entrega do
cheque e esta a que resulta diretamente das indicações constantes do cheque.
- Dado que o exequente dispõe de título executivo, poderá intentar uma ação de execução
para pagamento de quantia certa na forma sumária (arts. 10.º, n.os 1 e 4 a 6 do CPC e 550.º,
n.º 2, al. d) do CPC). A opção pela forma sumária leva em consideração a circunstância de se
tratar de uma obrigação pecuniária vencida (o cheque é pagável à vista e foi efetivamente
apresentado a pagamento) e de quantia exequenda ser de € 10.000,00 (não superior ao dobro
da alçada do tribunal de 1.ª instância) (art. 44.º, n.º 1 da Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto [Lei
da Organização do Sistema Judiciário - LOSJ]). Caso sejam considerados juros vencidos até ao
dia da apresentação do requerimento executivo, a obrigação passa a ser superior ao dobro da
alçada do tribunal de 1.ª instância e a forma a empregar é a ordinária.
- Quanto ao pressuposto genérico da competência, critério competência interna território, a
ação deve ser proposta no tribunal do domicílio do executado, isto é, Faro (art. 89.º, n.º 1 do
CPC).
2. Considere agora que José é citado para a ação e pretende deduzir oposição invocando para
tanto que o veículo que lhe foi vendido por Mário tem deficiências graves no motor, que o
impedem de circular.
a) Perante estes factos, pronuncie-se quanto aos direitos de José e as condições em que os
mesmo devem ser exercidos.
As deficiências graves no motor remetem para o tratamento dado pelo legislador à venda de
coisa defeituosa (arts. 913.º e ss do CCiv). O comprador de coisa defeituosa tem o direito:
i. de exigir do vendedor a reparação da coisa;
ii. de exigir a sua substituição (art. 914.º do CCiv), em ambos os casos salvo se o
vendedor Mário desconhecia sem culpa o vício ou a falta de qualidade;
iii. invocar a anulabilidade do contrato, por erro ou dolo (art. 905.º, ex vi, art.
913.º do CCiv);
- Se as circunstâncias mostrarem que, sem erro ou dolo, o comprador teria igualmente
adquirido o bem, mas por preço inferior, apenas lhe caberá o direito à redução do preço (art.
911.º, n.º 1 do CCiv).
- José deve denunciar o defeito no prazo de 30 dias depois de conhecido o defeito e dentro
dos 6 meses seguintes à entrega da coisa. O comprador tem também o prazo de 6 meses para
propor a ação a contar da denúncia do defeito (art. 917.º do CCiv).
b) Identifique o meio processual através do qual esta oposição deve ser deduzida e diga
quais os efeitos processuais na ação em que é invocada.
- José é executado podendo apresentar oposição à execução por embargos de executado com
fundamento no art. 731.º do CPC. A petição inicial de oposição deve ser apresentada no prazo
de 20 dias a contar da citação (art. 728.º, n.º 1 do CPC).
- Os embargos correm por apenso à ação executiva (art. 732.º, n.º 1 do CPC). Caso os
embargos sejam julgados procedentes, há lugar à extinção da execução (art. 732.º, n.º 4 do
CPC).
- O recebimento dos embargos suspende o prosseguimento da execução se for prestada
caução pelo executado (art. 733.º, n.º 1, al. a) do CPC) (não se consideram aplicáveis ao caso as
als. b) e c) do art. 733.º, n.º 1).
3.3. Indique se António poderá ser patrocinado por solicitador na propositura da ação.
Assumindo que a execução terá o valor de 20.000 euros, é obrigatória a constituição de
mandatário (advogado ou solicitador) mas não é obrigatória a constituição de advogado. Logo,
o solicitador pode patrocinar o exequente e garantir a regularidade do pressuposto processual
do patrocínio judiciário cf. artigo 58.º CPC.
Injunção
1. Na contagem do prazo não se inclui o dia em que ocorrer o evento a partir do qual o prazo
começa a correr (artigo 279.º do CC);
2. O prazo é contínuo, suspendendo-se, no entanto, durante as férias judiciais (cf. artigo. 138.º,
n.º 1 do CPC), férias que decorrem nos períodos indicados no artigo 28.º da LOSJ;
3. Quando o prazo para a prática do ato ocorrer em dia em que os tribunais estiverem
encerrados, transfere-se o seu termo para o 1.º dia útil seguinte – cf. artigo 138.º, n.º 2 do
CPC. Assim, o primeiro dia do prazo é o dia 22 de março de 2018; o último dia do prazo é o dia
é o dia 16 de abril.
1.1.Atendendo ao período de tempo decorrido, Pedro e Madalena entendem que o valor em
dívida já não lhes pode ser exigido. Identifique o instituto jurídico que permite a defesa dos
requeridos com este fundamento, classifique processualmente este meio de defesa, bem
como as consequências de o mesmo ser julgado procedente.
- O instituto jurídico em causa é o da prescrição, previsto nos artigos 300.º e ss do CC.
- Nos termos do disposto no artigo 317.º, alínea a) do CC, o prazo de prescrição a que os
créditos dos estabelecimentos de ensino está sujeito é de 2 anos.
- Assim, tendo em conta que este período de tempo já decorreu, a invocação deste
fundamento pelos réus (que não é de conhecimento oficioso), implicará a inexigibilidade do
pagamento (1 valor) - Processualmente estamos perante um meio de defesa qualificado como
exceção perentória – artigo 576.º, n.º1 e 3 do CPC e, caso seja julgado procedente, importa a
absolvição do pedido.
2. António reside no 2.º Dto. do prédio sito na Av. Fernão de Magalhães, n.º 53, em Leiria,
apartamento de que é dono. António não pagou as quotas do condomínio fixadas para a sua
fração nos anos de 2016, 2017 e 2018, sendo 600 euros por cada ano, perfazendo o valor total
em dívida de 1.800 euros. Na primeira reunião de condomínio de 2020 foi deliberado proceder
à cobrança judicial dos valores em dívida. Para além do apartamento de que é dono, onde
reside e com um Valor Patrimonial Tributário de 120.000€, António tem um vencimento como
trabalhador por conta da Supermercados Insular, SA., auferindo mensalmente a quantia
líquida de 750 euros.
2.2- Indique se a administração do condomínio pode ou não avançar diretamente para ação
executiva.
Sim, pode. As atas que fixam as quotas correspondentes a cada fração para cada ano são título
executivo (art. 6.º, n.º 1 do DL 268/94, de 25 de Outubro e art. 703.º/1, al. d).
2.3.Assumindo que a ação executiva é viável, que tipo de ação executiva deverá a
administração do condomínio propor?
Ação executiva para pagamento de quantia certa, forma sumária (arts. 10.º, n.os 1, 4 e 6 e
550.º, n.º 2, al. d) do CPC).
3.1. Considerando que Felismina foi notificada no dia 09 de março de 2022 para se opor ao
procedimento de injunção, até que data poderia apresentar oposição? Justifique.
- A requerida tem 15 dias para deduzir oposição à pretensão da requerente da injunção (art.
12º/n.º 1 do Dec. Lei 269/98, de 1 de setembro).
- À contagem dos prazos dos procedimentos previstos no Dec. Lei 269/98, de 1 de setembro
aplicam-se as regras previstas no CPC, sem qualquer dilação (art. 4º do diploma preambular).
- Há que ter em conta as seguintes regras:
• 279º/b) do CC – na contagem de qualquer prazo, não se inclui o dia em que ocorrer o
evento a partir do qual o prazo começa a correr;
• 138º/n.º 1 do CPC – o prazo é contínuo;
• 138º/n.º 2 – quando o prazo para a prática do ato terminar em dia em que os tribunais
estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o 1º dia útil seguinte.
Assim, a requerida podia deduzir oposição até ao dia 24 de março de 2002.
- O ato poderia, ainda, ser praticado nos três primeiros dias úteis subsequentes ficando,
porém, a sua validade dependente do pagamento imediato duma multa – art. 139º/n.º 5 do
CPC, pelo que poderia apresentar oposição até ao dia 29 de março de 2022.
1.A Águas Unidas de Portugal, S.A. (AUP, S.A.), com sede na Avenida 25, n.º 1200, em Lisboa,
apresentou requerimento de injunção contra António, residente na Alameda José Saramago,
n.º 45, 1.º direito, no Porto, com o objetivo de cobrar a quantia de €1.500, devida a título de
faturas de consumo de energia elétrica, vencidas e não pagas.
1.1- Uma vez que a AUP, SA pretende apurar se António tem ou não bens suscetíveis de
penhora, no sentido de propor ação executiva, indique se aquela pode recorrer a um
procedimento extrajudicial pré-executivo (PEPEX). Justifique.
- O recurso ao PEPEX é admissível. (pesquisa de bens forma mais rápida)
- O PEPEX é um procedimento que permite ao credor averiguar a existência de bens
penhoráveis, no sentido de decidir se propõe ou não a ação executiva (art. 2º da Lei n.º
32/2014, de 30 de maio).
- O recurso ao PEPEX depende do credor ter título executivo que reúna as condições
para aplicação da forma sumária do processo comum de execução, da dívida ser certa líquida e
exigível e da indicação do número de identificação fiscal de requerente e requerido (art. 3º da
Lei n.º 32/2014, de 30 de maio).
- O elenco dos títulos executivos é estipulado pelo art. 703º do CPC. No art. 703º/n.º 1,
alínea d) do CPC, é admitida a possibilidade da lei atribuir força executiva especial a
determinados documentos.
- Nos termos do art. 7º do Dec.-Lei 269/98, de 1 de setembro, a injunção é a
providência que tem por fim conferir força executiva a requerimento destinado a exigir o
cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes de contrato.
- Art. 550º/n.º 2, alínea d) do CPC: o processo comum para pagamento de quantia
certa segue a forma sumária, no caso de injunção à qual tenha sido aposta fórmula executória.
- A obrigação é certa (a prestação é conhecida: entrega de um valor monetário),
líquida (o valor está determinado) e exigível (está vencida).
1.2. A AUP, S.A. está obrigada a constituir mandatário? E caso o requerido deduza oposição
ao procedimento extrajudicial pré-executivo?
- O PEPEX é um procedimento extrajudicial e, nessa medida, não é obrigatória, embora
seja admissível, a constituição de mandatário (art. 5º/n.º 10 da Lei n.º 32/2014, de 30 de
maio).
- Caso o requerido deduza oposição ao procedimento extrajudicial pré-executivo, na
ação especial é obrigatória a constituição de advogado se o valor da ação for superior ao da
alçada da primeira instância (art. 44º da Lei 62/2013 de 26 de agosto) - €5.000,00 (art. 16º/n.º
10 da Lei n.º 32/2014, de 30 de maio).
1.3- Suponha que António deduziu oposição ao procedimento de injunção. Qual o tribunal
competente em razão do território para a ação?
- No caso de oposição à injunção, os autos são apresentados à distribuição (16º/n.º 1 do
Dec. Lei 269/98, de 1 de setembro).
- São aplicáveis as normas processuais gerais para determinação da competência territorial
do tribunal: arts. 70º a 84º do CPC. Destinando-se a ação a exigir o cumprimento de uma
obrigação, deverá ser proposta no tribunal do domicílio do réu, que, no caso, é o Tribunal
Judicial da Comarca do Porto (art. 71º/n.º 1 do CPC).
- Não se aplica a segunda parte do art. 71º/n.º 1 do CPC, uma vez que o Réu não é pessoa
coletiva, nem tem domicílio na mesma área metropolitana (de Lisboa ou Porto) do credor.
Patrocínio Judiciário
1.1. Não contente com a circunstância de abordar assuntos relativos ao patrocínio judiciário
com clientes, o seu colega de escritório afirma: “só há uma circunstância em que o
solicitador pode exercer o patrocínio judiciário obrigatório, que é nas execuções de valor
superior à alçada do tribunal de 1.ª instância”. Comente a afirmação do seu colega.
- Explicação da regra (geral) da constituição obrigatória de advogado e o seu contrário (quando
a parte possa pleitear por si) cf. artigo 40.º CPC (1 valor) - Explicação da possibilidade e/ou
necessidade da representação, através de mandato forense, nos casos abrangidos pelo artigo
58.º/3 e cf. regras dos restantes números do artigo 58.º do CPC.