Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CASOS PRÁTICOS
É de acordo com o artigo 30.º do NRAU e com as especificidades do mesmo que deve ser
fundamentada a comunicação por iniciativa do senhorio. Posto isto, Francisco deve ir ao encontro
de dar a conhecer ao arrendatário, bem como à sua eventual cônjuge, a vontade que tem, de
submeter o referido contrato, ao regime do NRAU e que, a respetiva renda passe de xxxxxx a
xxxxx€. Para além de indicar os aspetos anteriores, terá ainda de estipular o tipo de contrato em
causa, de acordo com o artigo 30.º, alínea a), do NRAU (nomeadamente, se se trata de um
contrato de arrendamento urbano para habitação com prazo certo ou de duração indeterminada,
nos termos do artigo 1094.º do Código Civil). Se o senhorio em causa optar por um contrato de
arrendamento para habitação de prazo certo, deverá indicar o tempo e duração do mesmo,
considerando os limites mínimos e máximos, pelo que, o contrato de prazo certo não pode ser
inferior a um ano nem pode ser superior a trinta anos (artigo 1095.º, n.º 2 do CC). Deverá ainda,
estabelecer o valor do locado (artigo 30.º, alínea b) do NRAU), que é avaliado segundo os trâmites
do artigo 38.º do Código de IMI, constante da caderneta predial urbana. Por conseguinte, feita a
redação da carta efetuada pelo locador, este deverá informar ao arrendatário do prazo de reação à
respetiva comunicação, mais concretamente, o prazo de 30 dias de acordo com os artigos 30.º,
alínea d) e 31.º, n.º 1 do NRAU, mas com o conteúdo do n.º 3 do artigo mencionado anteriormente.
O senhorio terá ainda de referir em que circunstâncias, o arrendatário poderá invocar os termos do
artigo 31.º, n.º 4 do NRAU, conforme o artigo 30.º, alínea f) do NRAU. Finalmente, o senhorio tem
de informar, caso o arrendatário não responder à comunicação (artigo 30.º, alínea g) do NRAU)
quais as consequências que daí advém, bem como, a perda de oportunidade de responder à
comunicação mais tarde. Se Guilherme não responder de todo à comunicação do senhorio,
considera-se que aceita a proposta com base no artigo 31.º, n.º 9 do NRAU.
Por outro lado, Guilherme terá de responder no prazo de 30 dias a contar da receção da
comunicação (artigo 31.º, n.º 1 do NRAU). Se responder, terá de redigir uma carta registada com
aviso de receção, remetida para o local arrendado ou domicílio convencionado entre as partes
(artigo 9.º, números 3 e 4 do NRAU), ou ainda, entregue em mão (artigo 9.º, n.º 6 do NRAU). Na
Temos ainda de presumir o facto de Guilherme não estar de acordo com o valor da renda, como
também do tipo e duração do contrato. Este deverá contrapropor um novo valor, como foi referido
anteriormente, tendo em conta o artigo 31.º, n.º 3, alínea b) do NRAU. Contudo, a falta de
contraproposta de um novo valor por parte do arrendatário, “(…) vale como proposta de
manutenção do valor da renda em vigor à data da comunicação do senhorio.” (artigo 33.º, n.º 2 do
NRAU). Ou seja, que Guilherme pretende continuar a pagar a renda mensal que foi estipulado no
contrato inicialmente. Há que ter em conta que o facto de Guilherme já ter mais de 65 anos de
idade, faz com que a transição do contrato para o NRAU esteja sujeita ao acordo entre as partes,
pois, se não chegarem a acordo, o contrato não transita para o NRAU (artigo 36.º, n.º 1 do NRAU).
Em suma, diz-nos o artigo 36.º, n.º 6 do NRAU que “se o senhorio não aceitar o valor da renda
proposto pelo arrendatário, o contrato mantém-se em vigor sem alteração do regime que lhe é
aplicável, sendo o valor da renda apurado nos termos das alíneas a) e b) do n.º 2” do artigo 35.º do
NRAU, ou seja, se Francisco não aceitar a contraproposta do arrendatário, o valor da renda será
definido com base em 1/15 do valor do locado, como limite máximo (artigo 35.º, n.º 2, alínea a) do
NRAU). Não obstante, do tipo e duração do contrato permanecerem iguais. O arrendatário tem
ainda a possibilidade de invocar simultaneamente com a idade, a possível circunstância de ter o
rendimento anual bruto corrigido inferior a 5 RMNA (Retribuição Mínima Nacional Anual), em
conformidade com o estipulado nos artigos 36.º, n.º 7 e 35.º do NRAU.
O António deu de arrendamento ao Bernardo, um imóvel com fins não habitacionais, no dia
10 de novembro de 1995. Pretende que ao tal contrato se aplique o regime do NRAU e
atualizar a renda. Como deverá proceder?
Segundo o enunciado, o contrato celebrado entre senhorio e arrendatário, para fins não
habitacionais, foi realizado após a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 257/95, de 30 de setembro.
Ou seja, o contrato passa a estar automaticamente submetido ao NRAU.
E se o contrato fosse celebrado a 10 de outubro de 1995, o que era necessário para transitar
para o NRAU?
Se o contrato fosse celebrado a 10 de outubro de 1995, isso quer dizer que, o contrato foi
celebrado antes da entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 257/95, de 30 de outubro, segundo o artigo
27.º do NRAU.
Como está em causa um contrato de arrendamento para fins não habitacionais, a transição
para o NRAU e a respetiva atualização de renda, carecem da iniciativa do senhorio por força do
artigo 50.º do NRAU. Ou seja, António (senhorio) terá de comunicar a sua intenção a Bernardo
(arrendatário), conforme o estipulado do artigo mencionado anteriormente, através de carta
registada com aviso de receção, ou entregue em mão (artigo 9.º, números 1 e 6 do NRAU),
devendo ser dirigida ao local arrendado ou domicílio convencionado entre as partes (artigo 9.º, n.º
2 do NRAU).
Alberto (arrendatário) há já seis meses que não paga a Bernardo (senhorio) a renda devida.
Diga o que poderá Bernardo fazer para conseguir que o imóvel lhe seja entregue, livre e
desocupado, caso Alberto o não entregue voluntariamente.
De acordo com o artigo 1083.º, n.º 3 do Código Civil, doravante designado por “CC”, determina
que “É inexigível ao senhorio a manutenção do arrendamento em caso de mora igual ou superior a
três meses no pagamento da renda, encargos ou despesas que corram por conta do arrendatário”,
sendo a falta de pagamento das rendas há mais de seis meses, fundamento para a resolução do
contrato pelo senhorio. Neste enquadramento, a resolução do contrato é feita através de
comunicação à contraparte, por força do artigo 1084.º, n.º 2 do CC. A comunicação deve ser
devidamente fundamentada, invocando a obrigação que não foi cumprida, acompanhando assim
os trâmites do artigo 9.º, n.º 7 do NRAU, ou seja, por meio de comunicação avulsa (artigo 9.º, n.º 7,
alínea a) do NRAU); contacto pessoal de advogado, solicitador ou agente de execução (artigo 9.º,
n.º 7, alínea b) do NRAU): ou, escrito assinado e remetido pelo senhorio, em carta assinada com
aviso de receção, caso o contrato tenha sido celebrado por escrito e tenha sido convencionado o
domicílio (artigo 9.º, n.º 7, alínea c) do NRAU).
Após a receção desta comunicação, Alberto poderá agir nos termos do artigo 1084.º, n.º 3 do
CC, mais concretamente, pagar as rendas em atraso acrescidas de 20% do montante da renda
(artigo 1041.º do CC), pondo fim à mora, evitando assim, a resolução do contrato. Há que ter em
atenção que o arrendatário só pode fazer uso do mecanismo do artigo 1084.º, n.º 3 do CC, uma
única vez, se este não puser fim à mora (artigo 1084.º, n.º 4 do CC). Caso o senhorio não aceite
receber as rendas, Alberto pode ainda recorrer à consignação em depósito, segundo o artigo
1042.º do CC. A resolução do contrato opera decorrido 1 mês e, portanto, só após ter decorrido
esse mês, tem o arrendatário o prazo de 30 dias para entregar o locado (artigo 1087.º do CC).
É certo que, o artigo 1084.º, n.º 2 do CC, prevê que a resolução só pode operar por meio de
comunicação. Contudo, se Alberto não puser termo à mora nos termos referidos anteriormente e,
se recusar a entregar o locado, o Bernardo poderá instaurar um procedimento especial de despejo
tendo em conta os artigos 15.º e seguintes do NRAU. O procedimento especial de despejo é “um
meio processual que se destina a efetivar a cessação do arrendamento, independentemente do fim
a que este se destina, quando o arrendatário não desocupe o locado na data prevista na lei ou na
data fixada por convenção entre as partes” (artigo 15.º, n.º 1 do NRAU). Ora, uma vez que o
inquilino não pôs fim à mora e recusa-se a entregar o locado ao senhorio, estará sujeito a este
procedimento.
Se Alberto não entregar voluntariamente o locado e também, não deduzir oposição, o BNA
converte o requerimento de despejo em título para a desocupação do locado (artigo 15.º-E,
NRAU). Em termos práticos, como não houve uma anterior oposição, isto significa que, o
processo ainda não passou para as mãos do juiz. Por assim ser, antes do agente de
execução tomar posse do imóvel, deve ser feito um requerimento prévio ao juiz, no tribunal
judicial. Havendo autorização do juiz, poderá o agente de execução, suscitando a
intervenção das forças policiais, proceder ao arrombamento (artigo 15.º-J, NRAU).
Se Alberto deduzir oposição, deve fazê-lo no prazo de 15 dias a contar da sua notificação,
por via eletrónica, juntando os documentos comprovativos do pagamento da taxa de justiça
devida e o pagamento de uma caução no valor das rendas (artigo 15.º-F, NRAU). Feita a
oposição, a distribuição segue os trâmites do artigo 15.º-H, NRAU. É neste contexto que o
juiz aprecia os fundamentos da oposição e decide se será procedente ou não. A audiência
de julgamento realiza-se no prazo de 20 dias a contar da distribuição (artigo 15.º-I, NRAU).
Não sendo a oposição procedente, converte-se em título para desocupação do locado
(artigo 15.º-J, NRAU).
No que toca à revogação, é sempre possível extinguir qualquer contrato, por acordo das partes,
tal como vem estipulado no artigo 406.º do CC. Relativamente ao arrendamento urbano, aplicar-se-
á o artigo 1082.º do CC. Em regra, a revogação opera por escrito, salvo quando ocorra a entrega
imediata do imóvel ou exista cláusulas compensatórias.
Quanto à resolução, esta quando seja feita pelo senhorio e fundamentada no artigo 1083.º, n.º 2
do CC, é operada nos termos da lei de processo (artigo 1084.º, n.º 1 do CC), designadamente,
através da ação de despejo (artigo 14.º do NRAU). A resolução quando fundada em causa prevista
no artigo 1083.º, números 3 e 4 do CC, é feita por comunicação à contraparte, onde,
fundamentadamente, se invoque a obrigação que não é cumprida do artigo 1084.º, n.º 2 do CC.
Por sua vez, a resolução por iniciativa do arrendatário, é feita igualmente por comunicação nos
termos do artigo 1084.º, n.º 2 do CC, sempre que estiver em causa, situações de incumprimento
contratual que, pela sua gravidade torna inexigível à outra parte, a manutenção do arrendamento
(artigo 1083.º, n.º 5 do CC), bem como os fundamentos do artigo 1050.º, independentemente da
culpa do senhorio.
Sabendo que o senhorio tomou conhecimento de que, António e a sua família já não
habitavam no locado há mais de um ano e, pretendendo assim, reaver o imóvel, este pode optar
pela resolução do contrato.
Na verdade, de acordo com o artigo 1083.º, n.º 2, alínea d) do CC, constitui causa de
resolução pelo senhorio “O não uso do locado por mais de um ano”, pelo que, uma vez verificada
uma das situações previstas no artigo supramencionado, a resolução é decretada nos termos da lei
de processo, consoante o artigo 1084.º, n.º 1 do CC, nomeadamente, através de uma ação de
despejo (artigo 14.º e seguintes, do NRAU). Esta ação “destina-se a fazer cessar a situação
jurídica do arrendamento sempre que a lei imponha o recurso à via judicial para promover tal
cessação e segue a forma de processo comum declarativo” (artigo 14.º, n.º 1 do NRAU). Como já
foi referido anteriormente, este tipo de ações, seguem os trâmites do Código de Processo Civil,
designadamente, os artigos 859.º e seguintes.
Posto isto, António tem a faculdade de contestar a ação de despejo, invocando a situação do
artigo 1072.º, n.º 2, alínea b) do CC, ou seja, “O não uso pelo arrendatário é lícito: Se a ausência,
não perdurando há mais de dois anos, for devida ao cumprimento de deveres militares ou
profissionais do próprio, do cônjuge ou de quem viva com o arrendatário em união de facto”. Ora,
se assim o fizer, terá fortes possibilidades de sucesso.
Atenção que, na pendência da ação de despejo (artigo 14.º, NRAU), o arrendatário continua
com a obrigação de efetuar o pagamento das rendas de acordo com o artigo 14.º, n.º 3 do NRAU,
dado que, enquanto a resolução do contrato não se efetivar, o arrendatário não fica dispensado do
pagamento das rendas. Contudo, se o deixar de fazer, o senhorio poderá vir junto do processo,
explicar a situação ao juiz para que este determine a notificação do arrendatário, para que no prazo
de 10 dias, regularize a situação pagando as quantias em dívida acrescidas de 20% (artigos 1041.º
do CC e 14.º, n.º 4 do NRAU). No entanto, se o arrendatário não regularizar a situação, o senhorio
pode requerer o despejo imediato (artigo 14.º, n.º 5 do NRAU).
mínima prevista na lei, designadamente, 120 dias se o contrato tiver um ano ou mais, de duração
efetiva (artigo 1100.º, n.º 1, alínea a) do CC) ou, 60 dias se o contrato tiver durado até 1 ano de
duração efetiva (artigo 1100.º, n.º 1, alínea b) do CC). Esta comunicação deve ser realizada
através de carta registada com aviso de receção (artigo 9.º, n.º 1 do NRAU) que poderá ser
remetida para o endereço convencionado no contrato; ou para o locado (artigo 9.º, números 3 e 4
do NRAU); ou ainda, entregue em mão (artigo 9.º, n.º 6 do NRAU).
ii. No que diz respeito à alínea b) do artigo 1101.º do CC, o senhorio pode denunciar
o contrato para a demolição ou realização de obras de remodelação ou restauro profundo que
obrigam à desocupação do locado. Neste contexto, o senhorio deverá proceder nos mesmos
termos referidos anteriormente, quanto à comunicação. Para além disso, existem determinados
documentos previstos no artigo 1103.º do CC que deverão ser anexados a essa comunicação,
designadamente, o comprovativo de procedimento de controlo prévio da operação urbanística a
efetuar no locado (artigo 1103.º, n.º 2, alínea a) do CC), bem como, o termo de responsabilidade
emitido pelo técnico contratado pelo senhorio para fazer o projeto (artigo 1103.º, n.º 2, alínea b) do
CC). Após a comunicação e a confirmação da denúncia, a desocupação terá lugar no prazo de 60
dias a contar da respetiva confirmação da denúncia (artigo 1103.º, n.º 4 do CC). Com base nas
obras, a denúncia deve seguir os termos do artigo 4.º do Regime Jurídico das Obras em Prédios
Arrendados (RJOPA), que consagra a remodelação ou restauro profundo – com base no artigo
supramencionado, quer o técnico quer a Câmara, devem respeitar a norma legal. Para além disso,
o artigo 1103.º, n.º 6 como também o artigo 6.º, n.º 1, alínea a) do RJOPA, prevê a obrigação do
senhorio, mediante acordo e em alternativa, ao pagamento de uma indemnização correspondente
a dois anos de renda, de valor não inferior a duas vezes o montante de 1/15 do valor patrimonial
tributário (VPT) do locado (artigo 1103.º, n.º 6, alínea a) do CC) ou, assegurar o realojamento do
arrendatário por período não inferior a três anos (artigo 1103.º, n.º 6, alínea b) do CC).
Quando, por motivo não imputável ao senhorio, este não cumpra com o disposto do artigo 1103.º,
n.º 5 do CC, ou seja, findo o contrato, se o senhorio não utilizar o locado para habitação própria, no
prazo de três meses e por um período mínimo de dois anos, ou, se não iniciar as obras previstas
no artigo 1101.º, alínea b) do CC, no prazo de seis meses contados da desocupação do locado, o
senhorio deve proceder ao pagamento de uma indemnização correspondente a dez anos de renda,
conforme o artigo 1103.º, n.º 9 do CC. O disposto no artigo 1103.º, n.º 8 do CC apenas aplicar-se-á
à indemnização do artigo 1101.º, alínea b) do CC, uma vez que não há lugar à confirmação da
denúncia, nos termos do artigo 1101.º, alínea a) do CC, razão pela qual, a indemnização deverá
ser paga na sua totalidade, no momento da entrega do locado, ao passo que, quanto ao artigo
1101.º, alínea b) do CC, metade da indemnização deve ser paga após a confirmação da denúncia
e o restante, no ato de entrega.
iii. Em último lugar, se o senhorio optar pela denúncia livre do artigo 1101.º, alínea c)
do CC, este deve proceder mediante comunicação, com base no artigo 9.º e seguintes do NRAU,
dirigida para o locado ou para o domicílio convencionado entre as partes, com uma antecedência
de 5 anos. Neste caso, não há lugar a qualquer pagamento de indemnização. Ainda assim, há
lugar à confirmação da denúncia por força do artigo 1104.º do CC, pelo que, a denúncia deverá ser
confirmada sob pena de ineficácia, por comunicação com a antecedência máxima de quinze meses
e mínimo de um ano, relativamente à data da sua efetivação.
1ª vertente: Se o contrato tivesse sido celebrado antes da entrada em vigor do RAU, aprovado pelo
Decreto- Lei n.º 321-B/90, de 15 de outubro, aplicar-se-ia o disposto no artigo 27.º e seguintes do
NRAU. Por força do artigo 28.º do NRAU aplica-se, com as necessárias adaptações o disposto no
artigo 26.º do NRAU. Por assim ser, à transmissão por morte rege-se a redação dos artigos 57.º e
58.º do mesmo regime jurídico (artigo 26.º, n.º 2, do NRAU). Assim sendo, tratando-se de um
contrato de arrendamento para habitação, este não caduca por morte do primitivo arrendatário,
transmitindo-se assim, para o seu cônjuge (artigo 57.º, n.º 1, alínea a) do NRAU) como também
para os seus filhos (artigo 57.º, n.º 1, alíneas d), e), e f), do NRAU).
3ª vertente: Se o contrato tivesse sido celebrado após a vigência do NRAU, ou seja, após 2006, à
partida, com a morte do arrendatário, o contrato de arrendamento caduca, com base no artigo
1051.º, alínea d) do CC. No entanto, o artigo 1106.º do CC, contempla uma exceção à regra, que é:
sempre que esteja em causa um contrato de arrendamento urbano destinado à habitação e que o
arrendatário morra, o arrendamento transmite-se para o seu cônjuge (artigo 1106.º, n.º 1, alínea a)
do CC).
Importa lembrar que, se o falecido arrendatário não tivesse cônjuge ou unido de facto, o
arrendamento não se transmitiria para os seus descendentes diretos.
O David que é casado com a Eduarda, recebeu uma carta do senhorio pela qual, pretende
que o contrato de arrendamento celebrado entre ambos em 1989, passe a ser redigido pelo
NRAU com prazo certo de 3 anos e com o aumento da renda para o quadruplo. David quer
saber se isto é possível e o que poderá fazer para reagir a isto.
A resposta é afirmativa uma vez que, o contrato de arrendamento foi celebrado em 1989,
pelo que, a transição para o NRAU depende da iniciativa do senhorio.
O arrendatário deve ainda, se for caso disso, invocar na sua resposta alguma das
seguintes circunstâncias: rendimento anual bruto corrigido (RABC) do seu agregado familiar inferior
a cinco retribuições mínimas nacionais anuais (artigo 31.º, n.º 4, alínea a) do NRAU) e ainda, idade
igual ou superior a 65 anos ou deficiência com grau comprovado ou incapacidade igual ou superior
a 60% (artigo 31.º, n.º 4, alínea b) do NRAU). Se assim o fizer, o respetivo documento
Este tipo de contratos, foram celebrados após a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 321-B/90, de
15 de outubro, pelo que, aplicar-se-á o disposto do artigo 26.º do NRAU. Na verdade, a transição
para o NRAU não está sujeita a qualquer formalidade, ficando o contrato automaticamente
submetido ao regime do NRAU, tendo sempre em consideração as especificidades previstas no
artigo 26.º, NRAU.
A estes contratos aplicar-se-á as disposições dos artigos 27.º e 28.º do NRAU, que nos remete
para o artigo 26.º do NRAU com as necessárias adaptações. Nesta situação, só há lugar à
transmissão por iniciativa do senhorio, que deverá ser realizado por meio de carta registada com
aviso de receção, tendo sempre em conta, as formalidades dos artigos 9.º, 11.º e 12.º do NRAU. O
conteúdo da respetiva comunicação deve conter todos os elementos tipificados no artigo 30.º,
NRAU. Posto isto, deve o arrendatário responder à comunicação, no prazo de 30 dias, uma vez
que, a falta de resposta, vale como aceitação do tipo e duração do contrato proposto pelo senhorio
(artigo 31.º, n.º 9 do NRAU). Perante o propósito do senhorio, o arrendatário deve pronunciar-se
nos termos do artigo 31.º, números 3 e 4 do NRAU. A regra é, independentemente da oposição do
arrendatário, no artigo 33.º do NRAU, à partida o contrato transita para o NRAU, salvo se o
inquilino invocar algumas das circunstâncias do artigo 31.º, n.º 4 do NRAU, mediante documento
comprovativo (artigo 32.º, NRAU): se invocar na sua resposta o disposto na alínea a) e na falta de
acordo, o contrato apenas transita para o NRAU ao fim de 10 anos; se invocar na sua resposta o
disposto na alínea b), este apenas transita para o NRAU mediante acordo (artigo 36.º, n.º 1,
NRAU).
Os contratos não habitacionais celebrados antes do Decreto-Lei n.º 257/95, transitam para o
NRAU, mediante iniciativa do senhorio, feita por comunicação do artigo 9.º e seguintes do NRAU,
comunicação essa que deve conter o conteúdo do artigo 50.º do NRAU. Os contratos transitam
para o NRAU, sempre que haja iniciativa do senhorio, a não ser que o arrendatário invoque
algumas das circunstâncias do artigo 54.º, n.º 1 do NRAU. Existindo igual possibilidade do
arrendatário denunciar o contrato.
O António (arrendatário), decidiu começar a fazer festas na sua casa, fazendo barulho e
perturbando a vizinhança. Os vizinhos começaram a chatear o Bernardo (senhorio), com a
situação, a este pressionado, pretende impedir o António de continuar com estes
comportamentos. Poderá Bernardo fazer alguma coisa em relação a isto?
Tendo em conta o exposto no enunciado, sabe-se que, o Bernardo deixou de pagar as rendas
por conta da falta de gás em casa devido a uma rutura nas canalizações. Ora, face à mora do
senhorio em proceder à realização de obras, Bernardo tinha o direito à redução da renda (artigo
1040.º do CC) uma vez que, este veio diminuir o gozo do locado. Além disso, se procedesse à
reparação da canalização, tinha direito a ser reembolsado.
Está configurado uma situação de assédio no arrendamento que surge no artigo 13.º-A e
seguintes do NRAU. Entende-se por este conceito “qualquer comportamento ilegítimo do senhorio,
de quem o represente ou de terceiro interessado na aquisição ou na comercialização do locado,
que, com o objetivo de provocar a desocupação do mesmo, perturbe, constranja ou afete a
dignidade do arrendatário, subarrendatário ou das pessoas que com estes residam legitimamente
no locado, os sujeite a um ambiente intimidativo, hostil, degradante, perigoso, humilhante,
desestabilizador ou ofensivo, ou impeça ou prejudique gravemente o acesso e a fruição do locado”
(artigo 13.º-A, NRAU).
Neste caso, o arrendatário pode intimidar o senhorio a tomar providências ao seu alcance, no
sentido de corrigir outras situações que impeçam a fruição do locado, o acesso ao mesmo, ou a
serviços essenciais, tais como, as ligações às redes da água, eletricidade, gás ou esgotos, por
força do artigo 13.º-B, número 1, alínea c), NRAU.