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DIREITO CIVIL

DIREITO DE FAMÍLIA

Aula 06

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REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL
ARTS. 1.667 A 1.671, CC

Somente é estipulado por meio de pacto antenupcial.

Não só os bens presentes e futuros, adquiridos antes ou depois


do casamento, mas também as dívidas tornam-se comuns (Art.
1.667, CC).

Constitui uma massa única de bens.

Antes da dissolução do casamento não há meação, mas tão-


somente metade ideal.

Os cônjuges são meeiros em todos os bens.


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REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL
Exceções à comunhão:

Bens personalíssimos previstos no Art. 1.668, CC

Inciso I: bens herdados ou doados com a cláusula de


incomunicabilidade
Incomunicáveis também os seguintes bens: Bens doados com
cláusula de reversão ou com cláusula de inalienabilidade

Inciso II: Fideicomisso: Arts. 1.951 a 1.960, CC.


Fideicomitente (testador) => fiduciário => fideicomissário
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Inciso III: Dívidas anteriores ao casamento sem vinculação com a
família

Inciso IV: Doações antenupciais

Inciso V: bens de uso pessoal, livros, instrumentos da profissão,


proventos*, pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes.

ATENÇÃO: Comunicação dos frutos de bens incomunicáveis: Art.


1.669, CC

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REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL
ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIAL

A administração do patrimônio comum é de ambos os cônjuges.

Administração: igual ao regime de comunhão parcial. Art. 1.670,


CC

Responsabilidade e extinção do regime: Art. 1.671, CC

Nesse regime os cônjuges não podem ser sócios empresariais:


Art. 977, CC

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REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS
ARTS. 1.687 A 1.688, CC
“No regime de separação
legal de bens, comunicam-
se os adquiridos na
Cada consorte conserva seus bens e suas dívidas
constância presentes e
do casamento.”
futuros.
Em tese absoluta,
Espécies: porém conforme
Legal/Obrigatório Súmula 377/STF é
Art. 1.641, CC relativa

Separação de bens
Absoluta
Convencional
* Pacto
Relativa

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REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS
Separação convencional (com pacto):
Absoluta: incomunicabilidade de todos os bens
Relativa: convenção acerca dos aquestos (exceções à
incomunicabilidade)

Somente através de pacto antenupcial, se for convencional.

Dois patrimônios: o patrimônio próprio do marido e o


patrimônio próprio da mulher.

Obrigação legal de contribuir para a mantença da família. Salvo


pacto em contrário: Art. 1.688, CC.

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Não há proibição de gravar de
ônus real ou alienar bens sem
o consentimento do outro
cônjuge para os casos de
separação convencional
absoluta (Art. 1.647, CC).

– Na prática não é bem


assim !!!

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REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL
NOS AQUESTOS ARTS. 1.672 A 1.686, CC

Somente é estipulado por


meio de pacto antenupcial.

Surgiu com o CC/2002.

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REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL
NOS AQUESTOS
Regime misto (ou também chamado de regime híbrido):
durante o casamento se assemelha com a separação de bens
e na dissolução do casamento – partilha – aplicam-se regras
semelhantes ao regime da comunhão parcial.

Comunicam-se os bens adquiridos pelo esforço comum dos


consortes a título oneroso. Art. 1.672, CC.

Há formação de massas particulares e incomunicáveis durante


o casamento, que se tornam comuns na dissolução do
casamento: art. 1.672, CC.
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REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL
NOS AQUESTOS
Existem dois patrimônios:
Inicial: conjunto de bens
anteriores e posteriores ao
casamento de cada cônjuge
Final: verificável no momento
da dissolução do casamento
(art. 1.672, 1.673 e 1.674, CC).

Durante o casamento existe


apenas ‘expectativa’ de meação.

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REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL
NOS AQUESTOS
Administração dos bens: Art. 1.673, § único, CC.

Há necessidade da outorga conjugal: 1.647, CC


Mas pode ser afastada com pacto antenupcial expresso =>
ver art. 1.656, CC.

Débitos: Arts. 1.677, 1.678 e 1.686, CC.

Com a dissolução apura-se o montante a ser partilhado


conforme arts. 1.676, 1.683, 1.684, 1.686, CC, excluindo-se o
constante do art. 1.674, CC.
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art.1.656, CC

PPM PPE

Antônio ----------- Carla

PPM PPE
BG BO BG BO

Legenda:
PPM: Patrimônio próprio do Marido
PPM: Patrimônio próprio da Esposa
PPM – (BAC + Do + H + Dí) BG: Bens adquiridos a título gratuito
BO: Bens adquiridos a título oneroso
MA = + MA: Montante dos aquestos
BAC: Bens anteriores ao casamento
PPE – (BAC + Do + H + Dí) Do: Doações
H: Herança
Dí: Dívidas (art. 1.674, III, CC)
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REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL
NOS AQUESTOS
Regras gerais:

Doações: 1.675, CC
Bens em condomínio: 1.679, CC
Bens móveis: 1.680, CC
Bens imóveis: 1.681, CC
A meação é irrenunciável, impenhorável
e inalienável: art. 1.682, CC
Dissolução por morte: 1.685, CC 15
“... Neste regime, o direito que cada consorte tem não é
sobre o acervo patrimonial do outro, mas sobre o saldo
eventualmente apurado, após a compensação dos
acréscimos de bens a título oneroso na constância do
matrimônio.” (Nelson Rosenvald e Christiano Chaves)

“... Daí porque o regime da participação final nos


aquestos, embora simpático na sua essência, acaba por
vir a ser uma opção problemática.” (Sílvio Rodrigues)

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FORMAS DE DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE
CONJUGAL E DO VÍNCULO MATRIMONIAL
ART. 1.571, CC

Sociedade conjugal x vínculo matrimonial (casamento)


Sociedade conjugal termina: art. 1.571, CC
Vínculo matrimonial termina: art. 1.571, § 1º, CC

Regime de bens,
Vínculo matrimonial direitos e deveres
dos cônjuges

Proibição de
novo casamento Sociedade conjugal

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MORTE
(art. 1.571, I e § 1º, CC)

Dissolve tanto a sociedade conjugal quanto o vínculo


matrimonial.

Estado civil de viúva(o).

Pode ser morte real (certidão de óbito) ou morte presumida


(prevista no art. 7º, CC e art. 88 da lei 6.015/73) e ainda pode
ser pela ausência através de declaração judicial (art. 6º, CC).

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INVALIDADE DO CASAMENTO
(Arts. 1.548 a 1.564, CC.)

SISTEMA DE NULIDADES:

Teoria das nulidades em matéria de direito matrimonial é


especializada

Regra geral:
Ato nulo (nulidade absoluta): vício essencial, não pode ser
sanado, pode ser reconhecido de ofício pelo juiz, não
prescreve, previsão nos arts. 166 e 167, CC.
Ato anulável (nulidade relativa): vício que poderá ser
sanado, não pode ser reconhecido de ofício pelo juiz, tem
prazo de prescrição, previsão no art. 171, CC. 19
NULIDADE MATRIMONIAL
(Arts. 1.548 e 1.549, CC)

Dissolve apenas a sociedade conjugal, pois nunca existiu


matrimônio válido.

Proteção de interesse público

Não há nulidade sem texto legal – rol taxativo

Hipótese de casamento nulo: Infração a impedimento


matrimonial (art. 1.521, CC)

Legitimidade: Qualquer interessado ou MP (1.549, CC).

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ANULABILIDADE
MATRIMONIAL
(Arts. 1.550 e 1.564, CC)

Proteção de interesses
individuais (privados)

Rol taxativo

Casos de anulação de
casamento: Arts. 1.550, CC

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Hipóteses legais de casamento anulável:
1. Casamento de menor de 16 anos: art. 1.550, I, CC
Legitimidade: art. 1.552, CC
Prazo para propor a ação anulatória: 180 dias, art. 1.560, § 1º,
CC
Confirmação pelo menor: art. 1.553, CC

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2. Casamento de menor em idade núbil sem consentimento dos
pais e sem suprimento judicial: art. 1.550, II, CC
Legitimidade: 1.555, CC
Prazo para propor a ação anulatória: 180 dias, art. 1.555, CC
Anuência tácita dos representantes legais: art. 1.555, § 2º, CC

Exceção nesse caso: gravidez , art. 1.551, CC

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3. Vício da vontade (erro essencial e coação): art. 1.550, inc. III,
CC

3.1 Erro essencial:


Previsão: art. 1.550, III (vício da vontade) e arts. 1.556
(conceito) e 1.557, (hipóteses) CC
Pressupostos:
• anterioridade do vício em relação ao casamento
• desconhecimento do vício no momento do casamento
• insuportabilidade da vida em comum
Legitimidade: art. 1.559, CC
Prazo para propor a ação anulatória: três anos, art. 1.560, III,
CC
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Hipóteses legais de erro essencial:
Art. 1557, I, CC: erro sobre a identidade, honra e boa fama
Identidade física (procuração) x identidade civil (estado de
família, convicção religiosa, nome falso, viciado em álcool,
drogas, cigarro)
Honra (dignidade) e boa fama (estima social): recusa de
um dos cônjuges ao débito conjugal; homossexualidade
de um dos cônjuges; perversão; induzimento ao
casamento com alegação de paternidade inverídica;
simulação de gravidez.

Art. 1557, II, CC: ignorância de crime


Prática de crime, ocorrência antes do casamento e fato
ignorado. Contravenção penal não é motivo.
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Art. 1557, III, CC: defeito físico irremediável ou moléstia
grave e transmissível

Duas situações:
Defeito físico irremediável que não permite consumar o
casamento, incapacidade para o ato sexual
Moléstia grave e transmissível: AIDS, sífilis, tuberculose,
esquizofrenia, hepatite C, gonorreia.

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3.2 Casamento realizado
sob coação:

Previsão: art. 1.558, CC


Fundado temor x temor
reverencial: caso concreto
Legitimidade: somente o
cônjuge coagido, art. 1559,
CC
Prazo para propor a ação
anulatória: 4 anos, art.
1.560, IV, CC
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4. Incapaz de consentir: art. 1.550, IV, CC

Surdo-mudo que não possa exprimir vontade, ébrio,


toxicômano, etc.

Curatelado precisa do consentimento do curador

Pródigo pode casar (só não escolhe o regime de bens


que vai ser o regime legal)

Prazo para propor a ação anulatória: 180 dias, art.


1.560, I, CC.

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CASAMENTO PUTATIVO
(Arts. 1.561 a 1.564, CC)

Conceito: aquele que se reputa


verdadeiro, mas não o é.
Justificativa: proteção e estabilidade da
família, da prole e de terceiros de boa-fé.
Previsão: Art. 1.561, CC
Requisito: um ou ambos os cônjuges
estejam de boa-fé
Erro de fato (casa com o irmão sem saber
que é irmão)
Erro de direito (casa com o irmão, mas
não sabe que é proibido) 29
Efeitos da putatividade: regra é geral a partir da sentença –
ex nunc , art. 1.561, CC.
Mesmo no casamento nulo com ambos os cônjuges de má-fé,
aproveitam-se alguns efeitos, art. 1.563, 2ª parte, CC.
Pessoais: cessam os deveres conjugais, prevalece a
emancipação, se de boa-fé, nome de casados, mantém-se a
afinidade.
Filhos: apelido de família e poder familiar.
Patrimoniais: divisão dos bens (pacto antenupcial), filhos,
sucessão, terceiros.

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Art. 1.561, CC: Boa-fé de ambos os cônjuges
Art. 1.561, § 1º, CC: Boa-fé de apenas um dos cônjuges
– Ver art. 1.564, CC
Art. 1.561, § 2º, CC: Má-fé de ambos os cônjuges para com
terceiros
Art. 1.563, CC: Má-fé de ambos os cônjuges no casamento
nulo
Art. 1.562, CC: Possibilidade de separação de corpos
Não há declaração de putatividade sem ação declaratória de
nulidade ou anulação de casamento.

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