Você está na página 1de 5

DIREITOS REAIS

28/09/2022

Caso Prático

António, pretende adquirir uma quinta no Douro Vinhateiro, para tal visitou algumas quintas
disponíveis para aquisição, tendo optado por uma delas sita no Pinhão por diversos motivos,
nomeadamente, pela existência das seguintes situações: esta quinta integrava:

- Um armazém, com 10 toneladas de sucupira.

- Toda a colheita de azeitona desse ano em que ele ia adquirir a quinta.

- Toda a criação de galinhas existente, desde que ele fez essa visita até que adquiriu a quinta.

- Aquisição da colheita de laranjas que o proprietário da quinta ia adquirir ao proprietário da


quinta vizinha, para fazer compota.

Porém quando António entrou na sua quinta, acabada de adquirir, constata que ela está a ser
ocupada por Dário que havia celebrado um contrato de arrendamento da casa principal, com
António e desconhecia qualquer negócio celebrado anteriormente com o proprietário da
quinta ou qualquer outro sujeito.

1. Classificação dos bens


2. Teria António acesso a todos esses bens?

Quinta – coisa imóvel nos termos do artigo 204º, n.º 1 a)

Armazém – coisa imóvel nos termos do artigo 204º, n.º 1 e)

10 toneladas de sucupira – coisa móvel à contrariu sensu art.º 204, fungível, art.º 207, divisível
209, acessória 210

Colheita de azeitona – a colheita de azeitona é coisa móvel, mas é proveniente de coisa imóvel
(oliveira), fixa ao chão e a azeitona até ser separada da arvore, até ser colhida, é coisa imóvel
também. Fruto art.º 212, bem futuro 211, 206 composta, consumível 208

Criação de galinhas – coisa móvel art.º 205, fungível art.º 207 e composta art.º 206,
consumíveis 208º, presentes e futuras 211º,

Colheita de laranjas a adquirir à quinta vizinha – coisa futura art.º 211, fruto 212, móvel 205,
composto 206

António teria direito as coisas que fazem parte integrante da quinta e que se encontram
fixadas ao terreno da mesma, como é o caso do armazém e os direitos do bem futuro da
colheita da azeitona.
12/10/2022

Princípios
Ligados ao lado interno

 Relacionados com o facto de os direitos reais serem poderes diretos e imediatos sobre
coisas:
o Princípio da atualidade ou imediação – tem de ser um direito sobre uma coisa
presente; os direitos reais têm de existir sobre coisas atuais e não sobre coisas
futuras; 408º, n.º 2 cc
o Princípio da especialidade ou individualização – o direito real tem de existir sobre
uma coisa especifica e individual; tem de ter como objeto algo individualizado e
específico. Coisa certa e determinada; 408º, n.º 2 cc
o Princípio da elasticidade ou consolidação – o direito real é elástico, adapta-se.
Possibilidade de um direito real ser conjugado com outros direitos reais;
 P.e.: hipoteca bancária sobre um imóvel, é um direito real de garantia. O
direito do proprietário ficou comprimido (elasticidade), pela hipoteca,
mas quando a hipoteca é levantada, o direito do proprietário deixa de
estar comprimido (consolidou-se);
o Princípio da compatibilidade ou exclusão – não pode haver direitos reais iguais,
sobre a mesma coisa, de pessoas diferentes;

Ligados ao lado externo

o Princípio da tipicidade taxativa – só é direito real aquilo que estiver assim previsto no
código civil; art.º 1306 cc
o Princípio da causalidade – negócio jurídico que deu causa ao direito real;
o Princípio da consensualidade – princípio da liberdade de forma, é o que vigora no
nosso ordenamento jurídico; exceto nos casos previstos no CC; não é necessária
forma especial;
o Princípio da publicidade – registo do negócio jurídico;

19/10/2022

Possuidor – é aquele que tem ao seu alcance o poder de exercer todas as faculdades em que
se subdivide o direito real em causa (direito de propriedade), atuando como se fosse
proprietário;

Mero detentor/possuidor precário– aparentemente parecer ser possuidor, mas apenas o faz
porque o titular do direito lhe permite, ou está a atuar deste modo, mas não tem qualquer
intenção de ser proprietário, utiliza o bem.

Capacidade para adquirir a posse – artigo 1266º

 Não está relacionado com a capacidade de exercício de direitos;


 Exclui-se alguém que não possa manifestar a razão (pela idade, ou por padecer de alguma
característica que o impeça de se manifestar);
 Pode exercer quem tiver a mínima capacidade de perceber o que é a posse e exercer essa
capacidade;

Aquisição de posse

Artigo n.º 1263 a) – se o sujeito, reiteradamente e publicamente, pratica atos de


propriedade de determinada coisa, isto após a algum tempo pode levar à aquisição de
posse.

b) posse derivada – um anterior possuidor, que atua como se fosse proprietário,


permite a outro que fase a mesma coisa, sobre a coisa;

Perda da posse - Artigo n.º 1267

Direito de propriedade tem primazia sobre a posse;

Tipos/espécies de posse

Posse titulada art.º 1259 - quando algo é possuidor porque lhe foi transmitida a posse;

Quem diz que a posse é titulada, tem de provar que assim o foi e que esteve um título
na base da posse;

Posse de boa-fé art.º 1260 n.1

Posse pacifica art.º 1261

Posse pública art.º 1262 – quando o possuidor age publicamente e não esconde de
terceiros a sua exerção da posse.

Caso Prático

Bento tem capacidade para adquirir posse – artigo 1266º

Nada nos indica no texto que não tenha;

Bento, atua como proprietário do imóvel – enquadra no artigo 1251º “atua por forma
correspondente ao exercício do direito de propriedade”

Refere o 1263º a) – que a posse se adquire pela prática recorrente e com publicidade de atos
materiais correspondentes ao exercício de direito

Bento, atua como titular de direito, usufruindo do bem dado como arrendamento,
fazendo publicidade publicamente de que era proprietário do imóvel e dizendo que gastava
muito dinheiro com o bem.

A partir do momento em que celebrou o contrato, está a utilizar o bem imóvel. Passa a ter
posse titulada; posse de má-fé;
Resolução

Bento começou por ser detentor ou possuidor precário, artigo 1253º a), porque tinha um
contrato de arrendamento sem intenção de adquirir o direito de propriedade;

Posse não titulada – a posse não foi fundada de modo legitimo;

Se é não titulada, presume-se que é má-fé – artigo n.º 1260 n. 2

Posse pacifica – artigo 1261º

Posse pública – artigo 1262º

Bento atua por forma correspondente ao direito de propriedade, a partir do momento que
considerou que a proprietária não voltaria a Portugal. Artigo 1251º

26/10/2022

Caso prático

1. Alberta é titular de um direito de propriedade. No exercício de faculdades, ao abrigo da


titularidade do direito de propriedade, celebrou um contrato de arrendamento com Bento.

Bento era possuidor precário, porque exercia o poder de posse nos termos do art. 1251º e do
artigo 1253º a), por força do contrato celebrado entre eles.

Existiu um incumprimento contratual, um incumprimento de uma obrigação que Bento tinha


para com Alberta, quando este deixou de pagar as rendas.

Bento, quando deixou de pagar as rendas, passou a agir como possuidor de bem.

A posse de Bento era:

Posse não titulada nos termos à contrariu do 1259º

Posse de má-fé nos termos do 1260º n.º 2

Posse pacífica nos termos do 1261º

Existiu aquisição da posse nos termos do 1263º a)

Benfeitorias

Manutenção – úteis

Decoração – voluptuárias

O direito de propriedade vai sempre prevalecer sobre um direito de posse. Porque é uma
legitima forma de aquisição de direito.

2. Estamos perante um imóvel, coisa urbana, nos termos do art.º 202º + 203º + 204º n. 1 a);

E o elevador trata-se de parte integrante do imóvel, nos termos do art. 204º n. 3


Se o elevador fosse coisa imóvel, ligada com caracter de permanência ao prédio é considerada
parte integrante. O contrato de compra e venda referente à casa, implica a transmissão do
elevador. Por esse motivo, pode Carlota reagir e exigir a restituição do elevador ao imóvel. Se
não fosse praticável a restituição do elevador, Carlota teria que ser indemnizada.

Você também pode gostar