O Código Civil garante aos parentes a pretensão de alimentos necessários à sua
subsistência, devendo estes serem fixados observando o binômio necessidade- possibilidade (art. 1694, CC). Além disso, o direito do requerente aos alimentos também encontra amparo no art. 1.695 do mesmo diploma: “Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque no necessário ao seu sustento.” E, ainda no que tange o Código Civil vigente, por analogia, o art. 1.703, bem como o art. 1.634, I, explicita a participação de ambos os genitores na manutenção dos filhos. “Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos.” “Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: I – dirigir-lhes a criação e a educação;” Tais dispositivos legais encontram amparo na Constituição Federal, que prevê em seu art. 227 o dever de proteção da criança, nos seguintes termos: “Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” A Magna Carta, ainda, dispõe sobre o dever mútuo dos pais em assistir, criar e educar os filhos menores, nos termos de seu art. 229. Ora, deixar tal obrigação unicamente à genitora é uma afronta direta ao texto constitucional. Doutrinariamente, Maria Berenice Dias defende a fixação dos alimentos diante do trinômio necessidade do alimentando; possibilidade do alimentante; e a proporcionalidade entre eles. “Consagra a lei o princípio da proporcionalidade ao estabelecer que a fixação dos alimentos deve atentar às necessidades de quem os reclama e às possibilidades do obrigado a prestá-los (CC 1.694, §1º). (DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 10a edição, revista, atualizada e ampliada, São Paulo: Editora dos Tribunais, 2015, páginas 646 a 650) Nesse sentido, é importante reiterar que é cristalina a necessidade do REQUERENTE, considerando que sua genitora é incapaz de arcar sozinha com a integralidade das despesas de sua criação, bem como resta comprovada a possibilidade financeira do REQUERIDO em participar do custeio. De outro modo, reitera-se a necessidade presumida do REQUERIDO, à luz do art. 2º da Lei de Alimentos (Lei nº 5.478/1968): “Art. 2º. O credor, pessoalmente, ou por intermédio de advogado, dirigir-se-á ao juiz competente, qualificando-se, e exporá suas necessidades, provando, apenas o parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu nome e sobrenome, residência ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha aproximadamente ou os recursos de que dispõe.” Tem-se, portanto, que o REQUERIDO não cumpre seu dever alimentar, tampouco se dispõe a chegar em um acordo para provê-los; enquanto, de outro lado, há a premente necessidade do REQUERENTE em ter seu sustento digno garantido por ambos os genitores, e não apenas um.