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Rodrigues da Cunha, nº 6030, Bairro Mafrense, Teresina-PI, pelas razões de fato e direito a aduzir:
I. DOS FATOS
Cumpre destacar que a idosa possui 08 (oito) filhos, todos maiores e capazes,
devendo os filhos prestar cuidados com a mãe, ou seja, responsabilizar-se pelo bem-estar da idosa,
no entanto, afirmam “não ter tempo” para oferecer assistência a mãe.
II – DOS FUNDAMENTOS
Cabe, pois, ao Parquet verificar a natureza do direito que está sendo violado ou
ameaçado. Havendo disponibilidade do interesse ofendido, somente o próprio idoso, através de ação
individual, poderá promover a sua defesa. Se o interesse for indisponível, como por exemplo, nos
casos de ameaça à vida ou à saúde do idoso, deverá o Ministério Público atuar em sua proteção,
podendo, na hipótese de não ser alcançada solução para o conflito na via administrativa, intentar
ação judicial.
Ora, sabemos que o direito à vida e a saúde são dois Direitos Fundamentais,
sendo, pois, direitos individuais indisponíveis e, portanto, é obrigação do Estado e da sociedade,
assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de
direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis, bem como a de
colocá-lo a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor. E o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e
moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e
crenças, dos espaços e dos objetos pessoais do idoso.
Os artigos 45 e 74, inciso III, da Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003,
salientam que verificada qualquer situação, das hipóteses previstas no artigo 43 da referida Lei, que
importe em situação de risco ao idoso, o Ministério Público terá legitimidade para atuar, inclusive,
como substituto processual. Por seu turno, o artigo 81, inciso I, da Lei Federal nº 10.741, de 1º de
outubro de 2003, reza que para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos,
individuais indisponíveis ou homogêneos, considera-se o Ministério Público como legitimado
concorrente.
É oportuno, nesse ínterim, que, no caso concreto apresentado, os direitos
fundamentais da idosa estão sendo, indubitavelmente, desrespeitados, sendo, portanto, necessária
uma ação eficaz do Ministério Público e do Poder Judiciário em salvaguardar estes direitos, que se
não preservados, poderá redundar em seu falecimento, sem falar no tratamento negligente que a
mesma vem recebendo de seus filhos.
A Constituição Federal prevê em seu artigo 229 que: “Os pais tem o dever de
assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais
na velhice, carência ou enfermidade”. Yussef ensina que: “A obrigação alimentar fundada no jus
sanguinis repousa sobre o vínculo de solidariedade humana que une os membros do agrupamento
familiar e sobre a comunidade de interesses, impondo aos que pertencem ao mesmo grupo o dever
de recíproco socorro” (Cahali, Yussef Said. Dos alimentos. 5 ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2006.p. 468).
O Estatuto do Idoso estabelece que os alimentos são prestados ao idoso na forma
da lei civil (art. 11, Lei 10.741/2003).
Já o Código Civil dispõe que:
Pelo conteúdo desses dois dispositivos, diz-se, assim como Yussef, que a
característica dos alimentos é recíproca, ou seja, aquele que está obrigado a prestar alimentos ao
outro, pode, posteriormente, mudando sua situação financeira vir a reclamá-los daquele se estiver
necessitando. Essa solidariedade familiar imposta por lei, sujeita os parentes, nesse caso,
descendentes, a suprir as necessidades do outro conforme os seus recursos, em razão do vínculo
parental existente entre eles.
Sobre a obrigação dos filhos prestarem alimentos aos pais e sobre o quantum já se
manifestou o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
Alimentos. Limite. Alimentando idoso e cego. Possibilidade das
alimentantes. Atentando para a atual condição do alimentando, que
conta com sessenta e cinco anos de idade, mora num asilo, esta cego e
sobrevive apenas com o benefício previdenciário inferior ao mínimo
vigente, fica fácil constatar a necessidade do auxílio postulado na
inicial. Comprovado que a alimentandas podem pensionar o pai, e
razoável autorizar o desconto dos alimentos em um salário mínimo,
isto e, em quantia compatível com a capacidade financeira das
obrigadas. Rejeitada a preliminar, apelo improvido. 5 fls. (Apelação
Cível Nº 70003336237, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: José Carlos Teixeira Giorgis, Julgado em 28/11/2001).
IV - DA TUTELA DE URGÊNCIA
1. A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do artigo 319, VII, do CPC/15;
2. A fixação dos alimentos provisórios à idosa a serem pagos pelos filhos LOURENÇO
MARQUES DE ABREU, LÚCIA MARQUES DE ABREU, TEODORICO MARQUES
DE ABREU, FRANCISCO DE ASSIS MARQUES DE ABREU, LUIZA MARQUES
DE ABREU LAVOUR, JOÃO MARQUES DE ABREU, JOANA MARQUES DE
ABREU e IRENE MARQUES DE ABREU;
3. Seja aplicada MEDIDA DE PROTEÇÃO prevista no art. 45, I, do Estatuto do Idoso, para
que os filhos LOURENÇO MARQUES DE ABREU, LÚCIA MARQUES DE ABREU,
TEODORICO MARQUES DE ABREU, FRANCISCO DE ASSIS MARQUES DE
ABREU, LUIZA MARQUES DE ABREU LAVOUR, JOÃO MARQUES DE ABREU,
JOANA MARQUES DE ABREU e IRENE MARQUES DE ABREU, nos moldes do art. 3º
da Lei 10.741/2003, providencie, imediatamente, a contratação de um(a) cuidador(a) para
prestar os atendimentos necessários à idosa, o qual deverá ser pago com o valor dos
alimentos prestados pelos filhos;
5. Sejam os requeridos citados nos endereços indicados, para que, querendo, contestem o
presente pedido, no prazo legal, sob pena de revelia;
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Testemunhas:
Helena Marques de Abreu, Rua 7 de setembro, nº 75, Bairro Piçarra, Alto Longá-PI;
Júlia Marques de Abreu, quadra 38, casa 37, setor A, Bairro Mocambinho, Teresina-PI;
Rosa Marques de Abreu Mariano, quadra A 18, casa 06, Bairro Planalto Uruguai, Vale Quem Tem,
Teresina-PI.