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XII SIMPÓSIO DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA – SPIC

- 20 a 22 de outubro de 2020 -

O JULGAMENTO DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS: UMA


ANÁLISE DA JUSTIÇA MEDIEVAL A PARTIR DA OBRA “O REI
DE FERRO”, DE MAURICE DRUON

SILVA, Fernando César Domingues da1


MENDES, Marcelo Bueno2

Grupo de Trabalho: 7-Direitos Fundamentais e Democracia.

O livro “Rei de Ferro”, de autoria do escritor francês Maurice Druon, tem como
contexto a França do início do Século XIV, no período em que era governada pelo
rígido monarca Filipe IV –tendo uma de suas alcunhas servido de título ao livro- e
sua intransigente perseguição à Ordem dos Cavaleiros Templários -em especial ao
seu último Grão-Mestre, Jacques DeMolay-, havendo um breve destaque ao
julgamento, à prisão e à pena de morte do já citado Grão-Mestre e de uns dos
dignatários da Ordem do Templo, o Preceptor da Normandia Geoffroy de Charnay,
bem como o suplício aplicado aos irmãos D’Aunay, estes últimos sendo escudeiros
de membros da realeza francesa à época. A partir de tais fatos históricos citados –de
forma dramática- nesta obra, é possível iniciar uma análise da forma como ocorriam
as deliberações da justiça medieval francesa, aqui representada pela figura do
chanceler do Rei Filipe IV, o jurista Guilherme de Nogaret, egresso e professor de
Direito Romano da Universidade de Montpellier, autoridade máxima da justiça não-
eclesiástica da França entre 1299 e 1314, respectivamente o ano de sua nomeação
como chanceler e o ano de seu falecimento, bem como é viável explorar a justiça da
Igreja, esta representada pelo Papa Clemente V e pelo Arcebispo de Sens, Filipe de
Marigny. O processo contra os Cavaleiros Templários iniciou em uma série de
prisões de tais cavaleiros pela França, ordenadas pelo Rei Filipe IV, sendo realizada
em uma noite de sexta-feira, na data de 13 de outubro de 1307, evento este que foi
considerado por alguns historiadores franceses como “uma das operações policiais
mais extraordinárias de todos os tempos”. O processo durou por quase 7 anos,
tendo diversos episódios que explicitam o funcionamento dos trâmites no tribunal
eclesiástico e em como atuava os representantes da “justiça laica”, expondo como a
vontade do monarca interessado em tal demanda era determinante por diversas
vezes, apesar das inclinações das autoridades clericais. O presente trabalho tem
como ponto de partida o referido livro, utilizando obras historiográficas que detalham
o processo contra os Cavaleiros Templários e obras jurídicas do âmbito da História
do Direito que aludam a Inquisição na França, realizando assim uma abordagem

1 Advogado. Bacharel pela Faculdade de Direito de Curitiba (Centro Universitário Curitiba –


UNICURITIBA). Pós-Graduando em Direito Penal e Processo Penal pela Academia Brasileira de
Direito Constitucional (ABDConst). Membro do Grupo de Iniciação Científica “Direito e Literatura” do
Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA). E-mail: fernandocesardomingues@hotmail.com
2 Professor Orientador. Coordenador do Grupo de Iniciação Científica “Direito e Literatura” do Centro

Universitário Curitiba (UNICURITIBA). E-mail: buenomendes@hotmail.com


XII SIMPÓSIO DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA – SPIC
- 20 a 22 de outubro de 2020 -
multidisciplinar, explorando a Literatura dentro do universo jurídico, com o objetivo
de realizar uma reflexão acerca do devido processo legal e de outras garantias
processuais dos réus.

Palavras-chave: Devido processo legal, idade média, inquisição, Maurice Druon, O


Rei de Ferro.

Referências bibliográficas:

BETHENCOURT, Francisco. História das inquisições: Portugal, Espanha e Itália –


Séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

BLOCH, Marc. A sociedade feudal. Trad. Emanuel Lourenço Godinho. Lisboa:


Edições 70, 1982.

DRUON, Maurice. O rei de ferro. Trad. Flávia Nascimento. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2003.

GONZAGA, João Bernardino Garcia. A inquisição em seu mundo. 4ª ed. São


Paulo: Saraiva, 1993.

LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na História: lições introdutórias. 3ª ed.


São Paulo: Atlas, 2009.

PERNOUD, Régine. Os Templários. Trad. Maria do Pilar Delvaulx. Lisboa:


Publicações Europa-América, 1974.

PRODI, Paolo. Uma história da justiça: do pluralismo dos foros ao dualismo


moderno entre consciência e direito. Trad. Karina Jannini. São Paulo: Martins
Fontes, 2005.

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