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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DE FAMÍLIA E

SUCESSÕES DA COMARCA DE XXXXXXXXX NO ESTADO DE MINAS GERAIS

Marta XXXXXX XXXXX , brasileira , viúva, Profissão XXXXXXl, portadora do RG nº


XXXXXXXXXX, SSP/XX e inscrita no CPF sob o nº XXXXXXXX, residente e domiciliada à Rua
XXXXXXXX nº XXX, bairro XXXXX, cidade de Ritápolis Estado de Minas Gerais, CEP:
XXXXX-XXX vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por meio do Advogado
que ao final subscreve, propor a presente

AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS C/C ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Em face de Tadeu XXXXXX XXXXXXX,, brasileiro, casado, empresário , RG nº XXXXXXXXXX,


SSP/XX e inscrita no CPF sob o nº XXXXXXXX, residente e domiciliada à Rua XXXXXXXX nº
XXX, bairro XXXXXXX, na cidade de Resende Costa Estado de Minas Gerais, CEP:
XXXXX-XXX, pelos fatos e argumentos a seguir expostos:

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Inicialmente, requer o benefício da assistência Jurídica gratuita, tendo em vista tratar-se de


pessoa carente de recursos financeiros, impossibilitada de custear as despesas processuais,
sem comprometer o próprio sustento, nos termos das Leis n.º 1.060/50 e n.º 7.115/83 e
consoante art. 5º, LXXIV da Constituição Federal, razão pela qual é assistida pela Defensoria
Pública do Estado do XXXXX.

DOS FATOS
A Sra. Marta XXXXXX XXXXX conheceu Tadeu XXXXX XXXXXX no ano de 2020,na cidade
onde ela reside, Ritápolis MG,onde o requerido vinha semanalmente a negócios. Desse
encontro surgiu o interesse dos dois em manter um relacionamento amoroso no qual o casal
circulava pela cidade se apresentando como namorados.
Passado alguns meses, em dezembro de 2020,a requerente engravidou de Tadeu.
Acontece que este ao receber a notícia da gradidez da requerente, se recusou a reconhecer o
filho, dizendo que o relacionamento estava acabado e que não queria ser pai naquele
momento, razão pela qual não iria reconhecer a paternidade da criança e tão pouco iria
contribuir economicamente para o bom curso da gestação e subsistência da criança, que
deveria ser criada sozinha pela requerente..
A Sra Marta ficou desesperada com a reação de seu namorado Tadeu, pois quando da
descoberta da gravidez se encontrava desempregada e sem condições de custear um plano de
saúde e todas as despesas da gestação a qual, conforme atestado por seu médico, se
considera de risco, razão pela qual não poderia sequer procurar emprego.
Dito isto, a Sra. Marta decidiu procurar amparo jurídico, tendo em vista que é de fato e de
direito requerer na justiça seu direito. Munida dos seguintes documentos : laudo de
ultrassonografia, atestado médico ginecológico, fotografias, declarações de testemunhas e
mensagens de texto comprovando que mantivera diversas relações sexuais com José durante
meses, inclusive, na semana apontada no laudo de ultrassonografia como a correspondente ao
início da gestação.

Explicou-lhe Marta que necessita da ajuda de Tadeu para arcar com as despesas referentes ao
plano de saúde, à alimentação, à moradia, aos remédios, do enxoval do bebê e à cesariana –
conforme recomendação médica –, já que a gravidez é de risco e há recomendação médica
expressa que a proíbe de trabalhar.

Requer-se que seja fixado, a título de alimentos gravídicos, o valor de R$xxxx (xxxxxxx),
correspondentes a xxxx% do salário mínimo vigente, que deverá ser pago até o dia 10 (dez) de
cada mês, através de depósito em conta bancária, com os seguintes dados, agência: XXX,
operação: XXX, conta: XXXXXXXX-X, que tem como titular Maria XXXX.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A Constituição Federal, em seus arts. 227 e 229, preceitua os deveres a serem observados
pela família, sociedade e Estado para que a gama de direitos protecionistas, trazidos de forma
explicativa, sejam efetivados:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,


com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores
têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Para a concessão dos alimentos (vínculo de parentesco, necessidade do alimentando e


possibilidade do alimentante), é cabível mencionar os artigos 1.694 e 1.695 do CC/2002,
conforme abaixo:

Art . 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social,
inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Art . 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem
pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento

Mister se faz o destaque acerca da proteção constitucional que ora se ostenta, particularmente
no que tange à proteção da prole de toda forma de negligência. Neste segmento protecionista,
o poder-dever familiar deve existir desde a concepção do nascituro, conforme preceituam os
seguintes artigos da lei 11804 de 2008:

Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as
despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao
parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e
terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.

Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que
deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser
dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos. (grifos nossos).

Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos


que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as
possibilidades da parte ré.

Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em
pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.

No que se refere ao vínculo de parentesco, comprove a presença dos indícios da paternidade


que exige o art. 6º, caput, da Lei nº 11.804/08. Não obstante as evidências legais exploradas
até então falarem por si só, merece destaque a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Sul:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. POSSIBILIDADE. INDÍCIOS DE


PATERNIDADE.

O requisito exigido para a concessão dos alimentos gravídicos é de que a parte requerente
demonstre "indícios de paternidade", nos termos do art. 6º da Lei nº 11.804/08. O exame de tal
pedido, em sede de cognição sumária, sob pena de desvirtuamento do espírito da Lei, não
deve ser realizado com extremo rigor, tendo em vista a dificuldade em produzir prova escorreita
do alegado vínculo parental. Caso em que as fotografias, dando conta do relacionamento
amoroso das partes, juntadas ao instrumento, conferem verossimilhança à alegação de
paternidade do réu e autorizam o deferimento dos alimentos gravídicos, em sede liminar.
DERAM PROVIMENTO (Agravo de Instrumento Nº 70065486870, Oitava Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Pedro de Oliveira Eckert, Julgado em 20/08/2015).

Neste sentido, os indícios de paternidade, no caso em tela, restam caracterizados de forma


translúcida, uma vez que provas conclusivas da mesma, neste momento, são de difícil aferição.
Até lá, a adequada manutenção da saúde e bem-estar da requerente - porquanto se refletirão
no nascituro - não poderão ser ameaçadas. Esse entendimento é exposto na jurisprudência
pátria:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS. POSSIBILIDADE, NO
CASO.

O requisito exigido para a concessão dos alimentos gravídicos, qual seja, "indícios de
paternidade", nos termos do art. 6º da Lei nº 11.804/08, deve ser examinado, em sede de
cognição sumária, sem muito rigorismo, tendo em vista a dificuldade na comprovação do
alegado vínculo de parentesco já no momento do ajuizamento da ação, sob pena de não se
atender à finalidade da lei, que é proporcionar ao nascituro seu sadio desenvolvimento. 2. No
caso, considerando que o atestado médico comprobatório da gestação, as mensagens
eletrônicas trocadas pelas partes e em especial o fato de os litigantes haverem firmado acordo
de "dissolução de união estável" em audiência de tentativa de conciliação indicam de forma
suficientemente segura que mantiveram relação em período concomitante à concepção, há
plausibilidade na indicação de paternidade realizada pela agravada, restando autorizado o
deferimento dos alimentos gravídicos, no valor de 20% do salário mínimo. Manutenção da
decisão recorrida. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº
70065100612, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins
Pastl, Julgado em 20/08/2015).

Ante o exposto, depreende-se oportuno o presente pleito de condenação do requerido ao


pagamento de alimentos gravídicos para que a gestante e o nascituro possam subsistir com o
mínimo de dignidade, assegurando-lhes os direitos oriundos do direito maior, qual seja, o direito
à vida.

DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Nesta oportunidade, necessária se faz a fixação provisória da pensão alimentícia pleiteada, já


que não é razoável admitir que as despesas vitais da gravidez sejam suportadas,
exclusivamente pela genitora.

Os alimentos provisórios pleiteados na presente ação têm como objetivo promover o sustento
da gestante na pendência da lide. Tal pedido encontra-se previsto no art. 4º da Lei n.º 5.478/68,
que dispõe sobre a ação de alimentos, senão vejamos:

Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos
pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.

No caso sub examine, resta translúcida a necessidade de fixação de tal provisão legal, face à
dificuldade financeira enfrentada pela autora, o que fatalmente resvala na manutenção do
nascituro.

Registre-se a precisa lição da atual doutrina de Maria Berenice Dias, que, citando Silvio
Rodrigues e Carlos Alberto Bittar, assim preconiza:
Talvez se possa dizer que o primeiro direito fundamental do ser humano é o de sobreviver. E
este, com certeza, é o maior compromisso do Estado: garantir a vida dos cidadãos. Assim, é o
Estado o primeiro a ter obrigação de prestar alimentos aos seus cidadãos e aos entes da
família, na pessoa de cada um que integra. (…) Mas infelizmente o Estado não tem condições
de socorrer a todos, por isso transforma a solidariedade familiar em dever alimentar. Este é um
dos efeitos que decorrem da relação de parentesco[1].

No tocante ao arrimo probatório, além da prova testemunhal a ser posteriormente colhida,


destaca-se que o relacionamento entre ambos era público e notório, do qual é fruto, inclusive,
outra filha, a qual o requerido registrou formalmente.

Isto posto, com o objetivo de propiciar à gestante requerente proteção jurisdicional aos meios à
sua mantença digna durante o curso do processo, solicita-se alimentos provisórios, nos termos
da pensão alimentícia requerida alhures.

DOS PEDIDOS

a) concessão da tutela de urgência (art. 300, caput e § 1º); De acordo com o disposto no art.
300, caput, do CPC/15: “A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo”;

b) citação do réu para apresentar resposta em 5 dias (art. 7º, Lei nº 11.804/2008); efetivar a
citação do requerido, para que apresente resposta no prazo de 5 (cinco) dias, conforme trata o
art. 7º da lei 11804/08, sob pena de decretação da revelia, para que tome ciência da ação,
assim como da decisão interlocutória de fixação dos alimentos provisórios, notificando-o, ainda,
da audiência de conciliação e julgamento que trata o art. 5º da Lei 5.478/68, dado seu caráter
suplementar à lei supracitada;

c) produção de prova testemunhal (art. 442, CPC/15); protesta provar o alegado por todos os
meios legais em Direito admitidos principalmente através do depoimento pessoal do réu sob
pena de confissão, oitiva de testemunhas, juntada de documentos presentes e ulteriores, caso
necessário, bem como os demais meios de provas de direito admitidos;

d) requeira a ratificação da tutela de urgência concedida. Sobre o perigo de dano, note-se que
a expressão chega a ser autoexplicativa, à medida que explicita o risco de ocorrer algum dano,
no caso de ser demorada a decisão judicial. Pode-se entender esse requisito como sendo o
periculum in mora, ou perigo da demora, melhor dizendo. No caso dos alimentos gravídicos,
explicada a necessidade urgente de se conquistar alimentos para compra de remédios e outros
itens úteis a uma gestação saudável, seria razoável perceber que existe o risco de ocorrer o
dano – que pode ser entendido como a lesão a um bem ou interesse jurídico tutelado;

e) a concessão da gratuidade de justiça (art. 98, CPC/15) tendo em vista ser a autora
considerada pobre, na forma da lei, não podendo dessa forma arcar com o pagamento das
custas processuais e os honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio e de sua
família;

f) a intervenção do Ministério Público (art. 178, II, CPC/15); determinar a intimação do ilustre
Representante do Ministério Público para manifestar-se quanto ao presente pedido, na
condição de fiscal da correta aplicação das normas jurídicas ao caso sob exame;

g) a condenação do requerido ao pagamento dos alimentos no valor indicado, fixar os


alimentos provisórios, no valor de R$XXXXXXX (XXXXXXXXXreais), correspondentes a XXX%
do salário mínimo vigente, de logo, requerendo que seja depositado na conta destinada ao
pagamento dos alimentos definitivos, qual seja, agência: XXXX , operação: XXX, conta:
XXXXXX-X, nos termos da Lei 5.478/68, considerando o caráter suplementar dessa lei à Lei
11.804/08 (Alimentos gravídicos);

h) a condenação dos honorários advocatícios, custas e despesas processuais (arts. 82, § 2º, e
85, CPC), isto é, custas processuais e honorários advocatícios, estes na base de 20% (vinte
por cento) sobre o valor da condenação, os quais deverão ser revertidos à DEFENSORIA
PÚBLICA-GERAL DO ESTADO DO XXXXXX, (Banco XXXXX - Agência nº XXXXXXX Conta nº
XXXXXX), em conformidade com a Lei 1.146/87.

i) seja julgada PROCEDENTE a presente ação por sentença, a fim de que produza seus
jurídicos e legais efeitos, deferindo-se o pagamento de ALIMENTOS GRAVÍDICOS, no valor de
R$ XXXX (12 vezes o valor dos alimentos, conforme dispõe o art. 292, III, do CPC/15), mensais
em favor da Requerente, a serem depositados na conta bancária e na data supramencionadas
alhures. Após o nascimento com vida, que esses alimentos sejam convertidos em pensão
alimentícia em favor do menor;

Dá à causa o valor de R$ XXXXX (XXXXX).

Termos em que, pede deferimento.

Apucarana, XX de XXXX de XXXX

ADVOGADO

OAB/XX XXXXXX

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Gabriel Carlos Moura

Henrique Ramos Barbosa

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