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Transações
Imobiliárias
T
DIREITO T
IMOBILIÁRIO I
Técnico em
Transações
Imobiliárias
DIREITO
IMOBILIÁRIO
AUTOR
Paula Elizabeth Cassel de Araujo
DIRETOR PRESIDENTE
Arnaldo Manoel Alves
DIRETORA DE OPERAÇÕES
Jaqueline Araújo
DIRETORA ESCOLAR
Maria Tereza N. Abdal S. Cunha INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETÁRIA ESCOLAR
Lisamar Delazeri Castro
Informamos que é de inteira
COORDENAÇÃO DE CONTEÚDO responsabilidade do(s) autor(es)
Ariane Francine Serafim a emissão dos conceitos.
REVISÃO
Nenhuma parte desta publicação poderá
Maria Tereza N. Abdal S. Cunha
ser reproduzida por qualquer meio ou
Ariane Francine Serafim
forma sem prévia autorização do IBRESP.
Valéria Serafim
Davi Bagnatori Tavares
A violação dos direitos autorais é crime
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO estabelecido na Lei 9.610/98 e punido de
João Carlos Rossi Fonseca acordo com o Art. 184 do Código Penal.
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DIREITO
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Sumário
` AULA 1. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, PÁG. 11
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Técnico em
Transações
DIREITO
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Paula Elizabeth
Cassel de Araujo
Professora
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Apresentação
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre o tema Direito Imobiliário do curso Técnico
em Transações Imobiliárias.
Sou a professora Paula e irei auxiliá-lo por meio deste material a compreender temas
relevantes que envolvem o dia a dia do corretor de imóveis. Esses temas serão analisados
do ponto de vista jurídico.
Em cada aula serão apresentados casos práticos, julgados pelos Tribunais Superiores,
ou exemplos de casos hipotéticos a fim de aproximar o conteúdo estudado da vivência
profissional do corretor de imóveis.
Bons estudos!
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Técnico em
Transações
DIREITO
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Objetivo de
aprendizagem
Contribuir para o desenvolvimento profissional dos corretores de imóveis, por meio da
formação no curso Técnico em Transações Imobiliárias, especificamente com o conte-
údo do componente curricular Direito Imobiliário.
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Transações
DIREITO
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Aula 1
Código de Defesa do Consumidor
Código de Defesa
do Consumidor
Caro(a) aluno(a),
` Conceito de Direito;
` Conceito de Fornecedor;
` Inaplicabilidade do CDC.
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Aula 1
Código de Defesa do Consumidor
O que é o Direito?
O Direito é uma ciência humana que elabora regras de conduta com a finalidade de regular
a paz social. Assim, cada Estado elabora o seu conjunto de normas jurídicas, que são gerais e
abstratas, pois não são direcionadas a uma pessoa específica e sim a toda a coletividade. Esse
conjunto de normas gerais e abstratas elaborado pelo Estado denominamos de direito posto, ou
seja, o Direito positivado por meio de leis, decretos e regulamentos.
Em nossas aulas, iremos estudar um dos ramos do Direito, o chamado Direito Privado, porque
estamos preocupados em examinar algumas das regras que regulam as relações existentes entre
os particulares, entre as pessoas, especialmente as regras relacionadas à área imobiliária.
Assim, estudaremos normas que se encontram inseridas em dois códigos: o Código Civil e o
Código de Defesa do Consumidor.
O Código Civil é o ramo do direito privado que trata das relações que envolvem os particulares,
como já mencionamos. Podemos citar que dentro do Código Civil nós iremos encontrar as regras
que regulam a vida das pessoas, desde o seu nascimento até a sua morte.
O Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, trata das relações de consumo e desde já
é importante termos bem clara a ideia, mesmo que isso possa lhe parecer um pouco óbvio, de
que ele foi criado para proteger o consumidor. Entender isso é fundamental para que possamos
compreender todas as regras que foram inseridas no Código de Defesa do Consumidor e qual
o motivo deste diploma legal não ser aplicado em todos os casos.
Podemos começar?
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Técnico em
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DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
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Aula 1
Código de Defesa do Consumidor
Código de Defesa do
Consumidor x Código Civil
Agora que já construímos o nosso primeiro alicerce, vamos diferenciar quando eu aplico as
regras que estão inseridas no Código Civil e quando eu aplico as que estão inseridas no Código
de Defesa do Consumidor.
Observe a figura:
Essa figura demonstra que há um desequilíbrio. Neste momento, você deve estar se pergun-
tando: mas o que isso tem a ver com o que estamos estudando?
Bom, eu logo lhe respondo: o Código de Defesa do Consumidor é aplicado quando estamos
diante de relações entre desiguais. Essa é a premissa. O objetivo desse código, portanto, é tra-
zer regras protetivas para aqueles que se encontram em uma relação de desequilíbrio, a fim de
equilibrar a relação.
De um lado da relação jurídica de consumo eu tenho o fornecedor (aquele que detém os meios
de produção, que decide como, quando e onde irá produzir) e do outro lado dessa relação está
o consumidor, que precisa adquirir o produto ou serviço e que, por isso, se submete às regras
impostas pelo fornecedor, não havendo possibilidade de discussão.
Vamos entender melhor quando o Código de Defesa do Consumidor deve ser utilizado?
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Técnico em
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Aula 1
Código de Defesa do Consumidor
Caso a empresa XXX solicite a troca das peças avariadas, poderia ela recorrer às regras dispostas
no Código de Defesa do Consumidor?
O Art. 2º do Código de Defesa do Consumidor dispõe que consumidor é toda pessoa física
ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Dessa forma, o
segredo para entendermos as regras que devem incidir no caso acima exposto é verificar o con-
ceito de destinatário final.
Assim, destinatário final é aquele que não coloca o produto adquirido novamente no mercado
de consumo. Logo, no exemplo acima, a empresa “XXX”, que adquiriu as peças com a finalidade
de revenda, não poderá ser considerada destinatária final, razão pela qual as regras do Código de
Defesa do Consumidor não poderão ser invocadas e ela deverá se socorrer das regras dispostas
no Código Civil.
O Superior Tribunal de Justiça tem aceitado a aplicação da teoria finalista mitigada quando
analisa casos que envolvem a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, em hipóteses que
abrangem pessoas físicas ou jurídicas que não figuram como destinatárias finais do produto ou
serviço, mas que são consideradas vulneráveis por enfrentarem as mesmas dificuldades de um
consumidor comum no mercado de consumo.
Para compreender melhor essa teoria, imagine a seguinte situação: uma escola de idiomas
(microempresa) resolve contratar uma empresa de grande porte para desenvolver um software
de idiomas que será vendido para os alunos a fim de que eles treinem a utilização da língua
inglesa. Nessa hipótese, pelo conceito de destinatário final, a escola de idiomas não poderia ser
considerada consumidora, uma vez que adquiriu o produto para, na sequência, reinseri-lo no
mercado de consumo. No entanto, caro(a) aluno(a), você há de concordar que, caso o software
apresente algum problema, a escola de idiomas, por não possuir conhecimento técnico para
resolvê-lo, enfrentará as mesmas dificuldades que qualquer consumidor enfrentaria se tivesse
que reclamar para que o produto fosse consertado.
Assim, a teoria finalista mitigada permite que, em determinadas hipóteses, mesmo sem ter
adquirido o produto ou serviço como destinatária final, a pessoa física ou jurídica possa ser equi-
parada à condição de consumidora, por apresentar, diante do fornecedor, alguma vulnerabilidade,
caracterizando um desequilíbrio na relação contratual.
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Técnico em
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Conceito de Fornecedor
O Art. 3º do Código de Defesa do Consumidor conceitua fornecedor como toda pessoa física
ou jurídica, nacional ou estrangeira, pública ou privada bem como os entes despersonalizados
que desenvolvem atividade (com habitualidade e profissionalismo) de criação, produção, trans-
formação, construção, montagem, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
ATENÇÃO: não iremos estudar nesta aula a responsabilidade civil dos fornecedores
de produtos e serviços, por entendermos que, didaticamente, a compreensão do
tema será facilitada depois que abordarmos, em aula específica, conceitos gerais
relacionados à responsabilidade civil. Assim, remeto você, caro(a) aluno(a), à aula
de responsabilidade civil.
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Aula 1
Código de Defesa do Consumidor
X Relações de trabalho;
X Locações de imóveis;
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Técnico em
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Síntese da aula
` O CDC é aplicável quando há uma relação de desequilíbrio entre
o consumidor e o fornecedor de produtos/serviços;
` Mesmo sem ter adquirido um produto/serviço, é possível que uma pessoa seja
considerada consumidora nos casos em que seja vítima de um acidente de consumo
ou quando está sujeita às práticas consumeristas, como ofertas e publicidade;
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Aula 1
Código de Defesa do Consumidor
Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?
Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.
A. ( ) Certo.
B. ( ) Errado.
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Transações
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Aula 2
Noções Preliminares
sobre Contratos
Noções Preliminares
sobre Contratos
Caro(a) aluno(a),
Nesta aula iremos estudar temas que são verdadeiros alicerces para o estudo dos contratos.
No final desta aula, você será capaz de compreender os tipos de contratos que podem ser
formados com base nas características presentes em cada classificação, bem como entender
a importância do estudo de alguns princípios contratuais para que o negócio jurídico, formado
pelas partes, seja criado sem nenhuma irregularidade. Compreenderá também a importância
das etapas de formação dos contratos, bem como algumas cláusulas especiais que podem ser
inseridas nestes, como as arras e a cláusula penal.
` Conceito de Contrato;
` Princípios Contratuais;
` Cláusula Penal;
` Arras.
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Técnico em
Transações
DIREITO
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Aula 2
Noções Preliminares
sobre Contratos
Conceito de Contrato
Quando duas ou mais pessoas pretendem celebrar um negócio, elas podem firmar um con-
trato, e é bom que assim o façam, afinal, acordos firmados “no fio do bigode” podem não acabar
bem. Celebrar um acordo no “fio do bigode” é uma expressão antiga que significa empenhar
a própria palavra, inclusive, sem a necessidade de qualquer instrumento escrito que obrigue a
pessoa a cumprir o que prometeu.
Você consegue se lembrar de algum contrato que tenha firmado e que, por confiar na pa-
lavra da outra pessoa, tenha ficado no prejuízo?
Pois é... A formalização de contratos escritos nos auxilia caso seja necessário ajuizar uma ação
judicial para pedir que a outra parte cumpra com a palavra empenhada no contrato, evitando
assim prejuízos.
Agora, para aprofundarmos um pouco mais o tema, vamos estudar a classificação dos con-
tratos. Então, mãos à obra:
Não iremos, neste componente curricular, trazer modelos de elaboração de contratos, pois
o objetivo é que você tenha suporte suficiente para elaborar e compreender cada cláusula, não
ficando à mercê de modelos incompletos ou incorretos.
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Técnico em
Transações
DIREITO
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Então, nesse caso, podemos dizer que tanto comprador quanto vendedor assumem respon-
sabilidades, portanto estamos diante de um contrato bilateral.
Assim, podemos concluir que, para saber se um contrato é unilateral ou bilateral, devemos
prestar atenção nas obrigações assumidas pelos contratantes. Se os dois assumiram obrigações,
teremos um contrato bilateral. Se apenas um dos contratantes assumiu a obrigações, o contrato
é unilateral.
Quanto à onerosidade
Esta classificação divide os contratos da seguinte forma:
A. Contrato Gratuito ou Contrato Benéfico: é aquele em que apenas uma das partes no
contrato sofre sacrifício em seu patrimônio. Assim, a outra parte receberá uma vantagem
sem nada ter feito. Exemplo: contrato de doação pura. Neste, só o doador sofre sacrifício
patrimonial.
B. Contrato Oneroso: é aquele em que todas as partes receberão vantagens e, portanto, irão
sofrer sacrifício patrimonial. Exemplos: contrato de compra e venda, contrato de prestação
de serviço, contrato de permuta, entre outros.
B. Contratos de Adesão: são aqueles em que uma das partes impõe o conteúdo à outra. Não
há negociação das cláusulas contratuais, cabendo à parte que não impôs as regras apenas
aceitar ou não o conteúdo do negócio.
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Aula 2
Noções Preliminares
sobre Contratos
A. Contratos Informais: são aqueles que não exigem forma escrita, ou seja, podem ser cele-
brados verbalmente. Os contratos informais são a regra no Direito Civil, e podemos observar
isso no Art. 107 do Código Civil. Vamos conferir?
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando
a lei expressamente a exigir.
B. Contratos Formais: são aqueles que exigem forma escrita. Exemplo: o contrato de fiança
não pode ser celebrado de forma informal, porque exige a forma escrita.
C. Contrato Não Solene: é aquele que não exige procedimentos especiais para ser válido.
Como exemplo podemos citar a não exigência da escritura pública lavrada no Tabelionato
de Notas. O contrato de fiança é um contrato formal, porque exige a forma escrita, e não
solene, porque não precisa de escritura pública para ser válido.
D. Contrato Solene: é aquele que exige um instrumento público e é sempre formal (preci-
sa ser escrito). Solenidade, no Código Civil, nem sempre diz respeito à escritura pública.
Exemplo: o casamento é solene, porque há um procedimento a ser seguido pelo juiz de
paz e pelo oficial registrador.
O Art. 108 do Código Civil diz que a escritura pública somente é necessária nos negócios de
alienação de imóvel com valor superior a trinta vezes o maior salário-mínimo vigente no Brasil.
Para compreendermos isso, vamos pensar na seguinte situação hipotética:
Você, como corretor de imóveis, auxilia João a comprar de José uma casa que custa R$
27.000,00. Após as tratativas, os dois firmam contrato de compra e venda de forma escrita, e
João pretende levar este contrato a registro. João então pergunta à você: será que preciso ir ao
cartório de notas lavrar uma escritura pública de compra e venda para posteriormente registrar
o imóvel em meu nome?
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
Para resolver esse impasse, você deverá se lembrar da regra do Art. 108 do Código Civil e
responder a João da seguinte forma: nos casos de compra e venda de imóvel com valor inferior
a 30 salário-mínimos, dispensa-se a escritura pública, mas é fundamental que o contrato escrito
que vocês celebraram seja levado a registro no Cartório de Imóveis.
Agora vamos continuar com a nossa classificação. Neste momento, você pode até estar
pensando:
Aí lhe respondo:
— Para entendermos o mundo dos contratos, é importantíssimo que tenhamos esse conheci-
mento, pois a classificação permite que possamos compreender quais cláusulas podemos
inserir em um contrato, a razão de certas exigências legais e até se determinado contrato foi
elaborado de maneira correta ou não. Então, preste atenção para não cair em armadilhas!
Recomenda-se ainda que o contrato seja sempre assinado por duas testemunhas, a fim de
que ele possa ser considerado um título executivo extrajudicial, conforme previsto no Art. 784,
inciso III, do Código de Processo Civil.
Mas qual a vantagem de o contrato ser considerado um título executivo extrajudicial? Você
sabe me dizer?
A vantagem tem a ver com o tipo de ação que o advogado pode promover quando ele ne-
cessita entrar com o processo para solicitar que o contrato seja cumprido. A assinatura de duas
testemunhas permite o ajuizamento de uma ação de execução, em que não há necessidade de
se discutir a existência da relação contratual por meio de um processo de conhecimento, em
que o juiz tem que dizer de quem é o direito.
Com a assinatura de duas testemunhas, é possível entrar direto com um processo de execução,
pulando o processo de conhecimento e avançando para atos concretos de satisfação, como
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Aula 2
Noções Preliminares
sobre Contratos
penhora, expropriação, cumprimento sob pena de pagamento de multa diária etc. Podemos
concluir, portanto, que há um ganho de tempo em que esta ação tramitará.
Princípios Contratuais
Todo ramo do Direito possui princípios que orientam, que norteiam a sua aplicação. Os prin-
cípios, nos dizeres de Ronald Dworkin, são mandamentos de otimização e devem ser cumpridos
na máxima intensidade possível. Os princípios podem ou não estar expressos na legislação.
Neste momento, vamos analisar alguns deles que se relacionam com a disciplina dos contratos
e que não podemos perder de vista quando tivermos elaborando ou interpretando as cláusulas
contratuais.
Um contrato elaborado com interesses egoísticos, que satisfaça as partes, mas prejudique
terceiros, ferindo, por exemplo, direitos ambientais, não cumpre a sua função social.
No caso de ofensa ao princípio da função social do contrato, o juiz pode impor, entre outras,
as seguintes medidas: revisão contratual, rescisão do contrato, pagamento de indenização, im-
posição de deveres.
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Técnico em
Transações
DIREITO
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O contrato deve ser um instrumento de trocas úteis e justas, pois o contrato injusto viola
a sua própria razão de ser. Assim, todo contrato injusto viola o princípio da função social
do contrato.
B. Eficácia externa: são os efeitos que esse princípio produz para fora do contrato, atingindo
terceiros que não participaram da relação contratual. Para entender melhor esse efeito,
sugiro que você leia o leading case que envolveu o cantor Zeca Pagodinho e o aliciamento
praticado pela empresa Brahma.
Ocorre que, na vigência do contrato que o cantor mantinha com a Nova Schin, a empresa
Brahma se comprometeu a pagar eventual indenização que este viesse a ter que arcar,
pela gravação de campanha publicitária, com referência direta à campanha produzida
anteriormente pela Nova Schin.
Perceba que, neste caso, não existia qualquer relação contratual entre as cervejarias, mas,
mesmo assim, houve a condenação da empresa Brahma, que teve que pagar à Nova Schin
a importância que Zeca Pagodinho receberia durante dois anos de contrato. Isso aconteceu
porque foi aplicado ao caso o princípio da função social do contrato, na sua eficácia externa.
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Aula 2
Noções Preliminares
sobre Contratos
O princípio da boa-fé objetiva gera deveres anexos ao contrato. Deveres anexos são aqueles
deveres de lealdade, eticidade, que não foram pactuados de forma escrita pelas partes, mas que
precisam ser por elas respeitados, sob pena de violação da boa-fé objetiva e responsabilização.
Vamos analisar um caso julgado pelo Tribunal de Justiça para verificar a aplicação prática
deste princípio.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
A proposta vincula aquele que propôs, ou seja, o obriga a contratar. Portanto, ela deve ser séria,
clara, precisa e definitiva. Se envolver relação de consumo, também deve assegurar informações
ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, riscos etc.
Contrato Preliminar
A realização do contrato preliminar é a terceira fase para a formação do contrato definitivo.
É com o contrato preliminar que as partes assumem o compromisso de contratar.
O Art. 462 do Código Civil determina que o contrato preliminar deve conter todos os requisitos
do contrato definitivo (agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma
prescrita ou não proibida pela lei), exceto a forma, porque o contrato preliminar tem a forma livre,
o que significa dizer que ele pode ser realizado até verbalmente. O melhor exemplo de contrato
preliminar é o compromisso (promessa) de compra e venda.
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Aula 2
Noções Preliminares
sobre Contratos
Existe uma distinção importante entre o compromisso que se leva a registro no Cartório de
Registro de Imóveis e o que não é levado a registro. O compromisso de compra e venda com
registro gera a oponibilidade erga omnes (expressão latina que significa “contra todos”), ou seja,
o direito à adjudicação compulsória pode ser exercido em face de qualquer pessoa, não apenas
do vendedor. A adjudicação compulsória significa a possibilidade de requerer o bem para si.
Você pode aprofundar seus estudos por meio da leitura dessas regras, que estão dispostas no
Art. 1.417 e Art. 1.418 do Código Civil.
Contrato Definitivo
Esta é a última fase da formação do contrato, portanto é a partir daqui que o contrato estará
aperfeiçoado, gerando todas as suas consequências. Não se esqueça de algumas regras impor-
tantes, já estudadas, e que precisam ser observadas, neste momento, para a formação de um
contrato válido.
X Aplicabilidade do Art. 108 do Código Civil (agente capaz, objeto lícito, possível,
determinado ou determinável, forma prescrita ou não proibida pela lei);
X A regra nos contratos é a forma livre. A exceção são os contratos envolvendo imóveis;
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Técnico em
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Aula 2
Noções Preliminares
sobre Contratos
Cláusula Penal
A cláusula penal pode estar inserida em um contrato (como uma cláusula) ou prevista em
instrumento separado (contrato acessório ao principal). Nela, se estipula, previamente, o valor
da indenização que deverá ser paga pela parte contratante que não cumprir, culposamente, a
obrigação.
A cláusula penal também pode ser chamada de multa convencional, multa contratual ou
pena convencional.
Arras
É uma quantia, em dinheiro, ou outro bem móvel, que um dos contratantes entrega ao outro
para concluir o contrato e, excepcionalmente, assegurar o pontual cumprimento da obrigação.
Não existe na lei um percentual ou valor fixo para as arras. A estipulação é sempre fixada pela
vontade das partes, no exercício da autonomia privada.
A estipulação das arras é sempre uma opção das partes. O objetivo é reforçar o cumprimento
do contrato e confirmar a intenção das partes (vontade de contratar).
O valor fixado pelas arras, em regra, importa como adiantamento da prestação (parte do
pagamento), por isso é conhecida como sinal.
Não é possível que uma terceira pessoa ofereça arras. Qualquer valor oferecido por terceiro
importará em garantia/caução, não em arras, uma vez que o terceiro não é devedor.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
TOME NOTA: vale ressaltar que muitas vezes os contratos imobiliários não utilizam
a terminologia “arras”, optando-se por “sinal de negócio”; “princípio de pagamento”;
“direito de arrependimento”. Porém, é importante, mesmo que a nomenclatura
utilizada seja outra, identificarmos dentro do contrato qual espécie de arras foi
pactuada (tema que iremos estudar na sequência), pois as consequências jurídicas
são diferentes para cada uma delas.
B. Inexecução por parte de quem recebeu arras: a pessoa tem que devolver o valor das arras
em dobro, com atualização monetária, juros e honorários de advogado (quando verificada
a EFETIVA atuação).
Espécies de Arras
A. Arras Confirmatórias: são aquelas estipuladas quando o contrato não prevê direito de arre-
pendimento. Elas confirmam a força do contrato. Como não caracterizam como penitência,
a parte inocente pode exigir indenização complementar (Art. 418 e Art. 419 do Código
Civil). Se ocorrer caso fortuito, força maior, distrato ou outro motivo de impossibilidade
não culposa, as arras devem ser devolvidas.
B. Arras Penitenciais: são aquelas estipuladas no contrato com o objetivo de permitir que as
partes possam desistir da obrigação combinada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor das
arras penitenciais já funciona como perdas e danos. As arras penitenciais são estipuladas
quando o contrato prevê direito de arrependimento. Se a parte que deu as arras decidir
não cumprir o contrato (exercer seu direito de arrependimento), ela perderá as arras dadas.
Agora, se a parte que recebeu as arras decidir não cumprir o contrato (exercer seu direito
de arrependimento), ela deverá devolver as arras mais o equivalente.
Portanto, as arras penitenciais são sempre uma exceção, precisam de cláusula expressa no
contrato ou previsão legal.
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Aula 2
Noções Preliminares
sobre Contratos
Síntese da aula
` Contrato é todo negócio jurídico celebrado por duas ou mais pessoas que visa
à criação, modificação, extinção ou conservação de direitos e deveres;
` O contrato deve ser um instrumento de trocas úteis e justas, pois o contrato injusto viola
a sua própria razão de ser e assim desrespeita o princípio da função social do contrato;
` É possível estabelecer o valor da indenização que deverá ser paga pela parte
contratante que não cumprir, culposamente, a obrigação inserindo-se uma cláusula
penal no contrato ou estipulando sua previsão em instrumento separado;
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Técnico em
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Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?
Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.
A. ( ) Certo.
B. ( ) Errado.
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Aula 2
Noções Preliminares
sobre Contratos
4. (Questão adaptada. Prova FGV – 2015 – Prefeitura de Niterói – RJ – Fiscal de Tributos) Fabrício
celebrou contrato de promessa de compra e venda de um terreno com Milena. O contrato foi
pactuado por escritura pública e o pagamento foi convencionado em trinta e seis parcelas mensais,
com uma entrada no ato da escritura a título de arras, sem previsão do direito de arrependimento.
Após o pagamento da sétima parcela, Fabrício restou inadimplente durante oito meses, o que fez
com que Milena pleiteasse a rescisão do contrato. Considerando que não houve qualquer referência
à natureza das arras, é correto afirmar que:
C. ( ) Milena tem direito tão somente a reter as arras pagas por Fabrício.
5. A multa estipulada em contrato que tenha por objetivo evitar o inadimplemento da obrigação
principal é denominada:
A. ( ) Perdas e danos.
B. ( ) Arras Penitenciais.
C. ( ) Arras Confirmatórias.
D. ( ) Cláusula Penal.
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Técnico em
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DIREITO
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Aula 3
Contratos em Espécie
Contratos em Espécie
Caro(a) aluno(a), nesta aula iremos estudar as principais espécies de contratos previstos no
Código Civil. No final desta aula você será capaz de diferenciá-las, reconhecer suas características
e compreender as hipóteses em que eles podem ser aplicados, principalmente na área imobiliária.
` Contratos em espécie;
` Contrato de Corretagem;
` Contrato de Empréstimo;
` Contrato de Fiança;
` Contrato de Mandato;
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Técnico em
Transações
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Aula 3
Contratos em Espécie
Contrato de Corretagem
Imagine que você é procurado por Joaquim, que é dono de um terreno localizado no centro
da cidade de São Sebastião-SP e pede seu auxílio profissional para encontrar um comprador
para este imóvel. Você, então, resolve ajudar Joaquim e, para isso, decide celebrar com ele um
contrato. Que espécie de contrato você celebraria?
O Código Civil traz uma espécie de contrato, nos artigos de 722 a 729, por meio do qual uma
pessoa não ligada à outra por qualquer relação de dependência se obriga a obter para a pessoa
que o contrata um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas. Esse é o contrato de
corretagem.
O contrato de corretagem é informal, portanto pode ser celebrado de forma escrita ou verbal.
No caso da venda de imóveis, não há lei estipulando o valor da corretagem, portanto, se ela
não for fixada em contrato, normalmente, aplica-se a tabela do CRECI, que prevê de 6% a 8% do
valor do imóvel urbano.
Agora, vamos analisar um recente caso julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, a fim de
visualizarmos na prática a aplicação deste tipo de contrato.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
João, corretor de imóveis, celebrou com Pedro um contrato de corretagem para venda de
um terreno. João, no entanto, encontrou um interessado em fazer um contrato de parceria
para loteamento urbano. O interessado faria o loteamento do terreno e a venda dos lotes, em
troca do pagamento de metade do valor arrecadado com a futura comercialização das unidades
para os interessados.
Em razão da atividade desempenhada por João, o contrato de parceria para loteamento foi
celebrado.
Como não ocorreu a venda do terreno, conforme constou no contrato de corretagem, Pedro
(contratante do serviço de corretagem) se negou a efetuar o pagamento da comissão ao corretor.
Você acha que o contratante agiu corretamente? É ou não devida a comissão de corretagem
na hipótese mencionada? Para responder a essas perguntas, leia o resumo do julgado:
STJ. 3ª Turma. REsp 1765004-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel.
Acd. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/11/2018.
Assim, é possível observar, pela análise do julgado, que será devida a comissão de corretagem
se, em virtude do trabalho do corretor, ocorrer a aproximação das partes, ainda que de forma
diferente da originalmente prevista no contrato.
TOME NOTA: o Art. 726 do Código Civil prevê que, se iniciado e concluído o negócio
diretamente entre as partes, nenhuma remuneração será devida ao corretor; mas se,
por escrito, for ajustada a corretagem com exclusividade, terá o corretor direito à
remuneração integral, ainda que realizado o negócio sem a sua mediação, salvo se
comprovada sua inércia ou ociosidade. Portanto, caso o corretor nada faça durante
a execução da mediação, ele não terá direito a remuneração, ainda que se tenha
pactuado a cláusula de exclusividade.
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Aula 3
Contratos em Espécie
Primeiro se paga o preço e depois se entrega o bem. O comprador nunca poderá exigir a
entrega do bem antes de pagar o preço.
X É sempre um contrato oneroso, pois gera sacrifício patrimonial para ambas as partes;
X É um contrato informal como regra, mas devemos lembrar das exceções de formalidade
e solenidade (já estudadas) relativas aos contratos de compra e venda de bens imóveis;
TOME NOTA: nos contratos envolvendo imóveis de pessoas casadas, nenhum dos
cônjuges pode, sem autorização do outro, vender ou gravar de ônus real os bens
imóveis sem a autorização do outro cônjuge, exceto no regime de separação absoluta
de bens. Caso a venda seja realizada sem a autorização do outro cônjuge, falaremos
em ausência de legitimidade e o contrato pode ser anulado.
Você sabe o que é gravar de ônus real? É oferecer o bem em garantia, como a hipoteca. Mas
não se preocupe, pois esse tema será estudado na aula sobre Direitos Reais de Garantia.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
Preço
O preço do bem é um elemento essencial no contrato de compra e venda, uma vez que sem
ele o contrato se torna de doação, deixando de ser de compra e venda.
A. Venda ad mensuram
A venda ad mensuram é aquela em que o preço do imóvel é proporcional à extensão da área
vendida.
Agora, o que acontece se depois da venda o comprador descobrir que o imóvel foi vendido
com medida inferior à anunciada?
Nesse caso, há três opções, sendo a primeira delas obrigatória. Assim, somente são exigíveis
as demais na impossibilidade da primeira.
Mas cuidado!
Essa presunção é relativa e admite prova em contrário. O comprador pode provar que, em
tais circunstâncias, não teria realizado o negócio e invocar uma das soluções estudadas acima.
46
Aula 3
Contratos em Espécie
Se a dimensão do imóvel que o comprador adquiriu for superior ao pactuado, caberá ao ven-
dedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida e, neste caso, caberá
ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
Observação 1
Nesse caso, não há ordem entre as opções, como na hipótese acima de venda do imóvel com
metragem inferior ao contratado;
Observação 2
B. Venda ad corpus
A venda ad corpus é aquela em que a área adquirida é certa e determinada, e o pagamento
se dá pelo bem na situação em que se encontra, não importando as suas medidas. Se houver
diferença da metragem, tanto para mais quanto para menos, o comprador e o vendedor não
poderão pleitear qualquer direito.
Essa venda implica uma presunção absoluta de que as partes conheçam o objeto do contrato,
sua extensão e dimensão. O uso da expressão “mais ou menos 300 m²” é indicativo de venda
ad corpus.
No condomínio geral, se um dos proprietários desejar vender a sua cota a um estranho, de-
verá antes oferecê-la aos demais condôminos, em igualdade de condições, ou seja, pelo mesmo
preço, prazos, garantias etc. Essa obrigatoriedade existe quando o bem for indivisível e quando se
tratar de alienação onerosa (só na compra e venda). Assim, ela não existe em caso de alienação
gratuita (doação).
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
Agora vamos analisar um caso concreto, julgado no ano de 2015 pelo Superior Tribunal de
Justiça, para visualizarmos como este estudo é importante na prática?
RESUMO DO JULGADO
O condômino que desejar alienar a fração ideal de bem imóvel divisível em
estado de indivisão deverá dar preferência na aquisição ao comunheiro.
STJ. 4ª Turma. REsp 1207129-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 16/06/2015.
Imagine que dois irmãos tenham recebido, por testamento, a propriedade de uma fazenda
e que, em um determinado dia, um dos irmãos resolva, sem comunicar o outro, vender a sua
parte para outra pessoa.
O irmão que não foi comunicado se sentiu prejudicado porque não foi oferecida a ele a
oportunidade de comprar a parte do outro irmão, e agora ele teria que conviver com um estra-
nho em sua propriedade. Por isso, ele ajuizou uma ação e pleiteou que fosse aplicado ao caso o
Art. 504 do Código Civil (artigo que estudamos anteriormente). O outro irmão alegou que a fazenda
não era um bem indivisível e que, portanto, era inaplicável o direito de preferência do Art. 504.
Ele disse que, mesmo a fazenda sendo divisível, como pertencia aos dois irmãos, ela estava
em “estado de indivisão” e, assim, deveria ser garantido o direito de preferência.
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Aula 3
Contratos em Espécie
Dessa forma, podemos dizer que são cláusulas em que as partes submetem a eficácia do
negócio jurídico a um evento futuro e incerto.
Essa ação de adjudicação compulsória tem oponibilidade erga omnes (contra todos), o que
significa dizer que, se o bem tiver sido vendido a um terceiro, o condômino prejudicado, pelo
desrespeito ao direito de preferência, poderá requerer ao juiz que lhe entregue o bem.
Agora, no caso de um contrato de compra e venda em que foi inserida a cláusula de prefe-
rência, o prejudicado pode apenas reclamar indenização pelas perdas e danos, mas não pode
depositar o preço e requerer em juízo o bem para si.
TOME NOTA: é muito importante que você saiba, dada a sua formação como corretor,
que a Lei do Inquilinato (Lei nº 8425/1991) prevê o direito de preferência no Art. 33.
Observe ainda que, se o contrato de locação estiver averbado na matrícula do imóvel, haverá
a oponibilidade erga omnes, e o locatário prejudicado poderá, depositando o preço, requerer em
juízo a adjudicação compulsória do imóvel que já havia sido vendido a terceiro.
B. Cláusula de Retrovenda
É uma cláusula especial que pode ser inserida no contrato de compra e venda de bem imóvel
em que o vendedor reserva para si o direito de readquirir a coisa vendida, dentro de certo prazo
e restituindo o preço pago e as despesas do comprador.
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Técnico em
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DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
É importante saber também que há prazo para o exercício desse direito, que é de no máximo
três anos.
Outro detalhe dessas cláusulas especiais que estamos estudando é que a cláusula de preemp-
ção ou preferência pode ser utilizada nos contratos de compra e venda tanto de bens móveis
quanto de bens imóveis, e a cláusula de retrovenda só pode ser utilizada nos contratos envol-
vendo bens imóveis.
Contrato de Empréstimo
O contrato de empréstimo é aquele em que uma pessoa entrega de forma gratuita e temporária
uma coisa infungível (insubstituível) ou fungível (substituível) a outra pessoa, que se compromete
a devolver a mesma coisa ou outra do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
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Aula 3
Contratos em Espécie
Comodato
O comodato é, em regra, um empréstimo de coisas infungíveis (insubstituíveis), como, por
exemplo, de um imóvel. No entanto, excepcionalmente admite-se o comodato de coisas fungíveis,
como o utilizado para fins de ornamentação, exposição, enfeite.
Exemplo: João emprestou a casa de praia para um amigo descansar por alguns dias.
A posse do comodatário (amigo) é justa. Após a notificação para desocupar o imóvel,
se o amigo permanecer na casa, sua posse passa a ser injusta, sendo possível retirá-lo
por meio de ação judicial.
B. Obrigações do Comodatário
9 Obrigação de usar o bem de forma adequada: o uso da coisa é restrito ao que foi esti-
pulado em contrato. O uso do bem para finalidade diversa permite a rescisão contratual
antecipada e pedido de indenização por perdas e danos. Exemplo: João emprestou o
automóvel para ir estudar, mas usa de forma diversa, para uma competição de rally;
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DIREITO
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9 Dever de restituir a coisa: conforme dispõem os artigos de 238 a 242 do Código Civil,
a coisa perece para o dono. O dono da coisa é o comodante, ou seja, se a coisa se
perder antes de vencido o prazo, deve ser observado se o comodatário agiu ou não
com culpa. Se a perda for culposa, ele responderá pelo valor da coisa que se perdeu,
mais indenização por perdas e danos. No entanto, se a perda for em virtude de um
caso fortuito, por exemplo o roubo do automóvel, o prejuízo será do dono.
Agora, se a perda for depois de vencido o prazo (do contrato ou notificação), aplica-se a regra
do Art. 399 do Código Civil, que estabelece ser, em regra, de responsabilidade do devedor, mesmo
na hipótese de caso fortuito ou força maior, já que a mora gera o agravamento da responsabilidade.
O Superior Tribunal de Justiça tem decisão no sentido de que o aluguel-pena não pode ul-
trapassar o dobro da média de mercado do aluguel, sob pena de enriquecimento sem causa. Se
o valor for abusivo, poderá ser reduzido equitativamente pelo juiz.
Mútuo
É o contrato de empréstimo de coisas fungíveis (substituíveis) entre si. É uma espécie de
empréstimo, portanto é gratuito e temporário. É conhecido como empréstimo de consumo,
porque o mútuo implica a transferência da propriedade, havendo autorização para disposição e
destruição do bem. Ao final do contrato, o mutuário tem a obrigação de devolver outro bem, do
mesmo gênero, qualidade e quantidade.
A. Garantia de Restituição
O mutuante pode exigir garantia de restituição do bem na formação do contrato e durante
sua execução, se o mutuário sofrer notória mudança na sua situação econômica.
B. Mútuo Feneratício
É o mútuo com finalidade econômica, ou seja, no qual haverá o pagamento de uma remu-
neração ao mutuante, como no empréstimo realizado por instituição financeira.
O Art. 591 do Código Civil prevê que, se o mútuo tiver finalidade econômica, presumem-se
devidos os juros, que podem ser moratórios ou compensatórios.
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Aula 3
Contratos em Espécie
Os juros são frutos civis, devidos em razão da exploração econômica de bens. Neste ponto,
é importante diferenciarmos juros moratórios de juros compensatórios:
Os contratos bancários não estão limitados à taxa SELIC, e sim ao que o Superior Tribunal de
Justiça estabeleceu como critério, que é a taxa média de mercado, calculada e divulgada pelo
Banco Central (Bacen) em sua página na internet.
Contrato de Fiança
O contrato de fiança, previsto no Art. 818 do Código Civil, é o contrato por meio do qual uma
pessoa (o fiador) assume responsabilidade pelo cumprimento da obrigação de outra pessoa
(afiançado), caso este não a cumpra.
B. Formal: a fiança é um contrato formal porque exige a forma escrita, conforme dispõe o
Art. 819 do Código Civil. No entanto, a fiança não é um contrato solene, já que não exige
escritura pública.
Se você não lembrou a diferença entre contrato solene e contrato formal, revise a matéria
na aula que tratamos sobre as regras gerais dos contratos;
C. Gratuito ou benéfico: na grande maioria dos casos, a fiança é gratuita, uma vez que o
fiador não é remunerado. Vale ressaltar, no entanto, que é possível a remuneração do
fiador, por exemplo, nas hipóteses de fiança bancária. Nestas, o banco aceita ser fiador de
determinada pessoa em troca de uma remuneração;
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DIREITO
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D. Subsidiário: em regra, a fiança é subsidiária. Para que o fiador seja responsabilizado, é ne-
cessário que haja o descumprimento do contrato principal e que o credor tenha tentado
receber o seu crédito primeiro do afiançado, o que chamamos de benefício de ordem;
TOME NOTA: uma cláusula muito comum nos contratos de fiança é a cláusula de
renúncia ao benefício de ordem. Por meio dela, o fiador assume o compromisso de
ser diretamente acionado em caso de dívida.
E. Unilateral: em regra, a fiança gera obrigação apenas para o fiador, que precisa satisfazer o
credor, caso o devedor não cumpra o pactuado. Normalmente, o credor e o devedor não
possuem obrigações para com o fiador. Como exceção, podemos citar a hipótese acima
estudada, de fiança remunerada, em que o devedor tem a obrigação de pagar uma quantia
ao fiador por ele ter oferecido esse serviço;
F. Não admite interpretação extensiva: as cláusulas do contrato de fiança devem ser inter-
pretadas restritivamente. Assim, no caso de dúvida sobre a melhor interpretação, deve-se
favorecer o fiador. Vejamos o seguinte exemplo:
Ricardo assinou um contrato de fiança afirmando que pagaria os aluguéis caso Fabiano
(locatário) ficasse em atraso. Fabiano pagou todos os aluguéis, mas, após a devolução do
apartamento, o locador percebeu que ele deixou a bancada de mármore da cozinha que-
brada. Se o contrato de fiança não mencionava a responsabilidade do fiador por avarias
no imóvel, não será possível que o locador cobre essa despesa de Ricardo.
TOME NOTA: a fiança pode ser instituída por meio de um instrumento autônomo
(contrato de fiança) ou inserida como cláusula em um contrato principal, como no
contrato de locação de imóveis.
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Aula 3
Contratos em Espécie
Contrato de Mandato
É o contrato por meio do qual uma pessoa (o mandatário) recebe poderes de outra (mandante)
para praticar atos ou administrar interesses em seu nome.
Sim. O mandatário pode receber poderes para atuar em prol dos interesses do mandante sem
que receba poderes de representação.
A. Unilateral: o contrato de mandato é, em regra, unilateral, pois apenas uma das partes as-
sume obrigações (o mandatário). Excepcionalmente, nos casos de mandato oneroso, ele
será bilateral, porque, nesse caso, o mandante terá obrigação de remunerar;
E. Informal: em regra, é um contrato informal, já que não exige solenidade nem formalidade
para que a sua constituição seja válida. Ele pode, excepcionalmente, ser formal ou solene.
Assim, o contrato de mandato será formal quando o negócio a ser celebrado pelo manda-
tário for formal e será solene quando o negócio jurídico a ser celebrado pelo mandatário
for solene (podemos citar como exemplos as hipóteses de transferência de poderes para
a venda de um imóvel com valor superior a 30 salários-mínimos. Nesse caso, o contrato
de mandato precisa ser formal e solene).
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DIREITO
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Aula 3
Contratos em Espécie
Síntese da aula
` Por meio do contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada à outra por
qualquer relação de dependência, se obriga a obter para a pessoa que a
contrata um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas;
` Nos contratos envolvendo imóveis de pessoas casadas, nenhum dos cônjuges pode,
sem autorização do outro, vender ou gravar de ônus real os bens imóveis sem a
autorização do outro cônjuge, exceto no regime de separação absoluta de bens;
` O contrato de empréstimo é aquele em que uma pessoa entrega de forma gratuita e tem-
porária uma coisa infungível (insubstituível) ou fungível (substituível) à outra pessoa, que se
compromete a devolver a mesma coisa ou outra do mesmo gênero, qualidade e quantidade;
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DIREITO
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Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?
Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.
1. Pessoa jurídica obteve empréstimo de certa instituição financeira, pelo qual recebeu determinada
quantia, com a obrigação de devolvê-la com correção e juros de 12% ao ano. Exclusivamente à luz
dos dados fornecidos e da visão dominante, classifique o contrato citado:
58
Aula 3
Contratos em Espécie
A. ( ) Certa.
B. ( ) Errada.
3. O vendedor de coisa imóvel poderá inserir cláusula de retrovenda no contrato de compra e venda
para reservar a si o direito de recobrar a coisa em até cinco anos, bastando para a consumação
da retrovenda a restituição do valor recebido. A afirmação é:
A. ( ) Certa.
B. ( ) Errada.
A. ( ) Procuração.
B. ( ) Corretagem.
C. ( ) Comissão.
D. ( ) Mandato.
Gabarito e respostas na página 104
5. (Questão Adaptada. Prova FGV – 2018 – Banestes – Assistente Securitário – Banestes Corretora)
No contrato de corretagem celebrado entre A e B, ficou estabelecida por escrito a exclusividade
do corretor B perante o cliente A. Durante o prazo de vigência do contrato, A obteve a realização
do negócio diretamente com Domingos, sem a mediação do corretor. Com base nessas infor-
mações, é correto afirmar que, caso ficasse provada a inércia e ociosidade do corretor durante a
execução da mediação, ainda assim o cliente teria que pagar a remuneração diante da cláusula
de exclusividade. A afirmação é:
A. ( ) Certa.
B. ( ) Errada.
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DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
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Aula 4
Extinção de Contratos, Responsabilidade
Civil e Temas Relacionados
Extinção de Contratos,
Responsabilidade Civil
e Temas Relacionados
Caro(a) aluno(a),
Nas aulas anteriores, nós nos dedicamos ao estudo da formação dos contratos, destacando
seus princípios e compreendendo todo o processo da fase de negociações preliminares até sua
efetiva celebração. Nesta aula, iremos estudar as formas pelas quais o contrato chega ao seu fim,
ou seja, os modos de extinção dos contratos.
` Responsabilidade Civil;
` Evicção;
` Prescrição e Decadência.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
62
Aula 4
Extinção de Contratos, Responsabilidade
Civil e Temas Relacionados
Essa matéria foi tratada pelo Código Civil, do Art. 472 ao Art. 480, e, para facilitar nossa com-
preensão, vamos analisá-la em tópicos, pois algumas modalidades de extinção contemplam
outras subespécies.
B. Extinção por fatos anteriores à celebração: essa forma de extinção está relacionada ao
momento de formação do contrato. Como exemplo, podemos citar a cláusula de arrepen-
dimento, que muitas vezes é inserida nos contratos de promessa de compra e venda. Por
meio dessa cláusula, os contratantes estipulam que o negócio pode ser extinto mediante
declaração unilateral de vontade, se qualquer um deles se arrepender;
C. Extinção por fatos posteriores à celebração: nessa hipótese, a extinção ocorre após a for-
mação do contrato, em razão de fatos posteriores. Quando uma das partes sofre prejuízo,
fala-se em rescisão contratual. A rescisão possui as espécies abaixo:
C.2. Resilição: é sempre um ato de manifestação de vontade. Pode ser bilateral, chamada
de distrato, ou unilateral, quando apenas um dos contratantes não quer mais o contrato.
A resilição unilateral é uma situação excepcionalíssima, sendo permitida somente nos con-
tratos baseados no elemento fidúcia (confiança);
D. Extinção por morte: a morte pode gerar o fim do pacto nos casos de contratos persona-
líssimos, como ocorre no contrato de fiança.
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Técnico em
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DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
Responsabilidade Civil
Imagine a seguinte situação hipotética: você é proprietário de uma casa no interior do esta-
do de São Paulo, mas reside na Capital. Você resolve contratar uma empresa administradora de
imóveis para auxiliá-lo a alugar o bem, receber os aluguéis do locatário e fiscalizar o contrato.
Com o auxílio da empresa a casa é locada, mas o inquilino atrasa o pagamento dos aluguéis.
Você então ajuíza uma ação pedindo o despejo do locatário, a cobrança dos aluguéis em atraso
e a rescisão contratual.
No entanto, durante a tramitação da ação, percebeu-se que nem o inquilino, nem o fiador
possuíam recursos financeiros para pagar a dívida, pois não tinham renda fixa nem bens que
pudessem ser penhorados para pagamento do débito. E mais: ambos tinham contra si várias
ações de execução.
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Aula 4
Extinção de Contratos, Responsabilidade
Civil e Temas Relacionados
Neste momento, destacaremos duas previsões do Código Civil que tratam da responsabilidade
objetiva e que se relacionam com os imóveis:
Este tema da responsabilidade civil objetiva por danos causados por prédio em ruína foi bas-
tante discutido no caso que envolveu o famoso edifício Palace II, que caiu na Barra da Tijuca, no
estado do Rio de Janeiro, em 1998.
Os Tribunais têm entendido que, nos casos de condomínio edilício, em que não é possível
identificar de qual apartamento a coisa foi lançada, haverá responsabilidade do condomínio.
Para finalizar este tema acompanha o resumo de um caso julgado pelo Superior Tribunal
de Justiça que tratou da situação inversa à que narramos acima. O caso relata a possibilidade
de penhora dos bens dos condôminos para pagamento de indenização, em virtude de coisas
lançadas de prédio, quando o condomínio não tiver patrimônio próprio para satisfazer o débito.
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Técnico em
Transações
DIREITO
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Primeiro é importante dizer que o CDC adotou como regra a responsabilidade objetiva dos
fornecedores de produtos ou serviço (Art. 12), mencionando que eles responderão independen-
temente da análise de culpa. Apenas excepcionalmente o CDC adota a responsabilidade subjetiva,
como no caso de profissionais liberais, conforme previsto no Art. 14, § 4º.
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Aula 4
Extinção de Contratos, Responsabilidade
Civil e Temas Relacionados
O CDC também optou por dividir a responsabilidade civil em dois grupos: a responsabilidade
pelo fato do produto e do serviço e a responsabilidade por vício do produto e do serviço. Essa
distinção é muito importante para que possamos compreender qual fornecedor será responsá-
vel por indenizar o dano causado e saber quais os prazos que o consumidor tem para reclamar.
Vamos estudar cada uma delas?
O prazo para reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação é de 30 dias, tratando-se
de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis, ou 90 dias, tratando-se de fornecimento
de serviço e de produtos duráveis. Caso o vício não seja aparente, o prazo mencionado começa
a contar a partir do momento em que se constatar o problema.
Assim, diante desse conceito mais elástico, reconhecemos que nem sempre será fácil distin-
guir as hipóteses de fato e de vício do produto ou serviço. No entanto, é importante que você
conheça esse posicionamento para melhor orientar seu cliente.
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Técnico em
Transações
DIREITO
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O prazo para ajuizar ação de reparação pelos danos causados é de cinco anos, iniciando a
contagem a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
SAIBA MAIS: para entender melhor o tema da responsabilidade civil no CDC, sugiro
a leitura dos artigos de 12 a 27 do Código.
TEMAS RELACIONADOS
Os institutos que estudaremos agora estão relacionados com a responsabilidade civil, já que
esta ocorre diante do descumprimento de uma obrigação, que pode estar estipulada em um
contrato ou decorrer da própria violação da lei.
Assim, a evicção está relacionada com a responsabilidade civil por se tratar da perda de um
bem móvel ou imóvel em virtude do descumprimento obrigacional do dever de informar o
adquirente do bem sobre a probabilidade de que este venha a se perder devido, por exemplo, a
uma dívida do vendedor.
Vamos estudá-los?
Evicção
A evicção é a perda da posse ou da propriedade do bem em razão de uma decisão judicial ou
de um ato administrativo, que reconhece que um terceiro possuía direitos anteriores sobre este
bem, portanto ele não poderia ter sido alienado.
Para entender melhor o conceito apresentado e para visualizar como esse estudo é importante
na prática, vamos analisar o seguinte caso hipotético:
João vendeu um imóvel para Maria. Após meses residindo na casa, Maria é citada judicialmen-
te para responder a uma ação reivindicatória promovida por Carlos, que alega ser o verdadeiro
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Aula 4
Extinção de Contratos, Responsabilidade
Civil e Temas Relacionados
proprietário do bem e por esse motivo João não poderia ter vendido o imóvel a Maria, uma vez
que o bem não lhe pertencia. No final do processo, o Juiz profere a sentença e Maria perde o
imóvel em razão da evicção.
TOME NOTA: no caso de evicção, a responsabilidade civil será daquele que alienou
o imóvel, devendo ser restituído ao prejudicado o valor do bem, as despesas de
contratos e outros prejuízos, como custas judiciais e honorários advocatícios.
ATENÇÃO: A melhor orientação para o vendedor nos casos em que ele sabe que há riscos
de que o futuro comprador venha a perder o bem é ser claro a respeito deste risco e deixar
expresso no contrato que o comprador tem o conhecimento da possibilidade da evicção. Nos
casos de haver cláusula expressa de exclusão da garantia da evicção, em que se menciona
exatamente qual é o risco, caso o bem seja perdido pelo comprador, o vendedor não será
condenado a indenizar.
Prescrição e Decadência
Os termos prescrição e decadência estão relacionados à perda do prazo para o exercício do
direito.
Prescrição
Vamos analisar um exemplo para facilitar?
Carlos, então, muito irritado, procura seu advogado para que ele verifique o que pode ser feito,
uma vez que ele sofreu um prejuízo em virtude do erro da construtora.
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Técnico em
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DIREITO
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Bom, vamos entender o que são prescrição e decadência e como esses institutos funcionam.
Essa obrigação pode estar prevista na lei ou ser proveniente de uma cláusula contratual.
A prescrição fulmina a responsabilidade civil, nunca o débito. Portanto, a pessoa que não agiu no
prazo determinado por lei perde a possibilidade de pleitear o cumprimento da obrigação em juízo.
A título de exemplo, vamos analisar um caso julgado que tratou do prazo prescricional para
ajuizamento de demanda que pleiteava a reparação de danos causados pelo defeito no imóvel.
Preste atenção, pois este caso pode nos ajudar a solucionar o exemplo de Carlos. Vamos
analisar?
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Aula 4
Extinção de Contratos, Responsabilidade
Civil e Temas Relacionados
TOME NOTA: a ação de indenização por danos materiais proposta por consumidor
contra construtora em virtude de vícios de qualidade e de quantidade do imóvel
adquirido tem prazo prescricional de 10 anos, com fundamento no Art. 205 do
CC/2002.
Não se aplica o prazo decadencial do Art. 26 do CDC. O Art. 26 trata do prazo que
o consumidor possui para exigir uma das alternativas previstas no Art. 20 do CDC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.534.831-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2018.
Portanto, o prazo para ajuizar uma ação pleiteando indenização por danos materiais em
virtude de imóvel com defeito de qualidade é de 10 anos, conforme decisão do Superior Tribunal
de Justiça, que aplicou o Art. 205 do Código Civil.
Assim, como Carlos pegou as chaves do imóvel no ano de 2009 e procurou o advogado no
ano de 2015, ainda dá tempo de ser ressarcido dos prejuízos que teve com a instalação do piso
do seu apartamento em desacordo com o que estava prescrito no memorial descritivo.
Decadência
Decadência é a perda efetiva de um direito potestativo pela falta de seu exercício no prazo
previsto em lei ou no prazo pactuado pelas partes, como em um contrato, por exemplo.
São aqueles que conferem ao titular do direito o poder de provocar mudanças na esfera jurí-
dica de outra pessoa, de forma unilateral, sem que ela possa fazer alguma coisa. Portanto, há o
direito para uma das partes e um estado de sujeição para a outra.
Vamos dar um exemplo para facilitar: lembra quando estudamos o instituto da retrovenda,
previsto no Art. 505 do Código Civil? Se você não lembra, corre lá e faz uma revisão.
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Técnico em
Transações
DIREITO
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A decadência pode ser legal ou convencional. A decadência legal é aquela em que os prazos
para sua ocorrência estão previstos em lei. Já a decadência convencional é aquela criada pelas
partes, por exemplo, quando adquire-se um eletrodoméstico e opta-se pela chamada “garantia
estendida”.
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Nasce com a violação do direito. Nasce com o direito.
A pessoa perde a pretensão. A pessoa perde o direito.
A decadência pode decorrer da lei ou da vontade
Só há prescrição decorrente de lei.
das partes.
A prescrição só pode ser renunciada depois de
consumado o prazo (não existe renúncia prévia ao É admitida a renúncia à decadência convencional.
prazo prescricional) e desde que não prejudique Não é possível renunciar à decadência legal.
terceiros.
Síntese da aula
` São quatro as possibilidades de extinção de um contrato: extinção
normal; extinção por fatos anteriores à celebração; extinção por
fatos posteriores à celebração; e extinção por morte;
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Aula 4
Extinção de Contratos, Responsabilidade
Civil e Temas Relacionados
` O dono do edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína,
se esta provier de falta de reparos cuja necessidade de conserto fosse manifesta;
` Aquele que habitar prédio ou parte dele responde pelo dano proveniente
das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido;
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DIREITO
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Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?
Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.
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Aula 4
Extinção de Contratos, Responsabilidade
Civil e Temas Relacionados
4. (CESPE – 2018 – PC-SE – Delegado de Polícia). Túlio, cidadão idoso, natural de Aracaju-SE e resi-
dente na capital de São Paulo-SP, caminhava na calçada em frente a um edifício em sua cidade natal
quando, da janela de um apartamento, caiu uma garrafa de refrigerante cheia, lhe atingiu o ombro
e provocou a fratura de sua clavícula e de seu braço. Em razão do incidente, Túlio permaneceu por
dois meses com o membro imobilizado, o que impossibilitou seu retorno a São Paulo para trabalhar.
Por essas razões, Túlio decidiu ajuizar ação de indenização por danos materiais. Apesar da tentativa,
ele não descobriu de qual apartamento caiu ou foi lançada a garrafa.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
Em caso de condenação do condomínio, o direito de regresso contra o morador do apartamento
do qual caiu a garrafa, caso ele seja posteriormente identificado, depende da comprovação de dolo
ou culpa do causador do dano.
A. ( ) Certo.
B. ( ) Errado.
5. (Prova: FGV - 2018 - TJ-SC - Técnico Judiciário Auxiliar) Ana alugou o apartamento de Luiza por meio
de contrato em que as partes optaram, mediante cláusula expressa, por dispor que a proprietária
somente poderia cobrar aluguéis vencidos e não pagos dos últimos seis meses. A respeito dessa
cláusula, é correto afirmar que:
A. ( ) Resulta da liberdade das partes, pelo que deve ser observada.
B. ( ) É regular, pois altera prazo decadencial.
C. ( ) É irregular, visto que altera prazo prescricional.
D. ( ) Deve ser a cada seis meses renovada para se manter regular.
B. ( ) Errado.
7. José contratou a construtora “XXX” para comprar e assentar o piso de cerâmica da sala de seu novo
apartamento. Ocorre que, cerca de 9 meses depois, as cerâmicas começaram a se deteriorar. Diante
disso, José ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra a construtora.
Na contestação, a construtora alegou que a situação narrada configura “vício do produto” e que
houve a decadência do direito de o consumidor reclamar, já que o prazo máximo seria de 90 dias,
com base no Art. 26, II, do CDC. A afirmação da construtora está correta?
A. ( ) Certo.
B. ( ) Errado.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
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Aula 5
Direitos Reais de
Garantia e Propriedade
Direitos Reais de
Garantia e Propriedade
Caro(a) aluno(a),
Nesta aula iremos compreender o que são os direitos de garantia e sua importância para o
cumprimento das obrigações pactuadas entre as partes e as suas espécies. Daremos especial
atenção para a análise da hipoteca e destacaremos sua relação com as hipóteses de bem de
família. Nesta aula analisaremos também o conceito de propriedade, as formas de aquisição e a
importância dessa distinção para o adquirente do imóvel.
No final desta aula, você será capaz de compreender qual espécie de garantia é a mais ade-
quada para a situação concreta que lhe for apresentada, as hipóteses em que o adquirente do
imóvel é responsável pelo pagamento de tributos anteriores à compra e venda, bem como os
atributos da propriedade e os efeitos práticos da sua distinção.
` Propriedade.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
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Aula 5
Direitos Reais de
Garantia e Propriedade
Mantenha a calma, caro(a) aluno(a)! Pois, apesar das nomenclaturas utilizadas, na prática você
logo irá reconhecê-las.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
O aval é uma declaração inserida no próprio título de crédito, sendo, portanto, mais ágil que
a fiança, a qual precisa ser realizada por meio de contrato.
O Art. 1.647, inciso III, do Código Civil exige a vênia conjugal para que uma pessoa dê o seu
aval em um título de crédito. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça dispensou essa autorização
para os títulos de crédito nominados.
Os títulos de crédito nominados são aqueles previstos em legislação específica, portanto com
regramento próprio, como mencionados anteriormente. Os títulos de crédito inominados são
aqueles criados pela vontade dos próprios particulares, segundo seus interesses.
TOME NOTA: o Art. 1.647, III, do Código Civil somente se aplica para os títulos de
crédito inominados (atípicos).
No caso de títulos de crédito nominados (típicos), é desnecessária a outorga uxória
ou marital, não se aplicando a regra do Código Civil.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.526.560-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 16/3/2017. Resumo extraído do site www.dizerodireito.com.br (informativo
604, STJ).
Todos os direitos reais de garantia possuem uma característica em comum, que é a vinculação
a um bem específico do garantidor. As três modalidades tradicionais de direitos reais de garantia
são: hipoteca, penhor e anticrese.
O penhor é uma garantia dada pelo devedor, de forma espontânea ou por imposição legal. O
devedor entrega uma coisa móvel que pertence a ele ou a outra pessoa (desde que autorizada por
esta) como forma de garantir que a obrigação por ele assumida seja cumprida. Caso o devedor
descumpra a obrigação, ocorre a expropriação, o que significa dizer que a quitação da dívida é
obtida pela alienação do bem do devedor.
A anticrese é uma modalidade de garantia real que incide sobre o bem do garantidor como
forma de pagar uma dívida por meio da fruição do bem do devedor e dos frutos que este bem
gerou.
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Aula 5
Direitos Reais de
Garantia e Propriedade
Hipoteca
O Código Civil traz as regras sobre a hipoteca em seus artigos de 1.473 a 1.505. A hipoteca é
o direito real de garantia que recai, em regra, sobre bens imóveis (o Art. 1.473 do Código Civil, no
entanto, prevê casos específicos em que ela pode recair sobre bens móveis, como aeronaves e
navios).
A hipoteca deve ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis do local do imóvel. O re-
gistro da hipoteca tem efeito erga omnes, ou seja, o direito à adjudicação compulsória pode ser
exercido em face de qualquer pessoa, não apenas do devedor.
O Art. 1.476 do Código Civil prevê que o dono do imóvel hipotecado pode constituir outra
hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo ou de outro credor.
A cláusula que proíbe o proprietário de alienar imóvel hipotecado é nula. No entanto, as par-
tes podem convencionar que ocorrerá o vencimento do crédito hipotecário caso o imóvel seja
alienado.
O registro da hipoteca terá validade enquanto a obrigação que ela visa garantir perdurar. Essa
afirmação nos permite compreender o caráter acessório da hipoteca, que não pode existir por si só.
Vamos analisar duas situações hipotéticas para que você visualize na prática como funciona
a hipoteca:
Situação 1:
Uma empresa “X” que fabrica automóveis adquire aço da empresa “Y”. A empresa “Y”,
credora, exigiu uma garantia real, tendo a devedora oferecido um imóvel em hipoteca.
Se a empresa “X” não efetuar o pagamento da dívida, a empresa “Y” poderá executar a
hipoteca, hipótese na qual o imóvel dado em garantia será alienado e o valor obtido
utilizado para pagar o débito.
Situação 2:
Agora, imagine que, nessa mesma situação, em vez de executar a dívida, a empresa "Y"
nada faça e deixe transcorrer o prazo prescricional para cobrança em juízo. Nesse caso,
o que acontecerá com a hipoteca?
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
Propriedade
Podemos conceituar a propriedade como o direito que alguém possui sobre um bem de-
terminado. Esse direito é protegido pela Constituição Federal em seu Art. 5º, inciso XXII, como
garantia fundamental de todo ser humano.
O Código Civil, em seu Art. 1.228, prevê que o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dis-
por da coisa e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Assim, se determinada pessoa possuir todos os atributos relativos à propriedade (gozar, reaver,
usar e dispor), terá a propriedade plena. No entanto, se recair sobre a propriedade algum ônus,
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Aula 5
Direitos Reais de
Garantia e Propriedade
como no caso da hipoteca, do usufruto, a propriedade será limitada ou restrita, já que alguns dos
seus atributos passaram a ser de outra pessoa.
Dessa forma, nos casos em que ocorre a divisão dos atributos da propriedade, é possível
identificar duas partes destacáveis: a nua-propriedade e o domínio útil. Vamos analisar agora
cada uma delas e verificar sua importância para o nosso estudo.
Nua-propriedade
A nua-propriedade ocorre quando o bem está no nome de uma determinada pessoa, po-
rém lhe falta os atributos do uso e da fruição, como ocorrem nos casos de usufruto, em que o
nu-proprietário mantém os atributos de dispor e reaver o bem, enquanto o usufrutuário tem o
atributo de usar e fruir do bem.
Vamos analisar o seguinte exemplo para facilitar: João tinha uma casa e resolve doá-la para
seu filho Pedro. Ao fazer a doação, contudo, João reservou para si, pelo período em que viver,
o direito real de usufruto do bem. Assim, João terá o direito real de usar e fruir da casa (no caso,
morar) até que venha a falecer. A nua-propriedade, a partir da doação, pertencerá ao seu filho
Pedro, que tem a posse indireta do bem.
Domínio útil
O domínio útil corresponde à faculdade que uma determinada pessoa tem de usar, gozar
e dispor da coisa sem ter a nua-propriedade. No exemplo apresentado, podemos dizer que o
domínio útil do bem pertencia a João.
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Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
Síntese da aula
` Direitos pessoais de garantia, também denominados de caução fidejussória, são
garantias oferecidas pelas partes envolvidas na obrigação, correspondendo,
por exemplo, a uma obrigação de fazer, de deixar de fazer ou de dar;
` A hipoteca é o direito real de garantia que recai, em regra, sobre bens imóveis;
Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?
Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.
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Aula 5
Direitos Reais de
Garantia e Propriedade
4. João adquiriu um empréstimo com o banco “XXX” e, para garantir o pagamento da dívida, deu um
imóvel de sua propriedade em hipoteca. Caso ocorra a prescrição da pretensão de cobrança da
dívida, a hipoteca ainda poderá ser utilizada pelo banco como forma de pagamento.
A. ( ) Certo.
B. ( ) Errado.
5. José vendeu um imóvel localizado no Jardim dos Pássaros, na Cidade das Flores, para Maria. Ocorre
que José não pagou o IPTU dos dois últimos anos anteriores à venda. Nesse caso, a prefeitura da
Cidade das Flores pode cobrar o valor do IPTU atrasado de Maria.
A. ( ) Certo.
B. ( ) Errado.
Gabarito e respostas na página 105
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Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
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Aula 6
Normas Reguladoras da Locação de Imóveis;
Incorporação Imobiliária e Novidades Legislativas
Normas Reguladoras
da Locação de Imóveis;
Incorporação Imobiliária
e Novidades Legislativas
Caro(a) aluno(a),
Separamos um tópico específico nesta aula para trabalharmos com importantes novidades
legislativas que surgiram nos anos de 2017 e 2018, que, apesar de já conhecidas na prática, ainda
não tínhamos leis que disciplinassem os temas, como a multipropriedade e o direito real de laje.
No final desta aula, você será capaz de compreender os diferentes tipos de contratos de locação
de imóveis, escolher, diante da situação concreta, o mais adequado para o cliente, bem como
compreender as importantes alterações legislativas que impactaram diretamente a área imobiliária.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
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Aula 6
Normas Reguladoras da Locação de Imóveis;
Incorporação Imobiliária e Novidades Legislativas
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
Maria, proprietária de um imóvel na cidade de São Paulo, celebrou com Carlos um contrato
de locação pelo período de 12 meses (janeiro/2016 a dezembro/2016).
Chegando em janeiro de 2017, eles celebraram novo contrato escrito, prorrogando o ajuste
inicial por mais 12 meses (janeiro/2017 a dezembro/2017).
Em janeiro de 2018, Carlos solicitou nova prorrogação do contrato e Maria aceitou, tendo sido
formado novo contrato com duração de 12 meses (janeiro/2018 a dezembro/2018).
Em dezembro de 2018, Maria não procurou Carlos para renovar o contrato, e, em janeiro
de 2019, Maria notificou Carlos pedindo o apartamento de volta, dizendo que não tinha mais
interesse em renovar o contrato. Carlos não concordou e afirmou que Maria somente poderia
exigir o imóvel se demonstrasse algum justo motivo, nos termos do Art. 47 da Lei de Locação.
Diante da recusa de Carlos em entregar o imóvel, Maria ajuizou ação de despejo contra ele,
solicitando em juízo a desocupação do imóvel e a entrega das chaves.
Em sua opinião, quem estava com a razão? O prazo de 30 meses previsto no Art. 47 pode ser
obtido por meio da soma dos prazos dos diversos contratos sucessivos?
O Superior Tribunal de Justiça disse que não, afirmando que o Art. 46 da Lei de Locação
somente admite a denúncia vazia se um único instrumento negocial estipular o prazo igual ou
superior a 30 meses, não se podendo atingir esse número de 30 meses com base em sucessivas
prorrogações.
Dessa forma, a ação de Maria foi julgada improcedente, portanto Carlos possui o direito de
permanecer no imóvel.
TOME NOTA: a denúncia vazia não é admitida quando o prazo de 30 meses, exigido
pelo Art. 46 da Lei nº 8.245/91, é atingido com as sucessivas prorrogações do contrato
de locação de imóvel residencial urbano.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.364.668-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
07/11/2017. Julgado extraído do site www.dizerodireito.com.br (informativo 615)
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Aula 6
Normas Reguladoras da Locação de Imóveis;
Incorporação Imobiliária e Novidades Legislativas
Agora, a dúvida é a seguinte: nesse caso específico, em que temos um contrato de locação
por prazo indeterminado, que se formou de um contrato determinado com prazo inferior a 30
meses, é possível que, em razão de ter se tornado indeterminado, ocorra a “denúncia vazia”?
Não. Essa é uma exceção à regra. Para que o locador peça o imóvel, deve continuar respei-
tando as hipóteses de “denúncia cheia”, previstas no Art. 47 da Lei de Locação.
O que muitas vezes ocorre na prática imobiliária é que, ao completar cinco anos de ocupa-
ção ininterrupta, o proprietário poderá pedir a rescisão do contrato de locação e a devolução do
imóvel sem apresentar qualquer razão específica, mas isso é praticado porque essa é uma das
hipóteses previstas no Art. 47, inciso V.
Assim, ainda no nosso exemplo, após dois anos de contrato de locação, agora por prazo
indeterminado, Maria poderá pedir a devolução do imóvel em virtude de ter completado cinco
anos de ocupação ininterrupta.
A temporada não pode ser superior a 90 dias, devendo o locatário desocupar o imóvel em
até 30 dias do fim do prazo previsto para o encerramento do contrato.
A locação não residencial tem regras que permitem ao locatário o direito de renovar o con-
trato de locação empresarial, mesmo contra a vontade do locador, com a finalidade de proteger
o “ponto comercial”, local em que está situado o estabelecimento empresarial.
Para que o locatário possa se utilizar da ação renovatória (ação judicial que tem por finalidade
a renovação compulsória/obrigatória do contrato de locação empresarial), é necessário que os
requisitos do Art. 51 da Lei de Locação estejam presentes.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
II. O contrato de locação a ser renovado deve ter sido celebrado por prazo determinado;
O STJ confere interpretação restritiva ao Art. 53 e afirma que ele não protege o local
em que são desempenhadas as atividades administrativas de estabelecimentos de
saúde. Assim, pode haver denúncia vazia de contrato de locação de imóvel não
residencial ocupado por instituição de saúde apenas para o desempenho de atividades
administrativas, como marcação de consultas e captação de clientes, não se aplicando
o benefício legal previsto no Art. 53 da Lei de Locações. (STJ. 3ª Turma. REsp 1310960-
SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/9/2014). Julgado extraído do
site www.dizerodireito.com.br (informativo 547)
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Aula 6
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Incorporação Imobiliária e Novidades Legislativas
A lei que traz as regras sobre a incorporação imobiliária é a Lei nº 4.591/64. No entanto, a
Lei nº 13.786/2018 trouxe importantes alterações a esse diploma legal. Vamos destacar agora
algumas de suas regras:
Desfazimento do Contrato –
cláusulas em destaque
O quadro-resumo é um documento anexo aos contratos imobiliários que contém a síntese
das principais cláusulas que foram ajustadas pelas partes. A Lei nº 13.786/2018 determina que
devam constar no quadro-resumo, de forma destacada, as consequências do desfazimento do
contrato. A lei toma o cuidado de mencionar que as penalidades aplicáveis e os prazos de de-
volução dos valores ao adquirente devem estar em negrito e que precisa constar a assinatura do
adquirente nessas cláusulas, a fim de demonstrar que ele tomou conhecimento das regras que
tratam do desfazimento do contrato.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
Cláusula de Tolerância
Você sabe o que quer dizer cláusula de tolerância?
É uma cláusula muito comum nos contratos de promessa de compra e venda imobiliária em
que se pactua a possibilidade de atraso na entrega da obra, normalmente pelo período de 180
dias, sem que haja o pagamento de multa ou qualquer espécie de indenização ao adquirente.
Por anos, ações foram ajuizadas contra construtoras para questionar a validade dessa cláu-
sula contratual, e as decisões dos juízes, não raras vezes, eram conflitantes, uma vez que alguns
entendiam pela sua validade e outros pela sua invalidade. Os que entendiam que a cláusula de
tolerância era inválida determinavam que durante esse período a construtora fosse obrigada a
ressarcir o adquirente com o pagamento de um “aluguel” definido, em regra, em 0,5% do valor
atualizado do contrato, para cada mês de atraso na entrega da obra.
Após muita discussão sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça acabou fixando entendi-
mento de que a cláusula de tolerância era válida, no entanto o prazo não poderia ser superior a
180 dias, sob pena de a construtora responder pelos dias que ultrapassassem esse prazo.
Agora, a Lei nº 13.786/2018 definiu a polêmica ao prever, no Art. 43-A, a validade da cláusula
de tolerância por um prazo de até 180 dias para atraso na entrega do imóvel.
Assim, se a construtora ultrapassar esse prazo, o adquirente terá o direito de pedir a resolu-
ção do contrato, a devolução de todo o valor que pagou e o pagamento da multa estabelecida
contratualmente.
É possível que o adquirente, apesar do atraso da construtora, não queira rescindir o contrato.
Nessa hipótese, ele terá direito de receber, como forma de indenização, o valor referente a 1% do
que ele efetivamente pagou à incorporadora, para cada mês de atraso, corrigido monetariamente.
Desfazimento do Contrato
Já estudamos anteriormente as formas de extinção do contrato, e aqui recordaremos apenas
duas formas que estão relacionadas às mudanças introduzidas pela Lei nº 13.786/2018: o distrato
e a resolução por inadimplemento.
O distrato ocorre quando as duas partes escolhem romper o contrato, por isso também é
chamado de resilição bilateral. Já na resolução por inadimplemento absoluto, o contrato é extinto
porque uma das partes não cumpriu com a sua obrigação.
A Lei nº 13.786/2018, por meio do Art. 67-A, introduziu novas regras para disciplinar o dis-
trato ou a resolução por inadimplemento do adquirente do imóvel. Nesses casos, é importante
destacar que o adquirente do imóvel não perderá tudo que pagou à construtora, porque o Art.
53 do Código de Defesa do Consumidor veda as cláusulas que estabeleçam a perda total das
prestações pagas em benefício do credor.
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Aula 6
Normas Reguladoras da Locação de Imóveis;
Incorporação Imobiliária e Novidades Legislativas
No entanto, de acordo com o Art. 67-A, a construtora poderá reter uma parte do valor que já
foi pago pelo adquirente. Vejamos o que ela poderá reter:
B. A pena convencional, que será de até 25% da quantia paga pelo adquirente ou até 50%,
caso a incorporação seja submetida ao regime do patrimônio de afetação.
Agora, se o desfazimento ocorreu depois de a unidade imobiliária ter sido entregue, o adqui-
rente responderá também pelos seguintes valores:
Caso o adquirente consiga vender o imóvel para outra pessoa, é possível, desde que a incor-
poradora concorde com a venda, que o adquirente deixe de pagar a pena convencional.
SAIBA MAIS: para aprofundar seu estudo, sugiro que você leia o artigo
“A recente lei do Distrato (Lei nº 13.786/2018): o novo cenário jurídi-
co dos contratos de aquisição de imóveis em regime de incorporação
imobiliária e em loteamento”, dos autores Carlos E. Elias de Oliveira e
Bruno Mattos e Silva, no link: https://www.conjur.com.br/dl/artigo-
-lei-distrato.pdf
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Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
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Aula 6
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Novidades Legislativas
envolvendo o Direito Imobiliário
Direito Real de Laje
Você sabe o que é direito real de laje?
A Lei nº 13.465/2017 regulamentou, no Art. 1.510-A do Código Civil, o direito real de laje, que
consiste na possibilidade de o proprietário de um imóvel (uma casa, por exemplo) ceder a parte de
cima do seu imóvel (“a laje”) ou mesmo a parte de baixo (subsolo) para que outra pessoa construa
uma edificação, que será autônoma da propriedade original construída sobre o solo. Como a laje
é uma unidade imobiliária autônoma, ela possui, inclusive, matrícula própria.
O titular da laje não possui nenhum direito sobre a construção-base, como o de usar a piscina,
a churrasqueira, já que não se trata de um condomínio edilício, e o titular da laje não tem direito
de usar a área comum.
É possível a existência de direitos de lajes sucessivos, uma sobre a outra, desde que haja
autorização expressa do titular da construção-base e das demais lajes, respeitadas as posturas
edilícias e urbanísticas vigentes.
SAIBA MAIS: você poderá aprender mais sobre o direito de laje por meio
da leitura do Art. 1.510-A do Código Civil e do Art. “Direito real de laje:
finalmente a lei!”, de autoria dos Juízes Pablo Stolze e Salomão Viana,
disponível em: https://www.brasiljuridico.com.br/artigos/direito-real-
-de-laje-finalmente-a-lei-por-pablo-stolze-e-salomao-viana
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Técnico em
Transações
DIREITO
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O instituto do “time share”, até o ano de 2018, não tinha previsão legal, mas ele ocorria com
frequência na prática, o que fazia com que os Tribunais tivessem que se manifestar sobre esse
tema, mesmo sem lei disciplinando a matéria. Você provavelmente já deve ter passado por essa
situação, muito comum em cidades turísticas. Veja o exemplo:
Em certa viagem à cidade “X”, quando Maria passeava pela praia, foi abordada por um vendedor
que lhe ofereceu um jantar gratuito para conhecer um empreendimento. Maria foi até o local
informado e lá percebeu que, durante o jantar, era oferecida para os potenciais clientes uma cota
de apartamentos, localizados em lugares turísticos do mundo todo. Funcionava assim: você se
tornava proprietário de uma fração do apartamento, junto com outras pessoas que você sequer
conhecia, e tinha o direito de em determinado período do ano usufruí-lo sozinho com a sua família.
Esse fenômeno já ocorre no Brasil há muito tempo, desde 1980, e agora passou a ser regula-
mentado pela Lei nº 13.777/2018, que inseriu 19 novos artigos no Código Civil.
SAIBA MAIS: sugiro, caso queira aprofundar seus estudos sobre o as-
sunto, que visite a página na internet: https://www.dizerodireito.com.
br/2018/12/breves-comentarios-lei-137772018.html, e leia os comen-
tários à Lei nº 13.777/2018, escritos pelo Juiz Federal Márcio André
Lopes Cavalcante.
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Aula 6
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Síntese da aula
` Nem todos os tipos de locações são regidos pela Lei nº 8.245/91;
` Para retomar o imóvel sem apresentar motivo, é necessário que um único instrumento
negocial estipule o prazo igual ou superior a 30 meses, não se podendo atingir
esse número de 30 meses somando-se o prazo de sucessivas prorrogações;
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Técnico em
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DIREITO
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Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?
Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.
2. (Questão adaptada, FCC – 2018 – SABESP – Advogado) Determinado contrato de locação não
residencial tem as seguintes características:
I. O contrato foi celebrado por escrito e com prazo determinado de seis anos.
II. O locatário está explorando o comércio no ramo de lavanderia há três anos e cinco meses inin-
terruptos, uma vez que no início da locação explorava o ramo alimentício.
De acordo com a Lei n° 8.245/91, no caso narrado, não haverá direito a renovação, uma vez que
ocorreu troca do ramo de exploração comercial.
A. ( ) Certo.
B. ( ) Errado.
3. (Questão adaptada, VUNESP – 2019 – TJ-AC – Juiz de Direito Substituto) Igor adquiriu, por meio
de compromisso de venda e compra, a propriedade de um apartamento integrante de um prédio
residencial a ser construído pela Rio Branco Incorporação Ltda. Pela aquisição do apartamento,
ajustou-se o valor total de R$ 400.000,00, dos quais R$ 20.000,00 correspondiam à comissão de
corretagem e R$ 380.000,00 correspondiam efetivamente ao preço do apartamento. Passados 12
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Aula 6
Normas Reguladoras da Locação de Imóveis;
Incorporação Imobiliária e Novidades Legislativas
A. ( ) A laje é unidade imobiliária autônoma, constituída em matrícula própria, e seus titulares po-
derão dela usar, gozar e dispor.
B. ( ) O direito real de laje contempla as demais áreas edificadas pelo proprietário da construção-
-base.
C. ( ) O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo
direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e
das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.
D. ( ) Em caso de alienação de qualquer das unidades sobrepostas, terão direito de preferência,
em igualdade de condições com terceiros, os titulares da construção-base e da laje, nessa
ordem, que serão cientificados por escrito para que se manifestem no prazo de 30 dias, salvo
se o contrato dispuser de modo diverso.
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Técnico em
Transações
DIREITO
Imobiliárias IMOBILIÁRIO
Glossário
Adjudicação compulsória: é a transferência da propriedade de um bem penhorado
(móvel ou imóvel) para o exequente (ou para um terceiro legitimado a adjudicar), como forma
de pagamento da dívida que está sendo cobrada em juízo.
Caução fidejussória: são direitos pessoais de garantia oferecidos pelas partes envolvidas
na obrigação, como o aval e a fiança.
Pacta sunt servanda: é uma expressão latina que significa que “os acordos devem ser
mantidos”. Está relacionada ao princípio da força obrigatória dos contratos.
Planos de saúde de autogestão: são criados por entidades, órgãos ou empresas para
beneficiar um grupo restrito de filiados que possuem alguma relação com o plano. Não têm
objetivo de lucro e os assistidos participam da gestão do plano.
102
Gabarito
Aula 1
1. RESPOSTA: A afirmação está ERRADA
Comentário: Joana e Luiz são consumidores por equiparação (bystander), uma vez que são vítimas de um evento danoso oca-
sionado por um defeito no produto, conforme dispõe o artigo 17 do CDC.
2. RESPOSTA: B
Comentário: conforme estudamos, o Código de Defesa do Consumidor se aplica aos planos de saúde administrados por opera-
doras comerciais, que são aquelas que operam em regime de mercado, são comercializadas para o público em geral e buscam
auferir lucro com as contribuições dos participantes (Bradesco Saúde, Sulamérica, Unimed).
3. RESPOSTA: D
Comentário: conforme estudamos em aula, o Superior Tribunal de Justiça tem aceitado a aplicação da teoria finalista mitigada
em hipóteses que envolvem pessoas físicas ou jurídicas que não figuram como destinatárias final do produto ou serviço, mas
que são consideradas vulneráveis por enfrentarem as mesmas dificuldades de um consumidor comum no mercado de consumo.
Aula 2
1. RESPOSTA: D
Comentário: conforme estudamos em aula, o principal efeito do princípio da função social do contrato é limitar a autonomia
que as partes possuem de elaborar livremente as cláusulas contratuais.
3. RESPOSTA: A
Comentário: de fato, o contrato preliminar não precisa observar a forma prescrita para o contrato definitivo, visto que, exceto
a forma, deve ter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado (Art. 462 do Código Civil). A título de exemplo, ve-
jamos o contrato de compra e venda de imóvel cujo valor exceda a 30 salários-mínimos: ora, a escritura pública é essencial à
validade deste negócio, por inteligência do Art. 108 do Código Civil. Todavia, pré-contrato que disponha sobre sua venda não é,
necessariamente, levado a registro, sendo válido ainda que não o seja.
4. RESPOSTA: A
Comentário: conforme estudamos, o caso relata uma espécie de arras confirmatórias, tendo em vista que não foi estipulada
cláusula de arrependimento. Nessas hipóteses, é possível a retenção das arras e o pagamento de indenização suplementar.
5. RESPOSTA: D
Comentário: conforme estudamos, a cláusula penal é a multa estipulada para indenizar a parte no caso de descumprimento
do contrato.
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Aula 3
1. RESPOSTA: A
Comentário: trata-se de um contrato de empréstimo com finalidade econômica (feneratício), que gera obrigações apenas para
uma das partes (pagar o valor) e não há possibilidade de discussão a respeito das cláusulas contratuais, portanto é um contrato
de adesão.
4. RESPOSTA: D
Comentário: conforme estudamos, o contrato de mandato é aquele celebrado quando alguém recebe poderes para praticar
atos ou administrar interesses de outra pessoa.
Aula 4
1. RESPOSTA: A
Comentário: os termos prescrição e decadência estão relacionados à perda do prazo para o exercício do direito.
5. RESPOSTA: C
Comentário: conforme estudamos em aula, o prazo para cobrança de dívidas é prescricional por nascer com a violação do
direito. Assim, não pode ser alterado pelas partes, devendo obedecer à regra prescricional de três anos do Art. 206, parágrafo
3º, inciso I, do Código Civil.
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6. RESPOSTA: A afirmação está ERRADA
Comentário: conforme estudamos em aula, problemas relacionados à qualidade do produto, que são de fácil constatação, são
hipóteses de responsabilidade civil pelo vício do produto e não pelo fato.
Aula 5
1. RESPOSTA: A afirmação está ERRADA
Comentário: conforme estudamos, a hipoteca, em regra, se refere a bens imóveis, todavia o Art. 1.473 admite sua utilização para
garantir alguns bens móveis, como os navios e aeronaves.
2. RESPOSTA: C
Comentário: a hipoteca, no Direito Brasileiro, é uma garantia acessória, não subsistindo se a dívida principal que ela visava
garantir se extinguir.
3. RESPOSTA: A
Comentário: o Art. 1.228 do Código Civil dispõe que o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Aula 6
1. RESPOSTA: A afirmação está CORRETA
Comentário: não é cabível a “denúncia vazia” quando o prazo de 30 meses, exigido pelo Art. 46 da Lei nº 8.245/91, é atingido com
as sucessivas prorrogações do contrato de locação de imóvel residencial urbano. Esse entendimento foi firmado pelo Superior
Tribunal de Justiça, no Recurso Especial 1.364.668-MG, de Relatoria do Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 07/11/2017.
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mesmo ramo de lavanderia há três anos e cinco meses ininterruptos. Os demais requisitos do Art. 51 também estão devidamente
preenchidos, pois o contrato foi celebrado de forma escrita, por prazo determinado, e com prazo ininterrupto superior a cinco anos.
Referências
NUNES JÚNIOR, F. M. A. Curso de Direito Constitucional. 2ª. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018.
TARTUCE, F. Manual de Direito Civil. 5ª. ed. São Paulo: Método, 2015.
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