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Sumário
1 A INCLUSÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS ............ 4
2 FUNDAMENTOS LEGAIS DO AEE ...................................................... 5
3 AS NORMAS LEGAIS DE GARANTIA DOS DIREITOS DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E OS DIREITOS NA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL ..................................................................................................... 8
3.1 Ao Trabalho .......................................................................................... 9
3.2 À Atenção Do Estado (Poder Público) À Saúde E Proteção .................. 9
4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA ................................................................... 10
5 AS NORMAS LEGAIS DE GARANTIA DOS DIREITOS DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA .................................................................. 16
6 O MOVIMENTO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA ............................................................................................. 18
7 ADAPTAÇÕES CURRICULARES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
DE ENSINO................................................................................................. 26
7.1 Níveis de Adaptações Curriculares ..................................................... 36
8 ADAPTAÇÕES NO NÍVEL DO PROJETO PEDAGÓGICO
(CURRÍCULO ESCOLAR) .......................................................................... 37
9 ADAPTAÇÕES RELATIVAS AO CURRÍCULO DA CLASSE ............ 38
10 ADAPTAÇÕES INDIVIDUALIZADAS DO CURRÍCULO .................... 41
11 ADAPTAÇÕES DE ACESSO AO CURRÍCULO ................................. 42
11.1 Para Alunos Com Deficiência Visual ................................................... 43
11.2 Para Alunos Com Deficiência Auditiva ................................................ 45
11.3 Para Alunos Com Deficiência Mental .................................................. 45
11.4 Para Alunos Com Deficiência Física ................................................... 46
11.5 Para Alunos Com Superlotação .......................................................... 47
11.6 Para Alunos Com Deficiências Múltiplas ............................................. 48
11.7 Para Alunos Com Condutas Típicas De Síndromes E Quadros
Clínicos 48
12 ADAPTAÇÕES NOS ELEMENTOS CURRICULARES ...................... 49
12.1 Adaptações Metodológicas E Didáticas .............................................. 50
12.2 Adaptações Dos Conteúdos Curriculares E No Processo Avaliativo ... 51
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13 A IMPORTÂNCIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO PROCESSO
DE INCLUSÃO ESCOLAR ......................................................................... 54
14 A IMPORTÂNCIA DO COMPUTADOR NA ESCOLA COMO
FERRAMENTA DO PROFESSOR EM SEU PROCESSO MEDIADOR NO
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO............................ 62
15 RECEIO AS NOVAS TECNOLOGIAS ................................................ 65
16 O PAPEL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA FRENTE AS NOVAS
TECNOLOGIAS .......................................................................................... 72
17 REFERÊNCIAS .................................................................................. 75
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1 A INCLUSÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS
Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introduzir. E inclusão é o ato ou efeito de
incluir. Assim, a inclusão social das pessoas com deficiências significa torná-las
participantes da vida social, econômica e política, assegurando o respeito aos seus
direitos no âmbito da Sociedade, do Estado e do Poder Público.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das
Nações Unidas (ONU), em 1948 relaciona os seguintes direitos que valem para todos,
isto é, os chamados direitos humanos ou da cidadania:
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2 FUNDAMENTOS LEGAIS DO AEE
Esses direitos foram conquistados arduamente nos últimos 200 anos. Contudo,
segundo as condições históricas de cada país, podem ser descumpridos ou bastantes
fragilizados, o que indica que o esforço do Estado e da Sociedade por sua vigência
deva ser permanente. Uma coisa é certa: para fortalecê-los entre nós, a Sociedade e
o Estado brasileiros devem agir com base no princípio da associação interdependente
dos direitos, isto é, o cumprimento efetivo de um depende do cumprimento dos outros.
Por exemplo, o direito à igualdade perante a lei depende do direito de votar e ser
votado, o qual está por sua vez associado ao direito de opinião aos direitos à educação
e à saúde.
Quando isto não ocorre, os direitos de todos perdem as suas forças e, em
consequência, os direitos específicos das pessoas com deficiência também. Ora, se
o direito universal à saúde não está associado aos demais e além disso, é cumprido
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de modo insuficiente pelo Estado, o direito à saúde específico das pessoas com
deficiência igualmente será fragilizado ou mesmo negado.
Portanto a inclusão social tem por base que a vigência dos direitos específicos
das pessoas com deficiência está diretamente ligada à vigência dos direitos humanos
fundamentais. Em virtude das diferenças que apresentam em relação às demais, as
pessoas com deficiência possuem necessidades especiais a serem satisfeitas. Tal
fato significa que:
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ou denegação de direitos deve conter salvaguardas legais adequadas contra
qualquer forma de abuso. Este procedimento deve ser baseado em avaliação
da capacidade social da pessoa mentalmente retardada, por parte de
especialistas e deve ser submetido à revisão periódica e ao direito de apelo a
autoridades superiores”;
As pessoas com deficiências têm o direito de desenvolver capacidades que as
tornem, tanto quanto possível, autoconfiantes;
O direito ao tratamento médico, psicológico e reparador, incluindo próteses e
órteses, visando a sua reabilitação, bem como o acesso a serviços que as
habilitam a desenvolver capacidades voltadas para sua integração ou
reintegração social;
As pessoas com deficiência têm o direito à segurança social econômica e a um
nível de bem-estar digno. Elas têm o direito, segundo suas capacidades, ao
emprego ou de participar de ocupação útil e remunerada;
O direito a que suas necessidades especiais sejam incluídas no planejamento
econômico e social;
As pessoas com deficiência têm o direito de viver com sua família e de
participar das atividades sociais. Elas não serão submetidas, mesmo em suas
residências, a tratamento diferente (discriminatório) que não seja o necessário
para melhorar o seu bem-estar. Se a sua permanência em instituição
especializada for indispensável, o ambiente e as condições deverão ser as
mais próximas da vida normal;
O direito à proteção contra toda a exploração e todo o tratamento
discriminatório, abusivo e degradante;
As pessoas com deficiência têm o direito ao apoio jurídico qualificado quando
tal apoio mostrar-se indispensável para sua proteção. Se processos judiciais
forem estabelecidos contra elas, o procedimento legal respeitará as suas
condições físicas e mentais;
As organizações das pessoas com deficiência devem ser consultadas em todos
os assuntos que dizem respeito aos direitos mencionados;
As pessoas com deficiência, suas famílias e a comunidade devem ser
plenamente informadas, pelos meios apropriados, dos direitos contidos na
Declaração.
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Pode-se perceber que a inclusão social das pessoas com deficiência depende
do seu reconhecimento como pessoas, que apresentam necessidades especiais
geradoras de direitos específicos, cuja proteção e exercício dependem do
cumprimento dos direitos humanos fundamentais.
Fonte: saberprevidenciario.com.br
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A expressão o bem de todos indica que os direitos e deveres da cidadania
pressupõem que todos são iguais perante a lei, com a garantia de que são invioláveis
o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (Artigo 5°).
Todavia, as pessoas com deficiência possuem necessidades especiais que as
distinguem das outras. Desta forma, é importante compreender que, além dos direitos
relativos a todos, as pessoas com deficiência devem ter direitos específicos, que
compensem, na medida do possível, as limitações e/ou impossibilidades a que estão
sujeitas.
Por isto é preciso repetir que os não deficientes e as pessoas com deficiência
não iguais, no sentido de uma igualdade apenas abstrata e formal, isto é, que não
considera as diferenças existentes entre os dois grupos.
E que as pessoas com deficiência apresentam necessidades especiais, que
exigem um tratamento diferenciado para que possam realmente ser consideradas
como cidadãos. Assim, a Constituição estabelece as seguintes normas relativas. Veja
a seguir:
3.1 Ao Trabalho
Art. 7° - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
XXXI. Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
admissão do trabalhador com deficiência.
Art.37 – Administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos Princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e, também ao seguinte:
VII. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
com deficiência e definirá os critérios de sua admissão.
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1. Art. 23 – é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios:
II cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das
pessoas com deficiência.
4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
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soluções encontradas para implementá-las, daí surgindo basicamente duas
orientações.
Uma delas propunha a melhoria e o aprofundamento do conceito de
integração/mainstreaming por meio de experiências mais controladas, concomitante
ao desenvolvimento de pesquisas. O principal promotor do conceito de integração,
Wolfensberger sugeria a substituição do termo normalização pela expressão
“valorização dos papéis sociais”, esperando, com esta mudança, enfatizar o objetivo
da normalização, ou seja, o apoio ao exercício dos papéis sociais valorizados pelas
pessoas suscetíveis de desvalorização social (DORÉ et al.,1997).
A outra orientação de mudanças trazia para o foco da discussão um novo
conceito – a Inclusão Escolar. A Inclusão Escolar despontava como outra opção de
inserção escolar e vinha questionar as políticas e a organização da educação
especial, assim como o conceito de integração (mainstreaming). De todas as críticas
que os defensores da inclusão fazem ao processo de integração/mainstreaming,
talvez, a mais radical seja aquela que afirma que a escola acaba ocultando seu
fracasso em relação aos alunos com dificuldades, isolando-os em serviços
educacionais especiais segregados (DORÉ et al.,1996).
Em relação ao surgimento do movimento inclusivista na Educação, apesar dos
estudiosos da área concordar que países desenvolvidos como os EUA, o Canadá, a
Espanha e a Itália foram os pioneiros na implantação de classes e de escolas
inclusivas, não foi possível definir, com exatidão, a partir da bibliografia pertinente, o
marco exato do início do movimento de Inclusão Escolar. Em sua retrospectiva
histórica, Semeghini (1998) comenta que, desde a década de 50, a escola inclusiva
está atuante em vários países da Europa com o desenvolvimento de projetos e
programas de inclusão, apontando a década de 70 como sendo o marco do
surgimento do processo de Inclusão Escolar nos EUA.
Mrech (1997; 1998; 1999) acredita que tanto o movimento de Integração
Escolar e o subsequente movimento da Educação Inclusiva surgiram nos EUA em
consequência da promulgação da Lei Pública 94.142, de 1975. Outros autores relatam
que o conceito de inclusão surgiu, nos EUA, relacionado à implantação em 1986 de
uma política educacional denominada “Regular Education Iniciative (REI)”, que
defendia a adaptação da classe regular de modo a tornar possível inserir ali o maior
número possível de alunos com necessidades especiais; incentivando os serviços de
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educação especial e outros serviços especializados a associarem-se ao ensino
regular (CORREIA,1997; DORÉ et al.,1996).
Sem a preocupação com a precisão histórica de seu surgimento, o fato é que
depois de um período de intensas discussões e críticas a respeito do processo de
integração/mainstreaming e suas possíveis limitações, ao final dos anos 80 e início da
década de 90, começaram a tomar vulto as discussões em torno do novo paradigma
de atendimento educacional – a Inclusão Escolar.
Na realidade, tanto o processo de integração quanto o de inclusão escolar são
formas de inserção escolar ou sistemas organizacionais de ensino cuja origem se
fundamenta no mesmo princípio, o princípio da normalização. Apesar da origem
comum no mesmo princípio e de terem basicamente o mesmo significado, os
conceitos de Integração e de Inclusão escolar estão fundamentados em
posicionamentos divergentes quanto à consecução de suas metas. A Integração
Escolar remete à ideia de uma inserção parcial e condicionada às possibilidades de
cada pessoa, enquanto que o processo de Inclusão se refere a uma forma de inserção
radical e sistemática, total e incondicional, de toda e qualquer criança no sistema
escolar comum (WERNECK, 1997; MANTOAN, 1997; 1998).
Normalizar uma pessoa, dentro do paradigma inclusivista, segundo Werneck
(1997), não significa torná-la normal; significa garantir-lhe o direito de ser diferente e
de ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade. Em relação à
área educacional, continua Werneck, normalizar é oferecer ao aluno com
necessidades especiais os recursos profissionais e institucionais adequados e
suficientes para que ele tenha condições de desenvolver-se como estudante, pessoa
e cidadão.
Dessa forma, o objetivo fundamental da Inclusão Escolar é não deixar criança
alguma fora do sistema escolar e garantir que todas possam frequentar a sala de aula
do ensino regular da escola comum, e, que está escola, por sua vez, adapte-se às
particularidades de todos os alunos para concretizar o objetivo da diversidade,
proposto pelo modelo inclusivista. O paradigma da Inclusão não admite diversificação
de atendimentos pela segregação e, na busca de um ensino especializado no aluno,
procura soluções que atendam às suas diversidades, sem segregá-los em
atendimentos especializados ou em modalidades especiais de ensino (WERNECK,
1997; MANTOAN, 1996; 1997).
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Portanto, a inserção proposta no modelo da inclusão é muito mais completa,
radical e sistemática, não admitindo que ninguém fique fora da escola; por isso, os
pressupostos da inclusão provocam o questionamento das políticas educacionais e
da organização da educação especial e regular, assim como o conceito de
mainstreaming e de integração.
Nesse sentido, as escolas inclusivas propõem um modo de constituir um
sistema educacional que considere as necessidades de todos os alunos e que seja
estruturado em virtude dessas necessidades. A proposta inclusivista, assim, provoca
uma ampliação na perspectiva educacional, dentro do contexto escolar, já que sua
prática não prevê apenas o atendimento aos alunos que apresentam dificuldades na
escola. Além disto, o trabalho educacional desenvolvido dentro do paradigma da
inclusão apoia a todos os que se encontram envolvidos no processo de escolarização,
professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente
educativa geral (MANTOAN, 1997).
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de usufruir seu direito de acesso à educação democrática e de qualidade que lhe
garanta um desenvolvimento social, emocional e intelectual adequado.
A escola inclusivista respeita e valoriza as diversidades apresentadas por seus
alunos. A proposta da Inclusão exige uma transformação radical da escola, pois
caberá a ela adaptar-se às necessidades dos alunos, ao contrário do que acontece
atualmente, quando são os alunos que devem se adaptar aos modelos e expectativas
da escola. Se a meta do processo de Inclusão é que todo e qualquer educando seja
inserido na escola comum, então, a escola inclusivista deve preparar-se para oferecer
um ambiente propício ao desenvolvimento das potencialidades de todos os tipos de
alunos, qualquer que seja sua deficiência, diferença, déficit ou necessidades
individuais (WERNECK, 1997; SEMEGHINI, 1998).
O princípio da Inclusão, sintetiza Correia (1997), apela para uma escola que
tenha sua atenção voltada para a criança-todo, e não só a criança-aluno, respeitando
os três níveis de desenvolvimentos essenciais – o acadêmico, o sócio emocional e o
pessoal, de modo a proporcionar a essa criança uma educação apropriada, orientada
para a maximização de seu potencial.
Em termos teóricos e ideológicos, a ideia da inclusão escolar é, sem dúvida
alguma, revolucionária. Entretanto, há que se refletir sobre importantes questões de
natureza pragmática e operacional levantadas pelos pesquisadores da área. A
instalação de uma prática educacional inclusivista não será garantida por meio de
promulgações de leis que, simplesmente, extingam os serviços de educação especial
e obriguem as escolas regulares a aceitarem a matrícula dos alunos “especiais”, ou
seja, a inserção física do aluno com deficiência mental em sala de aula regular não
garante a sua “inclusão escolar”.
Por outro lado, conforme observa Bueno (1999), a implementação de uma
escola regular inclusivista demanda o estabelecimento de políticas de aprimoramento
dos sistemas de ensino, sem as quais não será possível garantir um processo de
escolarização de qualidade.
Uma política de Inclusão Escolar implica no (re) planejamento e na
reestruturação da dinâmica da escola para receber esses alunos (GLAT, 1998).
Em relação a estas mudanças da escola, alguns autores alertam que devam
ser feitas com cautela, ponderação e conscientização, alertando que a realização de
uma reforma de fundo não ocorre de imediato; ao contrário, trata-se de um processo
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em curso, que deve ser devidamente estudado e planejado, considerando todos os
fatores envolvidos na questão educacional (CORREIA, 1997; CARVALHO, 1998).
Apesar do conceito de inclusão conciliar-se com uma educação para todos e
com o ensino especializado no aluno, a opção por esse tipo de inserção escolar não
poderia ser realizada sem o enfrentamento de desafios importantes, uma vez que o
maior deles recai sobre o fator humano. Na adoção do paradigma da inclusão, as
mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de efetivar os processos
de ensino e aprendizagem têm prioridade sobre o desenvolvimento de recursos físicos
e os meios materiais para a realização de um processo escolar de qualidade
(MANTOAN, 1998).
Essas novas atitudes e formas de interação na escola dependem de fatores,
tais como: o aprimoramento da capacitação profissional dos professores em serviço;
a instituição de novos posicionamentos e procedimentos de ensino, baseados em
concepções e práticas pedagógicas mais modernas; mudanças nas atitudes dos
educadores e no modo deles avaliarem o progresso acadêmico de seus alunos;
assistência às famílias dos alunos e a todos os outros que estejam envolvidos no
processo de inclusão.
Todas estas mudanças, na opinião de Mantoan (1997; 1998), não devem ser
impostas, ao contrário, devem resultar de uma conscientização cada vez mais
evoluída de educação e de desenvolvimento humano.
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5 AS NORMAS LEGAIS DE GARANTIA DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
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O direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (Artigo
5°). Todavia, as pessoas com deficiência possuem necessidades especiais que as
distinguem das outras. Desta forma, é importante compreender que, além dos direitos
relativos a todos, as pessoas com deficiência devem ter direitos específicos, que
compensem, na medida do possível, as limitações e/ou impossibilidades a que estão
sujeitas.
Por isto é preciso repetir que os não deficientes e as pessoas com deficiência
não iguais, no sentido de uma igualdade apenas abstrata e formal, isto é, que não
considera as diferenças existentes entre os dois grupos.
E que as pessoas com deficiência apresentam necessidades especiais, que
exigem um tratamento diferenciado para que possam realmente ser consideradas
como cidadãos.
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6 O MOVIMENTO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
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Figura 11. Fonte: institutodamiaoximenes.blogspot.com.br
Paralelo aos dois fatos já mencionados, o avanço científico dessa época trouxe
informações importantes sobre aqueles grupos considerados minorias sociais.
Estudos sociológicos, realizados nos Estados Unidos, citados por Santos (1995),
revelaram a escassez ou carência total de acesso às provisões sociais, de saúde e
educacionais, pelas minorias étnicas. Pesquisas nas áreas médica, educacional e
psicológica defendiam uma abordagem menos paternalista em relação aos indivíduos
deficientes e enfatizavam que a “excepcionalidade”, necessariamente, não deve se
constituir num impedimento total para a aprendizagem dos indivíduos deficientes, nem
significar uma incapacidade deles em frequentar o ambiente escolar.
As novas tendências no campo educacional, em oposição à visão positivista,
trariam à tona a concepção de educação como instrumento para o desenvolvimento
de um saber e de uma consciência críticas; com abordagens pedagógicas centradas
no aluno, visando a sua formação, como futuro cidadão, como agente social ativo e
histórico.
Os movimentos a favor da integração dos deficientes mentais surgiram nos
países nórdicos no início da década de 60, quando, em 1950, na Dinamarca,
traçavase pela primeira vez, um plano para integração de crianças portadoras de
deficiência.
A ideia da integração nascia para derrubar a prática da exclusão social a que
foram submetidas as pessoas portadoras de deficiências, durante vários séculos.
19
Figura 12. Fonte: pessoascomdeficiencia.com.br
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resultados alcançados. Isto quer dizer que, para Wolfensberg, a normalização era a
utilização de meios tão culturalmente normativos quanto fosse possível para
estabelecer e/ou manter condutas e características pessoais o mais culturalmente
normativas quanto fosse possível (STEELLANDT, 1991).
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portador de deficiência, ou com dificuldades de aprendizagem, deve ter acesso à
educação, sendo que essa formação deverá ser adaptada às suas necessidades
específicas (MANTOAN,1998).
Foi a partir da década de 80 que a integração social, como movimento, teve
seu maior impulso com o fortalecimento da luta pelos direitos das pessoas portadoras
de deficiência. No Brasil, essa influência é vista, claramente, na redação dos textos
oficiais que normatizaram o atendimento educacional especial.
Ocorreu, também nessa década, a despeito das críticas iniciais, o
desenvolvimento de estratégias de operacionalização do princípio de normalização
por meio de integradores. O processo de “mainstreaming” firmou-se como filosofia de
integração amplamente aceita (MENDES, 1994).
A defesa da integração social da pessoa com deficiência, sem dúvida alguma,
foi um avanço social muito importante, pois teve o mérito de inserir esse indivíduo na
sociedade de uma forma mais efetiva, se comparado à situação anterior de
segregação. Entretanto, se o processo de integração social tem consistido no esforço
de inserir na sociedade pessoas com deficiência que alcançaram um nível compatível
com os padrões sociais vigentes, tal esforço tem se mostrado unilateral em nossos
dias; um esforço somente da pessoa portadora de deficiência e de seus aliados - a
família, a instituição especializada e algumas pessoas envolvidas na causa da
inserção social - segundo Sassaki (1997).
Da forma como está sendo realizada hoje, a integração escolar/social pouco ou
nada exige da sociedade em termos de modificação de atitudes, de espaços físicos,
de objetos e de práticas sociais. A sociedade “cruza seus braços” e aceita o deficiente
desde que ele se torne capaz de adaptar-se ao seu contexto social e às formas de
desempenhar os papéis sociais necessários.
Essa prática reflete o, ainda vigente, modelo médico de compreensão da
deficiência. O modelo médico de compreensão da deficiência significa compreender
este fenômeno tendo, como referência, um conjunto de significados construídos
historicamente, fundamentados em uma explicação médica da deficiência.
Dentro de uma visão organicista de Ser Humano, a explicação médica focaliza
a deficiência no indivíduo desviante, enfatiza o diagnóstico e prognóstico clínico (a
médio e longo prazo) e tem como objetivo fundamental: classificar, comparar e
normatizar o desviante.
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Figura 14. Fonte: tecnologia.culturamix.com
23
Figura 15. Fonte: fclar.unesp.br
24
aluno poder transitar ao longo do “sistema”. “Mainstreaming “seria uma concepção
de integração parcial, porque o sistema de cascata prevê serviços segregados que
não ensejam o alcance dos objetivos da normalização. Os alunos que se encontram
em serviços segregados, raramente se deslocam para outros menos segregados
(MANTOAN, 1998).
O sistema de cascata e as políticas de integração no modelo mainstreaming,
em muitos casos, acabam sendo usados pela escola para ocultar o seu fracasso em
relação a alguns alunos, isolando-os e somente integrando aqueles que não
constituem um desafio à sua competência (DORÉ et al.,1996).
A seleção dos alunos que se enquadram nas situações de mainstreaming é
feita utilizando-se um processo de avaliação e seleção (supostamente “objetivo”), que
irá apontar quais serão elegíveis para serem integrados. Entretanto, a objetividade
desse processo é questionável e os critérios utilizados, em muitos casos, são
subjetivos, arbitrários e inadequados para revelar a real condição daquele aluno.
Seguindo o curso das transformações das práticas sociais relacionadas à forma
de inserção social das pessoas com necessidades especiais e aos tipos de
atendimento oferecidos a eles, observamos o surgimento de uma quinta fase, na
segunda metade da década de 80, incrementando-se nos anos 90: é a fase da
Inclusão Escolar.
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7 ADAPTAÇÕES CURRICULARES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE ENSINO
26
Para que alunos com necessidades educacionais especiais possam participar
integralmente em um ambiente rico de oportunidades educacionais com resultados
favoráveis, alguns aspectos precisam ser considerados, destacando-se entre eles:
A preparação e a dedicação da equipe educacional e dos professores; o apoio
adequado e recursos especializados, quando forem necessários; as adaptações
curriculares e de acesso ao currículo.
27
restritivo e pelo menor período de tempo, de modo a favorecer a promoção do aluno
a formas cada vez mais comuns de ensino.
As necessidades especiais revelam que tipos de ajuda, diferentes das usuais,
são requeridos, de modo a cumprir as finalidades da educação. As respostas a essas
necessidades devem estar previstas e respaldadas no projeto pedagógico da escola,
não por meio de um currículo novo, mas, da adaptação progressiva do regular,
buscando garantir que os alunos com necessidades especiais participem de uma
programação tão normal quanto possível, mas considere as especificidades que as
suas necessidades possam requerer.
O currículo, nessa visão, é um instrumento útil, uma ferramenta que pode ser
alterada para beneficiar o desenvolvimento pessoal e social dos alunos, resultando
em alterações que podem ser maiores de idade ou menor expressividade. A maior
parte das adaptações curriculares realizadas na escola é considerada menos
significativas, porque constituem modificações menores no currículo regular e são
facilmente realizadas pelo professor no planejamento normal das atividades docentes
e constituem pequenos ajustes dentro do contexto normal de sala de aula.
28
Figura 19. Fonte: brasil.estadao.com.br
29
As adaptações organizativas têm um caráter facilitador do processo de ensino
aprendizagem e dizem respeito:
30
Há sequenciarão pormenorizada de conteúdos que requeiram processos
gradativos de menor à maior complexidade das tarefas, atendendo à sequência
de passos, à ordenação da aprendizagem etc.;
Ao reforço da aprendizagem e à retomada de determinados conteúdos para
garantir o seu domínio e a sua consolidação;
À eliminação de conteúdos menos relevantes, secundários para dar enfoque
mais intensivo e prolongado a conteúdos considerados básicos e essenciais no
currículo.
31
Há alteração do nível de abstração de uma atividade oferecendo recursos de
apoio, sejam visuais, auditivos, gráficos, materiais manipulativos etc.;
Há alteração do nível de complexidade das atividades por meio de recursos do
tipo: eliminar partes de seus componentes (simplificar um problema
matemático, excluindo a necessidade de alguns cálculos, é um exemplo); ou
explicitar os passos que devem ser seguidos para orientar a solução da tarefa,
ou seja, oferecer apoio, especificando passo a passo a sua realização;
Há alteração na seleção de materiais e adaptação de materiais – uso de
máquina braile para o aluno cego, calculadoras científicas para alunos com
altas habilidades/superdotados etc.
32
Figura 21. Fonte: acessibilidadesaudeeinformacao.blogspot.com.br
33
As adaptações relativas aos objetivos sugerem decisões que modificam
significativamente o planejamento quanto aos objetivos definidos, adotando uma ou
mais das seguintes alternativas:
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As adaptações relativas aos conteúdos incidem sobre conteúdos básicos e
essenciais do currículo e requerem uma avaliação criteriosa para serem adotados.
Dizem respeito:
35
os resultados que levam, ou não, à promoção do aluno e evitam a “cobrança” de
conteúdos e habilidades que possam estar além de suas atuais possibilidades de
aprendizagem e aquisição.
As adaptações significativas na temporalidade referem-se ao ajuste temporal
possível para que o aluno adquira conhecimentos e habilidades que estão ao seu
alcance, mas que dependem do ritmo próprio ou do desenvolvimento de um repertório
anterior que seja indispensável para novas aprendizagens. Desse modo, requerem
uma criteriosa avaliação do aluno e do contexto escolar e familiar, porque podem
resultar em um prolongamento significativo do tempo de escolarização do aluno, ou
seja, em sua retenção. Não caracteriza reprovação, mas parcelamento e
sequenciarão de objetivos e conteúdo.
36
8 ADAPTAÇÕES NO NÍVEL DO PROJETO PEDAGÓGICO (CURRÍCULO
ESCOLAR)
37
A escola favorece e estimula a diversificação de técnicas, procedimentos e
estratégias de ensino, de modo que ajuste o processo de ensino e
aprendizagem às características, potencialidades e capacidades dos alunos;
A comunidade escolar realiza avaliações do contexto que interferem no
processo pedagógico;
A escola assume a responsabilidade na identificação e avaliação diagnóstica
dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, com o apoio
dos setores do sistema e outras articulações;
A escola elabora documentos informativos mais completos e elucidativos;
A escola define objetivos gerais levando em conta a diversidade dos alunos;
O currículo escolar flexibiliza a priorização, a sequenciarão e a eliminação de
objetivos específicos, para atender às diferenças individuais.
38
Figura 27. Fonte: pt.slideshare.net
39
A organização do espaço e dos aspectos físicos da sala de aula considera a
funcionalidade, a boa utilização e a otimização desses recursos;
A seleção, a adaptação e a utilização dos recursos materiais, equipamentos e
mobiliários realizam-se de modo que favoreça a aprendizagem de todos os
alunos;
A organização do tempo é feita considerando os serviços de apoio ao aluno e
o respeito ao ritmo próprio de aprendizagem e desempenho de cada um;
Na avaliação é flexível de modo que considere a diversificação de critérios, de
instrumentos, procedimentos e leve em conta diferentes situações de ensino e
aprendizagem e condições individuais dos alunos;
As metodologias, as atividades e procedimentos de ensino são organizados e
realizados levando-se em conta o nível de compreensão e a motivação dos
alunos; os sistemas de comunicação que utilizam, favorecendo a experiência,
a participação e o estímulo à expressão;
O planejamento é organizado de modo que contenha atividades amplas com
diferentes níveis de dificuldades e de realização;
As atividades são realizadas de várias formas, com diferentes tipos de
execução, envolvendo situações individuais e grupais, cooperativamente,
favorecendo comportamentos de ajuda mútua;
Os objetivos são acrescentados, eliminados ou adaptados de modo que atenda
às peculiaridades individuais e grupais na sala de aula.
40
10 ADAPTAÇÕES INDIVIDUALIZADAS DO CURRÍCULO
41
regular, devendo ser utilizadas para os que estudam em escolas especializadas,
quando a inclusão não for possível.
Além da classificação, por níveis, as medidas adaptativas podem se distinguir
em 2 categorias: adaptações de acesso ao currículo e nos elementos curriculares.
42
Adotar sistemas de comunicação alternativos para os alunos impedidos de
comunicação oral (no processo de ensino aprendizagem e na avaliação).
Sugestões que favorecem o acesso ao currículo:
Agrupar os alunos de uma maneira que facilite a realização de atividades em
grupo e incentive a comunicação e as relações interpessoais;
Propiciar ambientes com adequada luminosidade, sonoridade e
movimentação;
Encorajar, estimular e reforçar a comunicação, a participação, o sucesso, a
iniciativa e o desempenho do aluno;
Adaptar materiais escritos de uso comum: destacar alguns aspectos que
necessitam ser apreendidos com cores, desenhos, traços; cobrir partes que
podem desviar a atenção do aluno; incluir desenhos, gráficos que ajudem na
compreensão; destacar imagens; modificar conteúdos de material escrito de
modo a torná-lo mais acessível à compreensão etc.;
Providenciar adaptação de instrumentos de avaliação e de ensino
aprendizagem; • favorecer o processo comunicativo entre aluno/professor,
aluno-aluno, aluno-adultos;
Providenciar softwares educativos específicos;
Despertar a motivação, a atenção e o interesse do aluno;
Apoiar o uso dos materiais de ensino-aprendizagem de uso comum;
Atuar para eliminar sentimentos de inferioridade, menos valia e fracasso.
43
Figura 30. Fonte: professorawaldebora.blogspot.com.br
44
localização de ambientes, espaço entre as carteiras para facilitar o
deslocamento, corrimão nas escadas etc.;
Material didático e de avaliação em tipo ampliado para os alunos com baixa
visão e em braile e relevo para os cegos;
Braile para alunos e professores videntes que desejarem conhecer o referido
sistema;
Materiais de ensino-aprendizagem de uso comum: pranchas ou presilhas para
não deslizar o papel, lupas, computador com sintetizador de vozes e periféricos
adaptados etc.;
Recursos ópticos;
Apoio físico, verbal e instrucional para viabilizar a orientação e mobilidade,
visando à locomoção independente do aluno.
45
Figura 31. Fonte: apsicologaonline.com
46
Deslocamento de alunos que usam cadeira de rodas ou outros equipamentos,
facilitado pela remoção de barreiras arquitetônicas;
Utilização de pranchas ou presilhas para não deslizar o papel, suporte para
lápis, presilha de braço, cobertura de teclado etc.;
Textos escritos complementados com elementos de outras linguagens e
sistemas de comunicação.
47
Figura 33. Fonte: eficienteemfoco.blogspot.com.br
48
Figura 34. Fonte: pt.slideshare.net
O comportamento desses alunos não se manifesta por igual nem parece ter o
mesmo significado e expressão nas diferentes etapas de suas vidas. Existem
importantes diferenças entre as síndromes e quadros clínicos que caracterizam as
condições individuais e apresentam efeitos mais ou menos limitantes. As seguintes
sugestões favorecem o acesso ao currículo:
49
metodologias para atender às diferenças individuais dos alunos. Medidas adotadas
para as adaptações nos elementos curriculares:
50
Introduzir atividades individuais complementares para o aluno alcançar os
objetivos comuns aos demais colegas. Essas atividades podem realizar-se na
própria sala de aula ou em atendimentos de apoio;
Fonte: deficienciavisual.pt
51
Figura 36. Fonte: revistasentidos.uol.com.br
52
portadores de deficiências e de condutas típicas, e dos programas de
aprofundamento/enriquecimento curricular propostos para os alunos com
superlotação. O acréscimo de objetivos, conteúdos e critérios de avaliação não
pressupõe a eliminação ou redução dos elementos constantes do currículo
regular desenvolvido pelo aluno;
Eliminar conteúdos, objetivos e critérios de avaliação, definidos para o grupo
de referência do aluno, em razão de suas deficiências ou limitações pessoais.
A supressão desses conteúdos e objetivos da programação educacional
regular não deve causar prejuízo para a sua escolarização e promoção
acadêmica. Deve considerar, rigorosamente, o significado dos conteúdos, ou
seja, se são básicos, fundamentais e pré-requisitos para aprendizagens
posteriores.
Nossa sociedade recebe a cada dia um número maior de seres humanos que
precisam de uma organização pessoal, familiar e educacional. Os estudos apontam
que tem crescido nas escolas, o número de crianças que apresentam dificuldade de
aprendizagem de origem orgânica e secundária. Esse problema suscita a
54
possibilidade do uso de recursos tecnológicos da informática como auxílio direto ou
indireto para as atividades tanto das Salas de Recursos, como também nas demais
modalidades da Educação Especial.
São muitos os desafios em busca da melhoria da aprendizagem na educação
brasileira. Sabe-se que a Educação procura intercâmbio com outras áreas do saber
como a Medicina, Engenharia, Arte, Informática, Psicopedagogia, Fonoaudiologia,
Terapia Educacional, Fisioterapia, dentre outras áreas do conhecimento.
A informática é um riquíssimo recurso aliado à construção do conhecimento. A
Educação é um campo rico em experiências de desenvolvimento e aprendizagem,
sendo a Informática uma área do conhecimento humano que pode contribuir de
maneira positiva para a Educação Especial. A questão é de que maneira se apropriar
da Informática como mais um recurso disponível para o almejado “vencer obstáculos
e lacunas” e ter sucesso na aprendizagem. Sabe-se que a instituição educacional
deve ter base bem estruturada e para isso, necessita-se de profissionais
especializados em Educação, como também de profissionais habilitados de outras
áreas e, que cada profissional contribua com o seu melhor conhecimento local,
conectado com o universal.
A tecnologia da informação e comunicação trouxe novas concepções através
de interações e reflexões profundas sobre a participação de cada indivíduo na
formação da história contemporânea. A sociedade mundial tende a ser informatizada,
o que exige estudo e entendimento de sua linguagem tecnológica digital no meio
educacional. A Educação deve ter conexão com a realidade, tanto a já registrada,
como a presente.
A História aponta que nas atividades das mais variadas sociedades, as
ferramentas, os instrumentos são importantes para o desenvolvimento do indivíduo,
auxiliando-o a conhecer e a dominar o ambiente, de forma semiótica ou material, num
tempo e espaço, sendo desenvolvido segundo observações, pesquisa, habilidades,
criatividade, consciência e necessidades humanas. Cada artefato, ambiente, meio
tecnológico desenvolvido por determinada sociedade traz vantagens e limites sobre
outras tecnologias conhecidas. Nas últimas décadas, vários autores desenvolveram
pesquisas relacionadas aos recursos da informática e desenvolvimento/aprendizagem
humana, tais como: TAYLOR (1980); MENDONÇA e RAMOS (1991); PIERE LÉVY
(1993); FERREIRA (1998); GRAVINA e SANTA ROSA (1998); CAMPOS, CUNHA e
55
SANTOS (1999); PAULA e REIS (1999); COSTA, OLIVEIRA e MOREIRA (2001);
COELHO, FLEMING e LUZ (2002); MELO, SANTOS e SEGRE (2002) dentre outros.
Através dos tempos, o ser humano utiliza-se da extensão de seus sentidos para
aperfeiçoar suas atividades cotidianas em seu universo tecnológico através da
pesquisa de ferramentas dentre outras atividades. Cada uma das técnicas inventadas
exige uma forma de registrar e representar o conhecimento em seu momento
histórico. A tecnologia é um fazer, tendo como propulsor o raciocínio e os sentidos.
Fluísse
(2002, p. 13) defende que as imagens técnicas produzidas por “...aparelhos
fazem parte de determinadas culturas, conferindo a estas certas características. ” As
novidades da tecnologia possuem forte vinculação com o desenvolvimento social,
econômico e cultural de certa época. Estudos apontam que a transmissão primitiva
dos conhecimentos teve a sequência: oral – desenho - escrita. Já os computadores
foram projetados a partir dos registros escritos. Inicialmente o ser humano e o
computador se comunicavam por meio de códigos que precisavam ser digitados a
cada novo comando; posteriormente criaram-se as interfaces gráficas, baseadas em
imagens. Os pesquisadores desde a antiguidade buscam sempre desenvolver novas
tecnologias, almejando - melhorias.
Segundo Nascimento (1990, p. 2) acredita-se que a informática tenha seus
primórdios nos povos do Egito, Mesopotâmia e China, que iniciaram os processos e
registros de: contagem, medidas, análise, cálculos e escrita. Sabese que novas
tecnologias podem gerar inovações nas relações de aprendizagem. Cada época
constrói seus pensamentos e conceitos, sendo hoje quase impossível pensar num
mundo desvinculado da informática.
É possível nos conscientizar sobre o momento em que vivemos, encarando o
desafio da informática educacional de forma real, verificando quais tecnologias podem
ser acopladas à Educação tendo como meta a busca do desenvolvimento da
aprendizagem. A tendência educacional contemporânea defende a implantação das
tecnologias da informática na Educação, minimizando a diferença entre a escola
pública e a particular. Os computadores fazem parte do ensino/aprendizagem dos
países desenvolvidos.
A utilização do computador estimula mudanças profundas na educação
contemporânea. É hora de os profissionais da Educação estudar formas de
construção do conhecimento. O docente precisa estar ciente de que, aprimorarse em
56
conhecimentos que integram sua atuação, faz parte de seu dever e também é seu
direito como profissional na Educação. O fenômeno informático provoca curiosidade,
pesquisa, deslumbramento e dúvidas; está alargando a percepção e a inteligência em
códigos digitais de linguagem computacional, reunindo em sistemas artificiais de
intelecção, abrindo caminhos antes nunca imaginados. Camargo e Bellini (1995, p.
10) apontam que “O computador não melhora o ensino apenas por estar ali. A
informatização de uma escola só dará bons resultados se conduzida por professores
que saibam exatamente o que querem”. É necessário estender a tecnologia
educacional para além dos suportes materiais. O docente deve conhecer e dominar
os procedimentos da tecnologia que deseja colocar em ação, sendo o currículo, as
disciplinas, tecnologias roga. Santos (2007, p. 6) salienta que:
A consciência do professor está condicionada,
primeiramente ao domínio do conteúdo e do método, além do
conhecimento sobre as possibilidades facilitadoras para a sua
prática, permitindo assim operar as tecnologias e operar sobre
as tecnologias, superando a passividade pela atividade
criativa. ” O uso da tecnologia na aprendizagem é mais do que
objetos, ferramentas, conhecimentos técnicos e conceituais,
pois envolve postura afetiva, social, simbólica e conceitual por
parte do docente.
57
conhecimentos. As pesquisas apontam que as tecnologias influenciam as pessoas, a
Educação e a sociedade. A escola ao diversificar as opções de aprendizagem
tecnológica pode auxiliar a sociedade a desenvolver um ambiente cultural e também
científico.
O mundo contemporâneo vive o momento de reflexões multimídia. Países
potenciais como a China, EUA e Canadá têm suas escolas conectadas à Internet.
Madov (2000, p. 35) destaca que “Israel, que tem uma das populações mais
escolarizadas do mundo, procura empresas de software que queiram testar produtos
em suas salas de aula. ” Atualmente a computação traz possibilidades de
desenvolvimento da aprendizagem, pois pode ser programada para atividades
educacionais cada vez mais complexas. Há um número elevado de pesquisa no
campo da informática, e isso causa o surgimento de novos programas praticamente a
cada dia.
É necessário perceber que mesmo com toda a tecnologia de comunicação e
informática de que dispomos, faz-se necessário o desenvolvimento do ser humano. O
computador deve ser utilizado de forma estratégica para que possa desempenhar o
papel de desenvolver o indivíduo, dando alternativas para que escolha qual a via mais
adequada para o desenvolvimento e aprendizagem. A informática pode auxiliar a
desenvolver a aprendizagem do estudante através de programas, os quais se dividem
em: tutoriais, exercícios, prática, jogos dentre outros componentes.
Camargo e Bellini (1995, p. 13) apontam para atividades e benefícios que
podem ser produzidas com a mediação do computador:
58
Jogos: Os jogos têm estreita ligação com o lazer e a descontração. Mas podem
ser muito instrutivos em sala de aula. Alguns jogos favorecem atividades
multidisciplinares e permitem exercícios paralelos, pois vêm com material de
apoio para trabalho em sala. Benefícios: são muito motivadores e servem para
quebrar resistência às novas tecnologias.
59
A informática possui a capacidade de mostrar como o estudante constrói
relacionamentos entre informações e conhecimentos; com o uso da Informática, a
representação simbólica é demonstrada através das práticas intencionais do
educando. Marques, Mattos e Taille (1986, p. 36) apontam que o computador pode
ser uma ferramenta importante “nas primeiras etapas da aprendizagem: perceber (...)
conceitos linguísticos, matemáticos, geográficos e muitos outros podem tornar-se
mais ‘perceptíveis’.
(...) fica a cargo do professor que concebe o programa
a engenhosidade de aproveitar as características do recurso,
concretizando visualmente conceitos e suas relações para
seus alunos. ”
60
em intercâmbio cultural e também na estimulação da capacidade de analisar e
solucionar situações-problemas.
Araújo (2007, p. 15) destaca que a internet tem despertado a atenção de
linguistas, pedagogos, psicólogos, sociólogos e antropólogos “preocupados em
compreender o fenômeno da comunicação digital”, uma nova visão de formas e
linguagem, até então inimaginável, por exemplo, escrita, conversa e imagem em
tempo real.
Almeida (2005, p. 42) cita que “O uso de hipertexto rompe com as sequências
estáticas e lineares de caminho único, com início, meio e fim fixados previamente. ”
Através das TIC’s, por exemplo, o autor de um texto disponibiliza possibilidades
computacionais que permite ao leitor: “(...) interligar as informações segundo seus
interesses e necessidades (...) navegando e construindo suas próprias sequências e
rotas. ” O recurso do hipertexto “comparado” a um dicionário – mas sem uma ordem
sequencial rígida - oportuniza navegação mais atrativa na pesquisa, pois ao unir
imagem, animações, vídeos e sons, leva o estudante a assimilar o conteúdo de forma
rápida, lúdica, oportunizando a interação, valorizando o indivíduo e suas
particularidades.
Tornaghi (2005, p. 168) aponta que “A ligação em rede mundial, por si só, já
indica que essas tecnologias reunidas – computadores e redes de comunicação – têm
grande potencial para a educação, seja ela a distância ou presencial. ” Na Educação,
a Internet tem marcado presença desde que foi concebida, como inovação
tecnológica, criando a difusão do conhecimento de forma democrática. Valente (2005,
p. 27) analisa: “A interação entre o aprendiz e o computador consiste na leitura da tela
(ou escuta da informação fornecida), no avanço na sequência de informação, na
escolha de informação e/ou na resposta de perguntas que são fornecidas ao sistema,
” sendo importante a intervenção dos recursos informáticos por parte do docente,
dando oportunidade para o processo educacional ser mais interativo, dinâmico.
61
14 A IMPORTÂNCIA DO COMPUTADOR NA ESCOLA COMO FERRAMENTA
DO PROFESSOR EM SEU PROCESSO MEDIADOR NO PROCESSO DE
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO.
62
dispersar da essência do assunto proposto ou ter “achatamento” da capacidade
intelectiva diante de tanta informação, com efeitos como: canseira mental e/ou visual
e esgotamento físico. O docente pode estabelecer critérios como - a indicação de links
e sites específicos. Para avaliar essa tecnologia é preciso embasamento das
informações, pois há possibilidades valiosas, como também vias desnecessárias,
prejudiciais. É imprescindível a interação entre a tecnologia e as pessoas para que se
produza uma aprendizagem dinâmica e eficaz.
Sabe-se que há limitações na máquina informatizada, pois não foi concebida
especificamente para uso educacional. Marques, Mattos e Taille (1986, p. 38)
salientam que pela sua programação os comandos computacionais foram gerados
pela matemática binária e por isso apresentam limitação de resposta “só pode lidar
com informações precisas, não ambíguas, como sim e não ou certo e errado. Da
mesma forma, só pode devolver informações deste tipo. ” Mas, sabemos que a
informática é uma das áreas do conhecimento humano que mais rapidamente se
aperfeiçoa. Cabe ao professor prever as possibilidades de lime, buscando maneiras
de adaptar as respostas à sua realidade educacional. Fazendo um paralelo entre a
informática e o nosso cérebro: a programação do computador é linear, mas a internet
não é linear e mostra-se incrivelmente flexível, permitindo a interação entre milhares
de páginas com textos, imagens e sons.
Para Gimeno (1998, p. 47) no ser humano não existe uma relação linear “Ao
contrário do modo de processar as rotinas por parte da máquina, entre o conhecimento
63
e a ação, no aluno intercalam-se complexos e contraditórios processos de tomada de
decisões, entre os quais aparece com especial relevância a forma de sentir, o rico e
complicado terreno das emoções, as tendências e as expectativas individuais e
sociais”.
A Internet caracteriza-se no ambiente educativo como mais uma possibilidade
de aprendizagem e não como a única fonte de pesquisa. A escola como elemento da
sociedade deve proporcionar experiências e construção de conhecimento,
preparando os estudantes para essa nova realidade que tem a informação e a
comunicação cada vez mais elaborada, sendo a capacidade de interpretação e de
organização, requisitos da sociedade global. Quanto a linguagem digital, Moraes
(2005, p. s/n. º) cita que “É nela que, hoje em dia, a informação é gerada, processada,
armazenada e transmitida.
Queiramos ou não, o novo ‘idioma’ está mudando o modo de ver o mundo. ‘A
tendência é que, mais rapidamente do que podemos imaginar, essa mudança atinja a
todos’. ” A nova sociedade de conhecimento tem como suporte principal o
desenvolvimento digital. O docente precisa refletir como os recursos da informática
podem promover aprendizagem em sua realidade escolar.
Percebe-se que, muitas vezes há um descompasso entre o que aprendemos
na escola e o que necessitamos na vida. A educação brasileira precisa estar
conectada com o conhecimento universal e estar atento à mudança tecnológica
mundial. Há grande futuro na Educação que busca na informática recursos para o
desenvolvimento da aprendizagem. Vários pesquisadores preocupam-se com a
lacuna que pode vir a existir entre aqueles que dominam a informática e aqueles que
não têm acesso. Ao docente compete buscar conhecimentos, pois trabalha com seres
humanos que precisam ser inseridos no diálogo entre escola e vida. Ao referir-se à
informática educacional, Freire citado por Camargo e Bellini (1995, p.11), salientou
que “’A tecnologia é maravilhosa. Mas é preciso que ela chegue à escola pública,
senão as diferenças sociais vão se aprofundar. ” Na educação contemporânea, busca-
se que a parceria com a informática transponha os limites do ensino convencional,
rompendo paradigmas. A tecnologia da informática é um segmento que está em
constante modificação e atrai profissionais ligados à pesquisa, pois se mostra ao
mesmo tempo: prática, complexa e também em constante metamorfose.
64
15 RECEIO AS NOVAS TECNOLOGIAS
65
Armstrong e Casement (2001, p. 197) alertam que muitas vezes os programas
de computador podem dar ao educando “a falsa ideia de seu relacionamento com o
mundo natural. (...) as crianças desenvolvem a impressão de que a natureza está
convenientemente na ponta de seus dedos e de que seus processos podem ser
manipulados ou acelerados e servidos para elas...”. É preciso perceber que os
programas trazem as percepções, padrões e julgamentos do projetista que construiu
aquele software. O docente que utiliza a informática deve preocupar-se com as
possibilidades e limitações da tecnologia, buscando desenvolver no estudante o
processo crítico, imaginativo, pesquisador, criativo num ambiente que leve a um
processo contínuo, buscando o desenvolvimento da aprendizagem.
66
técnico que dá sustentação à imagem virtual), quanto também a imagem criada e
gerada pelos profissionais da informática. Santaella (1995, p.14) salienta que:
... não apenas a vida é uma espécie de linguagem, mas
também todos os sistemas e formas de linguagem tendem a
se comportar como sistemas vivos, ou seja, eles: reproduzem,
se readaptam, se transformam e se regeneram como coisas
vivas.
É um recurso audiovisual superior aos demais por ser interativo. (...) pode
solicitar e responder às intervenções do aluno, evitando que este permaneça
passivo e, consequentemente, que se disperse para outros aspectos não
relevantes da situação;
(...) possui a vantagem de poder obedecer ao ritmo próprio de cada aluno, por
exemplo, repetindo uma mesma explicação o número de vezes que o aluno
desejar, ou, esperando o tempo necessário por uma resposta do aluno;
(...) ao trabalhar com um determinado conteúdo, digamos, por exemplo, fixação
da ortografia de determinadas palavras, o aluno tem uma avaliação imediata
sobre aquelas que precisa exercitar mais para um completo domínio do
assunto.
67
Lamiral citado por Castanheira (1986, p. 17) salienta a importância do
computador no trabalho de recuperação acadêmica de estudantes: “... com
dificuldades de aprendizagem passaram a ter suas aulas reforçadas com programas
educacionais fora do horário escolar. ‘Isso desbloqueou essas crianças. ’ O
computador, (...) acompanha o ritmo de assimilação (...). Essa atividade apresenta
outras vantagens. Todos os erros dos alunos ficam registrados. De posse dessas
informações, a professora pode identificar os pontos de maior dificuldade...” O uso da
tecnologia da informática é uma forma de recompor, reavaliar, redirecionar ideias,
conceitos transformando em novos conhecimentos. O conhecimento em nossos dias
desenvolveu-se em escala geométrica e necessita de novos suportes como a
informatização.
A Revolução Digital proporciona reflexões de como podemos utilizar as novas
tecnologias para melhorar a qualidade de vida dos seres humanos. Porém,
destacamos: o ser humano precisa preservar sua história real, sem ruptura com a
vida.
White (1993, p. 300) aconselha que a criança “deve ser rodeada das condições
mais favoráveis, tanto para o crescimento físico como para o mental. ” Sendo na
maioria dos casos da realidade brasileira, a escola - a provedora de conhecimento é
sua responsabilidade oportunizar a aprendizagem e desenvolvimento integral do
educando.
68
O que precisamos entender é que a nova tecnologia é importante para a nossa
época e nos estrutura para um futuro educacional inimaginável. Sabe-se que a
capacidade de pensar é diferente do clique de um mouse e a capacidade da
inteligência é diferente do avanço tecnológico. Assim sendo, para o embasamento
deste trabalho científico, articulamos a pesquisa com estudos de pensadores como
Piaget, Vygotsky e Feuerstein, sendo que em cada abordagem há contribuições de
natureza diferente, mas que se unem num mesmo objetivo: conhecer o ser humano.
O ambiente computacional, visto através do estudo de VYGOTSKY contém o
ambiente de aprendizagem colaborativo - relacionado com a interação social. Oliveira
(1993, p. 57) referindo-se a VYGOTSKY salienta que “Aprendizagem é o
processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores,
etc., a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas, ou
seja, envolve interação social”, pois é o envolvimento do sujeito inteiro em seu
emocional e social, mesmo na aprendizagem puramente intelectual. Segundo
Passerino e Santarosa (2000, p. 8):
o ambiente computacional: ... se constituem em
instrumentos de mediação, socialmente criados e dotados
culturalmente de significados, constituindo verdadeiras
ferramentas cognitivas que possibilitam o desenvolvimento
cognitivo dos sujeitos ao permitirlhes não apenas interpretar e
organizar o conhecimento pessoal, mas interagir e trabalhar
em grupo para resolução de problemas constituindo
verdadeiras comunidades cognitivas e possibilitando criar uma
atmosfera de responsabilidade individual/social na resolução
de tarefas compartilhadas que envolvem pessoas mais
experientes juntamente com pessoas menos experientes
dentro de um sistema social no qual a argumentação, atenção,
respeito, encontram-se presentes.
69
construção do conhecimento, o qual é elaborado no cérebro e representado
exteriormente através de signo, símbolo, notação, sinais que podem mediar o meio
material e também desenvolver as estruturas cognitivas, ao mesmo tempo. Na
interação através do computador muito potencial pode ser desenvolvido.
70
ambiente virtual deve oportunizar a interação entre sujeito e objeto, ou seja, para que
ocorra o desenvolvimento cognitivo é preciso que alguma característica do objeto
desnorteie as estruturas mentais do sujeito, gerando adaptações e a ampliação do
desenvolvimento cognitivo. Numa abordagem construtivista o docente deve saber
encaminhar o processo de aprendizagem e estar presente para mediar quando
problemas possam aparecer.
Santarosa (1996, p. 4) destaca aspectos teóricos da teoria de Piaget ao utilizar
a linguagem Logo em estudo com pessoas que apresentam dificuldades de
aprendizagem, estudo baseado nas pesquisas do matemático sul-africano Seymour
PAPERT apud TORNAGHI (2005, p. 167) que ao estudar PIAGET, defende de que
os computadores “ampliam a inteligência dos seres humanos, ligados em rede
permitem que as inteligências trabalhem em cooperação” A ideia do LOGO imergiu
quando PAPERT estudou no centro de Epistemologia Genética com Jean PIAGET,
no final dos anos 60 no Massachusetts Institute of Tecnology. PAPERT e Marvin
MINSKY lideraram um grupo de pesquisadores em informática educacional.
Oliveira (1999, p. 26) apud Fagundes (1994) com base nas pesquisas de
PIAGET, busca comprovar que “...é na interação que se constrói o conhecimento.
Essa interação se dá entre o sujeito e os objetos de seu meio social: ele próprio, as
outras pessoas, o ambiente natural, físico, mental, simbólico, cultural... O
conhecimento avança na medida em que avança a tomada de consciência da ação
sobre o ambiente em que os sujeitos inter-atuam.” Ao simbolizar suas relações,
construir sua identidade, expressar seus pensamentos e sentimentos, desenvolve a
autonomia.
Oliveira (1999, p. 156) salienta que:
71
Trabalha com uma disposição espacial das informações, que pode ser
controlada continuamente pela criança através de seu campo perceptivo visual,
apoiando o raciocínio lógico;
72
A Educação deve buscar aproximação com o que há de mais inovador nas
pesquisas: tanto internamente (trabalhar com suas estruturas mentais) como
externamente (ampliar e estender os sentidos do corpo). Litwin (1997, p. 9) sugere
que “Na hora de pensar inovações, é importante reconhecer a necessidade de criá-
las nos contextos educacionais específicos, a fim de que a sua implantação seja
significativa. ”
Em busca da aprendizagem eficaz, comportamentos perceptivos devem ser
desenvolvidos através das vias de acesso ao mundo exterior. O mais complexo
mecanismo existente no universo é o cérebro, sendo que para Stencel (2003, p. 3) “é
milhares de vezes mais potente do que o maior e mais desenvolvido computador do
mundo. ” O cérebro é um dos órgãos que merece ser pesquisado pois está relacionado
intrinsecamente com o desenvolvimento, aprendizagem e tecnologias inovadoras.
O ensino/aprendizagem com mediação da docente, utilizando a informática
pode trabalhar a sinestesia, ou seja, vários sentidos interconectados ao mesmo
tempo, sendo que a Neurociência e a Psicopedagogia dão suporte, revelando que se
aprende melhor quando o cérebro é ativado por mais de um dos órgãos dos sentidos.
Para Morin (2000, p. 52) “A mente humana é uma criação que emerge e se afirma na
relação cérebro-cultura. ” Neste caso, cérebro e a tecnologia da informática – tendo
como suporte os programas, acessórios e recursos da informática.
Parece possível pensar que os recursos da Informática fazem intercâmbios
com as funções básicas e geram desenvolvimento e aprendizagem, proporcionando
mudança, crescimento e ampliação do modo de atuar perante a vida, pois instiga a
curiosidade nas descobertas, o desenvolvimento do pensamento. Motivam o prazer
em saber, abrindo espaços para a aprendizagem, possibilitando a criação de novos
sistemas integrados de informações, gerando novos conhecimentos. Dão subsídios
para resgatar a vontade de iniciar, desenvolver e concluir a atividade, construindo o
conhecimento, transformando o indivíduo e a própria sociedade.
Brasil (2000, p. 12) salienta de que “os computadores possibilitam representar
e testar ideias ou hipóteses, que levam à criação de um mundo abstrato e simbólico,
ao mesmo tempo que introduzem diferentes formas de atuação e de interação entre
pessoas. ” O profissional que atua em Educação Especial deve considerar o progresso
individual do seu aluno, dando abertura às potencialidades, fazendo nascer,
desenvolver; respeitando e permitindo a liberdade do pensamento, da aprendizagem
e desenvolvimento.
73
A busca do sucesso na aprendizagem dos educandos deve ser a meta da
Educação. ARENDT In PFDC (2004, p. 30) salienta que “A educação é também onde
decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las [...] arrancar
de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para
nós,...” Informática na Educação Especial é ampliar o conceito de pluralidade de
intercâmbio entre saberes e experiências de diferentes profissionais interessados no
desenvolvimento do ensino/aprendizagem e a abertura de um amplo campo de
observação para os mais diferentes desafios informáticos na prática, pois
conhecimento passa a ser de interconexão e muita pesquisa, ressignificando sua
prática educacional.
Para Kenski (2007, p. 124) “na nova realidade tecnológica, o tempo da
educação é o tempo da vida. ” A construção do conhecimento e do saber deve ser
visto com lentes macroscópicas e microscópicas, promovendo a aprendizagem e
instigando o desejo de encontrar maneiras que levem ao conhecimento, através da
conscientização e organização num espaço escolar que inclua a todos, onde se criem
oportunidades para novas opiniões e busca de novas soluções. Acredita-se que todo
ser humano têm potencial de aprendizagem a ser detectado, o qual pode se
desenvolver através do vínculo afetivo que se estabelece entre quem aprende, a
tecnologia e quem está realmente interessado em pesquisar e buscar desenvolver a
aprendizagem.
74
17 REFERÊNCIAS
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MACEDO, L. Ensaios Pedagógicos: como construir uma escola para todos? Porto
Alegre: Artmed, 2006.
MANTOAN, M. T. E. O reinventar da inclusão: os desafios da diferença no processo
de ensinar e aprender. Vozes, 2018.
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PAULINO, M. P. Inclusão em educação: culturas, políticas e práticas. Cortez, 2008.
76
77