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ÍNDICE

APRESENTAÇÃO...........................................................4
CAPÍTULO 1 - A EDUCAÇÃO E A LEI BRASILEIRA...5
1.1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL............................................5
1.1.1. INTRODUÇÃO.................................................................5
1.1.2. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS...5
1.1.3. DIREITOS E DEVERES SOCIAIS...................................7
1.1.4. A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO.....................................9
1.1.5. EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO.......................10
1.1.6. PERMISSÃO PARA O ENSINO PARTICULAR............13
1.2. CÓDIGO CIVIL..............................................................14
1.2.1. INTRODUÇÃO...............................................................14
1.2.2. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES.......................................14
1.2.3. RESPONSABILIDADE CIVIL........................................16
1.3. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.......21
1.3.1. INTRODUÇÃO...............................................................21
1.3.2. A PROTEÇÃO LEGAL À CRIANÇA..............................22
1.3.3. O DIREITO À EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E
LAZER........................................................................................23
1.3.4. O DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO
NO TRABALHO..........................................................................26
1.3.5. A PRÁTICA DE ATOS INFRACIONAIS........................27
1.4. A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
NACIONAL.................................................................................30
1.4.1. INTRODUÇÃO...............................................................30
1.4.2. O DEVER DE EDUCAR................................................31
1.4.3. FINALIDADE DA EDUCAÇÃO......................................31
1.4.4. PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO......................................32

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1.4.5. SUBJETIVIDADE...........................................................34
1.4.6. OBRIGAÇÃO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS...........35
1.4.7. PERMISSÃO PARA O ENSINO PARTICULAR............35
1.4.8. INCUMBÊNCIA LEGAL DOS ESTABELECIMENTOS DE
ENSINO......................................................................................36
1.4.9. ENQUADRAMENTO DAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS
DE ENSINO................................................................................38
1.4.10. REGRAS COMUNS DA EDUCAÇÃO BÁSICA............39
1.4.11. DIRETRIZES CURRICULARES...................................41
1.4.12. EDUCAÇÃO INFANTIL................................................42
1.4.13. ENSINO FUNDAMENTAL............................................43
1.4.14. ENSINO MÉDIO...........................................................44
1.4.15. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.......................47
1.4.16. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA...........47
1.4.17. ENSINO SUPERIOR.... ...............................................48
CAPÍTULO 2´- O ENSINO PARTICULAR...................50
2.1. CONTRATOS EM GERAL............................................50
2.2. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS...........54
2.2.1. PRINCÍPIOS CONTRATUAIS......................................55
2.2.2. A ATIVIDADE EDUCACIONAL....................................58
2.2.3. BILATERALIDADE.......................................................59
2.2.4. CLÁUSULAS CONTRATUAIS......................................60
2.2.4.1. ESSENCIAIS................................................................60
2.2.4.2. OPCIONAIS..................................................................64
2.2.5. CONTRATANTES E USUÁRIOS.................................66
2.2.6. RESPONSÁVEL FINANCEIRO E RESPONSÁVEL
PEDAGÓGICO...........................................................................67
2.2.7. PRESCRIÇÃO...............................................................67
2.2.8. DOS REFLEXOS DA LEI 9870/99, NAS RELAÇÕES DE
CONSUMO COM AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO...................67
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APRESENTAÇÃO

A quantidade de leis existentes no Brasil, assusta até os


mais experientes juristas, e não é diferente com as Instituições
de ensino, por isso, separei para você neste e-book, as
principais legislações que envolvem uma Instituição Educacional.

A proposta deste trabalho, é esclarecer e guiar os


profissionais que têm interesse em se especializar no nicho de
Direito Educacional, tudo com base em minha vivência diária,
que tenho mantido nos últimos 20 anos, atendendo e
assessorando as Instituições de Ensino Particular em Goiás,
tanto como advogada, como palestrante e consultora em
recuperação de crédito.

Este e-book oferece um compilado de leis que são o


alicerce jurídico que sustentam o ensino particular, de forma
direta ou indireta.

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CAPÍTULO 1 - A EDUCAÇÃO E A LEI BRASILEIRA

1.1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL

1.1.1. INTRODUÇÃO

Todas as demais normas que citaremos neste e-book, têm


sua legitimidade baseada em princípios constitucionais.

1.1.2. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º: ''Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes: (...)''

Ø Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,


nos termos desta Constituição;
Continuação do mesmo Princípio da Igualdade, enfatizando a
mesma aplicação da lei para ambos os sexos.

Ø Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma


coisa senão em virtude da lei;
Da aplicabilidade constante em qualquer ato ou negócio jurídico
praticado entre pessoas físicas ou jurídicas, o Princípio da
Legalidade garante ao cidadão o direito de não praticar atos que
não forem obrigatórios, exercendo livremente sua vontade.

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Ø Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante;
Nas relações interpessoais, a Constituição preserva a
integridade física e emocional dos cidadãos. A disciplina exigida
numa instituição de ensino não poderá superar esses limites.

Ø É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o


anonimato;
A possibilidade de cada cidadão manifestar sua própria opinião,
garantida pela Constituição, é chamada de liberdade de
pensamento e pode ser exercida por meio escrito, verbal,
telefônico ou qualquer outro, desde que não venha a infringir o
direito de outrem.

Ø É livre a expressão da atividade intelectual, artística,


científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença;
O uso comum do termo liberdade de expressão é bastante
apropriado a esta norma, de aplicação contínua nas atividades
educacionais.

Ø São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Esta é a base constitucional de inúmeras ações indenizatórias
no Poder Judiciário. Protege a lei os direitos subjetivos de cada
pessoa, garantindo-lhes a inviolabilidade na vida pessoal, seu
caráter e a forma como são vistas e tratadas pelas demais.
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Ø A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito;
Segundo o Princípio da Universalidade da Jurisdição, o
acesso a tutela judicial é inerente a qualquer cidadão num
estado democrático, ainda que não possua recursos para pagar
despesas com processos.

Ø A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico


perfeito e a coisa julgada;
Essa disposição constitucional, tratada como Princípio da
Irretroatividade das Leis, impõe que nenhuma norma jurídica
pode retroagir, atingindo pessoas e fatos ocorridos antes de sua
vigência.

Ø Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e


aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
A plena liberdade de se defender é uma garantia a todos que
estão sendo acionados judicialmente ou por processo
administrativo. Alguns autores a denominam de Princípio do
Contraditório.

1.1.3. DIREITOS E DEVERES SOCIAIS

Art. 6º: “São direitos sociais a educação, a saúde, o


trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.”
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Ø Educação: direito social por excelência, alicerce para o
desenvolvimento da nação, objeto de interesse do Poder Público
e da iniciativa privada;

Ø Saúde: o bem-estar do cidadão é tema de importância social


ímpar, diante dos grandes desníveis observados na sociedade e
da variedade de grupamentos de habitantes com baixa qualidade
de vida;

Ø Trabalho: fonte de renda e de recursos autônomos para cada


brasileiro. A questão profissional se evidencia pelo aspecto de
cada empregado no sustento de sua família e pelo exercício de
cidadania na contribuição para o desenvolvimento nacional;

Ø Moradia: as dimensões continentais do País e o crescimento


da população obrigam à existência de políticas habitacionais
sérias, a fim de combater a miséria e a indigência;

Ø Lazer: em recompensa ao trabalho do cidadão, uma nação


em desenvolvimento deve oferecer opções culturais, esportivas e
recreativas, até mesmo como forma de promoção social;

Ø Segurança: por princípio constitucional, o brasileiro tem o


direito de se pôr a salvo da violência, resguardando sua
integridade física e moral;

Ø Previdência Social: garantia de sobrevivência financeira


após o encerramento das atividades profissionais, em
decorrência da idade; 8
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Ø Proteção à maternidade e à infância: desde a gestação, a
Constituição vem proteger a criança em todas as suas
necessidades e diferenças;

Ø Assistência aos desamparados: em contraponto às


mazelas sociais, também os desfavorecidos encontram o seu
direito, a ser atendido pelo Poder Público ou por entidades
assistenciais.

1.1.4. A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Arts. 18 a 43:

Organização da Educação Nacional: determina quais são


as responsabilidades e obrigações de cada esfera administrativa
(União, Estado, Distrito Federal e Município), das instituições de
ensino e dos professores, e a composição dos diferentes
sistemas de ensino (federal, estadual – inclui o Distrito Federal –,
e municipal).
Com efeito a Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 –
LDB, é uma Lei Ordinária, decretada pelo Congresso Nacional e
sancionada pelo Presidente da República, com a atribuição de
disciplinar a atividade educacional no território nacional. Quando
falamos em diretrizes e bases, estamos nos referindo a um
fundamento único para a implantação de outras regras e
sistemas diferenciados, aplicáveis conforme os fatores regionais
e pluralidade de propostas pedagógicas dos mantenedores.

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1.1.5. EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO

Arts. 205 a 214:

Nessa forma de expressão, a respeito da educação


juntamente com a cultura e Desporto nacional, nos traz que a
educação é direito de todos, sem distinção de idade, raça, cor ou
classe social, e também é de direito à aqueles que têm
limitações físicas, ou seja, a todos os brasileiros, sendo
garantido esse aprendizado.

Os sistemas de ensino vêm distribuídos em várias partes:


União, Estados, Distritos Federais e Municípios. Finalmente, há a
previsão constitucional para o estabelecimento de um plano
nacional de educação, que tem por finalidade, a articulação e
desenvolvimento de ensino nos diversos níveis pedagógicos, e a
integração das ações do Poder Público.

Destacamentos objetivos, descritos no Art. 214:

I. Erradicação do analfabetismo;

II. Universalização do atendimento escolar;

III. Melhoria da qualidade do ensino;

IV. Formação para o trabalho;

V. Promoção humanística, científica e tecnológica do País.


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Acerca da cultura, encontraremos garantia de acesso da
população, às fontes da cultura nacional e o incentivo do Estado
à valorização e difusão das diversas manifestações culturais:
teatro, dança, folclore, festas regionais e outras.

São protegidos pela Constituição, os bens materiais e


imateriais portadores de referência à identidade, à ação e à
memória dos grupos formadores de nossa sociedade, aí
incluídos:

I. As formas de expressão;

II. Os modos de criar, fazer e viver;

III. As criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV. As obras, objetos, documentos, edificações e demais


espaços destinados às manifestações artísticas e culturais;

V. Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,


paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.

Os itens acima mencionados, também são considerados


patrimônios culturais brasileiros, com acesso direcionado aos
educadores.

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São protegidos pela Constituição, os bens materiais e
imateriais portadores de referência a identidade, a ação e a
memória dos grupos formadores de nossa sociedade, aí
incluídos:

I. As formas de expressão;

II. Os modos de criar, fazer e viver;

III. As criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV. As obras, objetos, documentos, edificações e demais


espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V. Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,


paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.

Os itens acima mencionados, também são considerados


patrimônios culturais brasileiros, com acesso direcionado aos
educadores.
Segundo a Constituição, haverá leis dispondo sobre
incentivos para a produção e conhecimento de bens e valores
culturais, e também sobre a punição aos danos e ameaças ao
patrimônio cultural.
Em contrapartida, as práticas desportivas formais e
informais gozam de proteção constitucional, obrigando-se o
estado a fomentá-las, destinando recursos públicos
prioritariamente para o desporto educacional. 12

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1.1.6. Permissão para o Ensino Particular

Art. 209:

O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as


seguintes condições:

I. Cumprimento das normas gerais da educação nacional;

II. Autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Na verdade, estamos diante de uma permissão estatal de


origem constitucional que simplesmente autoriza a prestação de
serviços educacionais por pessoas e entidades de caráter
privado, desde que observados dois requisitos:

I. O cumprimento, no mínimo, dos mesmos parâmetros


curriculares fixados para as instituições públicas e demais
regras sobre a atividade de ensino constantes na LDB e Leis
correlatas; e

II. A obtenção de autorização específica dos órgãos públicos


para o funcionamento, bem como sujeitar-se a fiscalização e
avaliação quanto a qualidade dos serviços e o cumprimento
das citadas normas.

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1.2. CÓDIGO CIVIL

1.2.1. INTRODUÇÃO

Após a Constituição Federal, podemos dizer que é a


norma de aplicação mais ampla, pois dificilmente qualquer ato
jurídico não encontraria ali alguma regulamentação. Em seu
texto, contém disposições diversas sobre: pessoas naturais e
jurídicas, classes e bens, fatos e aros jurídicos, obrigações,
contratos e suas espécies, títulos de crédito, responsabilidade
civil, direito imobiliário, direito de empresa, direito de família e
sucessões.
·
1.2.2. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Art. 233:

A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios


dela, embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do
título ou das circunstâncias do caso.

O Código concentra dispositivos claros de vinculação


entre particulares e relaciona as obrigações de acordo com sua
origem e forma. Estão previstas as seguintes modalidades:

Ø Obrigação de fazer: A prática efetiva de um ou mais atos é


assumida pelo devedor desse tipo de obrigação, sob pena de
indenizar perdas e danos caso a não cumpra por sua própria
culpa;
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Ø Obrigação de não fazer: é a abstenção de prática de algum
ou alguns atos, imposta pela lei ou contrato, sob pena de
ressarcimento. Na hipótese de descumprimento, o credor poderá
exigir que o ato seja desfeito, quando for possível;

Ø Obrigações solidárias: Hipótese de haver mais de uma


pessoa no mesmo "polo" da obrigação (quando há pluralidade de
credores temos a solidariedade ativa). Se forem dois ou mais
devedores, será solidariedade passiva. Para os contratos de
prestação de serviços educacionais, a existência de dois
contratantes solidários acarreta o dever mútuo de se efetuar o
pagamento de mensalidades - pai e mãe, por exemplo;

Ø Obrigação de Dar: Por imposição da lei ou de ato jurídico


entre pessoas, assume essa obrigação o devedor de um bem
móvel ou imóvel especificado, e os respectivos acessórios que o
acompanham. Há dois tipos diferentes: coisa certa e coisa
incerta. Neste último caso se refere a algo simplesmente
indicado por gênero e quantidade (por exemplo: dez sacas de
café do tipo especial).
Para uma escola particular, constitui obrigação de dar: o material
incluído nos serviços educacionais, a documentação de
matrícula, transferência e histórico, a carteira de estudante
quando requerida pelo próprio e outros eventuais bens físicos
que façam parte da atividade contratada.
O pagamento das mensalidades pelos contratantes, nas escolas
mantidas pela inciativa privada, constitui obrigação de dar coisa
incerta, pois o meio monetário é considerado um bem fungível;
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Ø Obrigações alternativas: Em havendo duas ou mais
possibilidades de escolha para cumprimento, cabe ao devedor
optar por qual será realizada, se não houver disposição em
contrário. Na prática, a secretaria escolar se obriga a emitir
transferência do aluno ou renovar-lhe a matrícula;

Ø Obrigações divisíveis e indivisíveis: Conforme a natureza


da prestação prometida, poderá ser separada entre credores,
devedores ou formas de ser realizada. Como o serviço
educacional não é prestado de uma única vez, mas
disponibilizado ao longo do ano letivo, em parcelas diárias,
podemos considerar também uma obrigação divisível para cada
dia de aula, avaliação, trabalho escolar ou outra tarefa incluída.

1.2.3. RESPONSABILIDADE CIVIL:

O tema abrangente da responsabilidade civil tem


revolucionado a comunidade jurídica, pelos potenciais de
alcance em quaisquer atividades desenvolvidas por particulares
e até mesmo pelo Poder Público.
Seu princípio é o constante no Art. 927:

Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem fica


obrigado a repará-lo.

Haverá situações rotineiras no âmbito da prestação de


serviços educacionais, que poderão acarretar à escola particular
e ao mantenedor, a responsabilidade de reparação. Exemplos:
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Ø Omissão de Socorro: um aluno que sofre uma queda ou é
acometido de um mal súbito deve te atendimento imediato, pois
durante o período de aulas o seu bem-estar foi confiado à
responsabilidade de instituição de ensino. Contudo, para que tal
obrigação seja cumprida, é essencial que o adoentado - ou um
colega - comunique o problema a um professor, ou mesmo que o
dano físico seja tão evidente que se imponha a necessidade de
socorro sem nenhuma comunicação (uma fratura exposta ou um
sangramento visível, por exemplo). Cumpre ressaltar que a
obrigação do mantenedor, nesses casos, é a de prestar o
socorro necessário para evitar a piora e proporcionar a possível
recuperação do aluno. As difundidas indenizações em dinheiro
não seriam devidas no caso de simples machucados – comuns
em adolescentes, aliás – nem em quaisquer situações em que o
estabelecimento educacional não tenha concorrido para a
realização do prejuízo;

Ø Divulgação indevida de imagem: se a Constituição Federal


protege a imagem e a honra das pessoas, não pode o
estabelecimento de ensino difundir fotografias, filmes e gravuras
com os alunos em seu material publicitário, sem a devida
autorização. Não é preciso que a situação seja humilhante: a
simples divulgação de fotos dos discentes em aula poderá servir
para alavancar matrículas e ganho financeiro do mantenedor, o
que poderá ser entendido como exploração sempre que não for
autorizado;

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Ø Má conservação do prédio ou equipamentos: típica figura
de negligência. O mau estado das instalações poderá gerar
danos físicos aos usuários ou visitantes, que deverão ser
sanados com o tratamento médico necessário e uma possível
indenização financeira;

Ø Descumprimento do currículo oficial: a LDB e os


normativos editados pelo Ministério da Educação e Cultura,
preveem um padrão mínimo de disciplinas a serem observadas
pelas escolas públicas e privadas. Uma vez descumprida essa
condição, não receberão os educandos uma parcela do
conteúdo pedagógico ministrado a todos os demais, gerando
perdas concretas no aprendizado. Essa falta de qualidade é
motivo formal de responsabilização do estabelecimento de
ensino;

Ø Sanção pedagógica por inadimplência: ultrapassando as


regras legais na atividade de cobrança, o mantenedor estará
prejudicando o desenvolvimento educacional de seus alunos,
fundamentando possíveis questionamentos e pedidos de
compensação financeira, com provável perda;

Ø Difamação: a exposição do aluno ou seus familiares a


situações vexatórias capazes de abalar o conceito pessoal,
podem ser fundamento para indenizações por dano moral,
sempre lembrando que o papel do educador é contrário a tais
práticas por sua própria função social.

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Com a finalidade de cautela, é recomendável constar em
contrato a responsabilidade dos pais por danos provocados por
filhos menores no âmbito da escola, pois não é rara a
agressividade entre alunos gerar demandas judiciais em face da
instituição, com base no Art. 932 – I do Novo Código Civil.

O que compreende por outro lado, a responsabilidade


objetiva e a imposição da lei sobre situações determinadas.

Encontraremos no Art. 932 alguns exemplos:

São também responsáveis pela reparação civil:

I. Os pais pelos filhos menores que estiverem sob sua


autoridade e em sua companhia;
O poder familiar compreende a responsabilidade direta dos pais,
mas a interpretação desta norma pode variar, especialmente
quando os filhos menores praticarem danos a terceiros fora da
companhia dos pais, como seria o caso do horário escolar.

II. O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se


acharem nas mesmas condições;
Repetição da mesma regra, aplicável também para os tutores e
curadores legitimamente constituídos.

III. O empregador ou comitente, por seus empregados,


serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;

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Durante o período de expediente, os funcionários poderão sofrer
danos de variadas formas. Havendo consonância com a
atividade profissional desenvolvida, o empregador assumirá a
responsabilidade pela reparação, como tem acontecido nos
acidentes de trabalho.

IV. Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou


estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e
educandos;
Aqui a Lei direciona-se especificamente para o mantenedor
educacional, e faz referência direta à educação particular. Por
esse princípio, os prejuízos sofridos pelos alunos dentro da
instituição deverão ser suportados por seus proprietários,
sempre que demonstrada a ligação de causa e efeito.

V. Os que gratuitamente houverem participado nos


produtos do crime, até a concorrente quantia.
Previsão de penalidade civil aos que auferirem ganhos de
atividades criminosas.

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1.3. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

1.3.1. INTRODUÇÃO

Entre juristas e profissionais do meio assistencial e


educacional do País, sempre se nutriu o desejo de uma lei
específica que regulasse a proteção integral da criança desde o
nascimento, e do adolescente até chegar à idade adulta. Esse
anseio por uma norma de natureza social e aplicabilidade direta
na vida de todas as famílias brasileiras advém de denúncias
diversas de maus-tratos, exploração do trabalho infantil, abusos
e desrespeitos ao ser humano de pouca idade, que infelizmente
sempre frequentaram as páginas dos jornais.
Assim surgiu a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto
da Criança e do Adolescente, comumente tratada por suas
iniciais “ECA” - com a pretensão de garantir aos menores um
tratamento jurídico digno e diferenciado dos adultos. Com efeito,
se não gozam da capacidade civil plena descrita no NCC, e são
dependentes de seus pais e responsáveis, tornam-se
merecedores de uma atenção específica pelos órgãos públicos e
privados, com um atendimento adequado e à altura de suas
necessidades.
Quando se fala em proteção à criança e adolescente, se
remete apenas aos genitores dos menores, porém o governo
criou esse conjunto de regras que dispõe a dar essa proteção à
ambos.
A Constituição Federal prega que há a responsabilidade da
União, Estados e Distrito Federal em fornecer proteção as
crianças e adolescentes.
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Importante notar que o Código Civil / 2002 estabelece a
capacidade jurídica relativa aos 16 anos e a plena aos 18, sem
apresentar denominações ou classificações para cada idade.
Isso significa que, entre os 12 e os 16 anos, o jovem é
considerado um adolescente, mas totalmente incapaz de praticar
s atos da vida civil.

1.3.2. A PROTEÇÃO LEGAL À CRIANÇA

Por disposição do artigo 5° da Constituição, quaisquer


formas de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão das crianças e adolescentes, são
qualificadas como crime cabível de punição.
Durante os serviços educacionais, os alunos em curso
não devem sofrer nenhum desses impedimentos, sejam por
parte de professores e funcionários, seja por colegas da mesma
ou de outra classe. Cabe lembrar que a escola detém a guarda
momentânea das crianças a ela confiadas, e durante o tempo
em que estiverem frequentando as aulas, estão sob a
responsabilidade do mantenedor. Exemplos:

Ø Negligência: aluno do ensino infantil exposto a materiais


cortantes inflamáveis ou até mesmo brinquedos pequenos com
peças passíveis de ingestão;

Ø Discriminação: tratamento diferenciado em função de sua


origem, raça, sexo, idade ou religião;

Ø Exploração: uso da imagem sem autorização; 22

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Ø Violência: acometer os alunos com castigo físico de qualquer
tipo: surra, privação de água e comida;

Ø Crueldade: manter aluno preso como castigo por disciplina;

Ø Opressão: excesso de exigências descabidas para todos os


alunos, como chegar de madrugada, exigir uniforme sem único
amassado, corte e cabelo rigorosamente igual (possível exceção
para escolas militares).

1.3.3. O DIREITO À EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E


LAZER

Arts. 53 a 59:

Já comentamos que a criança tem o direito a educação,


seja ela em órgão público ou privado conforme a disponibilidade
e escolha de seus responsáveis, mas sempre visando ao pleno
desenvolvimento pessoal, preparo para o exercício da cidadania
e qualificação para o trabalho.

São assegurados ao menor:

I. Igualdade de condições para o acesso e permanência na


escola;
Pelo princípio da democracia, a lei não admite diferenciação
entre alunos, determinando que todos terão acesso aos serviços
educacionais e lá poderão permanecer até a conclusão dos
respectivos cursos. 23

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II. Direito de ser respeitado por seus educadores;
A amplitude do termo ''educadores'' alcança todos os
profissionais envolvidos na atividade pedagógica.

III. Direito de contestar critérios avaliativos, podendo


recorrer às instâncias escolares superiores;
Em meio a tantas propostas pedagógicas, e sem estar livre de
eventuais injustiças, a Lei permite ao aluno contraditar as
avaliações negativas, e obriga aos níveis hierárquicos superiores
e reavaliar os casos individualmente.

IV. Direito de organização e participação em entidades


estudantis;
Os grêmios diretórios e centros cívicos e acadêmicos são
incentivados como meio de motivar a participação política e
cidadania do educando, além de despertar as jovens lideranças.

V. Acesso à escola pública e gratuita próxima de sua


residência.
Diante do apelo social da educação, é dever constitucional do
Estado oferecer o ensino público e gratuito a população. O
ensino possui tal relevância na condição socioeconômica do
País e de seus habitantes, que deve ser disponibilizado pelas
escolas municipais, estaduais e federais, independente de
pagamento.

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A todos os dirigentes de estabelecimentos de ensino
fundamental se impõe a obrigação de comunicar as situações
descritas em seguida ao Conselho Tutelar - órgão de âmbito
municipal, instituído pelo ECA para zelar pelo cumprimento dos
direitos da criança e do adolescente - e, em sua falta, à
autoridade pública educacional ou policial, conforme o caso:

I. Maus-tratos envolvendo seus alunos;


Tendo como ofensores os próprios pais, outros alunos, ou
mesmo estranhos, os mantenedores deverão informar sobre os
abusos sofridos pela criança tão logo tenham notícia de sua
ocorrência.

II. Reiteração de faltas injustificadas;


Caberá procurar a família, por telefone, carta ou outro meio, para
constatar o motivo das faltas. Não sendo possível nenhuma
informação, é dever do mantenedor comunicar o fato à
autoridade competente.

III. Elevados níveis de repetência.


A preocupação se refere à qualidade do ensino e sua
assimilação pelo corpo discente. Ainda que sejam prestados
bons serviços, os alunos poderão ter dificuldades como
desnutrição, doenças, desestrutura familiar e outras, que
demandam providências pelo Poder Público.

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1.3.4. O DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO
NO TRABALHO

Arts. 60 a 69:

No âmbito dos serviços educacionais, o ECA denomina


''aprendizagem'' a formação técnico-profissional ministrada
segundo as diretrizes e bases da educação. A formação técnico-
profissional é objeto de muitos estabelecimentos especializados,
e obedecerá aos seguintes princípios:

I. Garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino


regular;
O ensino técnico manterá estrita consonância com o curso
regular do aluno, seja no volume de trabalhos ou disciplinas
ministradas, pois a prioridade é a formação pedagógica normal.

II. Atividade compatível com o desenvolvimento do


adolescente;
Com atenção para as limitações físicas, intelectuais e até
financeiras, a formação técnico-profissional deve ser adequada
ao adolescente e diferenciada naquilo que lhe for aplicável do
atendimento ao adulto.

III. Horário especial para o exercício das atividades.


Normalmente ministrados a noite, os cursos profissionalizantes
devem ser planejados para atender à necessidade do aluno sem
dificultar seu aprendizado ou a atividade profissional que já
esteja exercendo. 26

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1.3.5. A PRÁTICA DE ATOS INFRACIONAIS

Arts. 103 a 128:

Preocupação continua da sociedade brasileira, o problema


dos menores infratores tem exigido providências constantes das
autoridades, tanto pelo lado da segurança pública como pelas
mazelas sociais vinculadas: desemprego, fome, miséria,
violência, exploração.
Considera-se ato infracional a conduta praticada pela
criança ou adolescente, que é tipificada como crime.
Sempre que os direitos reconhecidos pelo ECA forem
ameaçados ou violados por atitude - ação ou omissão - da
sociedade, Poder Público, pais ou responsáveis; ou ainda por
sua própria conduta, estará o menor sujeito às seguintes
medidas de proteção, descritas no Art. 101, pela autoridade
competente:

I. Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante


termo de responsabilidade;
A responsabilidade legal dos pais implica em zelar por seus
filhos e cuidar para que não causem danos a terceiros. Nas
situações de pequena gravidade, o adolescente será
simplesmente levado a presença da família, que deverá obrigar-
se a sanar a falta ocorrida.

II. Orientação, apoio e acompanhamento temporário;

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Demonstrada a carência do menor por alimentação, saúde e
aconselhamento, diante da desestrutura familiar observada,
tenha ele praticado ou sofrido algum ato infracional, terá direito à
assistência adequada, que será prestada pelo Poder Público.

III. Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento


oficial de ensino fundamental;
Valendo a educação como direito essencial, e a regra de que
nenhuma criança deve se ausentar da escola, todo menor,
mesmo infrator, deverá ser matriculado e frequentar diariamente
as aulas, salvo situações específicas de alta periculosidade e
risco aos demais alunos.

IV. Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à


família, à criança e ao adolescente;
Programas sociais de diferentes objetivos são implementados
para suprir as necessidades da família e das crianças.

V. Requisição de tratamento médico, psicológico ou


psiquiátrico em regime hospitalar ou ambulatorial;
Os maus-tratos físicos - castigos severos, surras, privações e até
abusos sexuais - advindos dos próprios pais, irmãos ou terceiros
requererem atendimento especializados às vítimas infantis.

VI. Inclusão no programa oficial ou comunitário de auxílio,


orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos.
O gritante problema das drogas também não deve ser visto pelo
aspecto da criminalidade, mas como doença passível de
tratamento e tendo por objetivo a recuperação da criança
dependente. 28
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O regular processo legal é assegurado a todo adolescente
infrator, com as seguintes garantias:
I. Pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
infracional, mediante citação ou meio equivalente;
Na linguagem forense, a citação é a fase inicial do processo,
quando o réu é formalmente comunicado sobre os fatos dos
quais é acusado.

II. Igualdade na relação processual, podendo confrontar-se


com vítimas e testemunhas e produzir todas a provas
necessárias à sua defesa;
O contraditório e a ampla defesa são princípios constitucionais
garantidos a todos os acusados, e diferente não é com menores.

III. Defesa técnica por advogado;


A contestação e o acompanhamento do processo dependem de
um profissional habilitado, e mesmo que haja condenação, para
que a sanção declinada em sentença seja justa e fundamentada.

IV. Assistência judiciária gratuita e integral aos


necessitados, na forma da lei;
Para os adolescentes acusados de infração que não puderem
contratar um advogado próprio, o Poder Público irá nomear um
defensor dativo, a fim de garantir-lhe a defesa em condições
técnicas satisfatórias.

V. Direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade


competente;
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Toda audiência será realizada na presença do acusado, a quem
se permitirá apresentar sua versão dos fatos ao julgador.

VI. Direito de solicitar a presença de seus pais ou


responsável em qualquer fase do procedimento.
O amparo da família é prerrogativa do menor indicado, relevando
a condição de pessoa em formação e dependente dos pais.

1.4. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO


NACIONAL

1.4.1. INTRODUÇÃO

A LDB possui 92 artigos, cuja amplitude de ação congrega


regras fundamentais para o ensino público e privado, como:

Ø Abrangência da educação e sua função social;

Ø Os princípios e fins da Educação Nacional;

Ø O direito à Educação e o dever de educar;

Ø Organização política e administrativa da Educação


Nacional;

Ø Níveis e modalidades de Educação e de Ensino: Infantil,


Fundamental, Médio, Jovens e Adultos, Profissional,
Superior e Especial;

Ø Os profissionais da Educação e sua formação acadêmica;


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Ø Recursos financeiros para a manutenção e o
desenvolvimento do ensino;

Ø Sistemas de Ensino da União, Estados, Municípios e


Distrito Federal.

Sem a pretensão de esgotar o assunto, por sua


complexidade, relacionamos a seguir alguns itens dignos de
destaque em face da importância jurídica para o mantenedor e
sua aplicabilidade direta na atividade educacional.

1.4.2. O DEVER DE EDUCAR

Art. 2°:

A LDB determina expressamente que a educação é


dever da família e do Estado. Complementando outras normas
como o Estatuto da Criança e do Adolescente, e o Novo Código
Civil, torna-se evidente que a obrigação legal de educar pertence
à família do educando, - muito especialmente no caso de
crianças e adolescentes - em paralelo ao Poder Público.

1.4.3. FINALIDADE DA EDUCAÇÃO

O objetivo social da atividade educacional, também


constante no Art 2°, é assim apontado como o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
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De qualquer forma, cabe reconhecer que foi feliz a definição,
verdadeira síntese das atribuições do educador os alunos.

1.4.4. PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO

Art. 3º:

Em abordagem mais pontual, traduz a LDB os princípios a


nortearem o ensino nacional, que são os seguintes:

I. Igualdade de condições;
No regime democrático em que vivemos, cabe considerar a
''igualdade de condições'' como a vedação completa a qualquer
preconceito ou diferenciação entre alunos, resguardadas as
providências da educação especial para portadores de
necessidades especiais.

II. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a


cultura, o pensamento, a arte e o saber;
Também pela essência da democracia, todo cidadão é livre para
o aprendizado e a prática de atividade cultural, desde que não
ofenda ou discrimine diretamente uma pessoa ou grupo da
população.

III. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;


A legislação brasileira admite ideologias diferenciadas e
propostas pedagógicas distintas, sem seguir um padrão
absoluto, bastando que se observem as premissas básicas da
educação descritas na própria LDB.
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IV. Respeito a liberdade e apreço à tolerância;
Novamente, seguindo o apelo democrático, essa garantia de
liberdade, contudo, não deve ser observada apenas pelo aspecto
físico - liberdade de ir e vir- mas também e principalmente na
crença, filosofia e forma de pensar individual do educando.

V. Coexistência de instituições públicas reprovadas de


ensino;
De certa forma, admitindo a insuficiência do Poder Público em
garantir a educação para todos os cidadãos, a norma coloca em
igualdade de condições as escolas públicas e as mantidas pela
iniciativa privada.

VI. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos


oficiais;
Corroborando o dever constitucional de prover o ensino aos
cidadãos, este princípio evidencia o caráter assistencial e a
ausência de fins econômicos nas escolas, creches e
universidades públicas.

VII. Valorização do profissional da educação escolar;


Com enfoque na figura do professor, a norma pretendeu reverter
um quadro de desvalorização do profissional de ensino.

VIII. Gestão democrática do ensino público, na forma desta


Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
Ousando superar o mero pensamento democrático e desejando
aplicá-lo na forma de administrar a educação pública, a LDB vem
permitir a participação popular nas decisões da rede de ensino.
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IX. Garantia de padrão de qualidade;
Esse princípio busca uma melhor qualificação das instituições
educacionais, talvez em razão de um histórico pouco satisfatório
na condução do ensino por instituições de variadas origens.

X. Valorização da experiência extraescolar;


A aplicação da multidisciplinaridade é tendência irreversível dos
modelos pedagógicos modernos.

XI. Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as


práticas sociais.
Em uma visão ''holística'' por assim dizer, este último princípio
procura integrar finalidades básicas da educação: o aprendizado
para a vida, para o trabalho e para a convivência em sociedade.

1.4.5. SUBJETIVIDADE

Art. 5°:

Para a situação específica do ensino fundamental, a LDB


impõe que seu acesso é direito público subjetivo. Na prática,
qualquer um pode exigir sua realização pelo Estado, por meios
administrativos ou judiciais, inclusive com eventual punição das
autoridades responsáveis que venham a descumprir sua função.
O Poder Público tem o dever de prestar serviços educacionais
gratuitos no ensino fundamental. Se não houver vagas na
instituição requerida, o Estado é responsável por obtê las no
estabelecimento público mais próximo, de forma a garantir a
formação educacional básica do cidadão. 34

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1.4.6. OBRIGAÇÃO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS

Art. 6°:

Anteriormente a idade mínima para matrícula do menor


era de sete anos como idade, passando a ser de seis anos a
partir de 2006, com o advento da Lei 11.114, de 16 de maio de
2005.
A partir de 2013, com a LDB, passou a ser dever dos pais ou
responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos
quatros anos de idade, no ensino fundamental.
A intenção do legislador foi a de incentivo ao aumento de
qualidade educacional, obrigando os pais a trazer mais cedo os
filhos ao ensino regular.

1.4.7. PERMISSÃO PARA O ENSINO PARTICULAR:

Art. 7°:

A iniciativa privada é livre para prestar serviços educacionais,


desde que atendidas as seguintes condições:

I. Cumprimento das normas gerais da educação nacional e


do respectivo sistema de ensino;
A atuação dos estabelecimentos particulares de ensino deve se
submeter às mesmas regras praticadas pelas instituições
públicas, no que tange às questões pedagógicas.

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II. Autorização de funcionamento e avaliação de qualidade
pelo Poder Público;
As autoridades governamentais reguladoras da atividade
educacional são responsáveis pela fiscalização e autorização
para o funcionamento das escolas públicas e privadas.

III. Capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto


no Art. 213 da Constituição Federal.
Impõe-se a necessidade de verba para a manutenção e
financiamento da estrutura de ensino (prédios, instalações,
equipamentos, bibliotecas, professores, etc).

1.4.8. INCUMBÊNCIA LEGAL DOS ESTABELECIMENTOS


DE ENSINO

Art. 12:

Respeitadas as normas gerais aplicáveis à modalidade


praticada, incumbe às instituições educacionais:

I. Elaborar e executar proposta pedagógica;

II. Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e


financeiros;

III. Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula


estabelecidas;

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IV. Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada
docente;

V. Prover meios para a recuperação dos alunos de menor


rendimento;

VI. Articular-se com as famílias e a comunidade, criando


processos e integração da sociedade com a escola;

VII. Informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos,


e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência
e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da
proposta pedagógica da escola.

Independente da natureza pública ou privada, fins lucrativos


ou filantrópicos, e de caráter confessional ou leigo, a lei confere
autonomia administrativa e operacional aos estabelecimentos de
ensino, quanto às questões pedagógicas, financeiras, pessoal,
avaliações e relacionamento com a comunidade.
Com o advento da Lei 12,013, de 06 de agosto de 2009,
passou a ser obrigação da escola informar aos pais ou
responsáveis o progresso pedagógico e a frequência dos alunos,
independente de residirem com os filhos ou serem detentores de
sua guarda judicial.

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1.4.9. ENQUADRAMENTO DAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE
ENSINO

Art. 20:

Define a LDB, que as escolas particulares serão classificadas


conforme as seguintes categorias:

I. Particulares em sentido estrito, assim estendidas as que são


instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou
jurídicas de direito privado, que não apresentem as
características dos incisos seguintes;

II. Comunitárias, assim estendidas as que são instituídas por


grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins
lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora
representantes da comunidade;

III. Confessionais, assim entendidas as que são instituídas por


grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
jurídicas, que atendem à orientação confessional e ideologia
específicas, e ao disposto no inciso anterior;

IV. Filantrópicas, na forma da lei.

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1.4.10. REGRAS COMUNS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Art. 24:

A chamada Educação Básica, compreende o conjunto dos


níveis fundamental e médio, e contempla as seguintes regras:

I. A carga horária mínima anual será de oitocentas horas,


distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo
trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames
finais, quando houver;

II. A classificação em qualquer série ou etapa, exceto a


primeira do ensino fundamental, pode ser feita:

A. Por promoção;
Para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase
anterior, na própria escola.

B. Por transferência;
Para candidatos procedentes de outras escolas.

C. Independentemente de escolarização anterior;


Mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de
desenvolvimento e experiência do candidato, e permita sua
inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação
do respectivo sistema de ensino.

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III. Nos estabelecimentos que adotam a progressão regular
por série, o regimento escolar pode admitir formas de
progressão parcial, desde que preservada a sequência do
currículo, observadas as normas do respectivo sistema de
ensino;

IV. Poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de


séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na
matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou
outros componentes curriculares;

V. A verificação do atendimento escolar observará os


seguintes critérios:

A. Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do


aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos, e dos resultados ao longo do período sobre
os de eventuais provas finais;

B. Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com


atraso escolar;

C. Possibilidade de avanço nos cursos e nas séries,


mediante verificação do aprendizado;

D. Aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

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E. Obrigatoriedade de estudos de recuperação, de
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de
baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas
instituições de ensino em seus regimentos.

VI. O controle de frequência fica a cargo da escola,


conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima
de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para
aprovação;

VII. Cabe a cada instituição de ensino expedir históricos


escolares, declarações de conclusão de série, e diplomas ou
certificados de conclusão de cursos, com as especificações
cabíveis.

1.4.11. DIRETRIZES CURRICULARES

Arts. 27 e 28:

De acordo com a LDB, devem ser observadas as seguintes


diretrizes nos conteúdos curriculares:

I. A difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos


direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum
e a ordem democrática;

II. Consideração das condições de escolaridade dos alunos


em cada estabelecimento; 41

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III. Orientação para o trabalho;

IV. Promoção do desporto educacional e apoio às práticas


desportivas não formais.

1.4.12. EDUCAÇÃO INFANTIL

Arts. 29 a 31:

Considerando aproveitar a primeira etapa da educação


básica, o ensino infantil é dirigido para crianças de até cinco
anos de idade, e tem como finalidade o desenvolvimento integral
nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social.

A LDB dispõe sobre o oferecimento da educação infantil


da seguinte forma:

A. Creches, ou equivalentes, para crianças de até 3 anos de


idade;

B. Pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos de idade.

Considerando as modificações implementadas a partir de


2006, podemos considerar como adequado à pré-escola o aluno
que tiver seis anos incompletos no início do no letivo; pois caso
contrário, ele deve ser matriculado no 1° ano do ensino
fundamental.

42
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Não haverá avaliação propriamente dita da criança
matriculada na educação infantil, mas sim o acompanhamento e
registro do desenvolvimento do aluno, sem objetivo de
promoção.
Já se superou o tempo em que os pais matriculavam os
filhos apenas para fins de lazer nos estabelecimentos infantis. Ao
contrário, a educação agrega fatores pedagógicos de
importância na formação inicial do aluno, mesmo de pouca
idade.

1.4.13. ENSINO FUNDAMENTAL

Arts. 32 a 34:

Anteriormente à nova sistemática implementada na Lei de


Diretrizes e Bases da Educação, a antiga organização do ensino
fundamental englobava os alunos de 1ª a 8ª séries. Com a
publicação da Lei 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, essa
modalidade de ensino passou a congregar nove “anos finais”. A
característica marcante dessa etapa do aprendizado regular é a
integração na sociedade e a avaliação individual.

O objetivo do ensino fundamental, conforme apregoado


pela LDB, será a formação básica do cidadão, mediante:

I. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo


como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e
do cálculo;
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II. A compreensão do ambiente natural e social, do sistema
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
fundamenta a sociedade;

III. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,


tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades,
e a formação de atitudes e valores;

IV. O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de


solidariedade humana e de tolerância recíproca em que e
assentava a vida social.

Para a consecução desses objetivos, os estabelecimentos


têm relativa liberdade para montar o próprio cronograma,
inclusive desdobrando no ensino fundamental em ciclos, cujo
total não seja inferior a oito anos.

1.4.14. ENSINO MÉDIO

Arts. 35 e 36:

Por definição, o ensino médio compreende a etapa final da


educação básica, dirigido ao adolescente que já carrega uma
razoável vivência pessoal e educativa.

A LDB dispõe como suas finalidades:

I. A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos


adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos; 44
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II. A preparação básica para o trabalho e a cidadania do
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz
de se adaptar com flexibilidade a novas condições de
ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III. O aprimoramento do educando como pessoa humana,


incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV. A compreensão dos fundamentos cientifico-tecnológicos


dos processos produtivos, relacionando a teoria com a
prática, no ensino de cada disciplina.

Além das diretrizes curriculares descritas, aplicáveis à toda


a Educação Básica, o Ensino Médio também:

I. Destacará a educação tecnológica básica, a compreensão


do significado da ciência, das letras e das artes, o processo
histórico de transformação da sociedade e da cultura; a
língua portuguesa como instrumento de comunicação,
acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;

II. Adotará metodologias de ensino e de avaliação que


estimulem a iniciativa dos estudantes;

III. Será incluída uma língua estrangeira moderna, como


disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e
uma segunda, em caráter optativo, dentro das
disponibilidades da instituição; 45
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IV. Serão incluídas a Filosofia e a Sociologia, como
disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio.

Cumpre ao mantenedor observar o conteúdo pedagógico,


as metodologias de ensino e formas de avaliação, de tal forma
que, ao término do curso, o educando de nível médio demonstre:

I. Domínio dos princípios científicos e tecnológicos que


presidem a produção moderna;

II. Conhecimento das formas contemporâneas de linguagem.

A partir de 2008, com a publicação da Lei 11.741, de 16 de


julho de 2008, voltou a ser autorizada a Educação Profissional
Técnica de Nível Médio, permitindo a preparação geral para o
trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional do
educando nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em
cooperação com instituições especializadas. Essa modalidade
poderá ser desenvolvida de forma articulada com o ensino médio
formal ou subsequente, aos que já o tiverem concluído.

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1.4.15. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Arts. 37 e 38:

Em um país como o Brasil, cuja formação pedagógica da


população ainda não se encontra nos mesmo níveis dos países
desenvolvidos, enseja-se a aplicação de políticas sérias no
campo educacional para jovens e adultos, objetivando erradicar
o analfabetismo e conferir uma melhor qualificação para os
setores economicamente menos favorecidos.

Para impedir os alunos de cursos normais de abreviarem


indevidamente seus estudos, os exames de habilitação somente
serão realizados:

A. No nível de conclusão do ensino fundamental, para


maiores de quinze anos;

B. No nível de conclusão do ensino médio, para maiores de


dezoito anos.

1.4.16. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA

Arts. 39 a 42:

Essa modalidade de ensino abrange os seguintes cursos:

A. De formação inicial e continuada ou qualificação


profissional; 47

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B. De educação profissional técnica de nível médio;

C. De educação profissional tecnológica de graduação e pós


graduação.

A lei garante aos educandos o acesso ao ensino


especializado por diferentes estratégias de educação
continuada.

1.4.17. ENSINO SUPERIOR

Arts. 43 a 57:

O ensino universitário é dirigido a um público que já


alcançou a idade adulta - raros são os menores de 18 anos - e
que por isso mesmo já possui uma base educacional suficiente
para frequentar o meio acadêmico e compreender com maior
profundidade o conteúdo pedagógico ministrado.

São finalidades da educação superior:

I. Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do


espírito científico e do pensamento reflexivo;

II. Formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores
profissionais e para a participação no desenvolvimento da
sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
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III. Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da
tecnologia, e da criação e difusão da cultura, e, desse modo,
desenvolver o entendimento do homem e do meio em que
vive;

IV. Promover a divulgação de conhecimentos culturais,


científicos e técnicos que constituem patrimônio da
humanidade, e comunicar o saber através do ensino, de
publicações ou de outras formas de comunicação;

V. Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento


cultural e profissional, e possibilitar a correspondente
concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo
adquiridos em uma estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração;

VI. Estimular o conhecimento dos problemas do mundo


presente, em particular os nacionais e regionais, prestar
serviços especializados à comunidade e estabelecer com
esta uma relação de reciprocidade;

VII. Promover a extensão, aberta à participação da


população, visando a difusão das conquistas e benefícios
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e
tecnológica geradas na instituição.

A educação superior será ministrada em estabelecimentos


habilitados e autorizados para essa modalidade, chamados de
IES - Instituições de Ensino Superior. 49
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CAPÍTULO 2 - O ENSINO PARTICULAR

2.1 CONTRATOS EM GERAL

Uma das novidades implementadas pelo atual Código


Civil é a chamada função social do contrato. A lei irá preservar
os direitos difusos e coletivos relacionados às transações
particulares, e mais do que isso, irá privilegiar o interesse da
sociedade como um todo no cumprimento das obrigações
contratuais. Há um inegável interesse público, direta ou
indiretamente ligado aos negócios empresariais: a geração de
empregos, arrecadação de tributos, atração de investimentos, e
demais benefícios são relevados pela lei ao regular e proteger os
contratos particulares de quaisquer segmentos, e de forma ainda
mais evidente no plano educacional, pela importância do ensino
na formação do cidadão.
A expressão “social”, nesse quesito, vai muito além da
simples atuação assistencial. Não nos referimos apenas à
caridade, mas principalmente à prioridade do Estado em
desenvolver-se com a participação direta da iniciativa privada.
Uma pequena e pobre cidade em um local distante, necessita
tanto ou até mais do que as outras, de empresas ali instaladas,
que possibilitem o desenvolvimento regional e garantam renda
para a população. O incentivo à realização de negócios diversos
- compra e venda, prestação de serviços, locação, empréstimos
e outros – guarda, portanto, essa função social apregoada por
nossa lei civil.

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Outra evolução legal foi a implementação do Princípio da
Boa-fé Objetiva, que se reflete no Art. 422:

''Os contratantes são obrigados a guardar, assim na


conclusão do contrato, como em sua execução, os
princípios de probidade e boa-fé.''

Para gozar de plena validade e estar livre de vícios de


consentimento, cumpre observar a honestidade dos contratantes
e a disposição de levar a termo o objeto do contrato. Ao dispor
sobre a conclusão, a lei se refere ao ato de formalização ou
assinatura do instrumento quando escrito. Na execução, impôs o
cumprimento das obrigações assumidas por ambas as partes: a
compra e venda de um produto, a locação de um imóvel, a
prestação de um serviço mediante pagamento.

Em outro desdobramento do mesmo princípio, temos o


Art. 112:

''Nas declarações de vontade se atenderá mais à intensão


nelas consubstanciadas do que ao sentido literal da
linguagem.''

Por essa disposição, deverá prevalecer à vontade manifesta


das partes, muito mais do que o texto escrito, pois os
instrumentos contratuais formalizados poderão ter suas
cláusulas alteradas pela decisão judicial, com base na real
intensão de ambos, a ser analisada pelo juiz.
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A pretensão conjunta demonstrada pelo contratante e
contratado deve ser transposta o mais fielmente possível para os
instrumentos redigidos nos negócios particulares. Em razão
disso, e para evitar surpresas desagradáveis, é essencial a
clareza na redação dos contratos, inclusive destacando
cláusulas que limitem o direito dos contratantes.

Soma-se a esses direitos, a regra do Art. 423, para a


interpretação dos contratos:

Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas


ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais
favorável ao aderente.
Os chamados contratos de adesão são aqueles em que há
imposição das cláusulas pelo fornecedor, sem a possibilidade de
mudança de seu teor pela parte contrária. Também regulados
pelo Código de Defesa do Consumidor, e havendo alguma
pendência com autoridade judicial ou administrativa, serão
interpretados de maneira mais favorável ao aderente,
exatamente por não ter tido ele oportunidade de alterá-lo
segundo sua vontade. Também por isso, são consideradas nulas
as renúncias antecipadas à direitos resultantes da natureza do
negócio, como a possibilidade de discuti-lo judicialmente, por
exemplo. Em regra, a atividade educacional se vale desse tipo
de contratação, até mesmo pela necessidade de resguardar as
mesmas condições para todos os contratantes.

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Mas o que aconteceria se uma proposta comercial fosse
simplesmente aceita e seus termos começassem a ser
praticados sem a formalização de um contrato oficial!? Nesse
caso, há uma vinculação direta do proponente, que fica obrigado
a praticar os termos ali descritos, em razão da manifestação
expressa de vontade que restou documentada.
No que se refere ao pagamento, a regra é de que seja
previamente contratado o vencimento / vencimentos, quando
tratar-se de uma operação paga em parcelas, como é o caso dos
serviços educacionais. Para isso, será convencionado em
contrato, um valor nominal a ser observado por ambas as partes,
e que somente será alterado após a data combinada, conforme
disposições diversas sobre os acréscimos devidos por atraso.
O pagamento do débito confere o direito à quitação
regular, a ser formalizada por recibo ou semelhante autenticação
bancária, por exemplo. Da negação do credor em declarar quite
a obrigação, permite o Código, que o pagamento seja retido pelo
devedor o tempo necessário para a providência. Nos casos em
que a dívida for representada por um título de crédito, a posse
física do documento original em mãos do devedor constitui uma
prova concreta de pagamento.

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2.2. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

O Código Civil disciplina a prestação de serviços à título


oneroso, ou seja, mediante pagamento. Sem se referir
especificamente a atividade educacional, a maioria das regras
pode ser aplicada nos contratos de ensino particular, como o
Código de Defesa do consumidor e a Lei 9.870, de 23 de
novembro de 1999.
Inicialmente, a regra geral é de que a retribuição financeira
deve ser paga apenas depois de prestado o serviço, se, por
convenção ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga
em prestações. Resguardou a Lei o direito do contratante, mas
permitiu claramente as exceções praticadas pelo mercado em
várias modalidades distintas de contratação. Em plano
educacional, é comum a cobrança antecipada, até mesmo em
razão dos serviços acessórios à aula que se iniciam antes do
começo do ano letivo.
O prestador de serviços responde por uma obrigação
diferente daquela assumida por um fornecedor de bens ou
mercadorias. A principal delas é a que não há possibilidade de
evolução pelo contratante em caso de inadimplência, e o
desfazimento do trabalho, quando possível, tornar-se-ia mais
oneroso do que suportar o prejuízo do não pagamento. Em razão
disso, nada mais natural do que a contratada se munir de
garantias e cobrar uma parcela inicial para começar o serviço.
Sempre que não houver uma determinação clara sobre
qual serviço específico está sendo contratado, entender-se-á que
o prestador se obrigou a todo e qualquer trabalho compatível
com as suas forças e condições. 54
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2.2.1. PRINCÍPIOS CONTRATUAIS

Antes de adentrar na questão educacional propriamente dita,


cabe tecer algumas considerações aplicáveis sobre todos os
contratos, seja qual for a finalidade.
Inspirando-nos na antiga Lei Civil (Lei 3.071, de 1º de janeiro
de 1916), podemos considerar negócio jurídico todo ato lícito que
tenha por finalidade imediata: adquirir, resguardar, transferir,
modificar ou extinguir direitos. É a base de qualquer contrato
formalizado entre pessoas físicas ou jurídicas.

Segundo o Código Civil / 2002, a validade do negócio


jurídico requer:

I. Agente capaz;

II. Objeto lícito;

III. Forma prescrita ou não defesa em lei.

Qualquer contratação válida só pode ser realizada entre


pessoas que tenham capacidade para tanto. Com a vigência da
nova legislação civil, a maioridade dos cidadãos brasileiros
passou a ocorrer a partir dos 18 anos completos, mas antes de
10/01/2003, só era assim considerado aquele maior de 21 anos.
Permanece a figura do ''indivíduo relativamente capaz''. Entre
os 16 e 18 anos, o negócio jurídico só deve ser formalizado pelo
contratante se assistido por seu responsável legal. Ou seja, com
a assinatura conjunta do jovem e de seus pais. 55
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A forma do negócio jurídico deve ser tal, que não se
diferencie da previsão legal, ou que ao menos não seja proibida.
Exemplificando, todos nós podemos redigir um contrato e
imprimi-lo no computador, pois não há regra que nos impeça de
fazê-lo. Quando desejamos produzir um cheque a partir de papel
em branco, contudo, estamos indo além de nosso direito, pois
somente os Bancos terão autorização para impressão de
talonários.
Outro conceito relevante é o da manifestação da vontade.
Mesmo que não se fale em um contrato propriamente dito, a
vontade manifestada em meio escrito, verbal ou até pelo silêncio
– a máxima “quem cala consente” – vincula seu autor ao negócio
jurídico. De acordo com a nova Lei Civil, deve-se atender muito
mais à real intensão das partes numa transação do que a
formalidade do texto escrito. Em um leilão, por exemplo, não há
necessidade sequer de o arrematante dizer seu lance, pois basta
um sinal ao leiloeiro para deixar expressa sua proposta,
assumindo o comprador a obrigação com base no mesmo
princípio.
Também chamado de Princípio da Boa-Fé Objetiva, a
prevalência do equilíbrio de interesses se fundamenta na
disposição mútua de cumprir o avençado, seja a compra e venda
de mercadoria, a prestação de serviços, o pagamento de um
empréstimo ou qualquer outro objeto de contratação.
Outro instituto usual nos negócios jurídicos formalizados,
seja por contrato escrito ou não, é o da representação.
Considera-se representante a pessoa com poderes para
formalizar o ato em nome do interessado (por exemplo,
instrumento de procuração). 56

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Na classificação jurídica dos contratos, pelo entendimento de
Silvio de Salvo Venosa, podemos desdobrá-los em:

Ø Unilaterais e bilaterais: conforme imponham direitos e


deveres para uma ou ambas as partes;

Ø Gratuitos e onerosos: segundo existam prestações


pecuniárias ou obrigações de natureza gratuita, como a doação;

Ø Comutativos: se os contratantes conhecem suas respectivas


prestações; e aleatórios, quando ao menos uma das partes
desconhece o conteúdo de suas obrigações;

Ø Típicos e atípicos: de acordo com a existência de previsão


legal para sua formalização.

A essa classificação doutrinária, somamos ainda os contratos:

Ø Consensuais: que se aperfeiçoam pelo consentimento entre


as partes; e reais, cuja validade depende da entrega da coisa
que constitui seu objeto;

Ø Solenes: que dependem de uma forma estabelecida por lei; e


não solenes, sem previsão específica;

Ø Pessoais e impessoais: segundo indiquem ou não as partes


ou responsáveis por sua realização;

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Ø Principais – que não dependem de outro; e acessórios,
como o próprio nome indica, complementares a um negócio
preexistente;

Ø Instantâneos – cuja aquisição e cumprimento dos devedores


ocorre no ato da assinatura; e de duração, que tem sua
execução ao longo do tempo;

Ø Por prazo determinado e indeterminado – conforme


indiquem o tempo para seu cumprimento.

2.2.2. A ATIVIDADE EDUCACIONAL

Feitas as premissas sobre contratos, vamos observar os


instrumentos formalizados no ensino particular. Vulgarmente
chamados de ''contratos de matrícula'', os Contratos de
Prestação de Serviços Educacionais são relativamente novos
para as instituições brasileiras de ensino.
Hoje temos contratos bastante sofisticados, mais adequados
aos dias atuais e aos normativos em vigor, mas ainda se sabe de
estabelecimentos que não conferem a merecida importância ao
contrato no ato da matrícula.
A Lei 9870, de 23 de novembro de 1999, com as alterações
da Medida provisória 2.173-24, de 23 de agosto de 2001,
disciplina os Contratos de Prestação de Serviços Educacionais,
e já impõe sua obrigatoriedade no Art. 1º, ao determinar que o
valor das anuidades ou semestralidades será contratado no ato
da matrícula ou da renovação.
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Concluímos então, que a escola particular congrega
verdadeiros meios de produção para alcançar seus objetivos.
Tecendo um paralelo com a atividade industrial, as máquinas
instaladas em uma fábrica podem ser comparadas às salas de
aula, laboratórios, bibliotecas e ginásios de um colégio ou
faculdade. A produção intelectual oriunda da escola (cremos ser
correto este termo, ainda que considerado “lato sensu”),
aproxima-se em muito dos produtos surgidos das mãos dos
operários.
Como prestadores de serviços privados, os estabelecimentos
de ensino funcionam com base em recursos investidos por seus
mantenedores. Não é errado falar em investimento, pois a
finalidade lucrativa é da essência de qualquer empresa que não
seja pública nem filantrópica. E até mesmo para as fundações e
associações, o incremento de receita mantém semelhanças com
a obtenção de lucro, com a diferença de que as sobras
financeiras não são destinadas aos sócios, mas a aplicação na
própria entidade, para contínua melhoria dos serviços.

2.2.3. BILATERALIDADE:

O ato da contratação dos serviços pelo aluno ou por seus


pais - e a consequente matricula efetivada pela instituição -
significa uma aceitação mútua de direitos e deveres. Em uma
palavra: é obrigação dos mantenedores garantir a seus alunos a
realização efetiva de serviços de qualidade. Independente de
tarefas descritas em contrato, a expectativa legítima do aluno é a
de um aprendizado eficaz, adequado aos hábitos e costumes do
tempo atual. 59

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Por parte do contratante, terá ele o direito de receber o
ensino no curso indicado, de acordo com a proposta pedagógica,
no período, horário, local e forma descritos. Durante o ano ou
semestre letivo, o aluno assistirá a aulas, será avaliado, redigirá
trabalhos, participará de passeios e atividades pedagógicas e
poderá usufruir de toda a estrutura disponibilizada, além dos
serviços acessórios eventualmente previstos: transporte,
alimentação, esportes, dança e outros.

2.2.4. CLÁUSULAS CONTRATUAIS

Em todo contrato escrito, é praxe a divisão dos assuntos


em cláusulas específicas, que traduzem a manifestação de
vontades das partes. Para fins didáticos, separamos os itens que
entendemos como essenciais – inerentes a forma e à atividade
contratada, sem os quais o contrato carregaria vícios e nulidade
– e os opcionais – que embora não obrigatórios, podem trazer
boas vantagens ao estabelecimento, ao regularem direitos
conexos à obrigação principal.

2.2.4.1. ESSENCIAIS

Desta forma, trazemos as várias divisões que um contrato


deve conter:

Ø Qualificação das partes – nome, nacionalidade, estado


civil, profissão, RG, CPF, endereço;

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A identificação dos contratantes é condição básica de segurança
para a instituição de ensino. O interesse aqui é pelos
responsáveis financeiros, pois as informações sobre o aluno
constarão de outros documentos: transferência, histórico etc.

Ø Objeto do contrato – descrição clara da natureza


educacional dos serviços contratados;
A fim de que não se confunda com outros serviços, aponta-se o
ensino como o dever contratual objetivo assumido pelo
estabelecimento. Os demais constituirão acessórios da
obrigação principal.

Ø Fundamentos jurídicos – normas legais e artigos de lei


que regulam a atividade;
Embora a aplicabilidade da lei independa de previsão contratual -
posto que alcança toda a sociedade - para que não haja
confusão com outras atividades, cabe descrever os dispositivos
correlatos ao ensino particular - Lei das mensalidades,
Constituição Federal, Código Civil e Código de Defesa do
Consumidor.

Ø Prazo de duração – determinação anual ou semestral,


conforme o caso;
Há uma corrente doutrinária que entende contínua a atividade
educacional em cada nível de ensino: fundamental, médio ou
superior. Segundo eles, a escola estaria obrigada a fornecer os
serviços durante todas as séries, independente de haver
pagamento pelos alunos. Essa tese não encontra respaldo legal,
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mas assim mesmo, o prazo determinado no instrumento é a
garantia de que a obrigação contratual não irá além do término
das aulas na respectiva série.

Ø Serviços disponibilizados – para qual modalidade, em


qual período;
Preferencialmente vinculando o instrumento com a proposta
pedagógica, cabe descrever os serviços disponibilizados àquele
aluno, determinando a série e o horário do curso matriculado.
Nesse quesito, o local de prestação pode variar para outros
sítios que não se resumam apenas à sala de aula: quadra de
esportes, biblioteca, sala de informática, parque infantil e outros;

Ø Valor da anuidade – total a ser pago pelo serviço


prestado;
Esta talvez seja a principal diferença entre as escolas públicas e
particulares. A contraprestação assumida pelo contratante é
representada por um valor fixo. Sem essa definição, fica
prejudicado o direito de cobrar pelos serviços, pois não haveria
um parâmetro livremente aceito entre as partes contratuais.

Ø Forma de pagamento – descrição do número e


periodicidade das mensalidades, e respectivos
vencimentos;
A Lei 9.870/99 obriga ao parcelamento mensal da anuidade ou
semestralidade. Deve constar cláusula no texto contratual,
contendo a quantidade de parcelas aceitas pelo contratante, a
forma de recebimento - boleto, depósito, em dinheiro – e o dia de
pagamento; 62

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Ø Sanções contratais – penalidades a que está sujeito o
contratante, se houver atraso nos pagamentos;
Também chamada de cláusula penal, a disposição sobre as
sanções a quem descumprir os termos do contrato constitui um
''desmotivador'' para atrasos e faltas. Na atividade educacional,
pelo contexto e importância social, há, limitações legais quanto à
suspensão dos serviços e outras penalidades de cunho
pedagógico, que são proibidas;

Ø Taxas – definição dos índices aplicáveis na cobrança de


acréscimos;
Por determinação do Código de Defesa do Consumidor, o
contratante deve saber antecipadamente as condições a serem
aplicadas nos encargos por atraso. O limite das taxas é assunto
polêmico, mas se não constarem no contrato, perder-se-á a
oportunidade de cobrá-las.

Ø Hipóteses de rescisão – regras para encerramento do


contrato antes do término do prazo;
Já se observaram inúmeros casos de alunos que cancelaram os
serviços antes do início das aulas - fato comum no ensino
superior – e outros tantos que pedem a transferência no meio do
ano, ou até desistem. A instituição deve convencionar em
contrato os encargos, a retenção de uma parcela da matrícula e
as condições para a rescisão pelo contratante.

Ø Foro de eleição – em caso de demanda judicial, qual o


juízo competente;
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De praxe, em qualquer contrato, a definição do juízo no foro da
escola impedirá o deslocamento para comarcas distantes.

Ø Local e data – finalização com a assinatura.


A partir desse momento, se inicia a vigência do contrato e
começam a valer as obrigações recíprocas entre as partes.

2.2.4.2. OPCIONAIS

Ø Disposições sobre o material didático - Quais itens estão


incluídos na prestação de serviços educacionais;
Por tratar-se de um acessório à obrigação principal, que são os
serviços educacionais, é fundamental descrever os materiais a
serem fornecidos pelo estabelecimento sem custo adicional
(apostilas, livros etc...), e quais o aluno / contratante ficará
obrigado a adquirir interna ou externamente.

Ø Disposições sobre calendário escolar, horário e uniforme


- Sujeição do contratante às regras fixadas pela instituição;
Objetivando evitar ausências e perda de conteúdo, o aluno deve
se submeter ao ano letivo da forma como planejado. Com a
mesma finalidade, é recomendável que o contrato prescreva o
uso de uniforme quando utilizado, e o horário de entrada e saída
dos alunos.

Ø Disposições sobre eventual desequilíbrio financeiro -


Previsão de situações excepcionais;

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Em caso de grave crise econômica, aumento inesperado de
tributos ou outra excepcionalidade que impossibilite ao
estabelecimento operar sob as condições assumidas, abre-se à
possibilidade de revisão dos valores do contrato durante o ano.
Esse dispositivo deve ser criteriosamente redigido e utilizado
somente em casos extremos, podendo ser precedido de uma
medida judicial declaratória pela legitimação.

Ø Submissão ao Regimento Escolar e Proposta Pedagógica


- Complementação das regras contratuais;
A vinculação às normas disciplinares e pedagógicas internas
poderá constar no instrumento contratual, gerando maior
transparência na relação de consumo. Ao mesmo tempo,
contratantes e alunos ficarão sujeitos a condições mais
controladas em todo o relacionamento com a instituição.

Ø Responsabilidade Civil dos Pais - Cláusula de segurança;


Os danos eventualmente causados pelo aluno, ao patrimônio da
escola ou de terceiros, devem ser devidamente suportados por
seus responsáveis, eximindo o mantenedor da responsabilidade
de repará-los.

Ø Obrigação de informar problemas de saúde ou familiares


- Para fins de tratamento diferenciado ou especializado;
Dispositivo que compromete o contratante a comunicar doenças,
acidentes e deficiências diversas do aluno, que possam
prejudicar os serviços de ensino.

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Ø Bolsas e descontos de anuidade concedidos - Vantagens
financeiras oferecidas ao contratante;
Preferencialmente em documento apartado (anexo contratual),
as condições para redução de mensalidades e bolsas oferecidas
devem ser previamente assinadas pelos contratantes, sempre
condicionadas ao pagamento pontual, sob pena de a instituição
assumir como válido o valor final e se ver impossibilitada de
corrigi-lo pelos padrões legais.

Ø Permissão para uso de imagem - Autorização de


divulgação.
A concordância do aluno maior de 18 anos ou dos respectivos
pais, no caso dos menores, para o uso de fotografias, filmagens,
Internet, e a consequente divulgação ao mercado, é a forma
correta de regularizar o material publicitário em que apareçam
imagens dos estudantes.

2.2.5. CONTRATANTES E USUÁRIOS

O vínculo jurídico na atividade educacional particular se


caracteriza por uma relação tripartite.
Em todos os casos no ensino infantil, em quase todos no
ensino fundamental, em sua maioria no ensino médio e em raras
vezes no ensino superior, a contratação se dá com pessoas
diferentes dos reais usuários dos serviços, ou seja, os alunos.
Especialmente pela questão da maioridade civil, já estudada
nesta obra, será de vital importância que a matrícula seja
assinada por quem detenha capacidade legal e ao mesmo tempo
poderes sobre o aluno, seja ele mesmo ou seus responsáveis.
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2.2.6. RESPONSÁVEL FINANCEIRO E RESPONSÁVEL
PEDAGÓGICO

A obrigação de pagar as mensalidades pelo serviço escolar


decorre inicialmente da pessoa que assinou o contrato
educacional. Seja ele o próprio aluno, seu pai ou sua mãe, pois o
contratante será o responsável financeiro obrigado a quitar as
mensalidades no prazo convencionado, e quem também poderá
suportar as sanções em caso de inadimplência

2.2.7. PRESCRIÇÃO

Quando temos a intensão de levar o contrato educacional


ao Poder Judiciário, na tentativa de recebimento por via
processual, o primeiro passo é o prazo prescricional das
mensalidades vencidas. Prescreve um direito quando se
extingue a pretensão de seu titular, ficando ele impedido de
demandar contra seu devedor. Essa perda ocorrerá em períodos
diferentes previstos em lei, conforme a natureza do direito
alegado.

2.2.8. DOS REFLEXOS DA LEI 9870/99, NAS RELAÇÕES DE


CONSUMO COM AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Quando se observam as implicações de natureza


consumeristas mais cotidianas nas relações educacionais, ficam
claros os excessos praticados pelas instituições de ensino,
sendo os mais comuns à imposição de sanções pedagógicas
aos alunos em situação de inadimplência. 67
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Entretanto, apesar de recorrente, é importante que se
esclareça que existem vedações e limitações nestas condutas,
as quais podem resultar inclusive em severas penalidades as
instituições de ensino.

As instituições de ensino, não raro, assumem ações


destinadas a criar impedimentos e constrangimentos os alunos
em situação de inadimplência, a fim de pressionar para que
paguem suas dívidas, sendo alguns dos exemplos: empecilho ao
acesso à sala de aula e realização de avaliações; retenção de
documentação para fins transferência externa, negativa de
colação de grau, emissão de certificado de conclusão e de
diploma; e outras.

A Lei federal nº 9870/99, que regula aspectos econômicos


da prestação educacional, normatizando a fixação e o reajuste
do valor das anuidades ou das semestralidades escolares do
ensino pré-escolar, fundamental, médio e superior, bem assim
enunciando certos direitos cabíveis ao aluno inadimplente.

Dentre os direitos garantidos aos alunos inadimplentes, a


lei prevê de forma taxativa a vedação da sanção pedagógica,
assim como também autoriza as instituições de ensino a não
renovar a matrícula de alunos em situação de inadimplência.

Vejamos alguns dispositivos da referida lei:

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Art. 5.º Os alunos já matriculados, salvo quando
inadimplentes, terão direito à renovação das matrículas,
observado o calendário escolar da instituição, o regimento da
escola ou cláusula contratual.

Art. 6.º São proibidas a suspensão de provas escolares, a


retenção de documentos escolares ou a aplicação de quaisquer
outras penalidades pedagógicas por motivo de inadimplemento,
sujeitando-se o contratante, no que couber, às sanções legais e
administrativas, compatíveis com o Código de Defesa do
Consumidor, e com os arts. 177 e 1.092 do Código Civil
Brasileiro, caso a inadimplência perdure por mais de noventa
dias.

Seguindo o artigo 6º da lei 9870/99, a 2ª Turma do Superior


Tribunal de Justiça que firmou entendimento no RESP
660439/RS, no qual o status de inadimplente, devido ao atraso
no pagamento de mensalidades, apenas cabe ao discente
depois de ultrapassado o prazo de 90 (noventa) dias, ainda que
se trate de uma única parcela.

Dito isto, segue o voto:

ADMINISTRATIVO ENSINO SUPERIOR INSTITUIÇÃO


PARTICULAR RENOVAÇÃO DE MATRÍCULA ALUNO
INADIMPLENTE.
1. A Constituição Federal, no art. 209, I, dispõe à iniciativa
privada o ensino, desde que cumpridas as normas gerais da
educação nacional. 69

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2. A Lei 9.870/99, que dispõe sobre o valor das mensalidades
escolares, trata do direito à renovação da matrícula nos arts.
5º e 6º, que devem ser interpretados conjuntamente.

A regra geral do art. 1.092 do CC/16 aplica-se com


temperamento, à espécie, por disposição expressa da Lei
9.870/99.

3. O aluno, ao matricular-se em instituição de ensino


privado, firma contrato oneroso, pelo qual se obriga ao
pagamento das mensalidades como contraprestação ao
serviço recebido.

4. O atraso no pagamento não autoriza aplicar-se ao aluno


sanções que se consubstanciem em descumprimento do
contrato por parte da entidade de ensino (art. 5º da Lei
9.870/99), mas está a entidade autorizada a não renovar a
matrícula, se o atraso é superior a noventa dias, mesmo que
seja de uma mensalidade apenas.

5. Recurso especial provido. STJ - REsp: 660439 RS


2004/0072013-2, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de
Julgamento: 02/06/2005, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DJ 27/06/2005 p. 331).

Portanto, aplicação de quaisquer das práticas prevista no


caput do artigo 6º, da lei 9870/99, serão tidas como sanções
pedagógicas.
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Sendo uma espécie de ressalva, a hipótese prevista no
artigo 5º, da mesma lei, que autoriza instituição de ensino a
negar a renovação de matrícula para o aluno inadimplente, não
havendo que se falar em sanção pedagógica neste caso.

Dito isto, cabe aos consumidores, contratantes de serviços


educacionais, ficarem atentos aos abusos praticados, uma vez
que são inúmeros os dispositivos tanto na lei 9870/99, quanto no
Código de Defesa do Consumidor, capazes de chancelar os
seus direitos.

De outro lado, e não menos importante, é prudente que as


instituições de ensino elejam os meios admitidos pela legislação
pátria para realizar a cobrança da dívida, como por exemplo,
através de notificação extrajudicial, propositura de ação de
cobrança entre outros. Insistir na política de sanções
pedagógicas é assumir um risco que pode acarretar em um
número incontável de demandas judiciais (ação de obrigação de
fazer e indenização em danos morais), ensejando duras
condenações.

Segue link da Lei, em sua integralidade:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9870.htm

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BIOGRAFIA

Meu nome é Mycal Stival. Sou advogada, formada em


direito pela PUC-Goiás, com especialização em Direito
Educacional, direito civil e processual civil.

Há mais de 20 anos presto consultoria jurídica a vários


segmentos empresariais, incluindo estabelecimentos de
ensino.

E trabalhando a tanto tempo no mercado, eu vejo que os


empresários acabam ficando um pouco perdidos com as
medidas que podem ser tomadas juridicamente e
financeiramente em relação a sua empresa.

O que quero é ajudar você a se enxergar como um todo,


enfrentando (e vencendo) dificuldades variadas que estão te
atormentando e afastando da colheita de resultados.

Vale lembrar, que o sucesso de qualquer organização


está relacionado com seu planejamento estratégico e com
uma boa gestão financeira.

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