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A ADMISSÃO DE PROFANOS
“No Brasil, inicialmente, é preciso que a pessoa seja indicada por um Mestre Maçom que a
conheça e pertença à Loja que a receberá, preencha um formulário próprio com informações
pessoais sobre sua vida e junte a documentação e as informações exigidas. Antes de tudo,
porém, o próprio proponente deverá certificar-se sobre o caráter e a confiabilidade daquele que
pretende indicar. Embora seja ele seu amigo ou simples conhecido, seria merecedor de sua
confiança a ponto de deixá-lo com sua família em sua ausência? Seria capaz de dividir com ele a
sociedade de sua Empresa? A simples dúvida em relação a qualquer dessas duas questões já
deve ser motivo suficiente para que o proponente retroceda em sua intenção. Não que a
Maçonaria seja uma sociedade formada por homens puros e perfeitos ou que assim se julguem. O
que se exige é que, antes mesmo do seu ingresso, seja de bons costumes, propenso à prática do
bem, para que a Ordem possa tão-somente proporcionar seu aperfeiçoamento, tornando-o ainda
melhor e não mudar ou modificar seu caráter e sua personalidade, já cristalizados na idade adulta.
Vê-se, assim, que a Maçonaria não deve ser vista como uma escola de regeneração ou como
urna igreja, que busca a conversão da pessoa.
Não basta, no entanto, que o pretendente seja honesto, de bons costumes e sensível ao bem,
mas que, acima de tudo, esteja ainda em busca de seu aprimoramento moral, espiritual e
intelectual. Além disso, na Loja em que deseja ingressar. Será um obreiro útil e dedicado, cujo
trabalho contribuirá para o fortalecimento e o crescimento da Loja ou apenas alguém interessado
em galgar mais um degrau para a satisfação de suas ambições pessoais? Também não deve
passar despercebida a formação educacional do pretendente. Não basta que se apresente com
formação universitária para que nada mais seja verificado sobre sua instrução, pois é sabido que
hoje existem verdadeiras "fábricas de diploma" no país, prontas a "formar" quem quer que se
disponha a pagar. Assim, não é demais pedir que o pretendente emita sua opinião a respeito de
determinado assunto, a fim de avaliar se sua formação é compatível com o grau que se apresenta
ou, pelo menos, se é dado à pesquisa e à leitura. Não que se queira selecionar intelectuais para a
Ordem, mas, por outro lado, é necessário convir que ignorantes também não interessam à
Maçonaria.
No decorrer da entrevista é bom que seja observada ainda a linguagem com a qual o pretendente
se expressa. Isto não representa nenhum puritanismo, com o qual a Maçonaria está longe de ter
qualquer semelhança. O fato é que, geralmente, o teor da linguagem de uma pessoa revela sua
cultura. Assim, falar utilizando palavras de baixo calão, além de constituir um mau exemplo, revela
também muitas vezes a compostura moral da pessoa. Casos há de pessoas que, por presunção
ou para disfarçar suas deficiências, procuram demonstrar superioridade em tudo. As vezes, de
forma velada, querem fazer ver já terem atingido um nível de desenvolvimento moral, espiritual e
intelectual acima da média comum. Quanto a estas, igualmente, todo o cuidado é pouco”. (Robson
Rodrigues da Silva – “Reflexos da Senda Maçônica” Editora Masdras – 2004 – pg. 12 e 13)
1 – Indicação ou Proposição
2 – Sindicância
3 – Escrutínio secreto
4 – As provas da Iniciação
A palavra "candidato" teve origem na Roma Antiga, onde aquele que postulava a indicação para
cargo público se vestia com uma túnica branca ("cândida"), para mostrar a pureza e a elevação de
seus propósitos. O candidato a maçom deverá poder envergar a "cândida" simbólica por ter os
mais puros e elevados propósitos e deverá mostrar a capacidade de trabalhar para o bem do
homem. Portanto, o M∴M∴representa o primeiro juiz quanto ao ingresso de alguém na Ordem
Maçônica, pois, muitas vezes, uma pessoa tem todos os requisitos básicos apontados, mas não é
altruísta, tolerante, estudiosa, afável no trato, desprendida das coisas materiais e não tom espírito
de confraternidade e, em tais casos, é preferível não indica-la, pois fatalmente tal pessoa não será
um bom Maçom.O rigor na seleção deve ser extremo, uma vez que se estará analisando a
possibilidade da admissão de um novo participante ^o grupo. É necessário, portanto, que só seja
admitido àquele que demonstrar, exaustivamente, que apresenta as condições necessárias para
participar da Grande Obra e que quer dela participar.
1) Os irmãos consangüíneos não são escolhidos por nós, pelo menos conscientemente, mas os
Irmãos da Ordem o são; a indicação deve ser objeto de profunda meditação, considerando que
estará sendo indicado alguém para ser Irmão não somente do Mestre que está indicando
("padrinho"), mas de todos os maçons do mundo. Pode ser que um amigo excelente companheiro
para esportes, lazer e vida social, não seja um bom candidato a ser um indicado para admissão,
por lhe faltar, sem demérito como pessoa, o perfil básico do Maçom que caracteriza o candidato
ideal.
2) O trabalho da Ordem, no grau de Aprendiz, é desbastar a pedra bruta, mas isso não significa
que qualquer pessoa possa ser iniciada nos Mistérios. Significa que o candidato em potencial já
deve possuir a capacidade de vir a entender o real significado de. Iniciação em toda a sua
extensão; isto significa que ele deve ser realmente uma pedra e não um torrão de barro que
pareça ser uma pedra - trabalhado com maestria, ele deve poder vir a se transformar, pelo
autoconhecimento e aprimoramento de qualidades inatas, em parte do Templo a ser construído.
4) Maçom tem a obrigação de ser melhor que o homem profano. O candidato já deve apresentar,
antes de sua indicação, as qualidades que o tornam superior ao profano comum. Cabe ao Mestre
indicador a responsabilidade de observar e avaliar judiciosamente, e o tempo que se fizer
necessário, todo o comportamento do candidate em potencial. Se qualquer dúvida surgir quanto a
alguma face: a do caráter do profano em observação, a avaliação deve ser imediatamente adiada.
Na natureza nada acontece aos saltos; um carvalho demora dezenas de anos para atingir seu
porte majestoso porque cresce lenta e continuamente - a indicação de um candidato deve ser
produto de um processo semelhante, e a certeza de uma boa indicação deve surgir lenta e
seguramente.
5) A Maçonaria só será forte quando formada por homens livres e de bons costumes, íntegros e
que façam amar e respeitar a Ordem pelo exemplo de suas qualidades em todos os momentos.
Irmãos assim são o resultado de um diligente trabalho da Loja sobre uma "matéria-prima" da
primeira qualidade; esta "matéria-p;ima" é o profano bem indicado para admissão. O Mestre,
como artífice, deve selecionar com extremo cuidado a "matéria-prima" para sua obra.
6) Para poder vivenciar e perceber todo o significado da Iniciação, o candidato deve estar em
condições físicas, emocionais, financeiras que permitam sua concentração durante a Cerimônia.
Se o candidato não apresentar, no momento, essas condições, a indicação deve ser adiada até o
momento em que ele as recupere. Da Iniciação deve surgir um novo homem, e toda a Cerimônia
propicia este renascimento, mas é necessário que o Iniciante esteja receptivo às forças que
causarão a modificação em si próprio.
7) Não basta que o Mestre que está indicando o candidato conheça algumas de suas facetas. É
necessário conhecê-lo em todas as suas facetas, e testá-lo efetivamente, para bem poder avaliar
suas reações em situações diversas e adversas. É necessário saber a opinião da esposa ou
companheira do candidato em potencial a respeito do ingresso deste na Ordem. É necessário
informar adequadamente a respeito dos objetivos da Maçonaria, das obrigações que serão
assumidas e das novas responsabilidades. É de todo conveniente que o Mestre indique obras
maçônicas para leitura pelo candidato em potencial, o qual deve estar informado de que da
Iniciação surgirá um novo homem, liberto das trevas, e que, portanto é necessária uma longa e
cuidadosa preparação. As obras indicadas devem abordar o assunto no grau de superficialidade
adequado, para que delas o candidato em potencial retire as informações necessárias ao seu
melhor entendimento a respeito da Ordem - mas é necessário que informações mais detalhadas e
aprofundadas sejam evitadas para não confundir o até então profano.
4. Exercer profissão ou atividade lícita que lhe assegure a subsistência própria e a de sua
família e lhe permita contribuir para as atividades maçônicas, dentro dos padrões médios
da sociedade;
5. Ser fisicamente hígido, não apresentando defeito físico ou moléstia, que o impeça de
cumprir os futuros deveres maçônicos ou que o incapacite par a vida social;
6. Não ter processos criminais em curso, nunca ter sido condenado por crime infamante, a
juízo da Maçonaria; Nunca ter dado prejuízos a quem quer que seja e não ter dívidas
vencidas;
10. Não professar ideologias exóticas e contrárias aos princípios maçônicos, tais como o
comunismo, o nazismo, o fascismo e assemelhadas;
11. Dispor de tempo para dedicar à Instituição Maçônica, principalmente para freqüentar as
reuniões semanais, à noite. (Normalmente urna vez por semana das 20:00 às 22:00
horas).
A CULTURA NA MAÇONARIA
Ao propor-se o ingresso de um profano, não se deve esquecei ainda, de explorar a sua cultura.
Também quando se faz uma sindicância, quase sempre se esquece que a nossa Constituição
determina que, entre outros requisitos, "a admissão de profanos depende da verificação, na
pessoa do candidato, de possuir ele instrução que lhe permita compreender e aplicar o ideal da
instituição".
A cultura exigida não é a de anéis de grau ou diplomas em parede, não. Estes são apenas
pressupostos de uma condição a ser verificada e confirmada. Não precisamos de seguidores do
"culturanismo" entre nós, mas temos de exigir que os Obreiros tenham aquilo que os dicionários
dizem quando conceituam a expressão "cultura geral": conjunto de conhecimentos fundamentais
necessários 20 entendimento de qualquer ramo do saber humano, sem que para isso, é claro, o
indivíduo tenha o domínio absoluto de cada ciência em particular. O semi-analfabeto é mil vezes
mais prejudicial que o analfabeto, pois enquanto este, ciente do seu não-saber, se abstém de falar
sobre o que não entende aquele que lê ou entende mal com toda a sinceridade, com toda a boa-
fé, defende veementemente um ponto-de-vista falho e deturpador, trazendo o tumulto à discussão,
o mal-estar aos que o rodeiam, pois nada lhe podem fazer, já que não estão lidando com um
indivíduo mal-intencionado, mas apenas ignorante. Só o inculto, por outro lado, é fanático; só ele é
sectário; só ele é intolerante, e estes defeitos ou vícios, definitivamente, impedem o ingresso de
qualquer candidato a uma Loja Maçônica.
- "A Formação do Maçom na Loja Simbólica" - de Marcos H. de A. Santiago, Editora "A Trolha".
- "A Maçonaria" - de Paul Naudon, Editora Difusão Européia, da Coleção "Saber Atual".
REFERÊNCIAS:
2. JAKOBI, Heinz Roland. Graus Simbólicos. Compendio Maçônico, Vol. 2, Editora Trolha, pp.
247-268, 2007.