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INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
Prezado aluno!
Bons estudos!
1 NOÇÕES GERAIS
No Brasil conhecida como terceira idade, ou, melhor idade, ser idoso na
verdade é chegar a um ponto da vida que muita das vezes não se planeja chegar,
culturalmente no Brasil, a grande maioria não se prepara para viver esse momento da
vida.
As pessoas têm vivido mais nos últimos anos o que dentre outras coisas tem
sido motivo para se pensar em uma velhice digna, o Brasil possui o INSS, que tendo
a pessoa contribuído ou não, pensado no seu envelhecer ou não, elas podem ter
direito a receber um benefício que lhe dará o mínimo existencial.
Mas envelhecer para cada pessoa acontece de um jeito, para algumas é
realmente a melhor idade, mas para outros envelhecer é algo muito difícil, o corpo
passa por diversas transformações, muita das vezes o organismo enfraquece,
chegam diversos tipos de doenças e o salário não suporta as necessidades impostas
por esta nova fase da vida.
Em 2003 criou-se no Brasil o Estatuto do Idoso, que tem por objetivo proteger
os interesses dos idosos, para que possam ter a garantia de uma vida digna diante
das dificuldades encontradas nessa fase da vida.
O estatuto do idoso busca proteger as pessoas com idade igual ou superior a
60 (sessenta) anos, direito a saúde, salário, aposentadoria.
Observa-se a necessidade da criação de políticas para que estes direitos que
são mínimos a existência humana sejam efetivados, já foram criados diversos
mecanismos relacionados a esse tema, no entanto há muito o que se falar em
proteção ao idoso.
O idoso é parte integrante da família, no entanto ele se torna vulnerável com o
passar do tempo, por esse motivo o idoso veio a ter no âmbito internacional seus
direitos tutelados em decorrência de alguns acontecimentos históricos, a exemplo da
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Dessa forma a Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada pela
Organização das Nações Unidas em 1948, a qual já previa o amparo à velhice, ao
determinar em seu artigo 25 que:
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Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a
sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios
de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. (BRASIL, 1948)
Com o advento da Constituição Federal de 1988, que ocorreu no Brasil a
efetivação jurídica dos direitos do idoso, onde além de outros dispositivos existentes
que tratam da igualdade o art. 3º estabelece os objetivos fundamentais da República
que são: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I. construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II. (...)
III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação. (BRASIL, 1988)
Não obstante o art. 5º da CF/88, em seu caput determina: todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo, portanto, a qualquer
pessoa, à igualdade de direitos. (BRASIL, 1988)
Sob este viés, o texto constitucional editou dispositivos específicos para tutela
do idoso em razão de sua vulnerabilidade, onde, existe ainda um destaque especial
ao art. 203, da CF/88 que garante a prestação de assistência social a todos os
indivíduos necessitados, adotando como um dos seus propósitos a proteção à velhice.
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivo:
(...)
V. a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. (BRASIL,
1988)
A Constituição Federal de 1988 concede ainda um amparo específico às
pessoas idosas em seus artigos 229 e 230, onde, atribui ao Estado, à família e
também à sociedade deveres de assistência e proteção ao preceituar que:
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Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os
filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade. (BRASIL, 1988)
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas
idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente
em seus lares.
§ 2º aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos
transportes coletivos urbanos. (BRASIL, 1988)
Diante dos artigos citados acima entende-se ser de fundamental importância o
cuidado com todos os membros da família, nessa apostila estudaremos os cuidados
devidos e prestados ao idoso.
2 O ENVELHECIMENTO NO BRASIL
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De acordo com RAMOS (2014):
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Diante disso entende-se que todo indivíduo possui direitos naturais aos quais
pode exigir que estes sejam respeitados ou garantidos, assim, todos os idosos
possuem direitos inerentes a sua condição de idoso, direitos estes que dependem
para que sejam efetivados no seio da família por meio de seus familiares e na
sociedade através de normas e políticas que venham efetivar estes direitos.
BRAGA (2011) ainda complementa: “Cabe ao sociólogo conceber a proteção,
ao jurista equacioná-la normativamente e ao legislador positivá-la, restando aos
indivíduos preconizar a observância. Mas não pode o Direito assegurar nada além
disso”. Para tanto iremos analisar alguns desses princípios que são fundamentais.
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Ficando nos artigos seguintes do Estatuto do Idoso enumerados os principais
direitos do idoso:
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ser punido tenha ocorrido por ação ou omissão, diga-se por parte: da sociedade, da
família ou do Estado.
Ao observar o art. 8º que ainda menciona: O envelhecimento é um direito
personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação
vigente. (BRASIL, 2003)
Cada indivíduo envelhece de uma forma conforme mencionado anteriormente,
entende-se alguns com muita saúde e condições até mesmo de continuar
trabalhando, outros com um pouco mais de dificuldade afligidos pela própria natureza
do envelhecer.
Assim, ao mencionar a necessidade que algum idoso terá de cuidados
especiais relativos especificamente a sua saúde, vem o art. 9º do estatuto do Idoso
estabelecer em seu art. 9º: É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção
à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um
envelhecimento saudável e em condições de dignidade. ” (BRASIL, 2003)
Ademais o Estatuto do Idoso trata da saúde do idoso nos artigos 9, 15, 16, 17,
18 e 19.
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O art. 15, estabelece: É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por
intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e
igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção,
promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças
que afetam preferencialmente os idosos. (BRASIL, 2003)
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§ 3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de
valores diferenciados em razão da idade.
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Onde se estabelece a necessidade para a prática do ato jurídico que o agente
seja capaz, de forma que o idoso não se enquadra em nenhuma das hipóteses que
se encontram elencadas no CC/ 2002, arts. 5º e 6º.
Ainda deve-se observar o art. 5º da Constituição Federal, principalmente o
caput e os incisos II, III, X, XI, XV, LIV e também o art. 10 do Estatuto do Idoso, em
previsão complementar que versa:
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a
liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis,
políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis.
§ 1º O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguintes aspectos:
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,
ressalvadas as restrições legais;
II – opinião e expressão;
III – crença e culto religioso;
IV – prática de esportes e de diversões;
V – participação na vida familiar e comunitária;
VI – participação na vida política, na forma da lei; VII – faculdade de buscar refúgio,
auxílio e orientação.
§ 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física,
psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais. (BRASIL, 2003)
Preza-se pelo direito do idoso de continuar tomando decisões em relação a sua
vida, a exemplo de poder optar pelo tratamento de saúde que lhe for mais indicado
(mesmo que a opção seja pelo não tratamento ou por tratamentos alternativos como
os religiosos, a decisão do idoso deve ser respeitada) ou decidir sobre a forma de
gastar seus recursos, ou ainda escolher com quem vai se relacionar ou onde vai
morar. (BRAGA, p. 71, 2011)
Diante dessa situação surge o direito a igualdade que tem por objetivo
resguardar a liberdade do idoso, de forma que o tratamento diferenciado dado ao
idoso objetiva garantir que seus direitos sejam efetivamente assegurados.
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A exemplo do princípio da dignidade da pessoa humana que conforme citado
anteriormente trata de um direito que nasce com o indivíduo, mas também é um direito
indisponível, o qual é muito importante para manter em harmonia os demais princípios.
Ao que se observa um idoso de 60 anos tem características e necessidades
diferentes de um de 80 anos, que, por sua vez, é diferente de um indivíduo de 95
anos.
De forma que, em decorrência das condições peculiares do envelhecimento
físico e psíquico, o ordenamento jurídico reconhece e protege direitos próprios
daquele que envelhece, onde em cada etapa deste processo é preciso garantir o seu
direito à integridade física, psíquica e moral.
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abandonados em hospitais e instituições de longa permanência;
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos dos idosos;
VI –mobilização da opinião pública no sentido da participação dos diversos segmentos
da sociedade no atendimento do idoso. (BRASIL, 2003)
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3.6 Direito à seguridade social
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§ 1º A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência
será́ prestada quando verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou
carência de recursos financeiros próprios ou da família.
§ 2º Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a manter
identificação externa visível, sob pena de interdição, além de atender toda a legislação
pertinente.
§ 3º As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de
habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com ali-
mentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas
condizentes, sob as penas da lei.
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos
públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria,
observado o seguinte:
I – reserva de 3% (três por cento) das unidades residenciais para atendimento aos
idosos;
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso;
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de
acessibilidade ao idoso;
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e
pensão. (BRASIL, 2003)
Quanto as moradias de longa permanência existem algumas resoluções que
tratam do direito do idoso e que devem ser observadas, tratam-se ainda dos arts. 52
e 53 da Lei 10.741/03.
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Manual Ministério da Saúde Processamento de artigos em
estabelecimentos de saúde, 1994.
NBR9050 Adequação das edificações e do
mobiliário urbano à pessoa deficiente.
Lei 11.124, de 16 de junho de 2005 Dispõe sobre o Sistema Nacional de
Habitação de Interesse Social (SNHIS),
cria o Fundo Nacional de Habitação de
Interesse Social (FNHIS) e institui o
Conselho Gestor do FNHIS.
Decreto 5.796, de 6 de junho de 2006 Regulamenta a Lei 11.124/05 e institui o
Conselho Gestor do FNHIS.
Lei 11.578, de 26 de novembro de 2007 Dispõe sobre a transferência obrigatória
de recursos financeiros para a execução
pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios de ações do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), e
sobre a forma de operacionalização do
Programa de Subsídio à Habitação de
Interesse Social (PSH), exercícios de
2007 e 2008. (BRAGA, p. 93, 2011)
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II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior;
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo;
V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e
dignidade.
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso
responderá civil e criminalmente pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem
prejuízo das sanções administrativas. (BRASIL, 1994)
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento:
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando o tipo
de atendimento, as obrigações da entidade e prestações decorrentes do contrato, com
os respectivos preços, se for o caso;
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos;
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação suficiente;
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade;
V – oferecer atendimento personalizado;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares;
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas;
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso;
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer;
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas
crenças;
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso portador
de doenças infectocontagiosas;
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Publico requisite os documentos
necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que receberem dos idosos;
XV – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstancias do
atendimento, nome do idoso, responsável, parentes, endereços, cidade, relação de
seus pertences, bem como o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e
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demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento;
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de
abandono moral ou material por parte dos familiares;
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com formação específica. (BRASIL,
1994)
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§ 1º Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de
comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida
moderna. (BRASIL, 2003)
§ 2º Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural,
para transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da
preservação da memória e da identidade culturais. ” (BRASIL, 2003)
4 DIREITOS POLÍTICOS
Com o advento da Lei n. 8.842/94 que trata da Política Nacional do Idoso, cujo
objetivo, consoante o disposto no art. 1º, é garantir os direitos sociais do idoso, criando
condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na
sociedade.
O art. 2º, da Lei n. 8.842/94 definiu como idosa a pessoa com mais de 60 anos,
seguindo a previsão da Organização Mundial de Saúde quanto à idade a partir da
qual, nos países em desenvolvimento, a pessoa deva ser considerada velha.
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Já o art. 3º, II, da citada Lei, afirma que o processo de envelhecimento diz
respeito à sociedade em geral, que deve ser objeto de conhecimento e informação
para todos.
O inciso IV, desse mesmo artigo, declara que o idoso deve ser o principal
agente e destinatário das transformações a serem efetivadas através da Política
Nacional do Idoso. (BRASIL, 1994)
O Decreto n. 1.948/96, foi publicado para regulamentar a Lei n. 8.842/94, e,
dentre outras importantes regulamentações, definiu as várias modalidades de
atendimento às pessoas idosas.
Conforme institui o art. 3º da Lei, o asilo passou a ser uma modalidade de
atendimento, em regime de internato, onde o idoso sem vínculo familiar ou sem
condições de prover à própria subsistência objetiva então satisfazer as suas
necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social.
Ainda, o art. 17, § único estabelece que o idoso também deverá contar com a
assistência asilar, mesmo possuindo família, nas situações em que esta não tiver
condições de prover à sua manutenção.
Esse atendimento não asilar foi disciplinado no art. 4º, como:
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Oficina abrigada de trabalho: local destinado ao desenvolvimento, pelo
idoso, de atividades produtivas, proporcionando-lhes oportunidade de
elevar sua renda, sendo regida por normas específicas;
Apesar do fato de que as medidas de proteção instituídas por Lei não serem
suficientes para garantir que as pessoas idosas não sejam vítimas de violência, torna-
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se importante a prevenir e evitar a continuidade de abusos cometidos contra as
pessoas idosas.
RAMOS (2014) traz ainda uma crítica ao Estatuto do Idoso, o autor diz que elas
possuem uma pena branda em relação aos crimes praticados contra pessoa idosa,
considerando as pessoas idosas como vulneráveis entende-se então que elas
deveriam ser protegidas com penas mais severas aos seus agressores.
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Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao
próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause
perturbação;
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instalações físicas em condições
adequadas de habitabilidade, higiene,
salubridade e segurança;
apresentar objetivos estatutários e plano
Devendo oferecer: de trabalho compatíveis com os
princípios do Estatuto do Idoso;
estar regularmente constituídas e
demonstrar a idoneidade de seus
dirigentes.
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Conforme prevê o Estatuto do Idoso em seu art. 55: As entidades de
atendimento que descumprirem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem
prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às
seguintes penalidades, observado o devido processo legal:
I - as entidades governamentais:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
II – as entidades não-governamentais:
a) advertência;
b) multa;
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público.
§ 1º Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de fraude em
relação ao programa, caberá o afastamento provisório dos dirigentes ou a interdição
da unidade e a suspensão do programa.
§ 2º A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas ocorrerá
quando verificada a má aplicação ou desvio de finalidade dos recursos.
§ 3º Na ocorrência de infração por entidade de atendimento, que coloque em
risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público,
para as providências cabíveis, inclusive para promover a suspensão das atividades
ou dissolução da entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do
interesse público, sem prejuízo das providências a serem tomadas pela Vigilância
Sanitária.
§ 4º Na aplicação das penalidades, serão consideradas a natureza e a
gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o idoso, as
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes da entidade. (BRASIL,
2003)
Havendo apuração de irregularidade em entidade de atendimento, dispõe o
Estatuto do Idoso que independentemente se entidade governamental ou não
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governamental, terá início o procedimento de apuração por iniciativa fundamentada
de pessoa interessada ou por iniciativa do Ministério Público.
Em caso de motivo grave poderá a autoridade judiciária, liminarmente, decretar
o afastamento provisório do dirigente da entidade após ouvir o Ministério Público,
podendo ainda impetrar de forma liminar outras medidas que achar adequadas, com
o intuito de evitar lesão aos direitos do idoso, mediante decisão fundamentada.
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Em 1994 surgiu a Política Nacional do Idoso, Lei nº 8842, a qual não teve
aplicabilidade efetiva, FILHO, COELHO (2021) mencionam ainda que diversas outras
leis especiais também foram excluídas de sua aplicabilidade.
Entretanto foi por meio da legislação criada em favor do idoso que é um sujeito
de direito conforme também citado anteriormente independentemente da idade todos
temos direitos, entende-se que a mudança da lei por mais estruturada que seja, não
possui efeito, se não houverem ações para efetivar este tratamento diferenciado em
face das necessidades físicas, sociais econômicas e políticas.
Finalmente em 2003, através da Lei nº 10.741 é que foi criado o Estatuto do
Idoso, o qual se destinou a regular os direitos de pessoas com idade igual ou superior
a 60 anos, onde se estabeleceu a necessidade de o idoso ter um envelhecimento
digno.
Conforme mencionado anteriormente a lei sem uma mudança de paradigmas
ou ações de conscientização bem como criação de entidades que atendam essas
necessidades não é por si só suficientes, fez surgir então o CIDOSO – Comissão de
Direitos da Pessoa Idosa.
Essa mudança de paradigmas fez surgir diversos desafios, fazendo surgir
projetos de lei, audiências públicas, tudo com o intuito de debater de maneira mais
profunda a necessidade de políticas para a população idosa no âmbito da Câmara
dos Deputados.
Já em 2016 iniciou-se o funcionamento da Comissão de Defesa dos Direitos da
Pessoa Idosa uma comissão permanente na Câmara dos Deputados.
A CIDOSO foi criada a partir da Resolução nº 15, de 2016 e com 6 meses de
atividade conseguiu promover diversas atividades voltadas para a promoção da
pessoa idosa, a exemplo da reforma da previdência.
Composta por 22 membros, 25 suplentes ela é uma das 25 Comissões
Permanentes da Câmara dos Deputados, sua atuação como órgão técnico da Casa,
com apoio de consultores legislativos e servidores administrativos o qual tem as
seguintes atribuições Regimentais conforme art. 32, XXV:
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São atribuições da CIDOSO:
Recebimento, avaliação e investigação de denúncias relativas à ameaça ou à
violação de direitos da pessoa idosa;
Fiscalização e acompanhamento de programas governamentais relativos à
proteção dos direitos da pessoa idosa;
Programa de apoio à pessoa idosa em situação de risco social;
Monitoramento de políticas públicas relacionadas às pessoas idosas;
Acompanhamento da ação dos conselhos de direitos das pessoas idosas,
instalados na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios;
Pesquisas e estudos relativos à situação das pessoas idosas no Brasil e no mundo,
inclusive para efeito de divulgação pública e fornecimento de subsídios para as
demais Comissões da Casa;
Incentivo à conscientização da imagem dos idosos na sociedade;
Regime jurídico de proteção à pessoa idosa.
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Sessão solene no plenário da Ulysses Guimarães (Câmara dos
Deputados) para comemorar os 15 anos da Lei;
De forma que em abril de 2019, foi lançada a cartilha: Idoso - Conheça seus
Direitos, o qual contém na íntegra o estatuto do Idoso, em papel e on-line.
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7.1 Atendimento ao idoso pela rede de Assistência Social
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Existem ainda as ILPIs públicas, entretanto quando não é possível inserir o
idoso em uma ILPIs pública ele será acolhido nas instituições de Direito privado,
instituições estas que possuem um cadastro prévio, realizado através de edital, pelas
prefeituras já as ILPIs privadas participam do processo de contratação por meio de
licitação ou tomada de preço.
As instituições deverão conter a seguinte equipe:
PROFISSIONAL/FUNÇÃO ESCOLARIDADE
Coordenador Nível médio/superior
Cuidadores Sociais Nível médio
Assistente Social Nível superior
Psicólogo Nível superior
Profissional para desenvolvimento de Nível superior
atividades socioculturais
Profissional para funções de limpeza Nível fundamental
Profissional para funções de cozinha Nível fundamental
Profissional para funções de lavanderia Nível fundamental
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lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (BRASIL, 1988)
Os artigos 196 e 197 ainda impõem que a saúde é um direito de todos e dever
do Estado e que cabe ao Poder Público a regulamentação, fiscalização e controle da
execução das políticas públicas para a saúde.
Ainda de acordo com FILHO, COELHO (2021) o atendimento à saúde encontra-
se descrito na Lei Orgânica de Assistência Social, como uma obrigatoriedade de
articulação entre as políticas:
Art. 19. Compete ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela
coordenação da Política Nacional de Assistência Social:
(...)
XII - articular-se com os órgãos responsáveis pelas políticas de saúde e
previdência social, bem como com os demais responsáveis pelas políticas
socioeconômicas setoriais, visando à elevação do patamar mínimo de atendimento às
necessidades básicas; (BRASIL, 1993)
De forma que quando se trata especificamente da saúde da pessoa idosa,
verifica-se na Política Nacional do Idoso (Lei n° 8.842/94) a consolidação das
previsões da Constituição e da LOAS.
Identifica-se diretrizes da regulamentação da Política Nacional de Saúde da
Pessoa Idosa:
a) promoção do envelhecimento ativo e saudável;
b) atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa;
c) estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção;
d) provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde
da pessoa idosa;
e) estímulo à participação e fortalecimento do controle social;
f) formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área
de saúde da pessoa idosa;
g) divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa
para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS;
h) promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na
atenção à saúde da pessoa idosa; e
40
i) apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. (BRASIL, 2006)
Os artigos 15 a 19 do estatuto do Idoso ainda traz os meios de atuação do
poder público para a preservação e manutenção da saúde da pessoa idosa, o qual
possui eficácia vertical e horizontal.
FILHO, COELHO (2021) mencionam que, é possível verificar a previsão do
atendimento domiciliar e a internação domiciliar no artigo 19-I, por meio do Sistema
Único de Saúde, bem como o artigo 3° do Estatuto do Idoso inciso V, determina como
prioridade do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do
atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de
manutenção da própria sobrevivência.
A Portaria nº 5/201719, que consolida as normas sobre as ações e os serviços
de saúde do Sistema Único de Saúde, é preciso destacar os seguintes artigos que
conceituam o serviço e atenção domiciliar.
Art. 532. Para efeitos deste Capítulo considera-se:
I - Atenção Domiciliar (AD): modalidade de atenção à saúde integrada às Rede
de Atenção à Saúde (RAS), caracterizada por um conjunto de ações de prevenção e
tratamento de doenças, reabilitação, paliação e promoção à saúde, prestadas em
domicílio, garantindo continuidade de cuidados;
II - Serviço de Atenção Domiciliar (SAD): serviço complementar aos cuidados
realizados na atenção básica e em serviços de urgência, substitutivo ou complementar
à internação hospitalar, responsável pelo gerenciamento e operacionalização das
Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e Equipes Multiprofissionais
de Apoio (EMAP);
III - cuidador: pessoa (s), com ou sem vínculo familiar com o usuário, apta (s)
para auxiliá-lo em suas necessidades e atividades da vida cotidiana e que,
dependendo da condição funcional e clínica do usuário, deverá (ão) estar presente (s)
no atendimento domiciliar
Pois bem, o Estatuto do Idoso traz em seu artigo 15, inciso IV a determinação
sobre o atendimento domiciliar, indicando INCLUSIVE para idosos abrigados e
acolhidos.
(...) atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele
necessitar e esteja impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados
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e acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e
eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural. (BRASIL,
2013)
O art. 6º do Estatuto do Idoso versa: É assegurado ao idoso enfermo o
atendimento domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, contratado ou
conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde - SUS, para expedição do laudo
de saúde necessário ao exercício de seus direitos sociais e de isenção tributária.
(BRASIL, 2003)
Diante dessa afirmativa A RDC n° 283/200521, deixa claro que a ILPI possui
uma função híbrida entre o atendimento de assistência social e da saúde, ou seja,
uma norma emanada no âmbito da saúde, que determina a estrutura, serviços e
formas de atendimentos oferecidos aos idosos residentes.
A RDC 283/2005 indica a ILPI como um local de CARÁTER RESIDENCIAL, e
determina no item 4.6.2 que “a instituição que possuir profissional de saúde vinculado
à sua equipe de trabalho, deve exigir registro desse profissional no seu respectivo
Conselho de Classe”. (BRASIL, 2005)
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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Brasileiros com 65 anos ou mais são 10,53% da população, diz FGV. Agência Brasil.
Disponível em: < https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticias> acesso em: set.
2021.
BRAGA, Pérola Melissa Vianna. Curso de direito do idoso. São Paulo: Atlas, 2011.
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