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Como citar este material:

GARCIA, Fabio Gallo. Como planejar a aposentadoria. Rio de Janeiro: FGV, 2022.

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deste material são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade intelectual, de
forma que é proibida a reprodução no todo ou em parte, sem a devida autorização.
INTRODUÇÃO
Olá! Seja bem-vindo ao curso Como planejar a aposentadoria. O
objetivo deste curso é ajudar as pessoas, juntamente com as suas famílias,
a se organizarem da melhor forma para viver bem o período fora do
campo formal de trabalho.
Ao final deste curso, esperamos que você:
 conheça a importância da aposentadoria;
 saiba investir em aposentadoria;
 saiba como planejar a quantia necessária para se aposentar;
 invista por conta própria;
 conheça os tipos de previdência;
 conheça diferentes planos e
 compreenda os detalhes da tributação.
SUMÁRIO
MÓDULO I – PLANEJANDO A APOSENTADORIA.............................................................................. 7

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7
DEFINIÇÃO DO VALOR DE INVESTIMENTO ...................................................................................11
PLANEJAMENTO DE DESPESAS .......................................................................................................15

MÓDULO II – PREPARAÇÃO PARA A APOSENTADORIA ................................................................ 17

PLANO FINANCEIRO.........................................................................................................................17
FUNDOS DE INVESTIMENTO ...........................................................................................................19

MÓDULO III – TIPOS DE PREVIDÊNCIA .......................................................................................... 23

PLANOS DE PREVIDÊNCIA: PGBL E VGBL ......................................................................................23


PGBL ..........................................................................................................................................24
VGBL ..........................................................................................................................................24
PGBL ..........................................................................................................................................24
VGBL ..........................................................................................................................................25
FAPI E FUNDOS DE PENSÃO ...........................................................................................................26
Tributação dos planos de previdência ..................................................................................30
Fundos de pensão....................................................................................................................31
Prepare-se para a aposentadoria ..........................................................................................31

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 33

PROFESSOR-AUTOR ....................................................................................................................... 34
MÓDULO I – PLANEJANDO A
APOSENTADORIA

Uma das maiores preocupações das pessoas é como devem planejar a sua aposentadoria.
Todas as pesquisas ao redor do mundo indicam a mesma coisa, as pessoas têm grande preocupação
com esse tema, mas a maioria não está se preparando para essa importante fase da vida. Vejamos
como devemos começar a pensar na nossa aposentadoria.

Introdução
A forma como pensamos na aposentadoria está mudando. Até bem pouco tempo atrás, muitas
pessoas imaginavam os aposentados como pessoas que passavam os dias jogando damas na pracinha.
Isso já não existe mais! Atualmente, as pessoas vivem mais e melhor. Muitas vezes, decidem se
aposentar para realizar outras atividades e usufruir de um novo momento nas suas vidas.
Para começarmos a falar sobre aposentadoria, vamos ler uma breve história?

Mercado de trabalho e aposentadoria

Franco e os seus amigos conversam sobre o campo do trabalho em diversos países e, em


particular, no Brasil.

Alfredo

— As atitudes, expectativas e comportamentos em relação ao trabalho e à aposentadoria têm


mudado muito nas últimas décadas. Esta semana eu estava lendo as estatísticas do IBGE sobre a
expectativa de vida do brasileiro e fiquei impressionado. Em 1940, a expectativa de vida média
dos brasileiros era perto de 45 anos. Em 1980, já estava próxima a 63 anos e, hoje, atinge os 75,8
anos.
Franco

— A população brasileira está envelhecendo rapidamente – deixamos de ser um país jovem.

Essa situação traz impactos para várias áreas de nossas vidas. Temos de pensar em gastos
com saúde, trabalho, tipos de moradia, produtos dedicados aos mais velhos e,
principalmente, como lidar com a aposentadoria.

Tio Júlio

— É, eu não havia pensado nessas coisas todas.

Franco

— Para o senhor ter ideia de como a nossa sociedade mudou, a população brasileira com
mais de 65 anos em 1980 era de menos de cinco milhões, ou seja, 4% das pessoas. Em 2010,
esse grupo de homens e mulheres passou de 13 milhões, aproximando-se de 7% de nossa
população. Em 2050, a projeção é atingir 49 milhões de pessoas nessa faixa de idade.

Tio Júlio

— Quer dizer que meus netos vão viver mais do que eu?

Franco

— É isso mesmo. No entanto, essa situação traz duas notícias para nós – uma boa e outra
ruim. A boa é que, graças à medicina, à melhoria de estilo de vida, ao aumento de renda e ao
desenvolvimento do país, nós vamos viver mais e melhor.

Tio Júlio

— Ah, essa eu já sei, mas qual é a notícia ruim?

Franco

— Nós vamos viver mais e melhor!

Tio Júlio

— Não entendi!

8
Franco

— Ao mesmo tempo em que essa é a boa notícia, ela é a notícia ruim também. Nós vamos
viver mais e melhor por mais tempo querendo passear, exercer novas atividades, ter uma
qualidade de vida melhor. No entanto, cadê o dinheiro para isso? Nós vamos ter que nos
preparar melhor para esse momento de nossas vidas.

Tio Júlio

— É verdade... Quando meu irmão se aposentou, há uns 25 anos, ele recebia pelo teto do
INSS, e isso era alguma coisa como 10 salários-mínimos. Naquela época, ele vivia muito bem.
Hoje, mal dá para comprar remédios.

Franco

— Para aqueles que se aposentarem agora, o teto da aposentadoria não passa de 5,9
salários-mínimos. E somente para aqueles que consigam receber o teto...

Ernesto, o amigo da família que estava muito atento à conversa, quase como de assalto,
exclama:

Ernesto

— Nossa! Com quantos anos vou conseguir me aposentar? E como? A minha contribuição ao
INSS é muito baixa. Vou ter de contar com os filhos para me sustentar.

Franco

— Você não será o único. Na verdade, uma pesquisa do seguro saúde Bupa 1 mostra que 75%
dos brasileiros acreditam que a sua família irá sustentá-los na velhice. Em outros países, esse
índice é abaixo de 70%, e na Inglaterra, por exemplo, somente 30% das pessoas admitem ser
sustentadas pela família em sua velhice.

Tio Júlio

— Ah! Isso não! Eu não quero dar trabalho para ninguém. Quero ter o meu próprio dinheiro.

Quero viver a minha própria vida e fazer o que quiser.

1
Pesquisa conduzida pela London School of Economics e publicada pela BBC em 20/09/2010.

9
Franco

— O problema é que a mesma pesquisa mostra que 64% dos brasileiros responderam que
não estão se preparando financeiramente para a velhice. Menos de 7% disseram estar
separando dinheiro para quando pararem de trabalhar.

Tio Júlio

— É mesmo, eu ainda não tenho dinheiro para parar e fazer outras coisas.

Franco

— Outro dado interessante é que nós estamos entre os povos que menos atribuem ao
governo o papel principal de sustentar as pessoas idosas.

A partir da história, podemos pensar: como não se preparar para esse tempo? As pessoas não
estão conscientes dessa nova situação. Deixar o campo de trabalho exige um planejamento
consistente, com objetivos bem delimitados e metas determinadas, quantificadas e datadas. Muito
provavelmente, viveremos mais do que a média expectativa de vida do brasileiro, que hoje é de 76
(75,8) anos. Tudo isso vai depender das condições sociais de renda, de trabalho e de acesso à
medicina de boa qualidade que encontraremos.

Cuidado com a estatística! Você tem grandes chances de viver


mais do que a média! A tendência é que a idade média da
população cresça. Teremos um número maior de pessoas
com mais de 70 anos.

Materializando essa condição em números, vejamos, na tabela a seguir, alguns dados do IBGE:

Tabela 1 – Expectativa de vida do brasileiro

% população % população % população


expectativa de
acima de 65 homens acima mulheres acima
vida
anos de 65 anos de 65 anos

2010 75,8 anos 6,8% 5,9% 7,7%

2050 81,3 anos 22,7% 20,4% 24,8%

Fonte: IBGE.

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Infelizmente, não podemos contar somente com a Previdência Oficial.
Investir em um Plano de Previdência é um dos aspectos mais importantes de nossa vida financeira.
Dessa forma, depende de nós mesmos vivermos o futuro nas condições que desejamos!

Definição do valor de investimento


Para mostrar que começar cedo é melhor, vamos exemplificar com números. Suponha que
você planeje se aposentar aos 65 anos. O seu planejamento mostrou que são necessários R$ 5 mil
mensais para poder viver bem e com expectativa de vida longa. Dessa forma, por um cálculo
estimativo, é necessário acumular um total de R$ 800 mil para o momento de sua aposentadoria.
É muito dinheiro para a maioria dos brasileiros, não é? Assustado com o número? Caso você
tenha 55 anos e pretenda aposentar-se aos 65 anos, faltam somente 10 anos. Levando em conta
uma taxa de 1,0% ao mês:
 Para acumular os R$ 800mil nesse prazo, você deve depositar, mensalmente, o valor de
R$ 3.477,67.
 Por outro lado, caso você tenha 30 anos para obter os mesmos R$ 800 mil, a sua aplicação
mensal deve ser de R$ 124,40

Caso a taxa de juros seja de 0,5% ao mês, o esforço será ainda maior. Começando aos 55 anos, a
aplicação deve ser de R$ 4.881,64. Começando aos 30, o investimento mensal é de R$ 561,52.
É muito mais fácil para as pessoas que resolvem começar a preparar-se para a aposentadoria
mais cedo! Aplicar um valor mensalmente e não realizar retirada alguma faz com que os rendimentos
passados sejam reaplicados. Esses valores também rendem juros. Ou seja, todos os valores vão sendo
acumulados.

Saiba mais

No exemplo inicial, você deve depositar R$ 124,40 por mês,


multiplicando esse valor por 35 anos, ou seja, 420 meses. O
valor total depositado será de R$ 52.248,00, o que representa
6,53% dos R$ 800 mil. A diferença de R$ 747.752,00 é devida
ao efeito de juros sobre juros.

Atrasar o início do investimento na aposentadoria pode custar caro ao bolso. Ainda usando
o exemplo anterior, começando o investimento aos 55 anos para se aposentar aos 65 anos com a
taxa de juros de 1,0% ao mês, o depósito mensal será de R$ 3.477,67.

11
Iniciando o investimento aos 30 anos com um prazo de 35 anos à frente, a aplicação mensal
é de somente R$ 124,40. A diferença é de R$ 3.353,27. Em outros termos, essa diferença é o custo
do atraso em começar a sua poupança dedicada à aposentadoria.
Para termos mais certeza das vantagens de começarmos cedo a investir em aposentadoria, a
melhor opção é ter uma visão mais ampla do custo da espera.
Vejamos a tabela.

Tabela 2 – Custo do atraso em começar a pensar na aposentadoria

taxa = 1,0% ao mês

investimento espera
anos custo do atraso
mensal em anos

35 R$ 124,40

34 R$ 140,45 1 R$ 16,05

33 R$ 158,62 2 R$ 34,22

32 R$ 179,18 3 R$ 54,78

31 R$ 202,48 4 R$ 78,08

30 R$ 228,00 5 R$ 103,60

29 R$ 258,87 6 R$ 134,47

28 R$ 292,90 7 R$ 168,50

27 R$ 331,59 8 R$ 207,19

26 R$ 375,62 9 R$ 251,22

25 R$ 425,79 10 R$ 301,39

20 R$ 808,69 15 R$ 684,29

15 R$ 1.601,34 20 R$ 1.476,94

10 R$ 3.477,67 25 R$ 3.353,27

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Embora o segredo seja iniciar o investimento o quanto antes, nunca é tarde para começar.
Não importa sua idade! Comece agora e tenha uma aposentadoria melhor!
Ao começarmos a planejar a aposentadoria, a primeira pergunta que devemos fazer é a
seguinte: como eu quero viver como aposentado?
Ao iniciar o planejamento, antes de fazer qualquer orçamento ou cálculo, devemos definir o
estilo de vida que queremos ter ao nos aposentarmos. Para se planejar, tenha em mente que não
podemos esperar que, ao nos aposentarmos, a vida continue a mesma. As condições físicas e
emocionais não são mantidas da mesma forma quando paramos de trabalhar.
Não há regras que nos permitam saber exatamente como as pessoas são em cada uma dessas
fases, mas podemos ter algumas estimativas:
 1a fase – A primeira fase acontece perto dos 60. Nessa fase, seremos mais ativos, estaremos
dispostos a fazer esportes, viajar, cuidar de netos pequenos. Gastaremos mais dinheiro
cuidando do corpo e da aparência.
 2a fase – Na segunda fase, após os 70, os gastos com lazer devem diminuir, pois nossa
disposição e nossa forma física já não são as mesmas.
 3a fase – Na terceira fase, depois dos 80, os gastos com saúde normalmente crescem
bastante.

Vamos continuar a ler o caso do Franco?

O grupo continuou na sua conversa, cada vez mais animado.

Ernesto

— Eu nem imagino com é estar aposentado...

Tio Júlio

— Bom, disso eu entendo. Eu acordo, leio o jornal, vou à praça encontrar amigos, e assim
vão-se passando os dias.

Franco

— Tio Júlio, esse tipo de aposentadoria não existe mais. Hoje, as pessoas têm um conceito
diferente. Talvez, o título aposentadoria nem seja adequado nos dias de hoje. As pessoas,
simplesmente, deixam o tipo de atividade profissional que exerciam anteriormente e passam
a se ocupar com novos afazeres. Nesse momento de maior liberdade, as pessoas não são tão
dependentes da renda da sua atividade principal, pois têm alguma outra forma de benefício
financeiro que permita que exerçam novas atividades. Alguns começam um novo negócio em
ramo pelo qual sempre tiveram atração, outros exercem alguma atividade beneficente, uns
começam a viajar ou, simplesmente, resolvem aproveitar a vida.

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Tio Júlio

— É, no meu tempo era diferente. Quando me aposentei, não havia alternativa alguma.

Alfredo

— Hoje, a sociedade está em transformação, com as pessoas vivendo mais. Esse é nosso
desafio! Como dar vida digna a todos que chegam nessa fase?

Franco

— Você tem razão. Isso é um dever de todos: governo, empresas e a sociedade de maneira
geral. Nossa ação é muito importante. Devemo-nos preparar para esse momento de maneira
concreta, começando a pensar como queremos viver nessa nova fase. Quem nunca pensou em
montar uma pousada na praia ou no campo, ou comprar um veleiro e viajar pelo mundo afora?
Você já está se vendo na varanda de sua chácara, ou vivendo na praia, viajando pelo mundo, ou
aprendendo a dançar para aproveitar todas as festas? Ou talvez à frente de seu próprio
negócio – aquele tão sonhado momento de ser patrão –, ou tendo tempo para cuidar dos
netos? Uma vez determinado como pretende viver, seu objetivo está marcado. Dessa forma,
você poderá avaliar quanto é necessário para poder manter o padrão definido.

Ernesto

— Há tantas opções, coisas tão distintas. Cada uma tem o seu custo.

Franco

— Você está certo. Por exemplo, um dos sonhos das pessoas é trocar a cidade, a selva de
pedra, por um sítio com muito verde ao redor. Essa situação traz alguns benefícios imediatos,
como menor condomínio e menor imposto predial. No entanto, outras opções, como viver
viajando, podem trazer custos mais altos do que os que existiam em seu período de trabalho.

Daí a pergunta importante: de quanto vou precisar para viver como planejo nessa nova fase
de vida? Há uma série de gastos que serão eliminados ou reduzidos quando nos aposentarmos.
Outros devem aumentar.
O primeiro passo é planejarmos essa fase da vida estimando corretamente quanto será
necessário para vivermos da forma como desejamos. As contas não são tão simples como
imaginamos, não é mesmo?
No mundo de finanças, e em particular no de finanças pessoais, muitas vezes, aparecem
algumas máximas contendo números mágicos. Uma dessas máximas diz que basta considerar 70%
dos gastos da família no período imediatamente anterior a sua aposentadoria para calcular quanto
uma pessoa precisa para se aposentar.

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A premissa esconde uma série de problemas. Não podemos usar um número fixo para todas
as fases da nossa vida de aposentados. Os gastos na aposentadoria vão depender do modelo de vida
que queremos.

Planejamento de despesas
Os gastos com a aposentadoria se alteram com o tempo. Independentemente do estilo de vida
que desejamos, devemos ter em mente que algumas despesas diminuem e outras despesas
aumentam. Por exemplo, crescem as despesas com saúde, benefícios que eram concedidos pela
empresa e lazer. Por outro lado, diminuem as despesas com filhos, casa e carro, plano de
aposentadoria, e transporte e roupas.
Algumas despesas podem ser reduzidas. Quer saber como? Vejamos:
a) Filhos – as despesas com os filhos irão diminuir. Mesmo com a tendência moderna de
muitos casais retardarem o momento de ter filhos até concretizarem as suas carreiras
profissionais, pode-se esperar que, na fase da aposentadoria, a maioria das famílias esteja
com os filhos financeiramente independentes.
b) Casa e carro – a maioria das pessoas, quando chega ao momento de aposentar, deve ter
uma solução de moradia mais estável, por já possuir a casa própria, já ter terminado de
pagar o seu financiamento, ou por manter na sua conta um aluguel mais barato. Os gastos
com carro são diminuídos porque os automóveis, geralmente, são usados de maneira
menos rotineira.
c) Plano de aposentadoria – o período de acumulação de capital em um plano dedicado a
essa fase da vida acabou. Agora, é o momento de usufruir do período de resgatar os
benefícios do plano.
d) Transportes e roupas – esses itens também passam a ter uma redução. Não há mais a
mesma rotina de vida e de deslocamentos para o trabalho. A necessidade de roupas sempre
novas para se apresentar bem no ambiente de trabalho já não é mesma. Devemos
considerar também que, em muitas localidades e no transporte interestadual, as passagens
são gratuitas para maiores de 60 ou 65 anos, dependendo da região.

Algumas despesas aumentam na fase da aposentadoria. Vejamos:


a) Saúde – os gastos com saúde, certamente, aumentam. O primeiro impacto é em relação
à assistência médica – principalmente, para aqueles que tinham essas despesas pagas pela
empresa. Outro aspecto é que, conforme a idade avança, os planos de saúde ficam mais
caros, e os gastos com remédios também aumentam.

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b) Benefícios da empresa – muitas pessoas, quando empregadas, gozam de benefícios
concedidos pelas empresas – seguro-saúde, transporte, vale-alimentação, vale-compras,
cestas básicas, entre outros. Quando as pessoas se aposentam, esses custos ficam sob a sua
responsabilidade.
c) Lazer – os gastos com lazer tendem a aumentar no período inicial de aposentadoria,
quando há tempo livre sobrando. Devemos aproveitar bem esse momento, mas isso custa
dinheiro. Devemos planejar bem os gastos gerais e estimar corretamente os gastos com
lazer e viagens.

Calcular o total de gastos é fundamental. Anote estas dicas:


 faça uma lista por grupos de despesas;
 estime quanto deseja gastar com cada uma dessas despesas ao se aposentar e
 some tudo.

Dessa forma, você vai conseguir estimar o valor que deverá ter como receita. Muitas pessoas
não acreditam que devem fazer projeções de gastos futuros porque acham que os cálculos nunca se
tornarão realidade. Isso é um raciocínio enganoso.
Logicamente, não é possível saber exatamente quanto gastaremos em roupa no mês de julho
daqui a 20 anos. Mesmo assim, ter uma noção de gastos, uma estimativa, é melhor do que nada.
Devemos, ao menos, estabelecer uma porcentagem de gastos para calcular qual o comprometimento
da renda.
Devemos trabalhar com o orçamento familiar projetando as condições em que pretendemos
viver na fase da aposentadoria.
Não precisamos nos preocupar em buscar todos os valores em detalhes. Afinal, estamos
fazendo projeções para um futuro ainda distante. A dica é trabalhar com grupos de despesas de
acordo com o orçamento. Alguns gastos são mais fáceis de projetar, como o valor do plano de saúde
de uma pessoa com mais de 60 anos e dos 70 em diante. Para outros gastos, teremos de estipular e
fazer de tudo para que fiquem dentro do limite estabelecido. Devemos ser o mais realistas possível
nessa projeção de gastos.

Saiba mais

Veja o Curso 1 – Como organizar o orçamento familiar. Nele,


você encontrará todas as dicas sobre como planejar o seu
orçamento.

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MÓDULO II – PREPARAÇÃO PARA A
APOSENTADORIA

Neste módulo, vamos apresentar o primeiro passo para começar o planejamento da


aposentadoria, ou seja, a preparação do plano financeiro para conquistar um alto nível de bem-estar
quando estiver aposentado.

Plano financeiro
A preparação para a aposentadoria exige algum trabalho, no entanto, sem dúvida, os
resultados valem a pena. O plano financeiro dedicado à aposentadoria não é, em essência, diferente
do orçamento familiar, mas exige um pouco mais de cuidado com as projeções de receitas e despesas.
Um plano dedicado à aposentadoria não precisa ser perfeito de imediato. Podemos
aperfeiçoá-lo conforme o passar do tempo. Temos sempre oportunidades de aprender mais sobre
investimentos, mercados e controles de gastos.
O planejamento financeiro deve ser preparado em alguma planilha eletrônica ou colocado
por escrito de alguma forma para que possamos controlar a sua execução. É importante
acompanhar metas e realizar as correções necessárias para que o objetivo seja atingido. Algumas
dicas são importantes para facilitar o planejamento. Vejamos:

1. Aperfeiçoar os conhecimentos sobre investimentos


Devemos conhecer os tipos de ativos financeiros, as diferenças entre renda fixa e variável,
como manter o equilíbrio entre o risco e retorno, os diferentes tipos de risco e nosso grau de aversão
a risco na condição de investidor. Conheça o Curso 2 – Como fazer investimentos (básico). Nele, você
encontrará todas as dicas sobre investimentos.
2. Conhecer nossas necessidades de aposentados
Muitas pessoas ainda acreditam que as necessidades de um aposentado são menores que as
que temos quando estamos trabalhando. Isso não é verdadeiro. As necessidades financeiras na
aposentadoria dependem dos objetivos traçados para esse período de vida, ou seja, da forma como
queremos viver. Caso queiramos manter o padrão atual, provavelmente, precisaremos de mais
dinheiro que antes.

3. Possuir plano de investimentos compatível com os objetivos


Existem muitos tipos diferentes de ativos financeiros disponíveis para investimento e
produtos financeiros que o mercado oferece com diferentes graus de risco, prazo e liquidez. Cada
ativo financeiro tem as suas vantagens e desvantagens, de forma que cabe ao investidor estar atento
e escolher as melhores opções dentro do seu plano de investimentos. Lembre-se de que temos um
objetivo geral – nesse caso, que é a aposentadoria, com prazo bem definido. Dessa forma, o valor
estipulado tem de ser conquistado no prazo estabelecido, não sendo adequado escolher
aleatoriamente qualquer produto financeiro para investir.

4. Não tocar na poupança


Quando nos propomos a fazer investimentos dedicados à aposentadoria, devemos fazer os
depósitos religiosamente e ter como lei nunca tocar no dinheiro da poupança. Caso contrário, além da
quebra do hábito de poupar, ficamos sem aquele valor retirado. Esse valor perderá rendimentos e, em
alguns casos, terá perdas de benefícios fiscais oferecidos por alguns planos de investimentos.

5. Saber no que se está investindo


É nosso dever fazer quantas perguntas julgarmos necessárias para saber tudo sobre nossos
investimentos, todas as condições e os direitos. Embora os investimentos dedicados à aposentadoria
disponibilizem sempre material informativo e portais na internet que permitam um melhor
conhecimento do produto, devemos tirar todas as dúvidas com o profissional que estiver oferecendo
aquela aplicação.

6. Planos empresariais
A título de benefício, muitas empresas oferecem alguns tipos de planos de aposentadoria aos
seus funcionários. Caso a empresa em que trabalhemos ofereça essa condição, não devemos deixar
de conhecer em detalhes o plano oferecido. É importante considerar isso em caso de surgir a
possibilidade de mudança de emprego.

7. Descobrir sobre os benefícios da seguridade social pública


O plano oferecido pelo INSS pode não ser o ideal para atender aos nossos objetivos como
aposentados, mas ele tem algumas condições e garantias que dificilmente serão oferecidas por
outros planos.

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Já notou quantas são as possibilidades de investimentos de nosso dinheiro? Quantas
instituições diferentes existem nesse mercado?

Conhecer a si mesmo e sobre investimentos é essencial para


o planejamento da vida de aposentado.

Você pode realizar o Curso 2 – Como fazer investimentos 1.


Nele, você encontrará muitas dicas importantes e um
conteúdo completo sobre o tema.

O orçamento dedicado ao planejamento já determina a quantidade de recursos que devemos


ter quando nos aposentarmos. Com isso em mente, podemos estabelecer o caminho para que o
nosso objetivo seja atingido. Algumas bases dessa estratégia ajudam nesse posicionamento:
1. proteção  saber, de antemão, que não podemos correr risco exagerado porque devemos
proteger o nosso patrimônio;
2. renda  nesse tipo de investimento, a busca deve ser de obtenção de renda, de modo a
poder viver dignamente como aposentado e dentro de todas as perspectivas que traçamos
para a nossa vida, e
3. longo prazo  trata-se de uma estratégia que devemos ter em um prazo longo.

Quando estamos dispostos a realizar investimentos, há dois caminhos, no geral. Podemos


gerir nossos investimentos atuando diretamente no mercado, aplicando em ativos financeiros por
meio de ordem de compra e venda de títulos. Em alternativa, podemos recorrer a um profissional
ou a uma instituição financeira.
Hoje em dia, é muito fácil ter acesso ao mercado financeiro para investir. As instituições
bancárias, as corretoras e as bolsas de valores mantêm serviços de acesso remoto via internet. Esses
serviços são denominados home banking e, no caso da bolsa e das corretoras, home broker.

No Curso 2 – Como fazer investimentos 1, você encontrará


todas as explicações sobre os diversos tipos de
investimentos, a relação entre risco e retorno, e o que são
renda fixa e renda variável.

Fundos de investimento
Os fundos de investimento – condomínios – são associações de investidores organizadas por
uma instituição financeira ou por um administrador de recursos. Essas associações são geridas por

19
profissionais de mercado para aplicação em títulos, valores imobiliários, empreendimentos
imobiliários, ou em outros ativos disponíveis no mercado financeiro e de capitais.
As cotas de fundos abertos não têm data de vencimento. Dessa forma, os investidores podem
solicitar aplicação e resgate de cotas durante a sua vigência.
As cotas de fundos fechados destacam-se pela existência de data de vencimento. O resgate
somente é possível ao término do prazo de duração do fundo. Amortizações esporádicas podem
acontecer durante a vigência do fundo.
Segundo a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais) a classificação dos fundos de investimentos tem uma nova estrutura e lógica de
investimento, como veremos a seguir. A classificação de fundos está dividida em três níveis,
apresentando uma hierarquia que parte das classes de ativos para chegar a estratégias mais
específicas. Essa estrutura busca explicitar as estratégias e riscos associados às opções de carteiras que
resultam dessas políticas.
Os níveis buscam refletir a lógica do processo de investimento como pode ser observado no
quadro 1, a seguir:

Quadro 1 – Classes de fundos de investimento

regulação autorregulação

1 classe de ativos 2 tipos de gestão e riscos 3 estratégias

nível 1 nível 1 nível 1

 renda fixa;  indexados;  conforme a


 ações;  ativos e estratégia.
 multimercados e  investimento exterior.
cambial.

Fonte: ANBIMA.

No Curso 2 – Como fazer investimentos 1, você encontrará


todos os detalhes sobre como os fundos de investimentos
são classificados.

20
Investir em fundos tem algumas vantagens, especialmente para o pequeno investidor. Vamos
conhecer algumas delas?
a) gestão profissional – a gestão de uma carteira de títulos é algo que exige bons
conhecimentos e tempo de dedicação. Isso deve ficar aos cuidados de profissionais que
acompanham todas as tendências e identificam oportunidades de mercado.
b) redução de custos – fica mais caro criar, individualmente, uma boa carteira de
investimentos. De forma geral, os custos de administração da carteira diminuem com um
número maior de cotistas.
c) diversificação de risco – quando um grupo de investidores aplica junto, há um maior
volume alocado de capital. Isso possibilita a correta diversificação das aplicações e traz
uma potencial redução do risco.
d) ganhos de escala – investir em grupo permite juntar um maior volume a ser aplicado, o
que pode trazer ganhos de escala. Dessa forma, o fundo pode conseguir taxas
administrativas melhores que aquelas que o pequeno investidor obtém isoladamente.
e) acesso mais fácil – aplicar em fundos permite que certas pessoas tenham acesso a
mercados que, de outra maneira, elas não teriam.

A aplicação em fundos envolve alguns custos. Vejamos:


a) taxa de administração – a remuneração dos fundos mútuos ocorre por meio da taxa de
administração, que é um custo incorrido pelo investidor. A taxa de administração é uma
porcentagem sobre o valor de mercado dos ativos existentes na carteira administrada.
Fique atento! Há grande variação no mercado em relação à taxa de administração.
b) taxa de performance – além da taxa de administração, alguns fundos de investimento
podem cobrar outra taxa sobre o seu desempenho. É um prêmio pago pelo bom
desempenho do gestor do fundo e, desse modo, serve para incentivar o administrador na
busca de uma melhor rentabilidade.
A taxa de performance é devida pelo investidor quando o retorno do fundo superar
determinado patamar estabelecido entre as partes. Por exemplo, o fundo que você
participa tem como taxa de performance 20% do que for obtido acima da rentabilidade
do Ibovespa.

21
Vamos continuar a ler o caso do Franco?

A conversa prossegue. Os amigos demonstram muito interesse sobre como devemos nos
preparar para a aposentadoria.

Ernesto

— Eu até posso entender as vantagens de investir para estar preparado para a


aposentadoria, mas é muito chato acompanhar o valor do rendimento e como estão indo as
aplicações.

Tio Júlio

— Meu negócio é caderneta de poupança.

Franco

— Vocês são daqueles que não se importam com a diferença entre o rendimento da
caderneta de poupança e o do fundo DI? Acham que a diferença é muito pequena? Vocês não
acompanham o desempenho dos seus investimentos? Acreditam que, no final, todas as
alternativas mais seguras dão o mesmo resultado?

Ernesto

— E não é tudo muito igual?

Franco

— Outro dia, estive fazendo uma conta muito simples, mas que, talvez, os anime a pensar
diferente. Calculei a diferença no resultado final de uma aplicação de R$ 1.000,00 por mês ao
longo de 20 anos com as taxas de juros mensais de 0,5%, 0,6% e 1,0%.

Você sabe avaliar qual é essa diferença no resultado? Veja:

0,5 % ao mês R$ 462.000

0,6 % ao mês R$ 534.000

1,0% ao mês R$ 990.000

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MÓDULO III – TIPOS DE PREVIDÊNCIA

Tendo realizado o planejamento da aposentadoria, no módulo 3, apresentaremos como essa


poupança será gerada, ou seja, quais são os diversos planos dedicados à aposentadoria.

Planos de previdência: PGBL e VGBL


Existe um grupo de fundos e planos especialmente voltados para aqueles que pretendem
investir pensando na aposentadoria, são eles:
 PGBL;
 VGBL;
 Fapi e
 fundos de pensão.

Esses fundos e planos permitem que a sua renda não sofra grande queda e o seu padrão de
vida seja mantido. As instituições financeiras responsáveis são fiscalizadas pelos seguintes órgãos:
 Superintendência de Seguros Privados – Susep;
 Superintendência Nacional de Previdência Complementar – Previc – e
 Banco Central.

Os planos de previdência privada são produtos securitários. Em outros termos, são


administrados por uma seguradora e constituídos basicamente de duas fases. São elas:
a) Acumulação – nessa fase, você faz depósitos – aportes – de acordo com o contrato. Esses
depósitos podem ser mensais, de uma só vez ou com grandes aportes periódicos. Os
recursos aplicados pelos investidores são administrados por uma seguradora. Esse
dinheiro é aplicado em um fundo de previdência privada, no qual o cotista é a seguradora,
em uma carteira que pode conter títulos de renda fixa ou renda variável.
b) Benefício – fase em que você pode usufruir o que acumulou ao longo do tempo. É a
soma do valor aplicado – aportes – e o rendimento.

Você conhece as diferenças entre os dois principais planos de previdência – o PGBL e o


VGBL? Vejamos as definições:

PGBL
O Plano Gerador de Benefício Livre é uma maneira de poupar em longo prazo, cujas suas
vantagens são:
 possibilidade de interrupção temporária das contribuições;
 portabilidade;
 possibilidade de alteração do valor de contribuição;
 obtenção do rendimento sem cobrança de impostos e
 dedução das contribuições da base de cálculo de imposto de renda anual (até 12% da
renda bruta).

Há incidência de imposto de renda sobre o valor do montante resgatado ou sobre a renda de


aposentadoria recebida. O saldo é atualizado diariamente, e não existe rendimento mínimo. O
fundo repassa todo o ganho financeiro líquido da taxa de administração.

VGBL
O Vida Gerador de Benefício Livre também é uma forma de poupar em longo prazo. O
cliente pode resgatar o total acumulado ou transformá-lo em uma renda de aposentadoria.
No geral, as vantagens do VGBL são muito parecidas com as do PGBL. A diferença básica
entre os dois tipos de previdência está na tributação. O PGBL e o VGBL têm incidência de imposto
de renda somente quando há resgate (pagamento de renda). No entanto, há uma diferença básica.

PGBL
O valor das contribuições pode ser deduzido de sua base de cálculo do IR com o limite de
12% de sua renda bruta anual. O benefício fiscal é concedido apenas àqueles que fazem a declaração
de IR pelo formulário completo e também contribuem para a previdência oficial. No momento do
resgate, há incidência de imposto de renda sobre o montante resgatado.

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VGBL
As contribuições não são deduzidas do IR. Por isso, o VGBL é um plano recomendado para
autônomos, empresários e aqueles que não pagam IR ou já alcançaram os 12% permitidos para
dedução em contribuições em PGBL na Declaração Completa. A incidência de imposto, em caso de
resgate ou pagamento de renda, ocorre apenas sobre o ganho de capital (rendimento das aplicações).
A remuneração dos planos PGBL e VGBL é dada com base no desempenho da carteira do
fundo. Esse desempenho é resultado da composição em renda fixa ou composta – podendo ser de
até 49% de renda variável.
Nesses planos, o investimento exige precauções e atenção para alguns aspectos. Vejamos:
 Risco – a responsabilidade pelo plano é da seguradora que o administra. Por isso, busque
informações sobre ela.
 Retorno – acompanhe, constantemente, a evolução de cotas e a rentabilidade trazida por
seu plano.
 Aplicação – peça esclarecimentos e faça muitos cálculos até ter certeza de que a renda
mensal a ser obtida em sua aposentadoria valerá a pena.
 Rendimento mínimo – não há garantia de rendimento mínimo, nem mesmo em relação
à inflação.
 Morte – em caso de morte do participante durante o período de acumulação, o montante
acumulado é distribuído aos beneficiários de acordo com o percentual de rateio definido no
momento da contratação do plano. Caso não haja beneficiários indicados, o montante
acumulado é pago aos herdeiros legais, conforme legislação vigente.

Na hora de optar por um plano, escolha o que mais se adapta as suas necessidades.
O PGBL e o VGBL oferecem aos clientes diversas maneiras de receber a aposentadoria. Vejamos:
a) renda mensal vitalícia – recebimento de renda a partir da idade escolhida e pelo restante
da vida. Consiste em uma renda mensal a ser paga, vitalícia e exclusivamente, ao
participante. A renda cessa com o seu falecimento, sem que seja devida qualquer
devolução.
b) renda mensal temporária – recebimento da aposentadoria até uma idade determinada
ou até o falecimento do beneficiário. Renda mensal a ser paga, temporária e
exclusivamente, ao participante. A renda cessa com o seu falecimento ou término da
temporariedade estabelecida na proposta de inscrição – o que ocorrer primeiro –, sem
que seja devida qualquer devolução.
c) renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido – recebimento da aposentadoria
de forma vitalícia. Em caso de falecimento, os beneficiários receberão o benefício durante
um prazo determinado. Consiste de uma renda mensal a ser paga, vitaliciamente, ao
participante durante um prazo mínimo garantido. Se, durante o período de pagamento

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da renda mensal, ocorrer o falecimento do participante antes de ser completado o prazo
indicado, a renda será paga ao beneficiário – ou beneficiários –, na proporção de rateio
estabelecida, pelo período restante do prazo mínimo garantido.
No caso de falecimento do participante após o prazo mínimo garantido, a renda ficará
automaticamente cancelada sem que seja devida qualquer devolução, indenização ou
compensação de qualquer espécie ou natureza ao beneficiário – ou beneficiários.
d) renda mensal vitalícia reversível a beneficiário indicado – no caso do falecimento do
beneficiário principal, o beneficiário indicado também receberá a aposentadoria pelo
restante da vida. Consiste de uma renda mensal a ser paga vitaliciamente ao participante
e, no caso do seu falecimento, ao beneficiário indicado no percentual estabelecido até a
sua morte.
e) renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade aos menores – consiste
de uma renda mensal a ser paga, vitaliciamente, ao participante, reversível ao cônjuge ou
à companheira – ou companheiro – após o seu falecimento. Na falta deste, é reversível
temporariamente ao menor – ou menores – até que completem a idade de maioridade
definida no plano, conforme o percentual de reversão estabelecido.
f) renda mensal por prazo certo – consiste de uma renda mensal a ser paga por um prazo
preestabelecido ao participante. Se, durante o período de pagamento da renda, ocorrer o
falecimento do participante antes de ser completado o prazo indicado, a renda será paga
ao beneficiário – ou beneficiários –, na proporção de rateio estabelecida, pelo período
restante do prazo determinado.

FAPI e fundos de pensão


O FAPI é um tipo de fundo de investimento financeiro – FIF – que tem como objetivo a
poupança de longo prazo. No entanto, o FAPI não oferece garantia de rendimento mínimo.
Embora não seja, nitidamente, um fundo dedicado à previdência privada, permite a formação de
uma poupança dedicada ao período de aposentadoria.
As características do FAPI são próximas às dos planos de poupança convencionais. Não há
carência no FAPI. O dinheiro aplicado pode ser resgatado a qualquer momento. Com isso, ele fica
livre para realizar o que quiser com o dinheiro.
O montante pode servir para comprar a tão sonhada chácara, uma casa ou realizar uma bela
viagem. Outra opção é comprar à vista um produto de renda que garanta um valor mensal como
complemento à aposentadoria.
Ao contrário do que acontece nos planos de previdência, o FAPI cuida apenas do rendimento
na fase de acumulação. Ao final do período, o poupador retira todo o seu capital de uma vez.

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De forma geral, os planos de previdência PGBL e VGBL e o FAPI não exigem que a
contribuição seja mensal. No entanto, tenha sempre em mente que, quanto antes você começar a
poupar e quanto mais depositar, maior será sua tranquilidade durante a aposentadoria. É possível
fazer depósitos esporádicos! Você pode organizar-se conforme suas possibilidades.
Os planos PGBL e FAPI são bem parecidos em relação à tributação e à operação. O PGBL é
administrado por uma seguradora, que calcula o benefício de aposentadoria com base em cálculos
atuariais. Os cálculos atuariais são específicos para analisar riscos e expectativas, tão presentes no
que diz respeito a seguros, fundos de pensão e previdência. As técnicas das ciências atuariais
envolvem conhecimentos específicos de estatística e de matemática financeira.
O FAPI é administrado por um banco como outra aplicação qualquer. Quando chega o
momento da aposentadoria, o investidor deve procurar uma seguradora para comprar um produto
de renda. Vejamos a seguir uma comparação entre os planos PGBL, VGBL e FAPI.

Quadro 2 – Diferenças entre os planos de previdência privada

PGBL VGBL FAPI

público-alvo IR modelo completo IR modelo IR modelo completo


simplificado

garantia de renda não não não


mínima

benefícios ou renda Calculado no final do período de contribuição de acordo com o valor


acumulado.

carência De dois meses a 24 De dois meses a 24 Resgates antes de 1


meses, sem meses, sem ano – IOF de 5%.
penalidades de IOF, penalidades de IOF,
e carência de e carência de
resgate ou resgate ou
portabilidade. portabilidade.

instituição seguradora seguradora banco

IR sobre o capital sobre o rendimento sobre o capital


sacado sacado

incentivo fiscal sim – até 12% da não sim – até 12% da


renda bruta anual renda bruta anual

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A sucessão familiar nos planos é uma questão importante. No caso da morte do participante
durante o período de acumulação, no PGBL e no VGBL, a reserva acumulada vai diretamente para
os beneficiários, sem obrigação de passar por inventário. O mesmo acontece com a renda no período
de concessão do benefício, dependendo do tipo de renda escolhido pelo cliente.
No PGBL e no VGBL, em caso de morte do participante durante o período de acumulação
não entra no inventário. Existem algumas vantagens neste caso. Por exemplo:

1. Flexibilidade para escolher os beneficiários


Na contratação do plano, a indicação dos beneficiários pode ser feita livremente. Em caso de
falecimento do titular, será respeitado o percentual de reserva que cabe a cada um.

2. Liquidez facilitada
O recebimento do benefício é feito por volta de 15 dias após a entrega de toda a
documentação de resgate.

3. Isenção de tributos e redução de custos


Há isenção de Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações – ITCMD. Para o
recebimento de benefícios nesses planos, não há envolvimento de custos advocatícios ou outras
despesas judiciais, como certidões, gastos com cartórios e outros.

4. Privacidade absoluta
Os valores acumulados não entram em inventário. Isso proporciona uma sensível redução da
espera e de todo o desgaste com a burocracia.
Evita até mesmo algumas brigas familiares.

Vamos continuar a ler o caso do Franco?

Ernesto

— Estou convencido de que devemo-nos preparar para a aposentadoria. Outro dia, estava
lendo uma matéria no jornal sobre planos de previdência. Parece que os procedimentos são
simples no caso de sucessão familiar.

Franco

— Esses planos ajudam a planejar a sucessão de bens dentro da família. Eles são
interessantes porque evitam a demora e todo o desgaste que algumas famílias vivem quando
têm de fazer o inventário. Todo aquele processo de divisão dos bens de alguém que morreu
gera gastos, demora e dá dor de cabeça. Eu já vi cada caso...

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Ernesto

— Eu li que há dois tipos de planos e não entendi muito bem uma comparação que eles
fizeram sobre o imposto que precisamos pagar.

Franco

— Além da questão da sucessão familiar, outro aspecto interessante é que, no caso do PGBL,
você pode deduzir as contribuições feitas ao longo do ano quando for declarar seu IR.

Ernesto

— Mas e aquela complicação de duas tabelas de tributos?

Franco

— Ah! Isso não é tão complicado. Na verdade, existem duas tabelas que podem ser usadas
para calcular o quanto temos de pagar de IR. Uma é a tabela regressiva, e a outra é a
progressiva.

Ernesto

— Nossa!

Franco

— Vou dar uma dica. Você pretende deixar seu dinheiro rendendo no longo prazo, ou seja,
por mais de 5 anos? Se essa for sua vontade, não deixe de, no momento da contratação do
plano de previdência, optar pela tabela regressiva.

Franco

— A alíquota do IR nesse caso pode chegar a 10%, pois considera o prazo de acumulação da
contribuição. Na tabela progressiva, a alíquota do IR pode atingir a 27,5%. Existe essa
diferença porque a tabela progressiva tem como base de cálculo o valor acumulado.

Ernesto

— A diferença é muito grande!

A seguir, vamos entender melhor os tributos.

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Tributação dos planos de previdência
Os planos de previdência podem ser tributados com base em duas tabelas:
 Tabela progressiva – O cálculo do tributo segue a mesma regra do IR anual, com cinco
faixas de renda com alíquotas crescentes conforme maior renda tributável.
 Tabela regressiva – Apresenta seis faixas de alíquotas decrescentes, conforme o prazo de
acumulação de cada contribuição. No momento de contratação do plano de previdência,
o investidor deve optar entre as duas tabelas possíveis.

Vejamos um exemplo de tabela progressiva:

Tabela 3 – Tabela progressiva

tabela progressiva

base de cálculo mensal (R$) alíquota parcela a deduzir do imposto (R$)

até 1.903,98 - -

de 1.903,99 até 2.826,65 7,50% 142,80

de 2.826,66 até 3.751,05 15,00% 354,80

de 3.751,06 até 4.664,68 22,50% 636,13

acima de 4.664,68 27,50% 869,36

Tabela progressiva para o cálculo anual do Imposto de Renda de Pessoa Física a partir
do exercício de 2018.

Tabela 4 – Tributação regressiva definitiva

tabela regressiva

prazo de acumulação alíquota

inferior ou igual a 2 anos 35%

superior a 2 anos e inferior ou igual a 4 anos 30%

superior a 4 anos e inferior ou igual a 6 anos 25%

superior a 6 anos e inferior ou igual a 8 anos 20%

superior a 8 anos e inferior ou igual a 10 anos 15%

superior a 10 anos 10%

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Fundos de pensão
Fundos de pensão são entidades fechadas de previdência privada. Em outras palavras, são um tipo
de fundo de investimento dedicado à complementação de aposentadoria exclusiva para funcionários de
determinada empresa. Isso independe de a empresa patrocinadora ser pública ou privada.
Os fundos de pensão são organizados sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins
lucrativos. Os custos dos fundos de pensão são divididos por dois. Parte é responsabilidade da
empresa empregadora e parte fica a cargo do próprio funcionário.
Os valores de contribuição dos planos oferecidos dependem de cada empresa.
Os fundos de pensão têm sido usados como instrumento de política de recursos humanos.
Eles compõem o pacote de benefícios oferecidos pelas empresas. Esse tipo de instrumento faz com
que os funcionários se decidam mais facilmente pela aposentadoria quando atingem a idade em que
isso é possível.

Prepare-se para a aposentadoria


Antes da aposentadoria, alguns cuidados são necessários. As pesquisas com pessoas já
aposentadas mostram que aquelas que estão mais satisfeitas com a sua situação atribuem isso à
conduta que adotaram antes das suas aposentadorias. Vejamos:
1. Viva modestamente
Viver de acordo com a sua renda permite uma melhor adaptação no período de aposentado.

2. Mantenha o seu orçamento familiar


O controle financeiro ao longo da vida traz recompensas na aposentadoria, pois facilita a
adaptação à nova fase.

3. Comece cedo
Quanto antes o investimento dedicado à aposentadoria for iniciado, menor será o valor
mensal para atingir o mesmo objetivo financeiro.

4. Elimine as dívidas
Procure reduzir substancialmente todos os seus compromissos financeiros. Não se aposente
com dívidas ou encargos financeiros grandes. Você está se aposentando para aproveitar a vida, não
para ter mais preocupações!

5. Tenha seguro saúde


Seguro saúde é um dos aspectos fundamentais da vida de um aposentado. É ele que vai lhe
dar segurança para gozar a vida. São poucos os planos que oferecem vantagens para pessoas acima
dos 55 ou 60 anos.

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6. Pense nos seus dependentes
O cuidado com os dependentes financeiros é muito importante. Verifique quais serão as
necessidades deles nos próximos anos.

7. Diversifique os seus investimentos


Embora isso valha em toda a discussão sobre investimentos, é algo que ganha destaque no
planejamento da aposentadoria.

8. Permaneça no jogo
Mantenha-se em atividade e obtendo renda o quanto mais você puder. Essa atitude só irá
beneficiar sua aposentadoria, tanto psicologicamente quanto financeiramente.

9. Maximize contribuições
Os participantes de fundos de pensão ou de planos de previdência empresarial - PGBL
instituído - devem buscar maximizar suas contribuições ao plano. Isso deve acontecer,
principalmente, se houver contrapartida da empresa patrocinadora.

Depois da aposentadoria, você deve ter outros cuidados:


 Organize a sua carteira de investimentos
É essencial que você dedique mais atenção ainda aos seus investimentos. Afinal, você agora
vive quase exclusivamente deles! Não deixe de acompanhar com atenção o desempenho da sua
carteira.
 Procure viver apenas com o rendimento
Busque adaptar seus gastos ao rendimento dos seus investimentos. Dessa forma, não haverá
preocupação com falta de dinheiro.
 Crie gavetas orçamentárias
Uma das maneiras simples de lidar com seus investimentos quando aposentado é criar
basicamente duas gavetas. A primeira, de curto prazo, deve atender às despesas diárias, em que os
investimentos serão em títulos de maior liquidez e menor risco. A segunda gaveta é a dos
investimentos de curto para médio prazo, com um mix de investimentos que, em parte, proteja da
inflação e, em outra, proteja da elevação de juros da economia.

Ninguém sabe quanto tempo irá viver, então imagine que você viverá muito tempo e cuide
bem do seu dinheiro. Planeje os seus gastos detalhadamente e não arrisque a sua poupança. Não é
hora de correr riscos desnecessários.
Prepare-se bem para poder aproveitar muito essa nova fase da sua vida. Tenha maturidade
financeira. Dessa forma, você poderá realizar os seus sonhos. Você merece!
Parabéns! Você concluiu o curso Como planejar a aposentadoria. A FGV conta com a sua
participação no Curso 4 da Série dobre Finanças Pessoais. Até lá!

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BIBLIOGRAFIA
GARCIA, Fabio Gallo; EID JUNIOR, William. Como Planejar a Aposentadoria. São Paulo:
Publifolha, 2001.

Sites:
MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Receita Federal. Disponível em: < http://receita.economia.gov.br/
>. Acesso em: maio, 2019.

Anbima. Disponível em: < http://www.anbima.com.br/pt_br/pagina-inicial.htm >. Acesso em:


maio, 2019.

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PROFESSOR-AUTOR
Fabio Gallo Garcia é doutor em Finanças pela FGV-EAESP/University of Texas at Austin,
doutorando em Filosofia pela PUC/SP, mestre em Administração Contábil e Financeira pela FGV-
EAESP, bacharel em Administração de Empresas pela Fundação Octávio Bastos e graduado em
Engenharia de Agrimensura pela Faculdade de Agrimensura de Pirassununga.
Dedica-se ao estudo das finanças internacionais e finanças comportamentais. Trabalha com
pesquisa na área da Teoria de Sinalização, em que explora a assimetria de informações no mercado
de capitais, além de desenvolver temas em Banking, Contabilidade Gerencias e Finanças Pessoais.
Tem realizado trabalhos de valuation, consultoria e treinamento para empresas, como
Telebras, Saeg, Comusa, Semasa, Vale, Petrobras, Itaú BBA, Itaú Unibanco, Bradesco, CEF,
Sincredi, Emae, Banco Santander, Citibank, entre outras.
É ex-diretor administrativo-financeiro da Companhia de Processamento de Dados do Estado
de São Paulo (PRODESP), tendo exercido o cargo de chief financial officer da Eutectic, do Brasil, e
de outras empresas de grande porte. É sócio da Sinalização e Arte, Comunicação Visual, All Signs,
Giolaser Itaim e Axia Valorem Consultoria. Também é membro do Conselho de Administração da
Rossi Residencial e Conselho Fiscal da Azevedo & Travassos.

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