Você está na página 1de 53

CURSO ONLINE

ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

AULA 05 – ASPECTOS SOCIOCULTURAIS BRASILEIROS

Olá amigos, como ficou a matéria da aula passada na cabeça de


vocês? Tudo muito complicado ou deu pra entender esse monte de
assunto sobre o meio ambiente no Brasil e no mundo? Qualquer dúvida,
não hesitem em utilizar o fórum, ok?

Hoje trataremos aqui de mostrar como o Brasil vem se projetando


socialmente diante da América e do mundo em geral, e entender um
pouco mais desses índices que vemos tanto nos telejornais de todo o pais
e que tem sido objeto de cobrança comum nas provas de Atualidade ou
Conhecimentos Gerais do Brasil afora.

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

O Brasil e seus indicadores sociais

Bem, como vimos nas aulas demonstrativa e 3, o crescimento da


globalização, ao longo da segunda metade do século XX, fortaleceu a
tendência de integração regional como estratégia para fortalecer os países
frente ao novo cenário econômico, social e cultural.

Apesar disso, não podemos afirmar que existe uma unicidade


social, por assim dizer, entre o Brasil e seus coirmãos. Apesar da
vizinhança geográfica ou até mesmo da herança histórica que sempre
favoreceu o estreitamento de laços políticos e econômicos, os indicadores
sociais são extremamente distintos entre os povos sul-americanos.

Se observarmos os índices que nos mostram tanto os PIBs


quanto os IDHs de cada país, vemos ir por “água abaixo” nossa tendência
de pensar que um Produto Interno Bruto alto, como o do Brasil, garante
bons indicadores sociais ao nosso país. O que vemos na prática é algo
bem diferente, apesar da indiscutível superioridade econômica brasileira o
país mostra enorme dificuldade em alcançar um bom Índice de
Desenvolvimento Humano.

Os indicadores sociais são, na verdade , os meios utilizados para


designar os países como sendo desenvolvidos, emergentes ou
subdesenvolvidos. Assim, os organismos internacionais analisam os
países segundo vários pontos como:

• Expectativa de vida - média de anos de vida de uma pessoa


em determinado país

• Taxa de mortalidade - Corresponde ao número de pessoas


que morreram durante o ano

• Taxa de mortalidade infantil - Corresponde ao número de


crianças que morrem antes de completar 1 ano.

• Taxa de analfabetismo - Corresponde ao percentual de


pessoas que não sabem ler e nem escrever

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

• Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, baseada na paridade


de poder de compra dos habitantes.

• Saúde - qualidade da saúde da população.

• Alimentação - quantidade mínima e qualidade dessa


alimentação • Condições médico-sanitárias - acesso a esgoto, água
tratada, pavimentação etc.)

• Qualidade de vida e acesso ao consumo - corresponde ao


número de carros, de computadores, televisores, celulares, acesso à
internet entre outros.

Mas, vocês devem estar pensando “professora, nós veremos


todos esses indicadores??” De certa forma sim, mas não especificamente.

Digo de certa forma, pois nas aulas de política e economia


abordamos indiretamente a renda nacional, a saúde, e a qualidade de vida
da população, não foi? Mas não nos deteremos a números específicos, o
importante é assimilarmos a ideia do que esses índices nos dizem, ok?

Afinal, meus amigos, como podemos falar dos indicadores sociais


referentes a qualidade de vida, condições médico-sanitárias ou até mesmo
alimentação sem observar as políticas nacionais e econômicas em
desenvolvimento no país?

Portanto, os indicadores estão completamente atrelados a elas.


Querem um exemplo? O indicador social que toca no nível de escolaridade
estará diretamente ligado aos investimentos feitos na educação! Do
mesmo modo, a renda nacional aos fatores que movimentam a economia,
e qualidade e quantidade da alimentação brasileira aos investimentos
estruturais no campo, estradas, tecnologia etc.

Viram como falar de uma coisa é falar da outra? Preciso que


vocês tenham isso muito claro, pois os conhecimentos da nossa matéria
só fazem sentido quando conseguimos correlacioná-los.

Não podemos ignorar, também, que as transformações


demográficas, sociais e econômicas pelas quais passa a sociedade

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

brasileira impactam as condições de vida e saúde da população, ao


mesmo tempo em que geram novas demandas para o sistema de saúde
do País, pressionando-o no sentido de adaptar-se ao novo perfil de
necessidades.

Apesar de ter passado a Inglaterra e, em 2011, ter assumido a


posição de sexta economia mundial, o Brasil permanece com um
baixíssimo índice de desenvolvimento humano [IDH]. Ao final de 2012, o
Brasil voltou a ficar atrás da Inglaterra, como a sétima posição no ranking
das economias mundiais, posição que foi mantida ao final de 2013.

Acho importante ressaltar aqui é que o crescimento econômico


do país não significou a mesma proporção em avanços do Índice de
Desenvolvimento Humano, conhecido pela sigla de IDH. Mas afinal o que
é isso?

O Índice de Desenvolvimento Humano


(IDH) é uma medida resumida do progresso a longo
prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento
humano: renda, educação e saúde.

O objetivo da criação do IDH foi justamente o de oferecer um


contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto
(PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do
desenvolvimento.

Como já vimos, a dimensão econômica de determinado país


no mundo não reflete necessariamente a qualidade de vida da sua
população. Nesse sentido, temos o PIB brasileiro como o maior da
América do Sul, mas sem significar que tenhamos o melhor ou maior IDH
(índice de desenvolvimento humano) da região, que ficou para o Chile.

“E o que isso significa, professora??”

Significa, pessoal, que nosso crescimento econômico foi muito


bom na década de 2000 – o PIB é medido a partir da soma do valor de
todos os serviços e bens produzidos em um período determinado. No

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

entanto, apesar de termos muitas riquezas para comercializar, um volume


imenso de dinheiro rodando pelo país e entrando nos cofres públicos, isso
não resulta, necessariamente, em qualidade de vida para a população. 

Então creio que se eu perguntasse a vocês: ”Qual o país da


América Latina apresenta o menor índice de desigualdade?” Sua resposta
seria Chile, certo???

Erraaaado!! Pois é, o Chile possui o melhor IDH, no entanto,


queridos, quando se fala em desigualdade, surge um dado recente
importantíssimo de sabermos: a Venezuela é o país com menor
desigualdade da América Latina!

Muitos de vocês devem estar se perguntando por que não


ouviram falar disso, não é mesmo? O engraçado é que eu me perguntei a
mesma coisa quando li isso num jornal muito pouco conhecido!! Mas o
fato é que a Venezuela é mesmo o país com menor desigualdade
entre ricos e pobres da América Latina e Caribe, segundo o informe
apresentado pela ONU em agosto de 2012! Vamos dar uma olhadinha no
quadro abaixo ?

Como podemos observar analisando o quadro acima, mesmo


tendo caído pela metade desde 1990, o número de pobres e indigentes no
5

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Brasil (de 41%, em 1990, para 22% da população em 2009), ainda temos
uma desigualdade gigante no Brasil proporcionando aos seus cidadãos um
desenvolvimento social muito aquém dos recursos que nossa economia
gera.

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Desigualdades econômicas e sociais

De forma geral, pode-se afirmar que um país com tantos


recursos econômicos como o Brasil deveria estar se transformando num
modelo de sociedade homogênea e igualitária, não é mesmo? No entanto,
o que vemos na prática é algo muito diferente de tudo isso.

Não é segredo pra nós que a desigualdade social no Brasil é uma


das maiores do mundo, e embora nós até já tenhamos, em grande parte,
nos acostumado a conviver com esse dado, ele está longe de ser
aceitável.

Antes de mais nada, é fundamental compreendermos que o


conceito de desigualdade social é um verdadeiro guarda-sol, daqueles
bem grandes que vemos nas reportagens que mostram as praias
badaladas do Brasil, sabe?

Pois é, pessoal, estou falando do tal guarda-sol porque só um


daqueles daria conta de aglomerar os diversos tipos de desigualdades que
antecedem e contribuem diretamente para as que são nosso alvo: a
econômica e social.

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

A começar pela desigualdade de oportunidade, de resultados, até


as desigualdades de escolaridade, de renda, de gênero, etc, tudo isso
entraria no guarda-sol da desigualdade econômica/social.

De modo geral, a desigualdade econômica – a mais conhecida –


é chamada imprecisamente de desigualdade social, dada pela distribuição
desigual de renda. No Brasil, a desigualdade social tem sido um cartão de
visitas para a comunidade internacional, uma vez que pertencemos à lista
dos países mais desiguais do mundo.

Segundo dados da ONU, em 2005 o Brasil era a 8º nação mais


desigual do mundo e em 2010 ele subiu para a terceira colocação,
segundo dados do primeiro relatório do Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD) sobre América Latina e Caribe.

Alguns dos pesquisadores que estudam a desigualdade social


brasileira atribuem, em parte, a persistente desigualdade brasileira a
fatores que remontam ao Brasil Colônia. A máquina midiática, em especial
a televisiva, produz e reproduz a ideia da desigualdade, creditando o
“pecado original” como fator primordial desse flagelo social e, assim, por
extensão, o senso comum “compra” essa ideia, ao afirmar que são três os
“pilares coloniais” que apoiam a desigualdade: a influência ibérica, os
padrões de títulos de posse de latifúndios e a escravidão.

É evidente que essas variáveis contribuíram intensamente para


que a desigualdade brasileira permanecesse por séculos em patamares
inaceitáveis. Todavia, a desigualdade social no Brasil tem sido percebida
nas últimas décadas, não como herança pré-moderna, mas sim como
decorrência do efetivo processo de modernização que tomou o país a
partir do início do século XIX.

Junto com o próprio desenvolvimento econômico, cresceu


também a miséria, as disparidades sociais – educação, renda, saúde, – a
flagrante concentração de renda, o desemprego, a fome que atinge
milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a baixa
escolaridade, a violência. Tudo isso acaba sendo mera expressão do grau
a que chegaram as desigualdades sociais no Brasil.

Segundo Rousseau, a desigualdade tende a se acumular, já que


os que vêm de família modesta têm, em média, menos probabilidade de

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

obter um nível alto de instrução. Do mesmo modo, os que possuem baixo


nível de escolaridade têm menos probabilidade de chegar a um status
social elevado, exercer profissão de prestígio e ser bem remunerado.

É verdade que as desigualdades sociais são em grande parte


geradas pelo jogo do mercado e do capital, assim como é também
verdade que o sistema político intervém de diversas maneiras! Às vezes
mais, às vezes menos, mas o sistema político interfere para regulamentar
e corrigir o funcionamento dos mercados em que se formam as
remunerações materiais e simbólicas, não é mesmo?

Mas o que a gente percebe é que o combate à desigualdade


deixou de ser entendido como uma responsabilidade nacional e passou a
sofrer certa regulação de instituições multilaterais, como o Banco Mundial.

De todo modo, o fato é que o Brasil tem o terceiro pior índice de


desigualdade no mundo e, apesar do aumento dos gastos sociais nos
últimos doze anos, apresentou uma baixa mobilidade social e
educacional entre gerações.

Segundo o estudo, do Programa das Nações Unidas para o


Desenvolvimento sobre América Latina e Caribe, essa região é a mais
desigual do mundo. "A desigualdade de rendimentos, educação, saúde e
outros indicadores persiste de uma geração à outra, e se apresenta num
contexto de baixa mobilidade socioeconômica", disse o estudo do órgão da
ONU, concluído em julho de 2010.

Entre os 15 países com maior diferença de renda entre ricos e


pobres, dez estão na América Latina e Caribe. Na região, o Brasil empata
com Equador e só perde para Bolívia e Haiti em relação à pior distribuição
de renda.

Quando outros continentes são incluídos, a Bolívia ganha a


companhia de Madagáscar e Camarões no primeiro lugar, e o Haiti tem ao
seu lado, na segunda posição, Tailândia e África do Sul. Para o PNUD,
esses países apresentam índices "muito altos" de desigualdade.

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Bem, que há desigualdade em nosso país não restam


dúvidas né, pessoal? Mas, afinal de contas, onde ela se localiza
principalmente?

Os dados de 2010 apontaram ainda que as mulheres e as


populações indígena e afrodescendente são as mais prejudicadas pela
desigualdade social na região.

No Brasil, por exemplo, apenas 5,1% dos descendentes de


europeus vivem com menos de 1 US$ por dia. O porcentual sobe para
10,6% em relação a índios e afros, cenário que poderia ser alterado
consideravelmente se houvesse mais acesso à infraestrutura, saúde e
educação.

O relatório do órgão da ONU destacou ainda que a maior


dificuldade na América Latina é impedir que desigualdade social persista
no decorrer de novas gerações, já que ela acaba se reproduzindo, tanto
por razões econômicas quanto políticas.

Esses números não são nada positivos para o Brasil, já que pelo
menos 58% da população brasileira mantém o mesmo status social de
pobreza entre duas gerações - enquanto em países mais desenvolvidos
como o Canadá e os países nórdicos esse índice é de 19%.

Mas fiquem tranquilos, porque estou falando de porcentagens


aqui apenas para ficar bem clara a explicação, mas ninguém precisa
guardar todos esses números, ok? O que precisa estar bem forte são as
ideias que eles nos evidenciam!!

Brasil avança no IDH


O levantamento da ONU-Habitat ressaltou ainda que, apesar dos
problemas e desafios para desenvolver as cidades, o Brasil e a América
Latina estão prestes a viver um novo ciclo de transição urbana, que tem

10

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

como objetivo garantir a “melhora fundamental da qualidade de vida nas


cidades”, com igualdade e sustentabilidade.

O estudo ainda afirma que “um dos casos mais famosos e


exitosos” da América Latina com relação à regulamentação da
administração pública das cidades é a Lei de Responsabilidade Fiscal,
promulgada no Brasil em 2000. A lei impõe um controle na capacidade
de endividamento e equilíbrio nas contas públicas, e proíbe a acumulação
de déficits de um período de governo para outro.

As principais soluções para as cidades consistem em promover


políticas de harmonização e coesão territorial, acelerar o ritmo das
reformas urbanas e investir mais esforços no monitoramento das cidades.
Para ele, existe experiência, capacidade, recursos e consciência política
para melhorar a qualidade de vida nas cidades. “O principal desafio é
como desenvolver instrumentos para combater as desigualdades enormes
dentro das cidades”

Nesse sentido, o Brasil avançou sobremaneira, com o número de


cidades brasileiras com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) alto,
segundo estudo divulgado no mês de agosto de 2013.

Segundo os dados, o Brasil saltou de nenhuma cidade com IDH


alto em 1991 para 1.889 em 2010, ou seja, quase duas mil cidades do
país melhoraram significativamente o seu IDH, não é mesmo? Isso
equivale a 33,9% de municípios do país, o que permitiu que o Índice de
Desenvolvimento Humano das cidades brasileiras subisse da classificação
"muito baixo" para "alto", como indica o Atlas do Desenvolvimento
Humano no Brasil 2013.

O estudo foi elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o


Desenvolvimento (Pnud), que calcula o IDH por países no mundo todo, e
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir dos dados
dos censos de 1991, 2000 e 2010.

No campo econômico, existem países com economia madura,


como Brasil e Argentina, enquanto outros são mais frágeis
economicamente, como Bolívia e Paraguai. Já no campo social, a América
do Sul sofre, de forma generalizada, com o problema da desigualdade na
11

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

distribuição de renda e com a concentração do poder econômico nas mãos


de uma minoria. Basta analisarmos, ainda que rapidamente, os dados
acima, para percebermos.

A Venezuela, com 0,41 no índice de Gini, é o de menor


inequidade, segundo dados de 2009 (mas continua sendo mais desigual
que os Estados Unidos ou Portugal - o mais desigual de Europa).

O governo venezuelano, na ocasião presidido por Hugo Chávez


(falecido em 2013), teve como uma de suas metas principais a redução da
pobreza extrema e a inclusão social, objetivos que vinha alcançando,
segundo as cifras oficiais, graças aos programas sociais e científicos que
desenvolve para as populações mais vulneráveis.

Como podemos constatar, o continente sul-americano é marcado


por ampla heterogeneidade política, social e econômica. Ao mesmo tempo
em que há países com o regime democrático consolidado, como o Brasil,
há outros em que ainda persistem regimes autoritários, que limitam a
liberdade de imprensa e de opinião, como é o caso da Venezuela.

A existência de todas essas heterogeneidades é um ponto que


cria complicações ao processo de integração na América do Sul. E por que
essa integração é tão valorizada?

Bem, uma vez que o território esteja integrado, isso significa que
os interesses estão compatíveis e, portanto, se reduziria a possibilidade de
conflitos na região. Embora a iniciativa de formação da UNASUL ressalte a
intenção de congregar todos os países da América do Sul sob um único
bloco econômico, o que se vê na prática é outra coisa.

Atualmente, há dois fortes blocos no continente: o MERCOSUL


(formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela) e a
Comunidade Andina (Bolívia, Colômbia, Equador e Peru).

Vejamos como este assunto foi abordado em alguns concursos


públicos recentes!

12

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

(ESAF/MPOG/2013) Numa escala que vai de muito alto a


baixo, passando por alto e médio desenvolvimento humano, o
Brasil está classificado no segundo grupo (alto desenvolvimento
humano). Esse Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi
criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) para medir as variações na qualidade de vida das diversas
populações do mundo. Os indicadores considerados pelo IDH são:

a) alfabetização, renda e democracia.

b) educação, longevidade e renda.

c) expectativa de vida, saneamento e cultura.

d) saúde, mobilidade urbana e emprego.

e) ciência, lazer e alimentação.

COMENTÁRIOS

Bem, amigos, pra responder a essa questão só precisaríamos


estar ligados no conceito de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
que vimos anteriormente, não é mesmo? Vimos que ele é uma medida
que resumi o progresso, a longo prazo, de três pontos fundamentais do
ser humano: renda, educação e saúde.

Questão acima não há nenhuma alternativa que cite exatamente


esses três, mas a letra B fala em dois deles e cita longevidade. Ora, todos
nós sabemos que a longevidade não é possível existir sem saúde, portanto
ela se relaciona diretamente com o item faltante, não é mesmo? Assim, a
letra B está correta!!

(CESPE / Analista de Tecnologia da Informação – BRB /


2011) De acordo com o coeficiente de Gini, a desigualdade entre
os brasileiros no período de 2004 a 2009 diminuiu.

COMENTÁRIOS

13

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Bom, pessoal, apesar de ser uma questão relativamente antiga,


acho legal ela estar presente no curso pois nos dá oportunidade de
trabalharmos um conceito que não apareceu ainda, mas que possui igual
importância: o “Coeficiente de Gini”?

O Coeficiente de Gini é um parâmetro


internacional, desenvolvido pelo matemático
italiano Corrado Gini em 1912, usado para medir a
desigualdade de distribuição de renda dos países.

Segundo a publicação divulgada pelo IPEA, em setembro de


2011, de 2004 a 2009, a desigualdade na distribuição de renda dos
brasileiros diminuiu 5,6% e a renda média real subiu 28%.

A evolução na distribuição de rendas teria sido motivada, ainda


segundo os dados do IPEA, pelo crescimento econômico e a geração de
empregos. Desta forma, a renda das classes mais pobres sofreu
aumentos, enquanto a renda das pessoas mais ricas teve ligeira
estabilidade. Portanto, a afirmativa está realmente correta!

Gabarito: Certo

(CESPE / Especialista em gestão, regulação e vigilância


em saúde – SESA-ES / 2011) Em geral, as regiões menos
desenvolvidas no mundo contemporâneo apresentam sérias
deficiências de saneamento básico — ausência, por exemplo, de
sistema de esgotamento sanitário e de fornecimento de água
tratada —, o que acarreta diversos tipos de doença, onera os
serviços de saúde pública e eleva o número de óbitos.

COMENTÁRIOS

Afirmativa correta. A análise do texto está corretíssima. Como


falei na aula anterior, pessoal, aqui está um claro exemplo de panorama
mundial que se encaixa perfeitamente na nossa realidade. Se formos
pensar, por exemplo, nos países ou regiões em desenvolvimento em todo
mundo, vamos perceber que apresentam sérias deficiências de
saneamento básico e péssimas condições sociais. No caso do Brasil, as
regiões Norte e Nordeste são as que apresentam menor desenvolvimento
14

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

quando comparadas com o Sul ou Sudeste, são também marcadas por


enormes deficiências sociais e estruturas mínimas de saneamento.

Além disso, e para agravar a situação, as condições climáticas,


de relevo e geográficas contribuem para a ocorrência de períodos em que
a população dessas áreas sofra ainda mais com as péssimas condições de
vida.

Gabarito: Certo

Mesmo com índices tão altos de pobreza no Brasil, o último


Censo, de 2010, apontou a redução da desigualdade social no país. Além
do aumento de renda, os dados do IBGE demonstraram queda da
mortalidade infantil e aumento da frequência escolar, especialmente nas
regiões Norte e Nordeste, que permanecem sendo as mais pobres.

Os avanços nos indicadores sociais do Brasil na última década,


apontados pelos resultados gerais da amostra do Censo 2010, mostram
que o país está no caminho - que ainda será bem longo – para conseguir
erradicar a miséria.

A avaliação do MDS, Ministério do Desenvolvimento Social e


Combate à Fome, tanto o aumento do salário mínimo, os programas de
transferência de renda (como Bolsa Família e Benefício de Prestação
Continuada), quanto os incentivos fiscais para equipamentos da linha
branca beneficiaram o consumo de bens duráveis das famílias mais
pobres.

No Nordeste, por exemplo, 86,5% dos domicílios têm geladeira,


e no Norte, 83,8%, demonstrando que a renda domiciliar melhorou,
especialmente no Nordeste – que obteve um crescimento de 25,5% entre
2000 e 2010.

A região Norte ficou em terceiro lugar, com aumento de 21,6% -


atrás somente do Centro-Oeste, com aumento de 23,4%. Apesar disso, a
expectativa é de que os programas de transferência de renda melhorem
ainda mais esses números a longo prazo, já que o Brasil vem realizando
consideráveis esforços para melhorar a incidência do gasto social.

15

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Conforme argumenta a socióloga Amélia Cohn, a partir dessa


ideia “se inventou a teoria do capital humano, pela qual se investe nas
pessoas para que elas possam competir no mercado”. Ressaltando,
pessoal, que essa é exatamente a lógica dos programas de sociais.

Ainda que eles sofram inúmeras críticas por seu caráter, segundo
alguns, paternalista, a lógica desses programas de transferência de renda
está justamente em encarar isso como um investimento na qualificação do
indivíduo.

O fato é que sem um efetivo Estado democrático, não há como


combater ou mesmo reduzir significativamente a desigualdade social no
Brasil, que determina, diretamente, o índice Gini, que mede a
desigualdade de renda no país. Em 2009, esse índice divulgou que o Brasil
caiu de 0,58 para 0,52 (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade),
porém a desigualdade continua gritante.

O fato é que quando tomamos os números da desigualdade


social brasileira, constatamos que estes afetam o próprio desenvolvimento
humano do país, colocando-o no mesmo patamar de nações como a
República Dominicana e o Suriname.

Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), quando


ajustado à desigualdade social brasileira, cai de cai de 0,718 (índice que
situaria o país no grupo dos países com desenvolvimento humano
elevado) para 0,519 (índice de países com desenvolvimento humano mais
baixo).

O impacto negativo da desigualdade no IDH do Brasil é maior


que a média de perda global e a dos países da América Latina, ou seja, o
nível acentuado da desigualdade nacional fica evidente quando
comparamos o impacto negativo que ela exerce no Brasil em relação a
outros países.

Se o Brasil entrar numa nova fase de crescimento de sua


economia, é possível que isso mude. A base de superação das
desigualdades sociais já está sendo lançada: ampliou-se a oferta de vagas
nas universidades, por exemplo. No Brasil, o número de matrículas no
ensino superior triplicou em uma década, e o país está superando o atraso
histórico de sua educação, inclusive em relação à Argentina.

16

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Amigos, como foram muitas informações até aqui, é bom


lembrar, para que fique bem claro pra todos, que há uma significativa
diferença entre desigualdade econômica e desigualdade social. A primeira
delas é praticamente autoexplicável, no entanto a segunda se liga se
confunde diretamente com o nosso próximo item: discriminação e
exclusão social, que são os principais responsáveis pelo segundo tipo de
desigualdade que aqui nos referimos: o social!

Numa discussão muito recente sobre a constitucionalidade ou


não das cotas raciais para universidades, ocorrida no final do mês de abril
de 2012, o STF decidiu por unanimidade sobre a validade das cotas.

Pois bem, o fato é que o principal argumento da maior parte dos


ministros se calcou na “evidente” desigualdade social entre negros e
brancos. A ministra Rosa Weber, apresentou um argumento que nos faz
refletir e compreender com mais clareza a diferença entre a desigualdade
econômica e a social.

Quando ela afirmou que “não se pode dizer que os brancos em


piores condições financeiras têm as mesmas dificuldades dos negros,
porque nas esferas mais almejadas das sociedades a proporção de
brancos é maior que de negros”, muito ela nos deixou a pensar.

Ora, pessoal, por mais que a condição econômica de dois


cidadãos seja exatamente igual, o simples fato de terem a cor da pele
diferente os colocará em posições sociais diferentes, gerando, portanto,
desigualdade social! É claro que isso vem se modificando e nem todos nós
temos o desprazer de presenciar práticas preconceituosas, mas isso não
significa que elas não existam!

Pessoal, não estou entrando no mérito da legitimidade ou não


das cotas raciais, até porque esse é um assunto bastante polêmico
mesmo. No entanto, independente de nossas opiniões pessoais a respeito
desse assunto, a teoria que o ronda e valida sua legalidade é exatamente
essa de que o preconceito racial é a raiz da desigualdade social.

(Questão inédita) Os programas de transferência de renda foram


um dos principais responsáveis pela diminuição na desigualdade
social constatada pelo IBGE no último censo, realizado em 2010 .
17

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


MAICON DE PINHO SOUZA01984175009

CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Essa afirmação está corretíssima!

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica


Aplicada (IPEA) revela que os programas de transferência de renda, como
o Bolsa Família, contribuíram significativamente para a queda da
desigualdade no Brasil na última década.

Outros estudos acadêmicos sobre a desigualdade no Brasil


apontam esses programas para à população de baixa renda como
fundamentais para erradicação da pobreza e redução da desigualdade.

Embora estes programas seguramente não constituam uma


solução única e permanente para os problemas sociais do país, não há
dúvida de que devem fazer parte de qualquer proposta séria de promoção
de uma sociedade mais justa.

Resposta: correta

Distribuição de renda
Bem, o simples pensar em distribuição de renda em nosso país
nos pede para viajar, só um pouquinho, pela nossa história! Talvez esse
seja um dos motivos pelos quais eu me apaixonei por História, já que tudo
parece partir dela e fica bem mais compreensível a partir de seus
pressupostos.

Mas, enfim... a particularidade brasileira de acúmulo de capital


nas mãos e poucos, permeia a nossa história, desde o Brasil Colônia.
Naquele momento, iniciamos um pressuposto de extrema desigualdade e
criamos a manutenção de
elevado contingente de
cidadãos que passariam a
viver abaixo da linha de
pobreza. Vejam a pirâmide
abaixo:

18

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Conforme a imprensa está sempre noticiando, o Brasil é um dos


países do mundo com a pior distribuição de renda, todavia, amigos, é bom
lembrarmos que ele também é um dos mais industrializados, cujo PIB e a
economia estão entre os 10 maiores do mundo!!

Assim, não é de hoje que o Brasil é mundialmente conhecido por


ser um dos países com a pior distribuição de renda do mundo. Sempre
lembrado por seu alto grau de desigualdade, tanto de renda como de
patrimônio, em 2004, foi indicado em 2011 como o 8º pior índice de
desigualdade entre os 127 países analisados – perdendo apenas de sete
países africanos.

Pra termos uma ideia da seriedade desse problema, solucioná-lo


passou a integrar, há 12 anos atrás, o programa de governo do então
candidato Lula, que insistia na importância de programas de transferência
de renda para diminuir o enorme abismo existente entre as classes sociais
no Brasil.

De fato, após o governo Lula, o último censo constatou que


ações dessa natureza implementadas por ele, geraram uma redução de
21% no coeficiente de Gini brasileiro - índice que mede a desigualdade
de distribuição de renda em uma sociedade.

Apesar disso, o Brasil ainda apresenta uma das piores


distribuições de renda do mundo! :-(

Os resultados desse censo trouxeram à tona dados que


mostraram que a desigualdade de renda ainda é bastante acentuada no
país.

Assim, embora a média nacional de rendimento domiciliar per


capita tenha sido estimada em R$ 668 em 2010, 25% da população
recebia no máximo R$ 188 e metade dos brasileiros R$ 375, ou seja, bem
menos do que o salário mínimo vigente no ano (R$ 510).

Em 2010, a incidência de pobreza era maior nos municípios de


porte médio (10 mil a 50 mil habitantes), ou seja, a renda ficava mais
concentrada nos grandes centros, né? Além disso, foi constatada a
permanência de uma expressiva diferença de rendimento entre homens e
mulheres, em que eles ganhavam, em média, 47% mais que elas.

19

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

O rendimento e a forma como essa renda é distribuída é um dos


temas abordados mais importantes pra nossa compreensão nesse
momento, mas o Censo analisou muitos outros indicadores sociais nos
5.565 municípios brasileiros.

Assim, vimos que a população urbana tem um rendimento médio


quase dez vezes maior do que o da rural. Esses dados, unidos a outros
sobre o rendimento per capita do município, me permitem afirmar que nas
áreas mais urbanizadas estão as maiores concentrações de renda!

Outro dado que chama atenção, mas que continua mantendo


uma tendência histórica, diz respeito ao maior rendimento domiciliar per
capita nos estados das regiões Sul e Sudeste – em contraposição ao Norte
e Nordeste do país.

Por fim, eu gostaria de me deter aqui a um dos dados que


mostra que a população preta e parda passou a ser maioria, atingindo a
marca dos 50,7%.

Você deve estar aí se perguntando o que isso tem a ver com a


distribuição de renda, né? Vejamos:

A comparação das pirâmides etárias referentes aos anos de 2001


a 2010 mostra que, para os três principais grupos (pretos, brancos e
pardos), houve estreitamento da base da pirâmide devido à diminuição da
fecundidade.

Sendo assim, duas diferenças despontam. Pretos e pardos


mostram maior proporção de pessoas abaixo de 40 anos, enquanto os
brancos têm maior proporção de idosos. E o que isso nos diz sobre renda?

Diz que, muito provavelmente, existe uma expressiva diferença


nas condições de vida e acesso a cuidados de saúde, entre as raças,
portanto me diz que há uma distribuição bem desigual na distribuição de
rendimentos.

Apesar disso, acho que a grande questão aqui é o que o


governo tem feito para amenizar essa situação periclitante, onde tanto
tem pouco e poucos têm muito!!.

20

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Até outubro de 2003, o Brasil tinha quatro Programas de


Transferência de Renda com Condicionalidades no âmbito federal. O
primeiro a ser criado, em 1996, foi o Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil (Peti), voltado para crianças de 7 a 15 anos obrigadas a
trabalhar ou submetidas a atividades perigosas, insalubres e degradantes.

O Peti é composto por uma bolsa de R$ 25,00 para crianças de


áreas rurais, e R$ 40,00 de áreas urbanas, além de um orçamento
suplementar para os municípios, com o objetivo de criar uma jornada
escolar ampliada, de tal forma que as crianças não tenham tempo para
trabalhar.

Como contrapartida, os beneficiados menores de 16 anos não


podem trabalhar e devem ter uma frequência escolar de 75% no ano. O
programa, no entanto, acabou sendo parcialmente incorporado ao Bolsa
Família a partir de 2006.

O segundo PTCR federal no Brasil foi o Bolsa Escola, criado em


2001. A contrapartida para participar do programa era a frequência
escolar mínima de 85% no ano para as crianças de 6 a 15 anos. O
benefício era concedido a famílias cuja renda per capita se situava abaixo
de R$ 90,00. O valor da bolsa era de R$ 15,00 por criança, com um teto
de R$ 45,00 por família.

Um pouco depois do Bolsa Escola foi criado o Bolsa Alimentação,


um PTCR da saúde, cujas contrapartidas eram: aleitamento materno;
exames pré-natais para gestantes; e vacinação das crianças. O valor da
bolsa era de R$ 15,00 por criança entre 0 e 6 anos, com teto de R$ 45,00
por família. O programa estava a cargo do Ministério da Saúde. Em 2003
foi criado um quarto programa, o Cartão Alimentação, uma transferência
de R$ 50,00 para famílias cuja renda per capita não alcançava meio
salário mínimo. Seu uso estava limitado, exclusivamente, à compra de
alimentos.

Cada programa tinha sua agência executora e a coordenação


entre elas era mínima. Com a falta de comunicação, muitas famílias que
se encontravam na mesma condição, acabavam recebendo quantias
diferentes de benefício. Na tentativa de solucionar o problema, em
outubro de 2003, o governo federal criou o programa Bolsa Família,
com o objetivo de unificar todos os programas de transferência de
21

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

renda, a partir de um Cadastro Único, facilitando assim a gestão e


distribuição dos recursos. O Bolsa Família também incorporou o Vale-Gás,
uma transferência sem contrapartida.

Para o Bolsa Família, no início, as famílias pobres foram divididas


em dois grupos: as extremamente pobres, com renda familiar per capita
mensal de até R$ 60,00; e as pobres, com renda familiar per capita
mensal de R$ 60,00 a R$ 120,00.

As famílias extremamente pobres participantes recebiam um


benefício fixo de R$ 50,00 independentemente da composição familiar.
Além disso, o programa contava com um benefício de R$ 15,00, recebido
para cada criança de até 15 anos, ou cada gestante. As contrapartidas
exigidas pelas antigas ações também foram herdadas pelo programa
unificado.

A realidade é que no Brasil as classes dirigentes poucas vezes


desprenderam grandes esforços para melhorar as questões de distribuição
de renda. Em consequência disso, temos graves prejuízos sociais como a
violência, péssimas condições de vida e trabalho etc., temas que também
abordaremos nesta aula.

Agora vamos ver como essas questões podem ou já foram


cobrados em concursos anteriores

(ESAF/MPOG/2013-adaptada)- Desigualdades sociais e


econômicas, além de regionais, marcam a trajetória histórica do
Brasil, que ainda praticou oficialmente a escravidão por cerca de
quatro séculos. A concentração da riqueza é realidade que,
lançando raízes já no século XVI, estende-se aos dias de hoje.
Relativamente a esse tema, julgue os itens a seguir

1-) Estudos comprovam que programas de transferência de renda,


a exemplo do Bolsa Família, desempenham idêntico papel no
combate à pobreza e na redução da desigualdade.

A assertiva está errada. E verdade que os programas de transferência de


renda influenciam diretamente tanto no combate a pobreza quando na
redução da desigualdade. No entanto, é incorreto dizer que isso se dá de
22

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

forma idêntica pois as proporções são bem diferentes. Exemplo disso, é


que o Brasil continua entre os países mais desiguais do mundo ainda que
sua pobreza tenha diminuído em mais de 20 %.

2) Dados oficiais mostram que, em municípios com alta cobertura


de programas como o Bolsa Família, é bastante significativa –
próxima dos 20% – a redução do índice de mortalidade infantil.

A assertiva esta correta

3) Análises recentes demonstram que o maior problema de um


programa como o Bolsa Família, que repercute em seus
resultados, consiste no reduzido universo de famílias por ele
abrangido.

A assertiva esta errada.

4) No combate à desigualdade social, o Brasil se orgulha de ter


superado a face mais visível da concentração de renda, a
educação, que elimina a possibilidade de oportunidades futuras
para os excluídos.

A assertiva está errada. Conforme o próprio enunciado da questão já traz

COMENTÁRIOS

Bem, amigos, essa questão vem mostrar o quanto este assunto é atual e
precisa ser compreendido né?

(Questão inédita) Foi no governo Lula que os programas de


transferência de renda foram implementados no Brasil
modificando por completo a realidade brasileira no que diz
respeito as desigualdades sociais.
Bem pessoal essa questão está duplamente errada. Primeiro
porque a desigualdade social foi amenizada com os programas de
transferência de renda, no entanto, os índices de pobreza e distribuição de
renda continuam aviltantes.
O segundo ponto equivocado da questão está em afirmar que foi
no governo Lula que esses programas tiveram início. Na realidade, esses
programas já existiam, mas não sob a forma do Bolsa Família. Se a
questão tivesse falado especificamente sobre esse programa, ela estaria

23

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

parcialmente certa, já que este sim foi uma criação especifica do governo
Lula, de todo modo, não dói suficiente para modificar , por completo a
realidade da pobreza no Brasil.

O programa Bolsa Família é uma das principais ações


governamentais que teve inicio na década de 90 e considera
extremamente pobres as famílias com renda domiciliar até R$ 70 e
pobres, aquelas com até R$ 140.

(FMP / Auditor Público Externo – TCE-RS / 2011) Acerca do


crescimento econômico e da distribuição de renda no Brasil,
podemos afirmar que:

(A) a base da política econômica do Governo Fernando Henrique


Cardoso, que debelou a inflação e garantiu um cenário de estabilidade
econômica foi fundamentada, entre outras coisas, no controle do gasto
público.

(B) o recente crescimento econômico no Brasil se explica pela


melhora do sistema educacional nos últimos anos e por uma pauta de
exportações de elevado valor agregado, fundado na geração de inovação
(marcas, patentes, know how).

(C) a melhora econômica do Brasil não guarda correlação com o


crescimento chinês, o qual está sendo responsável pela destruição da
indústria nacional.

(D) o Brasil vem tendo piora constante nos últimos vinte anos
em distribuição de renda, por isso os crimes violentos vêm diminuindo em
todo país.

(E) o PIB per capita do Brasil é inferior ao da China e da Índia.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta. O governo de Fernando Henrique


Cardoso conseguiu debelar a inflação e estabilizar a economia no país,

24

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

adotando políticas baseadas no controle dos gastos públicos, exatamente


como afirma esta opção que, portanto, está certa.

A opção B está errada. Há uma grande concentração na pauta


de exportações brasileiras em produtos primários, são 5 os principais:
minério de ferro, petróleo em bruto, complexo soja, açúcar e complexo
carnes. Ainda existe certa deficiência nas exportações de manufaturados e
produtos geradores de inovação.

A letra C também está incorreta. Ao contrário do que diz a


afirmativa, o crescimento da economia brasileira está relacionado com o
crescimento chinês, pois a China é o maior comprador de minério de ferro
e soja do país.

A letra D está incorreta. Segundo os dados do IBGE houve


uma melhora de 10% na distribuição de renda no país nos últimos 10
anos. Alguns dos mecanismos que ajudaram a melhorar esta estatística
foi o aumento dos gastos do governo com educação, saúde e programas
assistenciais. Mais um dado que deve ser levando em consideração é que
a afirmativa diz que a diminuição dos crimes violentos está relacionada
com a má distribuição de renda, na verdade, a tendência é de os crimes
violentos aumentarem se houvesse piora na distribuição de renda. Deste
modo, a alternativa está incorreta.

A letra E, igualmente, é errada. Apesar do crescimento do PIB


per capita da China e da Índia terem crescido mais que o do Brasil –
10,3%, 8,6% e 7,5% de crescimento, respectivamente – o PIB brasileiro
ainda é maior que o dos dois países. Nesse caso, é importante atentar
para o que diz a alternativa. Se tivesse dito que o crescimento do PIB
destes dois países é maior que o do Brasil, estaria correto. Mas, como
disse que o PIB per capita desses países é maior que o do Brasil, a
alternativa torna-se errada.

(CESPE – 2011 – ANALISTA DE CORREIOS) Considerando o


desempenho da economia brasileira nos últimos anos, julgue os
item subsequente.

O Brasil experimenta, a partir de 2005, expansão da renda


nacional per capita aliada à gradual melhora do padrão de
25

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

distribuição de renda, o que resulta no declínio da pobreza e em


maior mobilidade social.

COMENTÁRIOS

Essa é fácil, não é pessoal? Lembram-se da aula demonstrativa


quando falei dos programas sociais e das benesses trazidas pela
disseminação das atividades econômicas pelas diferentes regiões?
Pois é. Toda essa atividade econômica aumentou o PIB do Brasil nos
últimos anos, alcançando em 2011 a ordem de R$ 4,1 trilhões de reais.

Com o PIB em ascensão, a renda per capita também vem


crescendo nos últimos anos, bem como a distribuição de renda também
vem crescendo a, em grande parte graças aos programas sociais do
governo.

Em consequência, como a assertiva corretamente explicitou,


esses fatores resultam no declínio da pobreza e em maior
mobilidade social.

Gabarito: alternativa CERTA.

26

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Indústria têxtil e trabalho degradante

Bom, nesse próximo tópico, nós vamos inverter a ordem e


começar já analisando questões que caíram em concursos importantes de
2013.

(CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário - Conhecimentos


Básicos)

Atualmente, a indústria da moda tem sido alvo de denúncias de


uso de mão de obra escrava na sua linha de produção.
Fiscalizações recorrentes em oficinas de costura em São Paulo já
flagraram bolivianos trabalhando em condições degradantes para
grifes. Estudiosos do tema garantem que o consumidor tem
condições de saber, de antemão, quantos escravos estão por trás
desse ou daquele estilo de vida. O cálculo pode ser realizado em
sítios que disponibilizam uma plataforma online, na qual o
consumidor pode calcular sua rede de escravos contemporâneos.

O Globo, caderno Amanhã, 4/6/2013, p. 3 (com adaptações).

Uma característica marcante da sociedade mundial contemporânea


é a crescente preocupação com determinados temas, como a
defesa da sustentabilidade ambiental e o combate às formas
degradantes de trabalho.

COMENTÁRIO

27

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Bom, quem tem acompanhado todas as aulas de Atualidades, em


especial os tópicos sobre meio ambiente e sustentabilidade, sabe sem
sombra de dúvidas que essa afirmação está correta. De fato, nas últimas
décadas tem havido uma preocupação crescente com ambos os temas.
Para reforçar os estudos sobre meio ambiente, sugiro que leiam
novamente a Aula 4.

Quanto às “formas degradantes de trabalho”, às quais se refere a


questão da Cespe, certamente trata-se de uma referência aos
trabalhadores da indústria da moda, que não necessariamente são
empregados diretos das principais grifes e empresas do setor, mas atuam
em condições precárias, muitas vezes, como fornecedores terceirizados ou
mesmo “quarteirizados” (ou seja, que prestam serviços para as empresas
terceirizadas que prestam serviços para as grifes de luxo...).

(CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário - Conhecimentos


Básicos)

No Brasil, as denúncias acerca de trabalho em condições análogas


à escravidão referem-se a atividades do setor terciário, sempre
nos grandes centros urbanos.

COMENTÁRIO

Pessoal, após uma primeira leitura, parece estarmos tratando de


uma afirmativa inquestionável. Afinal de contas, o trabalho degradante
mencionado no texto anterior ocorre na indústria têxtil de grandes centros
urbanos como São Paulo. Mas, como eu venho dizendo desde as aulas
anteriores, tenham cuidado com afirmações que generalizam muito. O
problema dessa questão é o “sempre” – “sempre nos grandes centros
urbanos”.

Além da indústria têxtil, fazendas de vários estados do Brasil


também tem empregado mão de obra semelhante à escrava. Há relatos
desse tipo em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, São Paulo,
Tocantins, Alagoas, Piauí, Maranhão e Ceará. Portanto, a questão do

28

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

trabalho análogo à escravidão não acontece “sempre” nos centros


urbanos. A afirmativa está errada.

Bem, vamos compreender um pouco melhor o que tem sido


publicado a respeito da indústria da moda e do trabalho degradante?

Nos últimos anos, a imprensa tem veiculado várias notícias de grifes


brasileiras e internacionais cujas peças são produzidos por trabalhadores
que vivem em estado análogo à escravidão. Algumas dessas grifes são:
Schutz, Unique Chic, Hit e Fama Fashion... Uma rede de lojas de
departamento que teria se beneficiado do trabalho semelhante ao escravo
é a espanhola Zara, conforme denúncias também veiculadas pela
imprensa.

Em março de 2014, o Consulado do Peru em São Paulo denunciou à


Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania a descoberta de uma
confecção em Cangaíba, zona leste de São Paulo, em que 14 peruanos
trabalhavam cerca de 14 horas por dia, com vigilância ostensiva e sem
descanso semanal. Além disso, seus documentos foram retidos pelos
donos da oficina, que também é peruano, de acordo com o Ministério do
Trabalho e Emprego. Eles ganhavam R$ 2,30 por cada peça produzida,
mas a loja a vendia ao consumidor final por no mínimo R$ 100,00. Ou
seja, um lucro exorbitante que ocorre graças à super exploração desses
trabalhadores.

Trata-se de uma lamentável ocorrência, mas não é a primeira vez


que ouvimos falar em sul-americanos que trabalham em condições
degradantes para a indústria da moda no Brasil. O Ministério Público, o
Ministério do Trabalho e a Polícia Federal têm investigado o que eles
consideram como casos de tráfico humano, em que pessoas de outros
países da América do Sul, principalmente Bolívia, Peru e Paraguai, são

29

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

trazidas para São Paulo com a promessa de um bom trabalho e de boas


condições de vida. As oficinas nas quais eles trabalham se concentram na
região central e na zona leste da cidade de São Paulo, onde está a maior
indústria têxtil do Brasil. Quando chegam aqui, se deparam com uma dura
realidade...

30

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Classe C
Olha, como professora de Atualidades, eu posso dizer a vocês o
seguinte: um dos aspectos mais importante da sociedade brasileira de
hoje é o fenômeno da formação da chamada “nova classe C” ou “nova
classe média”.

Você, com certeza, já viu no noticiário ou leu em jornais e


revistas várias matérias sobre isso. Mas, é importante que tratemos de
algumas questões importantes sobre a “classe C”. O que é afinal de
contas a tal “classe C”?

A classe C é uma das cinco classes sociais brasileiras (A, B, C, D e


E), definidas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) de acordo com a
renda das famílias e o potencial de consumo. Uma família da
classe C ganha entre R$1.064,00 e R$ 4.561,00 e abriga 52,67%
da população.

Esse critério de definição das classes no Brasil leva em conta


unicamente a renda, e não outros critérios (como ocupação, nível
educacional, acesso à saúde e ao saneamento básico etc.).

Ainda assim, é importante dizer que o potencial de consumo da


classe C atualmente é maior do que os das classes A, B e D juntas. Esse é
um fenômeno muito interessante para compreendermos a sociedade
brasileira de hoje. Como vocês viram na Aula 5, sobre aspectos
socioculturais do Brasil, o país passou por mudanças ao longo da última
década. Uma das mais importantes foi a queda no nível de desigualdade
social, em consequência de vários anos seguidos de crescimento
econômico, da ampliação de programas sociais governamentais e da
ampliação do acesso ao crédito.

31

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Com isso, amigos, ainda que os problemas sociais estejam longe de


ser totalmente resolvidos, podemos dizer que, sob o ponto de vista do
consumo, a ascensão da classe C dinamizou e deu força ao mercado
interno brasileiro. O que eu quero dizer com isso? Com o fácil acesso ao
crédito e o crescimento da renda, a economia ganhou novos consumidores
de produtos e serviços, o que tem levado a maioria das grandes empresas
a querer compreender melhor e a se adaptar aos gostos desses clientes.

É muito comum vermos no noticiário que a “empresa tal” criou um


produto voltado para a classe C, ou seja, de acordo com os critérios
culturais (a questão do gosto, as expectativas em torno do produto) e
com a renda dessa classe.

O Instituto Data Popular, criado para produzir conhecimento sobre o


consumo “popular” do Brasil (classes C, D e E), assim ilustra quais seriam
alguns desses hábitos próprios de uma cultura de consumo da classe
média emergente do país:

Fonte:
http://www.datapopular.com.br/html/documentos/Apresentacao DataPop
ular 2006.pdf
32

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Muitos de nós nos reconhecemos na descrição acima, não é? ☺

Aliás, muitas pessoas, mesmo após ascenderem para as classes A e B,


não abrem mão de algumas coisas, como cervejinha gelada e
macarronada com frango! rsrsrs ;-)

Brincadeiras à parte, vocês devem estar se perguntando por que


essa ênfase toda à classe C e não às outras classes sociais. É que “nova
classe média” é considerada hoje a vedete do crescimento econômico
no Brasil! O consumo dessa classe tem tido papel fundamental no
crescimento do PIB, ao contrário dos anos da ditadura militar (1964-
1985), quando o nível de consumo dessa parcela da população era ainda
muito restrito e quem “segurava” o mercado interno eram as classes alta
e média-alta (que nós chamaríamos hoje respectivamente de classe A e
classe B).

Mais ainda: no contexto de uma sociedade de um país em


desenvolvimento, no qual o nível de pobreza ainda é muito alto, a
emergência da classe C sinaliza para a diminuição da concentração de
renda, ainda que levando em conta apenas o critério do consumo e
deixando de lado outros muito importantes como o acesso à educação e à
saúde.

Embora a emergência da classe C seja um assunto dominante nos


cadernos de economia e política dos grandes jornais brasileiros, tomem
cuidado para não cair na armadilha do “consenso”. Não há consenso entre
economistas e sociólogos a respeito do conceito de “classe C” e de sua
importância para a compreensão da sociedade brasileira.

Em 2009, penúltimo ano do governo Lula, o sociólogo Jessé de


Souza lançou o livro Os batalhadores brasileiros, no qual questiona a tese
de que há uma “nova classe média” no Brasil. Segundo ele, a chamada
33

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

classe C é, na verdade, uma “classe trabalhadora precarizada, super


explorada e, em grande parte, informal. É aquela que ganha muito e
ganha pouco”. O sociólogo chama essa classe de “os batalhadores”,
porque, apesar de continuar sendo explorados, conseguiram ascender
socialmente comparativamente com o padrão de vida anterior.

Bem, amigos, minha proposta não é construir um tratado sociológico


sobre as classes sociais no Brasil e em especial sobre a chamada classe C,
mas chamar a atenção de vocês sobre este assunto bastante atual e
sempre presente nos cadernos de política e economia da imprensa.
Fiquem atentos! ☺

34

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Manifestações populares no Brasil


Bem, amigos, continuando nossa aula de Aspectos Socioculturais
Brasileiros, é impossível tratar sobre a nossa sociedade sem abordar um
fato que há pouco mais de um ano sacudiu o Brasil: uma série de
manifestações populares ocorrida em diversas cidades do país,
principalmente nas grandes capitais, e cujos reflexos se fizeram sentir
desde então, em movimentos como o “Não vai ter Copa” e em protestos
isolados em cidades como São Paulo e Rio.

Falar dessas manifestações requer um enorme cuidado, pois


nada é tão simples como muitos veículos de comunicação tentaram fazer
parecer.

Hoje podemos dizer que o estopim de tudo isso foi o aumento


em R$0,20 das passagens de ônibus pelos governos de São Paulo e do Rio
de Janeiro, anunciada em meados de 2013. No entanto, a população
tomou as ruas para protestar tanto contra este aumento quanto contra a
qualidade dos transportes e serviços públicos caóticos do país. O
infográfico da página seguinte, retirado do site G1
(http://g1.globo.com/brasil/linha-tempo-manifestacoes-2013/platb/) , nos
ajuda a compreender a amplitude de temas e de reivindicações que
estiveram em jogo nessas manifestações.

Apesar de alguns “manifestantes” se comportarem como


vândalos, a maior parte do movimento foi pacífica e iniciou uma
verdadeira cruzada de insatisfação popular contra vários problemas sociais
latentes na sociedade brasileira. O fato é que as manifestações no Brasil,
que ocorreram com maior força em junho de 2013, literalmente tomaram
as ruas das principais capitais e repercutiram na comunidade
internacional, que inclusive passou a apoiar os protestos no Brasil.

Assim, o apoio popular cresceu descontroladamente e, além da


questão do transporte público, outras foram emergindo, como os gastos
com uma Copa do Mundo, a péssima qualidade das escolas e hospitais
públicos e a forma de se fazer política em nosso país. Em meio a toda
essa manifestação, alguns projetos se destacaram dentre as
reclamações populares, como a Proposta de Emenda Constitucional 37
- PEC37 - e o projeto que ficou conhecido como “cura gay”.

35

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

O fato é que essa onda de manifestações que tomou o País em


junho resultou em conquistas significativas para a população. Muitas das
reivindicações já foram atendidas, mas os governantes de todas as
esferas ainda estão se desdobrando para entregar mais mudanças à
população, mesmo porque serão realizadas eleições em 2014, né,
pessoal?

36

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Algumas das conquistas obtidas em meados de 2013 foram a


retirada da pauta da Câmara do projeto batizado de “cura gay”, que
autoriza que psicólogos tratem homossexuais, a aprovação de projeto pelo
Senado que responsabiliza empresas por fraudes em licitações, e a
destinação de 75% da verba dos royalties do petróleo para a educação.
Os 25% restantes irão para a saúde.

Mas pra ficar bem explicadinho e entendermos um dos assuntos


mais fortes para a prova atualmente, encontrei um esqueminha no R7 que
ilustra muito bem o que já foi conseguido em cada âmbito.

Vamos começar pelos “avanços” obtidos no congresso até o


momento

Por outro lado o Palácio do Planalto também se pronunciou e a


presidente Dilma Rousseff também trouxe algumas medidas pra tentar
atender aos anseios populares.

37

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Apesar de não terem havido mais grandes manifestações como as


de junho de 2013, parte da população ainda está nas ruas, em menor
proporção do que no ano passado, mas muitas das reivindicações
continuam, já que ainda não foram atendidas.

Amigos, um aspecto interessante desse fenômeno recente das


manifestações no Brasil é que, mesmo com a diminuição do número de
participantes nas ruas (só na passeata da Av. Rio Branco, no Rio de
Janeiro, em 17 de junho de 2013, foram contabilizadas 100 mil de
pessoas!), inúmeros outros protestos de menor dimensão ganharam as
ruas das cidades, ainda que não com o mesmo fôlego de antes.

Como exemplo, posso citar a greve dos professores do


município do Rio de Janeiro, cuja mobilização reuniu centenas de
educadores, alunos e apoiadores da causa em várias manifestações na
cidade, no segundo semestre de 2013.

38

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Outro fenômeno recente foi o desaparecimento do pedreiro


Amarildo de Souza, morador da favela da Rocinha, também no Rio, em
julho de 2013. Inicialmente, a polícia militar, que ocupa o morro desde a
implantação da Unidade de Policia Pacificadora no início de 2013,
responsabilizou traficantes da Rocinha pelo sumiço do corpo de Amarildo.
Meses mais tarde, agentes da polícia foram acusados de torturar Amarildo
até a morte e sumirem com seu corpo. O caso ainda não foi julgado pela
justiça, mas diversos policiais estão sendo acusados pelo ocorrido. O
importante, amigos, é saber que tal caso, tendo ocorrido na esteira das
manifestações de junho, mobilizou parcelas da população de algumas
capitais brasileiras, que foram às ruas para perguntar "Onde está
o Amarildo?". Essa campanha dominou as redes sociais durante vários
meses, pressionando o comando da polícia do Rio a investigar o caso. Não
fosse a mobilização em torno do assunto, a morte de Amarildo se
misturaria à de inúmeros cidadãos cotidianamente executados no país e
cujo caso não recebe o devido tratamento por parte da Justiça.

Um triste acontecimento ocorrido no bojo das manifestações foi


a morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, ao cobrir
um protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro,
em fevereiro de 2014. Ele foi atingido por um rojão atirado pelo estudante
Fábio Raposo, que participava do movimento Black Bloc (sobre o qual
falaremos mais adiante). A morte de Santiago aprofundou o debate sobre
os limites do direito à livre manifestação e a questão da segurança e do
direito de ir e vir dos cidadãos.

O mais importante nisso tudo, meus amigos, é que a agenda de


manifestações passou a fazer parte da rotina das grandes cidades
brasileiras. Alguns especialistas veem esse fenômeno como uma espécie
de lento despertar da sociedade na luta por seus direitos. Essa afirmação
pode ser exemplificada com a frase “O gigante acordou”, dita tantas vezes
ao longo das manifestações.

Outros especialistas relacionam esses eventos com o aumento


de escolaridade dos brasileiros, garantida pela universalização do
ensino fundamental nos anos 1990 e com a ampliação do acesso ao
ensino superior nos anos 2000. Os cidadãos, mais bem educados,
estariam também mais conscientes de seus direitos e da insuficiência do
Estado na garantia dos mesmos.

39

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Por fim, outro fator que teria pesado para a ocorrência desse
fenômeno é a melhoria das condições de vida da maior parte da
população – tendo como principal exemplo o crescimento da classe C,
assunto já tratado nessa aula. De acordo com essa visão, uma vez
garantidas as condições básicas de vida e a ascensão à sociedade de
consumo, as parcelas mais desfavorecidas da sociedade estariam agora
lutando pela melhoria dos serviços prestados pelo poder público.

Bom, a gente já sabe que a espera para ter todas as


reivindicações atendidas vai ser bem longa, não é mesmo? Mas vamos dar
uma olhada em como esse assunto já foi cobrado em prova!!

(CESPE/FUB/2013) Na véspera do Dia Sete de Setembro, a


presidenta Dilma Rousseff fez um pronunciamento em cadeia de
rádio e TV no qual afirmou que a população tem o direito de se
indignar e de cobrar mudanças. No Dia da Independência,
protestos contra a corrupção foram convocados em pelo menos
135 cidades do país.

O Estado de S.Paulo, capa, 7/9/2013 (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens seguintes,


relativos às manifestações populares ocorridas desde meados do ano
passado.

O tradicional Grito dos Excluídos, que é organizado pela


Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e reúne diversos
movimentos sociais em passeatas paralelas às cerimônias de
comemoração do Dia da Independência, também se fez presente
nas ruas, em várias cidades.

COMENTÁRIOS
40

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Bem, embora alguns desconheçam essa informação, o Grito dos


Excluídos realmente teve sua origem no Setor Pastoral Social da CNBB -
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Desde 1995 foi escolhido o dia
7 de setembro para as manifestações do Grito dos Excluídos. A ideia é
aproveitar o Dia da Pátria para mostrar que não basta uma independência
politicamente formal, é preciso um patriotismo ativo, que se manifeste
contra os problemas nacionais. Em 2013, não foi diferente, o Grito dos
Excluídos aconteceu em várias cidades brasileiras. Portanto, a assertiva
está correta.

Entre os elementos motivadores das manifestações populares que


tomaram conta das ruas no último mês de junho, em várias
cidades brasileiras, os serviços públicos de baixa qualidade
oferecidos à população, como é o caso dos transportes urbanos,
ocuparam posição de destaque na pauta dos protestos.

COMENTÁRIOS

Nessa questão a banca deu um presente, concordam? Todo mundo


acompanhou as manifestações pela mídia e foi exaustivamente divulgado
que tudo começou devido ao aumento de tarifas do transporte coletivo.
Depois outros elementos entraram na pauta de reivindicações como a
saúde, educação, corrupção. Então, tranquilamente, a assertiva está
correta.

No caso da maior metrópole brasileira, São Paulo, os protestos


deveram-se ao exorbitante aumento das tarifas dos ônibus
urbanos, fato que se repetia pela segunda vez em menos de um
semestre, praticamente inexistindo manifestações de cobrança
quanto ao comportamento ético dos agentes públicos.

COMENTÁRIOS

Cuidado com esse tipo de questão, que começa dando a


impressão de que está correta, você não lê tudo até o final e erra. A tarifa
do transporte em São Paulo subiu de R$3,00 para R$3,20, pela primeira
vez no ano, e não pela segunda, como diz o enunciado. Outro erro, o
41

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

comportamento ético dos políticos foi tema das manifestações. Logo, a


assertiva está errada.

O cancelamento do desfile militar do Dia da Independência, na


capital federal e em diversas cidades do país, foi decisão tomada
por governantes tendo em vista a dimensão dos protestos.

COMENTÁRIOS

Essa questão é bem fácil. Mesmo não acompanhando os desfiles


ao vivo, vocês devem ter visto a Presidenta Dilma no Desfile em Brasília,
em algum noticiário. Então, já identificamos a assertiva como errada.
Só para complementar a informação, o desfile em Brasília custou R$829
mil ao governo federal e não incluiu apresentação da Esquadrilha da
Fumaça, como nos anos anteriores.

Durante as manifestações de rua, grupos como o Black Bloc, cujos


membros usaram máscaras para impedir que fossem identificados,
colaboraram com as forças policiais para impedir atos de violência,
como, por exemplo, a depredação de bens públicos e privados.

COMENTÁRIOS

É só parar um pouquinho e lembrar das manifestações que


vamos ver a cena de várias pessoas, a maioria vestindo preto e com o
rosto coberto, quebrando telefones públicos, janelas, bancos, lojas e tudo
o que tinha pela frente, em momento algum vimos essas pessoas
colaborando com a polícia. Percebemos, então, que a assertiva está
errada.

42

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Mas, vamos rapidamente falar sobre esse grupo. O grupo Black


Bloc se manifesta contra o capitalismo e a globalização. Suas ações são
geralmente associadas à violência e depredação. Acabam, na maioria das
vezes, entrando em confronto com a polícia.

(Questão inédita/Virginia Guimarães/2013) O mês de junho foi


marcado por manifestações populares que lembravam os “cara-
pintada” da era Collor, já que foram compostas pelo mesmo
público jovem, imbuído do mesmo objetivo de mudanças político-
sociais.

Bem, amigos, talvez essa questão deixasse muitos de vocês em


dúvida, mas o fato é que existem diferenças significativas entre esses
dois movimentos populares. Em primeiro lugar, as manifestações atuais
vêm clamando por uma mudança política de forma ampla, e não
direcionada à atual presidente, Dilma Rousseff, como ocorreu na época
dos “cara-pintada”.

Naquele momento, ou seja, há 20 anos, os estudantes do antigo


segundo grau (hoje ensino médio) e universitários saíram pelas ruas
de todo o País vestidos de preto, com as caras pintadas de verde e
amarelo, gritando "Fora, Collor". Eles acreditavam que iam derrubar o
primeiro presidente eleito no grito e comemoraram quando a Câmara dos
Deputados aprovou o processo de impeachment de Fernando Collor de
Mello. Ou seja, o clamor popular estava completamente direcionado à
retirada do presidente do poder, diferentemente das manifestações atuais,
que englobam pessoas de todas as idades que possuem o mesmo
sentimento de insatisfação generalizada com a forma como o país vem
sendo governado, independentemente de uma figura política única.
Portanto a questão está errada.

43

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

(PF/CESPE/2013) No dia 6 de junho, os protestos começaram no


centro de São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As
quatro manifestações seguintes atraíram a atenção nacional. No
dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram às
manifestações. Também começam atos em Viçosa e Votuporanga.
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, as
autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. Seis dias
depois, as maiores manifestações se concentram nas cidades que
receberam jogos da Copa das Confederações, como Belo
Horizonte. O Estado de S. Paulo, 30/6/2013. p. A10 (com adaptações)

(PF/CESPE/2013) Ainda que as opiniões sobre as manifestações


de junho de 2013, no Brasil, se distingam em vários aspectos, os
analistas políticos convergem para o seguinte entendimento: essas
manifestações populares em nada diferem dos movimentos das
Diretas-Já e dos Caras-Pintadas.

Bem, amigos, essa questão foi muito parecida com a inédita que
eu havia formulado anteriormente, mas juro que fiz antes da prova da PF
acontecer... rs

Enfim, o fato é que elas diferem, e muito, como já falei na


questão anterior, mas se tivesse que destacar uma grande diferença,
seria, principalmente, a ausência de partidos políticos. Além disso, na
diretas, as manifestações eram pela democracia e as manifestações de
agora reivindicavam melhorias sociais. ;-)

(PF/CESPE/2013) Embora com alguma variação de cidade para


cidade, as manifestações citadas no texto foram organizadas para
protestar contra as deficiências dos serviços prestados pelo poder
público, notadamente nas áreas de transporte, saúde, educação e
segurança.

44

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

A assertiva está correta! Os principais pedidos nos gritos de


protestos estavam pautados justamente por melhoria nos transportes,
saúde, educação e segurança!!

(PF/CESPE/2013) A condenação dos gastos feitos pelo Brasil para


sediar duas grandes competições promovidas pela FIFA, a Copa
das Confederações e a Copa do Mundo, tornou-se bandeira
presente em muitas das manifestações a que o texto alude,
algumas das quais transformadas em atos de violência e
vandalismo.

Essa questão está correta. Tanto que uma das frases que mais
se destacaram em meio aos protestos foi “queremos hospital padrão
FIFA”, em alusão ao alto nível das exigências da FIFA nas obras para
copa.

(PF/CESPE/2013) A convocação, pelo Poder Executivo, de uma


assembléia constituinte exclusiva para promover uma ampla
reforma política foi uma evidente resposta do governo brasileiro
às manifestações que tomaram conta de centenas de cidades
brasileiras.

O gabarito dessa questão a aponta como correta, no entanto, eu


acho que caberia recurso, uma vez que a assembléia constituinte ainda
não foi convocada. A proposta de se realizar uma Assembléia foi sim uma
resposta do governo federal à população, mas ainda muito se questiona a
possibilidade de realizar tal proposta.

(PF/CESPE/2013) Nas duas maiores cidades brasileiras – São


Paulo e Rio de Janeiro -, o problema das tarifas do transporte
público permanece insolúvel visto que a fixação desses valores
depende de lei a ser votada pelas respectivas câmaras municipais
e assembléias legislativas estaduais.

45

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

A assertiva esta errada. Está errada por dois motivos. Primeiro


porque os problemas das tarifas de transporte foram resolvido nessas
duas cidades sim. Em segundo lugar, isso não é uma questão de lei
municipal ou estadual, mas sim contratual.

(PF/CESPE/2013) Entre os crimes cometidos por gestores nos


diversos níveis da administração pública nacional, como os que
foram alvo da investigação mencionada no texto, são comuns as
fraudes em licitações, a manipulação de precatórios e o
superfaturamento nos custos de obras.

Infelizmente essa questão está corretíssima, né, pessoal? O


recente escândalo da Siemens envolvendo o governo do PSDB no estado
de São Paulo só vem pra reafirmar o quanto isso ainda permeia a nossa
realidade. Aliás esse era mais um dos pedidos das manifestações que
permanecem não atendidos: o fim da corrupção!

(PF/CESPE/2013) Visando responder às recentes manifestações


de rua, o Senado Federal brasileiro aprovou o projeto que estende
os efeitos da Lei da Ficha Limpa aos servidores de cargos
comissionados e de funções de confiança nos três poderes da
República.

Resposta: Correta

Senado já aprovou projeto que transforma a corrupção em crime


hediondo e outro que estende a Lei da Ficha Limpa para cargos
comissionados e funções de confiança no serviço público.

46

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

Bem, antes de passarmos para o próximo assunto, amigos, volto a


dizer a vocês: prestem bastante atenção neste tema das manifestações.
Apesar de os maiores protestos terem ocorrido em junho do ano passado,
esse acontecimento trouxe consequências para a política brasileira e
poderá, inclusive, vir à tona novamente nas eleições. Então, procurem se
concentrar nas questões que eu comentei acima e fiquem atentos a
qualquer notícia que possa estar vinculada a este assunto, ok?

47

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

50 anos do golpe militar e a Comissão da Verdade


Bem, um assunto que tem grandes chances de ser cobrado no
concurso para o qual vocês estão se preparando é o aniversário de 50
anos do golpe militar de 1964.

Com base nos últimos concursos e na minha experiência aqui no


Ponto, o que posso dizer a vocês é que muito provavelmente esse assunto
não será cobrado pela banca em termos de um conhecimento histórico
mais aprofundado. Ou seja, você que não é historiador não precisa sair
desesperado procurando manuais de História do Brasil... Não se
preocupem, não é isso que está em jogo aqui! ;-)

Poréééém, como se trata de um evento marcante, os 50 anos do


golpe, é impossível falar sobre o assunto sem que tenhamos uma noção
do que foi o golpe e do que ele representou para a nossa história. E, mais
importante do que isso, você precisa “linkar” o golpe aos dias de hoje. E o
principal acontecimento da atualidade relacionado a esse assunto é o
trabalho da Comissão da Verdade, sobre o qual falarei mais a seguir.

Então, vamos falar um pouco sobre o que foi o golpe de 1964!

No início dos anos 1960, era crescente a tensão política na


sociedade brasileira. Podemos dizer que havia uma enorme polarização
entre diferentes tendências políticas. Vocês se lembram da Aula
Demonstrativa? Pois é, nela eu trato sobre dois sistemas econômicos e
políticos que dividiram o mundo em dois durante a Guerra Fria: o
capitalismo e o comunismo. (Aliás, qualquer dúvida, não hesite em ler
novamente a Aula Demonstrativa! ☺)

No Brasil, não foi diferente. Durante o século 20, nunca deixamos de


ser um país capitalista totalmente integrado ao mundo capitalista. No
início dos anos 1960, houve um episódio que modificou os rumos da vida

48

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

política brasileira. O então presidente Jânio Quadros, eleito em 1960 com


a promessa de “varrer” a corrupção do país e defensor da “moralização”
dos costumes, renunciou ao cargo em 1961, alegando que “forças ocultas”
o impediam de governar.

Com isso, assumiria o vice-presidente João Goulart, que no


momento da renúncia de Jânio fazia uma visita oficial à China, um país
socialista. Essa história é muito complexa e não vem ao caso tratar sobre
ela aqui, então segue um grande resumo: em meio a um jogo político
entre os partidos brasileiros, Jango assumiu o governo em um regime
parlamentarista, aprovado às pressas para que ele não tivesse os poderes
de um presidente. A preocupação da direita era que ele assumisse uma
plataforma política de esquerda, ou seja, mais alinhada à tendência dos
países socialistas.

Em 1963, através de um plebiscito, o povo brasileiro aprovou o


retorno ao regime presidencialista, e Jango passou a ter relativamente
mais poderes. Com isso, o presidente assumiu um discurso considerado
de esquerda, defendendo as chamadas “reformas de base” (agrária,
bancária, fiscal, universitária, urbana, administrativa), reunidas em seu
Plano Trienal. Essas reformas atendiam aos anseios de amplos setores da
população como os trabalhadores das cidades e do campo, da classe
média e de empresários nacionalistas.

Então, amigos... Como sabemos, no contexto da Guerra Fria


qualquer proposta política mais progressista era confundida com o temido
“socialismo” combatido pelas potências do Ocidente. Sendo assim, em
março de 1964, há exatos 50 anos, ocorreram duas manifestações bem
emblemáticas daquele momento de polarização política:

- o Comício da Central (13/03/1964), que reuniu cerca de 100.000


pessoas na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em apoio às reformas de
Jango;

- e a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, nome dado a uma


série de manifestações dos setores conservadores, ocorridas em São
Paulo e no Rio em resposta ao Comício da Central. A primeira marcha
ocorreu em São Paulo no dia 19 de março, reunindo cerca de 500.000
pessoas, e a segunda ocorreu no Rio no dia 2 de abril de 1964.

49

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

O golpe de estado, ocorrido no dia 1º de abril de 1964, foi uma


reação de setores conservadores da sociedade – empresários, classe
média e militares – ao que eles diziam ser a transformação do Brasil num
país “comunista”. O golpe, que alguns militares chamam de “Revolução” e
outros chamam de “Contrarrevolução”, foi arquitetado por setores
militares não alinhados a Jango, com apoio dos setores civis
conservadores da sociedade. A participação civil no golpe não pode ser
menosprezada, tanto que alguns historiadores o chamam de “golpe civil-
militar”.

O resultado de tudo isso, todos vocês devem saber, não é mesmo?


Mas, em linhas gerais, o que importa elencar aqui é o seguinte:

- As liberdades civis foram restringidas durante 21 anos, com a


criação de diversos Atos Institucionais (AI) que suprimiram direitos
políticos e limitaram a liberdade de imprensa, em especial o AI-5, de 13
de dezembro de 1968;

- Os movimentos de esquerda, muitos deles identificados com as


guerrilhas e os países do bloco soviético, foram sufocados pelo aparelho
repressor da ditadura, que torturou em seus porões dezenas, talvez
centenas de cidadãos brasileiros ligados à luta armada e a organizações
políticas.

Amigos, minha intenção aqui não foi resumir 21 anos de ditadura


militar em tão poucas páginas, mas sim construir um “gancho” para que
vocês entendam o que é a Comissão da Verdade, por que foi instituída e
como o seu trabalho tem sido noticiado pela imprensa, ok?

A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei 12.528/2011 e


instituída em 16 de maio de 2012. A CNV tem por finalidade apurar graves
violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e
5 de outubro de 1988.

50

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

A Comissão conta com 7 membros, todos nomeados pela presidente


Dilma Rousseff, e tem em seu quadro mais de 70 pessoas, entre
assessores, estagiários e demais colaboradores. E quem são atualmente
os 7 membros da CNV? Gilson Dipp, José Carlos Dias, José Paulo
Cavalcanti Filho, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro, Rosa Cardoso e
Pedro Dallari (atual coordenador da CNV). Claudio Fonteles integrou o
colegiado entre maio de 2012 e junho de 2013. Sua criação vinha sendo
idealizada e articulada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva desde
2009, sendo efetivada apenas em 2012.

A contar da instalação, a CNV teria o prazo de 2 anos para finalizar


os trabalhos de apuração, mas por meio de uma medida provisória a
presidente Dilma Rousseff extendeu a vigência da comissão por mais um
ano, ou seja, os trabalhos finalizam em 2015.

“Ué, professora, mas se a Comissão foi criada para investigar os


casos ocorridos durante a ditadura, por que o período estudado por ela
abrange de 1946 a 1988?”

Eis uma boa pergunta! Como vocês sabem, queridos alunos, a


democracia é um jogo de pesos e contrapesos, lidando com interesses
diversos. Às vezes, para atender aos anseios de alguns grupos, é preciso
oferecer concessões a outros, e vice-versa.

A inclusão dos períodos democráticos de 1946-1964 e 1985-1988 se


deve a um apelo dos militares, que, obviamente incomodados com a
instalação de uma comissão para investigar crimes cometidos por eles
durante o regime, argumentaram que o trabalho da CNV não se deve ater
unicamente aos crimes cometidos pelos militares, mas também por
organizações de esquerda ligadas à luta armada. Além disso, argumentam
também que a Lei da Anistia (1979), que restituiu os direitos políticos de
dezenas de cidadãos brasileiros punidos pela ditadura, também se estende
aos militares que cometeram crimes durante o regime, sendo que a
vigência dessa lei foi referendada em 2010 pelo Supremo Tribunal
Federal.

E quais são os principais objetivos da Comissão da Verdade? Em


linhas gerais, a Comissão deve investigar casos de torturas, mortes,
desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres, ainda que no
exterior. Também deve expor e tornar público todos os mecanismos e
51

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

estruturas de repressão vigentes durante o período. Por trás de tudo isso,


o principal objetivo da comissão é mapear e estudar todos os aspectos
relacionados à violação dos direitos humanos, bem como a participação de
setores civis nesse processo. Em suma, garantir o “direito à memória e à
verdade histórica” e promover a “reconciliação nacional”.

Tendo em vista que a ditadura é um acontecimento recente e que


envolve muitas memórias em conflito, podemos dizer que o trabalho
dessa Comissão é fundamental, não é mesmo?

Mas agora vamos pensar como a banca poderia cobrar esse assunto
de vocês! Vamos julgar as afirmativas abaixo:

(Questão inédita – Virgínia Guimarães – 2014): A Comissão


Nacional da Verdade, criada por lei em 2011 e instituída em 2012,
é constituída por 7 membros de notório reconhecimento político,
jurídico e intelectual, e tem por objetivo investigar casos de
violação dos direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1988,
notadamente durante o período do regime militar, além de punir
pessoas cujos crimes sejam comprovados pela comissão.

COMENTÁRIOS

Até determinado ponto a afirmação está corretíssima, exceto pela


oração final. A Comissão da Verdade NÃO poderá punir pessoas (seja
militares ou guerrilheiros) envolvidas em crimes durante o período
investigado. Portanto a afirmativa está errada. Aliás, essa é uma das
principais críticas de setores da sociedade ao trabalho da Comissão.
Muitos apontam o prazo exíguo (dois anos, renovado por mais um ano) e
o pequeno número de membros como desafios ao bom andamento dos
trabalhos.

(Questão inédita – Virgínia Guimarães – 2014): A Comissão


Nacional da Verdade é mais uma dentre várias organizações e
comissões criadas em diversos países do mundo que tiveram
momentos históricos de evidente violação dos direitos humanos.
Exemplos disso são a Argentina, o Chile, o Peru e a África do Sul.

52

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br


CURSO ONLINE
ATUALIDADES
PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES

COMENTÁRIOS

A afirmativa está correta. De acordo com a professora Simone


Rodrigues Pinto, da Universidade de Brasília, desde 1974 mais de 20
comissões semelhantes foram criadas no mundo todo. Na África do Sul,
por exemplo, o objetivo é investigar crimes cometidos durante o
apartheid. Nos citados países da América do Sul, a intenção é investigar
crimes cometidos durante suas respectivas ditaduras militares.

Este conteúdo está claro para vocês? Qualquer dúvida, fiquem à


vontade para usar o fórum!

Bem, amigos, espero que tenham gostado dessa aula sobre os


principais assuntos relacionados à sociedade brasileira. A ideia era criar
um amplo painel a respeito do que de mais importante tem ocorrido no
Brasil de hoje. Na próxima aula, tratarei sobre temas bem atuais e com
altas chances de serem cobrados na prova da PF, ok? Abraços e até lá! ☺

53

Prof. Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br

Você também pode gostar