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ODS 10: por uma vida com igualdade para todas as pessoas

O ODS 10 fala sobre a redução das desigualdades dentro dos países e também entre eles. Mas
que aspectos envolvem essa questão e precisam mudar para que este Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável seja alcançado?
O ano de 2020 começou com a expectativa de uma nova década. Uma década para agir.
Chamados justamente de Década da Ação, os 10 anos que temos pela frente são essenciais
para acelerar o passo rumo aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
propostos na Agenda 2030 da ONU.
Logo de início, a disseminação da corona vírus freou o mundo. Com a pandemia de Covid-19,
muitas das nossas vulnerabilidades enquanto sociedades foram escancaradas, e ficam a cada
dia, mais evidentes as desigualdades existentes entre nós.
Um exemplo? Podemos falar sobre como a Covid-19 potencializa desigualdades na educação.
Neste artigo publicado na Folha de S. Paulo, dados mostram que o fechamento das escolas e a
transição forçada para a educação à distância afetam significamente os alunos e alunas vivendo
em situação de pobreza. Entre as crianças e jovens de 6 a 19 anos que frequentam a escola,
quase 20% não têm acesso à internet. Já entre os mais pobres desse grupo, a porcentagem
chega a quase 50%.
Em cenários como este, torna-se urgente que nosso olhar se volte para o ODS 10, que aborda
justamente a redução das desigualdades.

Sobre o ODS 10 e os aspectos que envolvem a redução das desigualdades

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável resume em uma só frase todo o seu propósito:


“reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles”. Mas sabemos que a desigualdade não
opera em uma só dimensão. Então, quais aspectos dão conta de compreender toda esta questão?
As metas traçadas para o ODS 10 nos ajudam a percebê-los:

 Alcançar e sustentar o crescimento da renda dos 40% da população mais pobre a uma taxa
maior que a média nacional;
 Empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos;
 Garantir igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades de resultados;
 Adotar políticas, especialmente fiscal, salarial e de proteção social, para alcançar uma maior
igualdade;
 Melhorar a regulamentação e monitoramento dos mercados e instituições
financeiras globais;
 Assegurar uma representação e voz mais forte dos países em desenvolvimento em tomadas
de decisão nas instituições econômicas e financeiras internacionais globais;
 Facilitar a migração e a mobilidade ordenada, segura, regular e responsável das pessoas;
 Implementar, o princípio do tratamento especial e diferenciado para países em
desenvolvimento;
 Incentivar a assistência oficial ao desenvolvimento e fluxos financeiros para os Estados onde
a necessidade é maior, em particular os países menos desenvolvidos;
 Reduzir para menos de 3% os custos de transação de remessas dos migrantes e eliminar os
corredores de remessas com custos superiores a 5%
Para uma leitura completa das metas relacionadas a este objetivo, acesse a página do ODS 10 no
site da ONU!
Apesar, da questão econômica ser crucial quando se fala em redução das desigualdades – e por
isso ela aparece de forma recorrente nas metas do ODS 10 – precisamos levar em consideração
todos os outros aspectos apresentados, quando pensamos em soluções para alcançar esse
objetivo. Afinal, enquanto pessoas enfrentarem barreiras no acesso a oportunidades por causa de
seu sexo, idade, orientação sexual, raça ou mesmo religião não teremos igualdade.

O estado da desigualdade em um mundo pré-pandemia

No início deste texto, falamos sobre como a pandemia de Covid-19 tem evidenciado as diversas
desigualdades existentes entre nós, seja aqui no Brasil ou no resto do mundo. Mas antes do
coronavírus mudar nossas vidas, quais eram os pontos que mais pediam atenção quando o
assunto é caminhar rumo a um mundo com mais igualdade?
Em janeiro deste ano, a ONU publicou a última edição do Relatório Social Mundial:
desigualdade em um mundo de rápidas mudanças, onde apresenta uma análise de quatro
megatendências que estão criando desafios neste sentido:

1. Inovação tecnológica
Segundo o relatório, as transformações tecnológicas têm criado novas possibilidades em áreas
como saúde, educação, comunicação, economia e produtividade. Cursos abertos online, por
exemplo, ajudam a democratizar o acesso à educação. E aplicativos móveis de saúde
disponibilizam sistemas de monitoramento e prestação de serviços de forma facilitada.
Porém, este potencial só traz resultados para a promoção de um desenvolvimento sustentável se
todas as pessoas tiverem acesso a estas transformações. E não é o que vemos na realidade.
Novas tecnologias acabam reforçando diversas desigualdades, pois criam divisões digitais: quase
87% da população dos países desenvolvidos têm acesso à internet, em comparação com 19%
nos países menos desenvolvidos.

2. Mudanças climáticas

As mudanças climáticas afetam o mundo como um todo: não há um lugar no planeta que esteja
livre dos seus impactos. Mas as pessoas que vivem em situação de pobreza e que estão em
outros grupos vulneráveis – como indígenas e pequenos produtores rurais – são aquelas que
acabam desproporcionalmente expostas a esses efeitos.
Estimativas sugerem que, mesmo em um cenário de baixo impacto (onde seriam adotadas
estratégias para mitigar os efeitos das mudanças climáticas), cerca de três até 16 milhões de
pessoas podem passar a viver em situação de pobreza até 2030 por consequência desse
problema.

3. Urbanização
O local onde as pessoas nascem e crescem tem uma influência duradoura nas oportunidades as
quais elas terão acesso. Áreas rurais, por exemplo, permanecem em desvantagem em termos de
serviços, vagas de emprego e renda, tanto em países em desenvolvimento quanto nos
desenvolvidos. Já as cidades são catalisadoras do desenvolvimento econômico e da inovação.
Entretanto, as áreas urbanas são mais desiguais do que as áreas rurais.
E em um mundo cada vez mais urbano, o planejamento e a gestão de cidades inclusivas são
essenciais para reduzir as desigualdades. O relatório da ONU aponta quatro componentes
essenciais encontrados em abordagens políticas bem-sucedidas neste sentido: o direito à moradia
e o foco no atendimento às necessidades das pessoas em situação de pobreza, a melhora na
mobilidade urbana, o acesso ao trabalho decente e ao emprego formal e, por fim, o fortalecimento
dos governos locais.

4. Migração internacional
A migração internacional é apontada pelo relatório como um dos símbolos da desigualdade global.
Afinal, todos os anos milhões de pessoas saem de seus países para buscar melhores
oportunidades ou para fugir de conflitos e desastres naturais. Se acontecesse de forma segura e
ordenada, esse fenômeno teria impactos positivos ao redor do mundo, justamente por ampliar o
acesso a oportunidades.
Porém, a maioria dos países de destino – que ficam em regiões desenvolvidas – incentiva a
admissão de migrantes altamente qualificados, enquanto oferece poucas possibilidades para a
entrada legal de migrantes menos instruídos. Além de proporcionar a essas pessoas caminhos
legais para a migração, promover ativamente a sua integração é fundamental para equilibrar essa
dinâmica, e trazer resultados benéficos para a sociedade em geral.

Como o Instituto Aurora trabalha pelo ODS 10


Uma pergunta que nos fazemos constantemente aqui no Instituto Aurora é a seguinte: como
reduzir as desigualdades se não compreendemos os mecanismos que as reforçam? Acreditamos
que um mundo menos desigual só pode ser construído quando repensamos nossas relações de
poder, incluindo aqui os fatores culturais além dos econômicos. Por isto, o ODS 10 está em
nossos projetos e ações que promovem espaços de diálogo apontando para uma cultura de
inclusão social de todas as pessoas.

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