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Economia e Justiça Social- o direito ao desenvolvimento

Índice

1. Justiça Social & Direito ao Desenvolvimento


2. Limiar da Pobreza & Taxa de Risco de Pobreza
3. Ajuda ao Desenvolvimento
4. Comité de Ajuda ao Desenvolvimento

1. Justiça Social & Direito ao Desenvolvimento

O desenvolvimento traduz-se na capacidade de uma sociedade satisfazer as necessidades da sua população e lhe
permitir alcançar um nível de bem-estar adequado o que implica a promoção da justiça social.

Mas, afinal, no que consiste a justiça social?

A justiça social baseia-se nos valores da equidade, igualdade, respeito pela diversidade, acesso à proteção social e
aplicação dos Direitos Humanos em todos os domínios da atividade humana. A justiça social é mais do que um
imperativo ético; é a base da estabilidade nacional e da prosperidade global.

Oportunidades iguais, solidariedade e respeito pelos Direitos Humanos, sociais e políticos – são essenciais para
despertar todo potencial produtivo de todas as nações e povos do mundo.

O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável em virtude do qual todos os seres humanos e todos
os povos têm o direito de participar, de contribuir e de gozar o desenvolvimento económico, social, cultural e político,
no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais se possam plenamente realizar.

No artigo 1º da Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento aprovada em 1986 pelas Nações Unidas, percebemos
a afirmação desses ideais para uma sociedade mais justa.

“O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável em virtude do qual todos os seres humanos e todos
os povos têm o direito de participar, de contribuir e de gozar o desenvolvimento económico, social, cultural e político,
no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais se possam plenamente realizar.”

Artigo 1º, Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento, adotada pela resolução 41/128 da

Assembleia Geral das Nações Unidas, de 4 de Dezembro de 1986.

Contudo, quando observamos a realidade mundial, verificamos a existência de fortes desigualdades de


oportunidades à escala mundial, sendo a pobreza uma das faces mais profundas destas desigualdades e também a
negação do direito ao desenvolvimento.

Embora a taxa global de pobreza tenha caído em mais de metade desde 2000, uma em cada dez pessoas nas regiões
em desenvolvimento ainda vive com menos de 1,90 dólar por dia (valor fixado para definir as pessoas que vivem na
pobreza extrema) e milhões de outras vivem com pouco mais do que esta quantia diária. Registaram-se progressos
significativos em muitos países do Leste e Sudeste da Ásia mas, ainda assim, 42% da população da África subsariana
continua a viver abaixo do limiar de pobreza.

2. Limiar da pobreza e taxa de risco de pobreza

Limiar da pobreza: Limiar do rendimento abaixo do qual se considera que uma família se encontra em risco de
pobreza. O limiar de pobreza corresponde a 60 % da mediana do rendimento disponível equivalente em cada país.
Este limiar é frequentemente expresso em Paridades de Poder de Compra Padrão (PPS) para ter em conta as
diferenças no custo de vida entre Estados-Membros.

Taxa de risco de pobreza: A taxa de risco de pobreza é definida como a percentagem da população cujo rendimento
disponível equivalente se encontra abaixo do limiar de pobreza no ano corrente e em, pelo menos, dois três anos
anteriores. Esse limiar corresponde a 60% da mediana rendimento disponível equivalente nacional. O indicador
baseia-se no rendimento disponível do agregado considerando todos os rendimentos auferidos por aqueles que
compõem o agregado e que façam parte do agregado. Este por sua vez tem por base na sua composição o número
de membros adultos, a sua idade e sexo, bem como as crianças dependentes. Considera-se ainda o rendimento
equivalente que tem em conta a dimensão e a composição dos agregados.

3. A ajuda ao desenvolvimento

O combate à pobreza e às desigualdades que se verificam à escala mundial só é possível através do envolvimento de
toda a comunidade internacional, incluindo os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, num
verdadeiro diálogo entre o Norte e o Sul.

A utilização do termo Norte baseia-se na localização do conjunto de países desenvolvidos, estando maior parte
destes, localizados no hemisfério Norte. Por contrário, o termo Sul refere-se ao conjunto de países em
desenvolvimento e de baixo rendimento, localizados, maioritariamente, no hemisfério sul.

Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) - Conjunto dos fluxos destinados aos países em desenvolvimento e a
dentro de um quadro bilateral ou acordo por instituições multilaterais vindos de organismos públicos, incluindo o
Estado e as autoridades locais, ou das suas agências executoras, e cuja operação responda aos seguintes critérios:

a. ter por objetivo principal a promoção do desenvolvimento económico e do bem-estar dos países em
desenvolvimento;

b. ter um caráter concessional e compreender um elemento de dádiva de pelo menos 25%.

A APD Portuguesa é dirigida predominantemente aos países menos desenvolvidos. No entanto, a proporção da APD
prestada a estes países, em relação ao total da APD, apresenta uma tendência decrescente no período 1990-2011.
Em contrapartida, tem sido registado um aumento do peso da ajuda destinada aos países de rendimento médio-
baixo. Em 2011, a APD Portuguesa dirigida aos países menos desenvolvidos representava 59,9% do total e a dirigida
aos países de rendimento médio-baixo constituía 31,2% do total.

Composição da ajuda ao desenvolvimento:

Os fluxos financeiros destinados à ajuda ao desenvolvimento repartem-se por diferentes áreas, como:

1. A ajuda de emergência, destinada a auxiliar populações vítimas de catástrofes naturais ou humanas;

2. A cooperação técnica, destinada à transferência de conhecimentos ou à formação de técnicas nos países em


desenvolvimento, como no caso da saúde ou da educação;

3. O alívio da dívida, destinando-se neste caso a financiar o perdão total ou parcial da dívida.

4. Comité de Ajuda ao Desenvolvimento

CAD (Comité de Ajuda ao Desenvolvimento) - Comité da OCDE que lida com as questões da cooperação para o
desenvolvimento. Desempenha um importante papel na consultoria e elaboração das políticas de cooperação
bilateral para o desenvolvimento, no sentido de aumentar o nível e a eficácia da APD. Para além de constituir um
centro de informação, documentação e assessoria, define diretrizes da Ajuda para os países membros. É um dos
principais núcleos (a par do BM e do PNUD) de elaboração da política de cooperação para o desenvolvimento.

Os membros atuais do CAD são: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos,
Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, Noruega, Nova Zelândia, Portugal, Reino Unido,
Suécia e Suíça.

São membros com estatuto de observador permanente o FMI, o Banco Mundial e o PNUD. Portugal foi um dos
membros fundadores, em 1961, tendo-se retirado após o 25 de Abril de 1974, regressando em 1991.

A natureza dos doadores, APD pode ser classificada em:

 Ajuda Bilateral- quando é concedida por um Estado diretamente a outro Estado, assumindo a forma de
empréstimos ou de doações.

A APD Bilateral portuguesa tem vindo a prolongar o ciclo de tendência decrescente, tendo atingido 102M€ em 2017.
Este valor representa 30% do total da APD portuguesa nesse ano e uma variação de cerca de -10% face a 2016,
motivada, sobretudo, pelo reembolso de dívida a Portugal pelo Estado Angolano, pelo início do período de
reembolso de linhas de crédito/empréstimos concessionais por parte de Cabo Verde, bem como pela menor
utilização das linhas de crédito/empréstimos concessionais por parte dos países parceiros, como São Tomé e
Príncipe. Em termos médios, entre 2012 e 2017, a APD bilateral atingiu 47% do total da ajuda.

 Ajuda Multilateral- quando é concedida a um Estado através de organismos internacionais como as Nações
Unidas ou o Banco Mundial, destinada a financiar projetos e programas implementados por estas instituições
nos países em desenvolvimento.

A APD Multilateral representou, em média no período 2013-2017, 53% do total da ajuda. Entre 2012 e 2014 assistiu-
se a uma diminuição ligeira do volume da APD Multilateral que se deveu à redução das contribuições APD para as
instituições da UE e Bancos Regionais de Desenvolvimento.

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