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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


DISCIPLINA: EDUCAÇÃO: PROCESSO SOCIAL E POLÍTICA

PROFESSOR: PROF. DRA. ANA MERCES BAHIA BOCK

ALUNO: JACOB YEBOAH

TEMA: EDUCAÇÃO BRASILEIRA: QUAIS OS IMPACTOS DAS POLÍTICAS DO


BANCO MUNDIAL E FMI E DO NEOLIBERALISMO
INTRODUÇÃO
O sistema educacional do Brasil tem uma história e foi influenciado fortemente
pelas reformas políticas internacionais com a intenção de promover a universalidade
da educação e sua qualidade. Dentre essas organizações internacionais têm o
Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) com as ações
neoliberalistas vinculadas. É bom lembrar que o projeto da educação de qualquer
país está sempre ligado com a política. O objetivo desse trabalho visar analisar os
impactos das políticas do Banco Mundial, Fundo Monitora internacional e o
neoliberalismo na educação brasileira.

Definições e contextos

O Banco Mundial é uma agência especializada independente do Sistema das


Nações Unidas, é a maior fonte global de assistência para o desenvolvimento,
proporcionando empréstimos e doações aos 187 países-membros no mundo. O
Banco Mundial disponibiliza seus recursos financeiros para os seus membros. Ele
tem uma ampla base de conhecimentos para apoiar os esforços das nações em
desenvolvimento para atingir um crescimento duradouro, sustentável e equitativo. O
objetivo principal é a redução da pobreza e das desigualdades sociais causada pela
guerra (NAÇÕES UNIDOS, 2020). As principais funções da organização são:

“O investimento nas pessoas, especialmente por meio da saúde e da


educação básicas; A criação de um ambiente para o crescimento e a
competitividade da economia; A atenção ao meio ambiente; O apoio ao
desenvolvimento da iniciativa privada; A capacitação dos governos para
prestar serviços de qualidade com eficiência e transparência; A promoção
de um ambiente macroeconômico conducente a investimentos e a
planejamento de longo prazo; O investimento em desenvolvimento e
inclusão social, governança e fortalecimento institucional como elementos
essenciais para a redução da pobreza.” (NAÇÕES UNIDOS, 2020).
Ele é um banco de desenvolvimento que pode pegar dinheiro em qualquer
lugar do mundo. É mais diversificado. Ele conversa com muitas instituições dos
países.

No entanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma agência


especializada das Nações Unidas estabelecida na conferência de Bretton Woods,
New Hampshire no Estados Unidos, em julho de 1944. Ele promove a cooperação
monetária global, garantir a estabilidade financeira, facilitar o comércio internacional,
promover empregos e trabalhar para o crescimento econômico sustentável e reduzir
a pobreza em todo o mundo. Suas funções incluem:

“O FMI monitora o sistema monetário internacional e as políticas


econômicas e financeiras dos seus 189 países-membros; dar empréstimos
aos países-membros que enfrentam problemas – atuais ou potenciais – de
balanço de pagamentos; auxilia os países-membros a desenhar e
implementar políticas econômicas que promovam a estabilidade e o
crescimento, fortalecendo suas capacidades e habilidades institucionais.”
(NAÇÕES UNIDOS, 2020).

Esse fundo se relaciona somente com os bancos centrais dos governos e não
empresta dinheiro para individuais. Ele opera pelos governos. Ele vive nos
apoiadores dos seus membros. Estados Unidos tem um poder maior nesse fundo
porque o país contribui mais.

A rigor, todas as atividades ligadas ao desenvolvimento são objetos da ação


do Banco Mundial, o que o distingue radicalmente do Fundo Monetário Internacional
(FMI) e das agências especializadas das Nações Unidas. Pois o Banco Mundial
abrange muitos aspectos de desenvolvimento: infraestrutura, energia, política
econômica, educação, saúde, habitação, administração pública, meio ambiente,
desenvolvimento rural e urbano, meio ambiente, construção e reconstrução de
Estados (PEREIRA, 2018). Portanto, o Banco Mundial não empresta dinheiro, mas
ajuda os países pobres a desenvolver através dos projetos para poder pagar os
empréstimos obtidas do FMI.

Neoliberalismo é uma política económica que ficou vigente no mundo a partir


dos anos 70. A ideologia neoliberal ganhou muita força a partir de 1973, com
a crise do petróleo, que gerou baixas taxas de crescimento com
altas taxas de inflação, causando muito prejuízo à economia do mundo.
Um sistema ligado com o capitalismo, neoliberalismo prega: propriedade
privada, livre mercado e mão invisível a partir da competição e taxa de preços. As
principais características de neoliberalismo são: o estado deve garantir os direitos
básicos da população, como educação, transporte, saúde. No mundo empresarial
deve ter a privatizações estatais, a desregulamentação do mercado, estado mínimo,
livre concorrência e competitividade, oligopólios no mundo, a expansão das
transnacionais; o indivíduo tornando empreendedor dele mesmo. O liberalismo tem
sua base nas atividades de FMI e Banco Mundial. Ele postula uma liberdade de
grandes organizações (SILVA; ROMÃO; TRAGTENBERG; MARACH, 1996).

Os impactos da política de Banco Mundial, FMI e Neoliberalismo na educação


Brasileira

Antes de ver os impactos, é necessário apresentar algumas declarações


desses órgãos multilaterais sobre a educação no mundo. Em 1989, nasceu uma
iniciativa dos órgãos do Banco Mundial, uma conferência mundial de educação para
satisfazer as necessidades básicas educativas de todas as crianças, adolescentes e
jovens. Essa iniciática produziu uma conferência chamado, Conferência Mundial de
Educação para todos em 1990, na cidade de Jomtien, Tailândia.

A Conferência produziu uma declaração de 10 artigos principais segundo


UNESCO1 (1990):

Satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Todas a pessoas, sem


exceção, devem estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas
voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem;

Expandir o enfoque. Lutar pela satisfação das necessidades básicas de


aprendizagem para todos exige mais do que a ratificação do compromisso pela
educação básica. Este enfoque abrangente, compreende o seguinte: universalizar o
acesso à educação, promover a equidade, concentrar a atenção na aprendizagem,
ampliar os meios e o raio de ação da educação básica, propiciar um ambiente
adequado à aprendizagem, fortalecer alianças; universalizar o acesso à educação e
promover a equidade;

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United Nations Educational and Cultural Organization
A educação básica deve ser proporcionada a todas as crianças, jovens e
adultos. Para que a educação básica se torne equitativa, tem que ser ofertado, a
oportunidade de alcançar e manter um padrão mínimo de qualidade da
aprendizagem;

Concentrar a atenção na aprendizagem. A tradução das oportunidades


ampliadas de educação em desenvolvimento efetivo para o indivíduo ou para a
sociedade dependerá, em última instância, de, em razão dessas mesmas
oportunidades, as pessoas aprenderem de fato, ou seja, apreenderem
conhecimentos úteis, habilidades de raciocínio, aptidões e valores;

Ampliar os meios de e o raio de ação da educação básica. A aprendizagem


começa com o nascimento. Isto implica cuidados básicos e educação inicial na
infância. A educação fundamental deve ser universal;

Propiciar um ambiente adequado à aprendizagem. As sociedades devem


garantir a todos os educandos assistência em nutrição, cuidados médicos e o apoio
físico e emocional essencial para que participem ativamente de sua própria
educação e dela se beneficiem;

Fortalecer as alianças. As autoridades responsáveis pela educação aos níveis


nacional, estadual e municipal têm a obrigação prioritária. de proporcionar educação
básica para todos. Não se pode, todavia, esperar que elas supram a totalidade dos
requisitos humanos, financeiros e organizacionais necessários a esta tarefa;

Desenvolver uma política contextualizada de apoio A educação básica para


todos depende de um compromisso político e de uma vontade política. A sociedade
deve garantir também um sólido ambiente intelectual e científico à educação básica;

Mobilizar os recursos. Para que as necessidades básicas de aprendizagem


para todos sejam satisfeitas será essencial mobilizar atuais e novos recursos
financeiros e humanos, públicos, privados ou voluntário;

Fortalecer a solidariedade internacional. Satisfazer as necessidades básicas


de aprendizagem constitui-se uma responsabilidade comum e universal a todos os
povos, e implica solidariedade internacional.

Como se vê, as ações dos órgãos multilaterais, FMI e Banco mundial afetou o
desenvolvimento e a política de muitos países do mundo inclusivo o Brasil no ano
90. Todas as políticas e reformas educacionais do governo nessa época foram
profundamente influenciadas pelos esses organismos internacionais. Segundo
Junior e Maués (2014, p. 1139), na parte educacional esses grupos:

“têm orientado as políticas educacionais nos países periféricos com o


objetivo de responder, dentro dos limites do campo educacional e de sua
possibilidade de alcance, à crise estrutural do capitalismo desencadeada
nos anos de 1970, uma vez que a educação passou a ser vista não
somente como uma importante fronteira econômica a ser explorada, mas
também por sua funcionalidade aos grandes capitalistas em formar uma
nova geração de trabalhadores que pudessem se adequar, em termos de
conhecimentos e técnicas, às novas exigências produtivas e organizacionais
de um contexto marcado pela reestruturação dos processos produtivos
(crise do fordismo e advento do toyotismo) e por uma forte crise no Estado
capitalista.”

No Brasil, os compromissos proclamados pela Declaração de Jomtien, da


qual se tornou um dos países signatários, provocarem um intenso debate e
orientaram a elaboração do Plano Decenal de Educação para Todos em 1994-2003,
instituído pelo Governo Itamar Franco e outros governos também seguirem com as
mesmas propostas. O Libâneo (2012, p. 15) afirma,

“Em seguida, seu conteúdo esteve presente nas políticas e diretrizes para a
educação do Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-1998; 1999-2002)
e do governo Lula (2003-2006; 2007-2010), tais como: universalização do
acesso escolar, financiamento e repasse de recursos financeiros,
descentralização da gestão, parâmetros Curriculares Nacionais, ensino a
distância, sistema nacional de avaliação políticas do livro didático, Lei de
Diretrizes e Bases (Lei no. 99.394/96), entre outras.”

Se observa que as políticas internacionais sobre a questão da educação


influenciaram os planos educacionais dos governos federais e municipais, afetando
as políticas de financiamento, currículo, formação de professores, organização da
escola, práticas de avaliação etc.

As propostas do Banco Mundial para as reformas educacionais nos países


em desenvolvimento, entre eles o Brasil, enfatizavam a educação básica, a
descentralização da gestão e a centralização da avaliação dos sistemas escolares
(JUNIOR MAUÉS, 2014). O Junior e Maués (2014, p. 1140) ainda afirma,

“A ênfase na educação básica (ensino fundamental) tornou-se mais


evidente a partir da criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF), com a lei n.
9424/96. O FUNDEF, como ficou conhecido, se constituiu em um Fundo
contábil, formado por vários impostos, tendo como objetivos a remuneração
condigna dos professores do ensino fundamental público, em efetivo
exercício no magistério, o estímulo ao trabalho em sala de aula e a melhoria
da qualidade do ensino. Essa legislação foi revogada por meio da Lei n.
11.494 de 20 de junho de 2007, que criou o FUNDEB, abrangendo toda a
educação básica.”

No entanto, é obvio que a agenda do Banco Mundial é satisfazer as


necessidades básicas de aprendizagem que leva ao desenvolvimento humano,
porque o objetivo dele é acabar com a pobreza e melhorar as economias, por isso a
educação deve ter esse resultado. Portanto, ele orienta a definição de políticas e
estratégias baseadas na análise económica; o desenvolvimento socioeconômico que
necessita da redução da pobreza. A educação escolar, pois, reduziu-se a objetivos
aprendizagem observáveis, mediante formulação de rendimento. O aluno é
oferecido um kit de habilidades para sua sobrevivência e o professor é treinado em
métodos e técnicas, uso de livros didáticos e formação em Educação a Distância. “A
posição do Banco Mundial é pela formação aligeirada de um professor tarefeiro,
visando baixar os custos do pacote formação/salário” (LIBÂNEO, 2012, p. 20).

Nos anos 80 o Brasil como o mundo todo foi marcado com essa política
económica de neoliberalismo e isso impactou na forma diversa o sistema
educacional do país. A aprendizagem, transformou-se numa mera necessidade
natural, numa visão instrumental desprovida de seu caráter cognitivo, desvinculado
do acesso a formas superiores de pensamento. As políticas sociais do Banco
Mundial visam ao investimento no desenvolvimento das pessoas, garantindo que
todos tenham acesso a um mínimo de educação, saúde, alimentação, saneamento,
de modo a assegurar políticas de ajuste estrutural que vão liberar as forças do
mercado e acabar com a cultura de direitos universais a bens serviços básicos
garantidos pelo estado (LIBÂNEO, 2012, p. 19).

Considerações finais

Portanto, O Banco Mundial vem com muitas condicionalidades e interfere nas


políticas domésticas, as políticas educacionais que ele trouxe é uma educação para
a reestruturação capitalista, pois as orientações imposto aos países pobres gerou
um verdadeiro pensamento no campo políticas educacionais. O projeto neoliberal
trouxe aumento da privatização e a educação que é um direito de todos garantida
pela Constituição, se transformou em serviço, criando mais exclusão e
desigualdade. Nesse período, houve a universalização do ensino básico sem
qualidade. Ao mesmo tempo os governos tentarem fazer reformas trabalhistas e
sindical, dar ao Banco Central uma autonomia, privatizar os bancos estatais, o
Petrobras, mas não conseguiram devido a reforma constitucional.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BANCO MUNDIAL. Disponivel em https://nacoesunidas.org/agencia/bancomundial
acesso em 27 de abril, 2020.

FUNDO DE MONETORIA INTERNACIONAL. Disponivel em


https://nacoesunidas.org/agencia/fmi/ acesso em 27 de abril, 2020.

JUNIOR, W. P. da M.; MAUÉS, O. C. O Banco Mundial e as Políticas Educacionais


Brasileiras. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 39, n. 4, p. 1137-1152,
out./dez. 2014.

LIBÂNEO, J. C. O dualismo perverso da escola pública brasileira: escola do


conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.38, n.1, p. 13-28, 2012.

PEREIRA, J. M. M. Banco Mundial, reforma dos Estados e ajuste das políticas


sociais na América Latina. Ciência & Saúde Coletiva, 23(7):2187-2196, 2018.

SILVA, F.L; ROMÃO, J.E; TRAGTENBERG, M.; MARACH, S. A. Conciliação,


Neoliberalismo e educação. São Paulo: Anablume. 1996.

UNITED NATIONS EDUCATIONAL AND CULTURAL ORGANIZATION. Disponivel


em https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000086291_por acesso em 27 de abril,
2020.

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