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BERALDI, Isadora Vialli; SILVA, Guilherme Elias da.

Suicídio e Trabalho: Uma


Perspectiva de Base Psicanalítica e da Psicodinâmica do Trabalho. Psicologia: Teoria e
Prática, v. 22, n. 2, p. 68-79, 2020.
Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
36872020000200007>. Acesso em: 03 jun. 2021. DOI: https://doi.org/10.5935/1980-
6906/psicologia.v22n2p68-79.

Neste arquivo, você encontrará informações importantes sobre o tema, incluindo


estatísticas atuais, modos de gestão vigentes e casos de suicídio no trabalho. Além disso,
apresentamos formas de lidar com os aspectos do trabalho que têm contribuído com o
sofrimento e tentativa/suicídio nos locais de trabalho,

 Como a dinâmica narcísica pode estar relacionada ao suicídio no local de


trabalho?

As leituras freudianas sobre o suicídio revelaram a ocorrência de uma dinâmica


narcísica no ato, a qual diz respeito a uma das formas de se relacionar e de se investir
libido a uma determinada pessoa, objeto, ideal, organização do trabalho etc. A primeira
experiência é encontrada nos primeiros anos de vida e nas primeiras relações de amor,
tem como base naquilo que a pessoa é, que foi, que gostaria de ser, de algo ou alguém
que foi parte dela. Já o suicídio decorre de uma dinâmica narcísica, através do
mecanismo melancólico e, como todo ato, endereçado a algo/alguém, portanto, quando
alguém se suicida no próprio local de trabalho é provável que ele esteja em causa.
Portanto, a dinâmica narcísica pode estar relacionada ao suicídio no local de trabalho
por meio do investimento libidinal na organização do trabalho e na identificação com o
trabalho, que pode levar a uma sensação de fracasso e desesperança quando as
expectativas não são atendidas ou quando há conflitos e sofrimento no ambiente de
trabalho.

 Quais são as formas de lidar com os aspectos do trabalho que têm contribuído
com o sofrimento e tentativa/suicídio nos locais de trabalho?

Sob a luz das contribuições freudiana e dejouriana, foram levantadas formas de lidar
com os aspectos do trabalho que têm contribuído com o sofrimento e tentativa/suicídio
nos locais de trabalho. No entanto, o texto não especifica quais são essas formas.

 Conceito de resistência em Dejours:

Dejours concebe a resistência como uma forma de defesa do trabalhador contra as


patologias do trabalho. Essa resistência pode ser entendida como uma forma de luta
contra as condições de trabalho que geram sofrimento e adoecimento, e pode se
manifestar de diversas formas, como a recusa em executar determinadas tarefas, a busca
por apoio em colegas de trabalho, a criação de redes de solidariedade, entre outras. Para
Dejours, a resistência é uma forma de preservação da saúde mental do trabalhador, e
pode ser vista como um sinal de que o trabalhador ainda mantém sua capacidade de
reagir e de se opor às condições de trabalho que lhe são impostas.

DAL ROSSO, Sadi. A propósito de emancipação em Christophe Dejours. Resenha de:


DEJOURS, Christophe. Trabalho vivo: trabalho e emancipação. Brasília: Paralelo 15,
2012. 436 p. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 28, n. 82, p. 153-156,
2013.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
69092013000100011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 ago. 2021.

O livro "Trabalho vivo: trabalho e emancipação" de Christophe Dejours aborda


críticas às teses neoliberais que defendem princípios e práticas de organização do
trabalho, cujas consequências para os trabalhadores são conhecidas na sociologia,
antropologia, psicologia, gestão do trabalho e economia. O autor desenvolve a tese da
emancipação pelo trabalho, relacionando sexualidade e trabalho e propondo uma ousada
proposta de emancipação.

De acordo com a resenha "A propósito de emancipação em Christophe Dejours"


de Sadi Dal Rosso, o livro "Trabalho vivo: trabalho e emancipação" de Christophe
Dejours apresenta uma elaboração própria do autor que combina, de maneira muito
particular, as relações entre afeto e trabalho. O autor desenvolve a tese da emancipação
pelo trabalho, relacionando sexualidade e trabalho e propondo uma ousada proposta de
emancipação. Portanto, os conceitos mais importantes dentro do livro são a crítica às
teses neoliberais que defendem princípios e práticas de organização do trabalho, a
relação entre afeto e trabalho, a relação entre sexualidade e trabalho e a proposta de
emancipação pelo trabalho.

DIAS, Cledinaldo Aparecido et al. Ideologia gerencialista e adoecimento mental no


trabalho: uma análise crítica. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v. 22, n. 2, p.
185-198, 2019. DOI: 10.11606/issn.1981-0490.v22i2p185-198.

 O que é a ideologia gerencialista e como ela afeta a saúde mental dos


trabalhadores?

A ideologia gerencialista é uma forma de pensamento que se baseia na crença de


que a gestão eficiente é capaz de solucionar todos os problemas organizacionais. Essa
ideologia se manifesta em práticas de gestão que buscam aumentar a produtividade e
reduzir custos, muitas vezes por meio da intensificação do trabalho e da pressão por
resultados.
Essas práticas podem levar a um aumento do estresse e da sobrecarga de trabalho, o
que pode afetar negativamente a saúde mental dos trabalhadores. Além disso, a
ideologia gerencialista pode levar a uma desvalorização do trabalho humano e a uma
perda de sentido do trabalho, o que também pode contribuir para o adoecimento mental
dos trabalhadores.

 Como a sociedade do consumo e o neoliberalismo influenciam a relação entre


homem e trabalho?

A sociedade do consumo e o neoliberalismo influenciam a relação entre homem e


trabalho de diversas maneiras.
A sociedade do consumo é marcada pelo consumo excessivo de bens e serviços, o
que leva a uma busca constante por mais dinheiro e mais trabalho. Nesse contexto, fazer
carreira e ter sucesso no trabalho se tornam valores essenciais para os trabalhadores, o
que pode levar a uma pressão por resultados e a uma intensificação do trabalho.
Já o neoliberalismo é uma ideologia que defende a liberdade econômica e a redução
do papel do Estado na economia. Isso pode levar a uma precarização das condições de
trabalho, uma vez que as empresas buscam reduzir custos e aumentar a produtividade.
Além disso, o neoliberalismo pode levar a uma desvalorização do trabalho humano e a
uma perda de sentido do trabalho, o que pode afetar negativamente a saúde mental dos
trabalhadores.

 Quais são as estratégias utilizadas pela ideologia gerencialista para envolver o


trabalhador e como elas podem levar ao sofrimento psíquico?

A ideologia gerencialista utiliza diversas estratégias para envolver o trabalhador, tais


como:
- A sedução e o fascínio pelo trabalho, que podem levar o trabalhador a se
identificar com a empresa e a se dedicar excessivamente ao trabalho;
- A pressão por resultados e a intensificação do trabalho, que podem levar o
trabalhador a se esforçar além de seus limites e a se sentir constantemente
sobrecarregado;
- A competição entre os trabalhadores, que pode levar a um clima de rivalidade e
individualismo no ambiente de trabalho;
- A desvalorização do trabalho humano, que pode levar o trabalhador a se sentir
desmotivado e sem sentido em seu trabalho.
Essas estratégias podem levar ao sofrimento psíquico dos trabalhadores de diversas
maneiras, como o estresse, a ansiedade, a depressão, o esgotamento profissional e outras
perturbações psicossomáticas. Além disso, a ideologia gerencialista pode levar a uma
perda de sentido do trabalho e a uma desvalorização do trabalhador, o que pode afetar
negativamente a autoestima e a identidade dos trabalhadores.

O artigo "Ideologia gerencialista e adoecimento mental no trabalho: uma análise


crítica" menciona que os trabalhadores podem tentar resistir ao controle da ideologia
gerencialista por meio de novas orientações políticas e de estratégias de resistência
coletiva.
Essas estratégias podem incluir a formação de sindicatos e outras organizações de
trabalhadores, a negociação coletiva de condições de trabalho, a mobilização por
melhores salários e benefícios, entre outras ações. Além disso, os trabalhadores podem
buscar formas de se proteger do estresse e da sobrecarga de trabalho, como a prática de
atividades físicas, a busca por apoio psicológico e a adoção de hábitos saudáveis de
vida.
No entanto, o artigo também destaca que a resistência dos trabalhadores pode ser
limitada pela própria ideologia gerencialista, que busca inibir as capacidades inventivas
dos trabalhadores e alimentar seus desejos narcísicos. Além disso, a competição entre os
trabalhadores pode dificultar a formação de alianças e ações coletivas de resistência.

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